Eu tive mais um sonho, mas esse foi bom.

Eu estava em um salão com 12 tronos dispostos em forma de U. No trono central, estava um homem de cabelos grisalhos e olhos azuis acinzentados. Ele transpirava poder.

- Filha... – Ele disse, ao notar minha presença. – Pode vir. Se aproxime.

Meio receosa, eu caminhei até a frente dele e me ajoelhei. Ele sorriu.

- Você não precisa dessa formalidade comigo. Eu sou seu pai.

- Mas...você é Zeus e...

- Eu sei, eu sei. Mas você não precisa ter medo de mim.

- Tá.

- Eu já fiquei sabendo da sua missão. Recuperar o tal sol de Apolo. Aquele menino nem me disse que tinha essa coisa. – Ele franziu a testa e desfranziu logo depois. – E confesso que Hades foi gentil por ter a feito voltar a viver.

- É, ele foi. Nico também é gentil. – Eu disse. – A ideia foi dele.

- Entendo... – Ele falou, olhando para mim. – Quero lhe dar uma coisa.

- O quê?

Ele tirou uma caixinha de veludo cor-de-rosa do bolso e me entregou.

- Afrodite disse que era a sua cara. E vai ser útil, também.

Abri a caixinha e dentro dela tinha um anel dourado com um desenho de um coração com asas em cima.

- Coloque-o no dedo.

Coloquei e olhei para as minhas mãos.

- Eu...é muito bonito, pai. Eu adorei. Agradeça a Afrodite por mim.

- Eu vou agradecer, querida. Agora, experimente tirar o coração do anel.

Fiz o que ele mandou e assim que tirei o coração, uma adaga de 30 cm, dourada com um pequeno coração alado embaixo do cabo estava em minhas mãos.

- Uau! – Eu disse, examinando a adaga. – É linda! Quase tanto como o anel!

- Afrodite disse que te daria esse presente pois você é uma das semideusas favoritas dela. Você e Nico. – Ele franziu a testa novamente e a desfranziu. – Para colocar o coração no anel novamente, você só tem que tirá-lo. A adaga simplesmente some.

Tirei o coração do cabo e o coloquei no anel. A adaga sumiu como mágica.

- Muito obrigada, pai. Por ter me reclamado mesmo que eu tenha...acho que você sabe.

- Sim, eu sei. Mas fiquei orgulhoso por você ter desistido. Agora você deve acordar, Rachel está a sua espera.

- Certo. Tchau, pai.

 Ele acenou com a mão e eu acordei. O anel estava no meu dedo. Olhei para ele completamente maravilhada.

Peguei uma roupa e fui para o banheiro do chalé. Sim, os chalés dos três grandes tem banheiro, eu não preciso mais usar o do acampamento.

Terminei meu banho e coloquei uma regata do acampamento, um short jeans com a barra desfiada e um all-star vermelho. Fiz 2 tranças malfeitas no meu cabelo e saí do chalé a procura de alguém que me levasse para falar com a tal Rachel.

Avistei Nico e corri até ele.

- Nico! – Gritei e ele se virou de costas para mim. – Nico?

Ele olhou de relance para trás. Ele parecia muito emburrado.

- O que houve? – Eu pedi.

- Eu estou bravo com você.

- Não está não.

Ele virou de frente para mim e arqueou uma sobrancelha.

- Como você sabe?

- Você não consegue ficar bravo comigo. – Eu disse e ele sorriu de leve.

- Não consigo mesmo. Droga! – Resmungou e eu sorri.

- Venha comigo até essa Rachel, aí! Eu tenho que falar com ela, depois eu te explico tudo, certo?

- Vai sempre sobrar pra mim?

- Claro! – Eu respondi. – Porque você é meu amigo, Nico. Amigos ajudam um ao outro.

- Certo. Então vamos lá. – Ele disse e me puxou para uma caverna muito sinistra. A entrada era fechada por uma cortina de veludo vermelho suja e velha e as pedras da caverna eram cobertas por limo.

- É aqui?

- Sim, é. E você vai ter que entrar sozinha. Eu vou te esperar aqui fora.

Entrei na caverna e me assustei. Aquilo não se parecia nada com uma caverna. Havia um hometheater, vários quadros, sofás, videogames, uma TV...

- Olá...?  – Chamei.

- Oi! – Uma garota surgiu. Os seus cabelos estavam bagunçados, ela tinha olheiras enormes e o pijama de ursinhos estava manchado de tinta. Ela segurava um pincel na mão e sorria, com um semblante cansado. – Eu sou Rachel, o oráculo de Delfos.

- Ah, prazer. Audrey, filha de Zeus.

- O que você deseja? – Ela bocejou.

- Eu...preciso de uma missão.

- Ok, espere! – Ela disse e então, seus olhos verdes começaram a brilhar. Uma fumaça verde saiu da boca dela e ela recitou:

A criança de Zeus

Procura saber

Sobre o seu passado

Que ela pensa não ter

 Com 3 amigos

Ela irá partir

E em Detroit

Tudo Descobrir

No fim de tudo

Uma esperança salvará

A filha de Zeus

Que não falhará

- Hã...obrigada. – Eu disse, depois que Rachel caiu no sofá, desacordada. Saí da caverna e encontrei Nico lá fora.

- E aí? Tudo bem? – Ele me pediu.

Eu tentei sorrir, mas acho que saiu uma careta:

- É, tudo bem. – Eu disse, minha voz estava meio diferente. – Foi minha primeira vez com o oráculo. E foi estranho. Acho que a Rachel morreu.

- O quê?! – Ele se assustou.

- É, depois que ela falou, caiu no sofá que nem morta.

Ele suspirou.

- Ah! Isso é normal.

- Sério? Que bom.

- Então... vamos tomar café? – Ele pediu.

- Vamos! – Eu disse e fui com ele até o refeitório.

Foi estranho tomar café da manhã sozinha. Tive vontade de ir sentar com Nico, mas não fui. Depois do café, tinha arco e flecha com os filhos de Apolo, mas eu me atrasei um pouco porque fui falar com Quíron.

- Quíron! – Eu o chamei, assim que encontrei-o sentado na cadeira de rodas, na varanda da casa grande.

- Olá, Audrey. Como foi sua conversa com Rachel?

- Eu tenho que ir para Detroit com 3 amigos. – Eu disse. – Ela disse algo sobre uma esperança salvar a filha de Zeus que vai descobrir a verdade sobre o seu passado. Algo do tipo.

- E essa filha de Zeus é você.

- Sim, eu sei. Quando eu começo com a missão? Hades disse que estipulariam um tempo.

- Bem, hoje, bem cedo, eu fui ao Olimpo. Apolo disse que queria o tal “Sol” em 8 dias, então, amanhã, as 4 horas da manhã, vocês poderão partir.

- Mas só vai contar os dias a partir de amanhã, certo? – Eu pedi.

- Sim, só a partir de amanhã. Agora você tem que escolher 3 amigos.

- Ah, essa é fácil. Nico, Percy e Annabeth. – Eu disse.

- Então, chame-os aqui para definirmos as coisas sobre a missão.

- Tá.

Levantei da cadeira onde estava sentada e fui procurar pelos meus amigos. Annabeth estava na aula de grego antigo, Percy estava na arena e Nico estava no lago de canoagem.

- Gente! Eu preciso que venham comigo lá na casa grande! – Eu disse.

- Ei, você me disse que contaria os detalhes da sua missão, não disse? – Nico pediu.

- Sim, eu disse, mas eu quero dar os detalhes para todos vocês juntos. – Falei, olhando para Percy, Annabeth e Nico.

Chegamos na casa grande e sentamos em banquinhos.

- Aqui estão eles, Quíron. – Eu disse.

- Ah, ótimo! – Quíron falou. – Audrey, conte a eles sobre a missão.

- Tá! – E então eu comecei. – Apolo tem...um “sol” mágico que responde a 3 perguntas, mostra o passado, o futuro e interpreta profecias. Mas ele foi roubado , e nós temos que recuperá-lo em 8 dias. Vocês topam participar da missão?

- Claro! – Annabeth respondeu. – Mas como era a profecia?

- Era tipo assim: “A criança de Zeus

Procura saber

Sobre o seu passado

Que ela pensa não ter

 Com 3 amigos

Ela irá partir

E em Detroit

Tudo Descobrir

No fim de tudo

Uma esperança salvará

A filha de Zeus

Que não falhará”

- Então, nós temos que ir para Detroit? – Percy pediu.

- Sim. – Quíron disse.

- Mas isso vai demorar muito tempo! – Annabeth falou.

- Não se vocês forem de avião. – Quíron disse.

- Mas Zeus nos odeia! – Percy disse.

- Acho que ele não odeia a própria filha...- Quíron disse e olhou para mim.

- Ah, é... – Nico falou. – Bem, parece que nós sabemos como vamos para lá, então.

- E vamos partir? – Annabeth pediu.

- Amanhã. – Quíron respondeu.

- Ok, nós temos muito o que fazer! – Annabeth disse. – Vamos para os nossos chalés arrumar as coisas.

Então, cada um foi para o seu chalé arrumar as coisas.

Peguei a mochila de couro rosa que ganhei no meu primeiro dia de acampamento e coloquei algumas roupas que achei no meu armário. Por incrível que pareça, todas as roupas serviam em mim e eram do tipo que eu amava usar. Coloquei uma sandália e um all-star dentro da mochila e uma roupa mais formal, caso nós precisássemos. Em  um compartimento separado da mochila, eu guardei uma escova de cabelos, um gloss de cereja e muitos amarradores de cabelo e presilhas. Depois de tudo pronto, coloquei a mochila em cima da cama e saí para o almoço, já que já estava na hora.

No caminho até o pavilhão, alguém me parou.