Todos estavam muito felizes, menos eu.

Na fogueira, todos comemoravam a vitória, assavam marshmallows, riam e se divertiam. Eu não estava feliz. Eu descobri quem era meu pai e até acho que ele se importa comigo, mas...eu até senti pena de Clarisse. Sim, ela estava me ameaçando, eu sei, mas...eu não queria que ela se machucasse. Poxa! Ela teve que ir para a enfermaria! Agora eu estou muito encrencada.

Eu fiquei arrastando meus pés no chão enquanto estava sentada no tronco em frente a fogueira e nem percebi que havia alguém ao meu lado.

– Oi! – Era Nico.

– Oi, Nico... – Eu disse, olhando para baixo.

– Você não me parece muito bem.

– E não estou. – Eu disse. – Eu me sinto triste, cansada, fraca e muito, muito mal pelo que fiz com Clarisse.

– Bem, aquela coisa de tacar raio deve ter te esgotado muito.

– É, esgotou. Eu acho que não tenho mais forças para nada.

– Ei...olha, Clarisse é forte. Ela vai ficar bem. Você só defendeu a bandeira. E Quíron deixa que a gente use nossos itens mágicos e poderes no jogo. É sério, não se preocupe.

– Mas eu não queria machucar ela. Eu nem sabia desses poderes.

Ele sorriu de leve.

– Como você é teimosa. Eu já disse para não se preocupar.

– Tudo bem... – Eu disse. – Nico...posso te pedir uma coisa?

– Hã...pode.

– Me abraça? – Ok, o que foi isso? Eu não deveria ter dito isso, não mesmo. Que ideia foi essa, Audrey? Simplesmente chegar no cara e dizer: “me abraça?”

Ele corou.

– É...eu...sim. – Ele disse, gaguejando. Ok, parece que chegar no cara e dizer “me abraça” funciona. Vou tentar mais vezes.

Nico me abraçou e nós ficamos assim por alguns minutos, até sermos interrompidos por Travis e Connor.

– Ain! Que lindo! – Travis dizendo, fazendo voz de gay.

– Ain! Como você é gay! – Connor disse, imitando Travis.

Eu e Nico nos separamos rapidamente. Eu acho que dava para perceber perfeitamente que nós dois estávamos corados, porque todos os campistas que estava lá começaram a:

– Awn! Que fofos que eles são juntos, né? Não precisa corar não, gente. Nós sabemos que vocês se amam.

Olhei para Nico que olhava para mim sem saber o que fazer. Então eu tive uma ideia e disse:

– O que é? Dois amigos não podem mais se abraçar?

Então eu me levantei do tronco e Nico sussurrou um “o que você está fazendo?” para mim. Eu apenas disse:

– Aguarde!

Então eu caminhei até Travis e o abracei.

– Eu estou te abraçando, isso significa que eu te amo? – Eu pedi e ele negou com a cabeça.

Caminhei até Connor, Percy, Annabeth, Drew, Matthew e mais um monte de gente e fiz a mesma pergunta. Todos disseram que não.

– Então parem com essa coisa! – Eu disse. – Eu e o Nico não estamos namorando, ok?

– Ah, mas romances são legais! – Uma filha de Afrodite disse. – E você e Nico são o casal perfeito.

Quer saber? Eu também acho, mas ninguém precisa saber. Não, pera... eu não devia ter escrito isso. Deleta, apaga. Argh! Afrodite me odeia, só pode.

Sentei ao lado de Nico e disse:

– Pronto, tudo resolvido.

Ele me olhou e sorriu agradecido.

– Puxa, como você consegue lidar com esse tipo de coisa?

– Eu realmente não sei, Nico. – Eu disse. – É natural em mim. Eu acho.

Ficamos conversando sobre isso mais um pouco até que Quíron me chamou para ir até a casa grande. Eu fui, contra a minha vontade. Sabe, não deve ser muito legal lidar com um centauro irritado. Se é que ele estava irritado.

Entrei na casa grande e segui Quíron até o seu escritório e sentei na mesma poltrona que eu havia sentado na última vez que entrei lá.

– Quíron, me desculpe pelo que fiz com a Clarisse. Foi sem querer, eu... – Eu disparei a falar, mas fui interrompida por Quíron.

– Audrey, não se preocupe com isso. Não é sobre isso que quero falar com você.

– Não?

– Não. Agora que você sabe quem é seu pai, suponho que queira saber muitas coisas sobre seu passado.

– Sim, eu quero. – Admiti.

– Então, Apolo tem um artefato mágico que responde 3 perguntas para quem sabe como usá-lo. Ele também mostra o passado e o futuro, além de interpretar profecias. Achei que fosse interessante para você.

– É, é muito interessante. – Eu disse, animada. – E onde eu o encontro?

– Esse é o problema. Alguém o roubou.

– Como assim?

– Apolo o mantinha escondido em uma caverna em Detroit, mas parece que alguém encontrou a localização e o roubou.

– Existem cavernas em Detroit?

– Pois é, existem. E como Hades já me disse que você só vai poder permanecer viva caso cumpra uma missão, a sua missão vai ser recuperar o objeto.

– Mas o que ele é, exatamente? – Eu pedi, confusa.

– Hm, é um sol dourado de 30 centímetros de comprimento. – Quíron disse.

– E como eu faço para conseguir uma missão?

– Peça para alguém te levar para a caverna de Rachel amanhã de manhã. Agora está muito tarde. Pegue suas coisas no chalé de Hermes e se mude para o chalé de Zeus.

– Ok. Até amanhã, Quíron. – Eu lhe disse e saí do seu escritório.

Quando estava indo para o chalé de Zeus depois de arrumar minhas coisas no de Hermes, Nico veio correndo para perto de mim e disse:

– Como foi? Quíron te xingou por conta da Clarisse?

– Não. – Eu disse. – Mas eu vou ter a missão que preciso para continuar viva.

– Você o quê?

– Quíron me disse que algo foi roubado. Enfim, eu preciso ir, Nico. Amanhã eu te dou os detalhes, caso você queira ir comigo.

– O quê? Claro que eu vou com você. Mas não sei se consigo esperar até amanhã.

Eu sorri.

– Vai ter que aguentar. – Eu disse e entrei no chalé, o deixando do lado de fora.

Mas depois eu abri a porta novamente e disse:

– Tchauzinho!

Nossa, como eu sou má, cara! Cof, cof.

Peguei meu pijama na minha mochila, coloquei ele e caí na cama.