Depois da fuga louca de Brody, as coisas meio que voltaram ao normal. Santana voltou a morar conosco e passou a frequentar aulas de dança para não-alunos em NYADA. Ela estava bem melhor depois que Brody foi embora e teve a delicadeza de não tocar no assunto. Tinha descoberto que iriam fazer um espetáculo da Broadway de Funny Girl e eu JAMAIS poderia perder a chance de fazer uma audição. Eu nasci pronta para encarnar Fanny.

         Santana insistiu para que eu fosse à minha médica para ter certeza de que estava tudo bem depois de eu ter passado mal várias vezes durante as aulas, principalmente as de dança. Falei para ela que não era nada de mais, mas confesso que estava um pouco apreensiva.

         E era aqui que me encontrava agora. No consultório médico.

         - E então doutora, está tudo bem né? – perguntei um pouco nervosa.

         - Está tudo ótimo, maravilhoso! – disse a Doutora, com um sorriso de orelha a orelha.

         Soltei o ar que nem tinha percebido estar segurando e fiquei aliviada. Estava tudo bem, como eu havia imaginado.

         - Vocês dois estão muito bem de saúde! – ela continuou.

         Gelei na mesma hora.

         - Hãã... Nós dois?! – perguntei confusa.

         - Isso mesmo! Meus parabéns querida você está grávida!

         Ai. Meu. Deus. Milhares de pensamentos começaram a passar pela minha cabeça em uma velocidade indescritível: O que eu faria agora? E o pai? Como ia cuidar de uma criança? Meus pais iam me matar! Mas o mais importante de tudo, e a Broadway? NYADA? O que seria de mim?

         - A-A s-senhora tem certeza disso?

         - Tenho sim menina. Meus vinte anos de clínica não me deixam enganar. Você está grávida e está com aproximadamente sete semanas.

         Tentei ficar o mais calma possível, mas minhas mãos tremiam. Eu estava MUITO ferrada. Levantei e me dirigi à porta enquanto a Doutora falava sem parar sobre as próximas consultas, vitaminas, alimentação, etc., mas não consegui prestar atenção em nada. Eu estava muito chocada.

         Ao sair, Santana deve ter constatado o resultado pela minha cara, pois veio correndo me abraçar. Ao sentir seus braços não aguentei e comecei a chorar e soluçar. Doía demais, o que eu iria fazer? Eu estava desesperada. Depois de tudo o que aconteceu com a Quinn no ensino médio, como pude ser tão estúpida e deixar o mesmo acontecer comigo? Eu chorava copiosamente e Santana me levou até o carro, pegando no caminho um copo de água.

         - Shh... Calma, vai ficar tudo bem. Respira. – ela tentava me acalmar – Tome um pouco de água.

         Depois de meia hora eu consegui parar de soluçar e ter forças para poder explicar tudo o que a Doutora disse.

         - Rachel, o que a Doutora falou? Você sabe quem é o pai? – ao proferir essas palavras o desespero me subiu a garganta e não consegui segurar. Meu estômago embrulhou e a única coisa que consegui fazer foi abrir a porta do carro e vomitar.

         Santana ficou desesperada e segurou meu cabelo enquanto vomitava. Ela me ajudou a me recompor e por fim falei:

         - Ela disse que eu estou grávida. De sete semanas. O que eu vou fazer?! – e comecei a chorar de novo.

         - Calma, eu estou aqui. Eu e o Kurt vamos te ajudar. Calma. – ela fazia círculos nas minhas costas com as mãos – Vamos pra casa, okay? Vou ligar pro Kurt e a gente conversa melhor no apartamento. Assim você se acalma um pouco. Pode ser?

         Fiz que sim com a cabeça.

***

         Ao chegar no apartamento, Kurt já nos esperava, também nervoso e desesperado. Eu não havia contado a ele sobre o teste de farmácia, então saber de tudo isso por mensagens de Santana o tinham deixado bem maluco. Ele nos ajudou a entrar e preparou um chá bem gostoso para mim. Felizmente eu já estava bem mais calma e poderia pensar com mais clareza.

         - E então? Por que você não me contou nada? – perguntou Kurt.

         - Me desculpe, eu achei que não era nada. Os testes de farmácia na maioria das vezes não dão o resultado correto, então deixei pra lá. – respondi.

         - Tsc tsc Rachel Berry. Nunca mais me esconda nada, ouviu? – disse me abraçando. Ah, como eu amava Kurt! - Mas então, nos conte certinho o que a Doutora disse. Todos os detalhes!

         Comecei a rir de sua animação e de minha miséria. Percebi, finalmente, que independentemente do que viesse eu teria esses dois comigo para sempre! Para o que der e vier.

         - A Doutora disse que estou grávida e que estamos bem. Estou de aproximadamente sete semanas. Ela me deu uma receita para as vitaminas que terei que tomar, mas o resto não consegui prestar atenção.

         - Mas... Quem é o pai? – perguntou Kurt.

         - Eu não sei. Não parei para pensar nisso ainda. Não parei para pensar em nada. O que vou falar para os meus pais? Como vou cuidar desta criança? E os meus sonhos? E a faculdade? – Senti o embrulho no estômago, mas desta vez segurei. Meus olhos ficaram marejados.

         - Bom, uma coisa de cada vez. Vamos pensar... Kurt pegue o calendário! – pediu Santana.

         Assim que ele entregou, ela começou a fazer as contas.

         - Hmm senhorita Berry. Sete semanas atrás... Quase dois meses. Isso nos leva direto ao dia 14 de fevereiro. Dia dos Namorados. Casamento do senhor Schuester. – ela falou concentrada.

         - Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus! Me diga que você não... – Kurt estava quase dando pulinhos no meio da sala.

         - Hãã... Não pode ser. – respondi.

         - Vou ter que te perguntar: Você teve relações com o Brody entre o dia 12 e 16 de fevereiro? – perguntou Santana.

         - SANTANA! Olha o tipo de pergunta que você faz! – falei.

         - Responde logo! – disse Kurt impaciente, rindo feito um maníaco. Juro, eu estava com medo desses dois.

         - Não, sim, talvez... Não me lembro!

         - AAAAAAAAh, pare de frescura! Procura dentro dessa cabecinha e você vai lembrar! – gritou Santana ansiosa.

         - Tudo bem! Bom, deixe-me ver... Antes do casamento não. O Brody passava muito tempo fora, foi uma semana bem corrida, mal o vi. Depois, eu peguei aquela gripe horrorosa, então acho que não!

         - AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHH!!!!! Eu vou ser titio, LITERALMENTE!!!!!! – gritou Kurt pulando pela casa toda.

         - Nossa que alívio você me deu Rachel! Você nem sabe do que se livrou agora! – ria Santana, feliz da vida. Mas eu não entendi.

         - Como assim, eu não sei? É o Brody? Se ele fosse o pai eu voltaria com ele, por que não? Do que você está falando? – perguntei muito desconfiada. Kurt parou de pular na mesma hora e ficou congelado no lugar.

         - Hããã... Não é nada não, é que eu não gostava dele, sabe como é. Fico feliz dele não ser o pai, só isso. E mesmo se fosse, eu não deixaria você voltar com ele. – disse ela com uma voz muito estranha e tensa, claramente desconversando.

         Dei um olhar de estrema desconfiança e franzi as sobrancelhas. Eu não caio nessa.

         - Como assim não deixaria? Quem é você pra me deixar ou não fazer alguma coisa? Vocês estão me escondendo algo. Podem falar. OS DOIS!

         - Não é nada, sério mesmo. Só o me expressei mal... – disse Santana.

         - Não vem com essa, desembucha! – pedi.

         - Não é a melhor hora pra falar disso.

         - Fala agora, Santana! – falei impaciente.

         - Tudo bem! Mas foi você quem pediu: Eu nunca ia deixar você voltar com aquele imbecil. Ele não é um traficante, mas eu só me enganei com o que ele vendia. Ele é um GIGOLÔ! Estilo Magic Mike, pronto falei.

         Fiquei sem palavras. Não conseguia acreditar. Brody, um garoto de programa que se aproveitava de pessoas mais velhas? Não, tinha alguma coisa muito errada nisso tudo. Ele não era isso. Não podia ser.

         - Não, não pode ser verdade. – falei. Santana fez que sim com a cabeça – Não, NÃO! – olhei para Kurt – Você sabia disso esse tempo todo e não me contou? – as lágrimas voltaram aos meus olhos e corri para o meu quarto. Eu estava magoada demais. Meu melhor amigo me escondeu uma coisa como essa todo o tempo! Não queria falar com mais ninguém, era muita coisa para um dia só.