Warner foi buscar o café da manhã, me sinto estranha aqui no quarto dele sozinha, espero que ele volte logo. Resolvo me levantar, estou a muito tempo nessa cama. Vou de um lado para o outro do quarto, ainda estou me sentindo fraca, mas eu estou muito bem para quem levou um tiro no peito ontem mesmo, tenho de agradecer as meninas por me ajudarem, então percebo que ainda não agradeci Warner, afinal as meninas vieram aqui porque ele as chamou, ele as convenceu de que poderiam me salvar, eu estou viva por causa de Warner.

Depois de alguns minutos ele entra no quarto com uma bandeja na mão, nela contém café, e pão doce.

_Porque você se levantou amor? Você tem que ficar de repouso.

_Cansei de ficar deitada.

_Tudo bem, mas você não vai comer em pé vai? – Então ele ajeita os travesseiros da cama e eu me sento, não estou com fome, mas Warner insistiu que eu devia comer, porque se eu não comesse iria demorar mais para me recuperar, então aceitei.

Depois de comer um pedaço do pão e tomar uma xícara de café, Warner retira a bandeja do meu colo e a coloca em uma pequena escrivaninha que fica no canto do quarto, devia ser ali que Warner fazia seu dever de casa quando era criança, quando penso nisso sorrio, porque eu nunca conseguiria imaginar em como ele era, como era Warner na idade de James.

Warner se senta ao meu lado, e não para de me olhar, não sei o que faço, estou acostumada com esse olhar no rosto de Adam, é estranho que eu tenha dormido ao lado de Warner, e o que é mais estranho ainda é que não foi nada desconfortável, na verdade eu gostei da presença dele ao meu lado.

Finalmente digo:

_Obrigada.

_Na verdade não fui eu que fiz o café e os...

Eu não o deixo terminar.

_Por ter salvado a minha vida. Obrigada.

Eu não sei o que tem de errado comigo, mas não me sinto confortável agradecendo as pessoas, me sinto estranha, constrangida.

_Eu faria de tudo Juliette, de tudo para não perder você.

Ele abaixa a cabeça e fica olhando para a própria mão e depois olha nos meus olhos e diz que me ama, eu não sei o que responder quando ele me diz isso, ele não deveria ficar falando essas coisas para mim, ele sabe que eu amo o Adam, sim existe uma conexão entre nós dois, mas é óbvio que sempre amei Adam.

 _Warner, eu n..

_Não precisa falar nada amor, eu sei que você não me ama, sei que você ama o Kent, não entendo, mas eu sei.

Fico olhando para ele enquanto ele se levanta e sai do quarto, levando a bandeja consigo. Warner está diferente, mais atencioso, mais compreensivo, gosto desse seu novo jeito, mas não posso afirmar se será assim para sempre, porque estamos sozinhos aqui, mas se tivesse mais alguém nesse quarto, tenho certeza de que ele estaria agindo como “Warner, o mais temido do setor 45” novamente.

Sinto-me exausta, então me deito, mas não consigo dormir. Só consigo pensar em Adam, em Kenji, na batalha.

Warner retornou e se deitou ao meu lado, ficamos um de frente para o outro, estamos muito próximos, não consigo parar de olhar em seus olhos, e aparentemente ele também não consegue tirar os olhos dos meus.

_Você se lembra - ele diz – de que eu te chamei para fugir comigo?

Sim eu me lembro disso, e de tudo que aconteceu depois também, e de como eu estraguei tudo, e de como eu o humilhei. Ele não espera minha resposta e continua.

_Você não queria, e veja só, acabou aqui comigo. – Então ele pega minha mão e sorri. Aproxima-se mais ainda de mim, e ele está sorrindo, e eu percebo que também estou. Ele fecha os olhos ainda sorrindo, e então eu fecho os meus, e adormeço.