O Diário De Bianca escrita por Lolita


Capítulo 17
Um Dia Comum




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Oi, diário!

Caramba, quando eu mandei a mensagem pra Dante dizendo que havia furado, eu não imaginei que ele ia achar que eu tinha me machucado.

Quando cheguei à escola, ele já estava lá e, quando me viu, veio logo me abraçar. Me olhava com os olhos esbugalhados, os olhos verdes parecendo duas bolinhas de gude, cheios de preocupação. Veio logo me perguntando o que eu tinha furado, se eu estava bem, se eu tinha dado pontos, se estava enfaixada...

No início, eu fiquei confusa. Depois que entendi, comecei a gargalhar. Ele disse que achou que eu tinha furado a perna em algum lugar, pois como eu era desastrada e sempre as machucava – as pernas, diário! -, ele ficou preocupado. E muito, muito bravo quando eu expliquei que tinha apenas feito o segundo furo na orelha. Me disse que mal conseguiu dormir, pensando que eu estava sentindo dor, que eu estava machucada. E brigou comigo por não ter atendido o celular e nem respondido às mensagens. Ora essa, apenas achei desnecessário.

Depois que sua raiva passou, ele achou bonitinho e até elogiou. Perguntou se havia doído e me contou que a dele não doeu pra furar. Aí que eu me assustei e perguntei se ele tinha as orelhas furadas. Ele me olhou de novo com uma expressão zangada – porém, mais amena dessa vez – e me mostrou as argolinhas. Caramba! Como é que eu não tinha reparado? E não é que eram adoráveis? Acho que tudo nele era adorável. Ele me disse que da próxima vez, usaria argolas de cigano, pra ver se quem sabe assim eu notaria. Muito engraçado, Dante.

Ele me deixou na porta da sala, mas não pudemos nos despedir com o selinho habitual; a diretora estava no corredor e, caso visse, seria suspensão na certa. Mas, mesmo assim, ela já nos olhou torto e nos mandou rápido pra nossas salas. Sem muita escolha, entrei pra assistir mais uma maratona chata de aulas mais chatas ainda.

Chegou o recreio e ele não veio me buscar, como sempre fazia. Achei estranho, mas subi sozinha. Ele estava sentado numa mesa com seus colegas de sala, então achei melhor não interromper. Escolhi uma mesa vazia e me sentei nela pra tomar meu Toddynho. Eu detesto quando Dante me coloca assim, para escanteio. Me sinto usada. Eu sempre acho que ele ficou comigo por algum tipo de aposta, que no final de tudo, ele vai me chamar para uma festa, me jogar ovos podres, farinha, coisas do tipo.

Enquanto eu me perdi nesses pensamentos, ele chegou por trás, tampando meus olhos com suas mãos e perguntando quem é. Que bobo ele é! Reconheço seu perfume, suas mãos, seu toque, sua voz... Mas, resolvi brincar. Disse: “Aí, meu Deus! Se for quem eu tô pensando, sai logo daqui, porque o Dante tá por perto e pode ver a gente e desconfiar...”. Nem pude terminar a frase! Ele destampou meus olhos e perguntou de forma brusca de quem eu estava falando e de que ele ia desconfiar. Eu disse que era brincadeira, mas ele ficou emburrado. Ficou tão emburrado, que eu observei à nossa volta, para ver se havia alguém olhando. Como não havia, lhe dei um selinho e disse que ele era o único que eu queria. Assim, ele me deu um sorriso e me abraçou. Estávamos brincando quando, de repente, a supervisora (que é bem legal) se sentou na mesa – e passou o recreio inteiro lá. Preciso dizer que acabou com nosso clima?

Bom, quando a aula acabou eu vim pra casa, tirei minha soneca da tarde, acordei e falei com Dante. Me lembrei que faltava apenas uma semana pro seu aniversário e disse a ele que iríamos sair, mas que não era um pedido e sim uma ordem. Agora que acabei de escrever aqui, vou ligar para Alice. Tive uma ideia ótima para o aniversário dele e ela pode me ajudar!

Boa noite, diário!


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