Heroes High School escrita por Sparky


Capítulo 6
Capítulo 5 - Habilidades


Notas iniciais do capítulo

Espero que curtam esse capítulo...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/38742/chapter/6

Ele tomou seu lugar na terceira fileira da sala de literatura. Primeira aula do ano... a mais chata possível. Como se não bastasse o professor, Claude, ser um excêntrico louco. Sylar sentou-se ao seu lado, porém Elle foi para o outro extremo da sala. Ela parecia ter sido ferida pela omissão do fato de que ele tinha uma namorada, e aparentemente não estava preparada para conversar com ele.

Ainda.

– Posso dizer? – perguntou o amigo e, ao aceno de cabeça de Peter, completou num tom zombeteiro – “Eu te disse”.

– Apesar de não ter dito – acrescentou o outro, batendo com o lápis na mesa num ritmo constante e, de certo modo, irritante.

– Não com todas as palavras, mas foi isso que eu tentei te dizer quando você aceitou o convite dela semana passada.

– Não se mete nisso, Sylar. Esse problema já e grande o suficiente.

– Você vai terminar com a Claire?

– Que? Vou... não... não sei... tenho que pensar.

– Calados! - ordenou o professor, sentando-se em sua mesa e colocando seus óculos para vista cansada – façam a leitura do capítulo um e os exercícios das paginas oito à quatorze. Para hoje.

Esse é o Claude... um amor de pessoa, como sempre. Peter não entendia como ele se tornara professor sendo que ele fazia questão de ensinar as coisas da maneira mais incompreensível possível. Era um daqueles que achava que era um bom educador por ter mais da metade de seus alunos com notas abaixo da média.

Mas não era nisso que Peter estava prestando atenção no momento. Ele avistara duas alunas novas: uma com longos cabelos louro-escuros e olhos azuis que se sentava a cerca de três metros dele e outra, de cabelos quase negros no comprimento dos ombros, um pouco mais distante. Ele não conseguira distinguir a cor dos olhos da segunda, mas isso não era o mais exótico nela: o que realmente a diferenciava era seu sorriso malicioso, que ele percebeu estar presente em sua face por quase todo o tempo que ela estivera na sala. Dos nomes ele não tinha a menor idéia, mas não demoraria muito a descobrir. Se Claude seguisse sua tradição de tortura aos novatos, elas logo estariam lá na frente se apresentando.

– Por favor, eu gostaria que os alunos novos viessem até aqui se apresentarem para a sala – inquiriu o professor, sorrindo com certo prazer em envergonhar seus pupilos -      Quero que digam seus nomes e de onde vieram.

As duas garotas e Elle se levantaram. O garoto pôde notar a enorme diferença entre as personalidades das desconhecidas, já que a loira se levantou hesitante e a outra, confiante e sem perder o sorriso. Elas foram até a frente da sala e viraram-se para seus colegas.

– O-oi – começou a primeira, querendo morrer ali. Peter ouviu em sua mente murmúrios do tipo “socorro, socorro, alguém me tira daqui!” antes que ela continuasse – Meu nome é Ashley... Ashley Charles. Eu vim de West Deal, Nova Jersey.

– Elle Bishop – apresentou-se Elle, com a expressão inflexível; não era possível definir o que ela estava sentindo ou pensando – vim de Hartsdale.

– Eu sou Candice – impôs a outra, sem sequer se importar com sobrenomes. Ela esbanjava confiança, e a outra garota pareceu ainda mais desconfortável com o contraste. Elle permaneceu impassível – Sou aqui de Manhattan mesmo, apenas vim de outro colégio. Expulsa por mau comportamento – seu sorriso se acentuou, e ela pareceu conseguir passar a impressão que queria.

Claude arregalou os olhos ao ouvir as ultimas palavras de Candice. A garota-problema voltou para seu lugar, seguida por Ashley, tímida e quase apagada na presença da outra, e Elle, que olhou de esguelha para Peter, mas logo desviou o olhar. A segunda passou ao seu lado e sem querer roçou em seu braço. Sorriu sem graça, e soltou um quase inaudível “desculpe”, que ele respondeu com um sorriso amigável.

– Tudo bem – ele disse, antes de ter aquela sensação estranha.

Luz na cabeça.

Outro poder?, perguntou a si mesmo. Mas não fazia nem uma hora que ele estava na escola. Que estranho. Então Candice caminhou por trás da carteira dele, e ele sentiu seus dedos sorrateiros acariciarem-lhe os cabelos. Ele virou-se e olhou para ela, não entendendo o que ela fez. Surpreendeu-se com o que viu.

Ele estava vendo através dela. Através das pessoas atrás dela. Através da parede da sala. Ele via o outro professor na outra sala, dando aula. Não conseguiu reprimir sua surpresa, e fechou os olhos para que sua visão voltasse ao normal.

É, outro poder, pensou em resposta a pergunta que fizera alguns segundos antes. Reabriu os olhos e viu Candice encarando-o, com o mesmo sorriso malicioso no rosto. Permitiu-se entrar na mente dela, apenas para ouvir um comentário certamente perturbador.

Você vai ser meu, bonitinho.

Ele sorriu desconcertado para ela e virou-se para frente, ofegando. Sylar olhou de esguelha para ele, meio que entendendo parte do que acabara de acontecer, e sussurrou:

– Poder novo?

– É... – Peter pretendia explicar ao amigo, mas logo viu o olhar desaprovador do professor – depois.

Ele ouviu Candice dar uma risadinha. Menina doida. Demência é um problema sério.

Então, de repente, luz.

Hora do almoço. Ele achou que as estranhices do dia já haviam acabado, mas logo percebeu que se enganara: elas estavam apenas começando. Sentou-se na mesa que costumava se sentar, e logo seus amigos já tinham se juntado a ele: Claire, que estava extremamente mais grudenta que o normal; Sylar, estranhamente paranóico; Matt, um garoto disléxico que tinha como sonho se tornar um policial, ou melhor, um detetive do departamento de polícia; Hiro, o japonês que tinha vindo para os EUA por causa de seu pai, Kaito Nakamura, o professor de matemática, e que tinha certa tendência a ser heróico; Ando, melhor amigo do Hiro, que ficava falando em japonês com ele o tempo todo; Elle, que estava ali por livre e espontânea pressão, já que fora praticamente arrastada por Claire; e mais umas lideres de torcida que a dita cuja sempre levava consigo.

– Adorei sua amiga, Peter – comentou Claire, pendurando-se no pescoço do namorado – Ela só é meio sarcástica demais, às vezes.

– Sarcástica? – perguntou ele, levantando uma sobrancelha – Ela nunca...

– Que simpática, você, Claire... – interrompeu Elle, ajeitando o cabelo e começando a fazer uns gestos estranhos com os braços – Me dá um S, me dá um I, me dá um M...

– Não disse? – Claire apertou mais o abraço, quase enforcando Peter – Mas ainda assim, gostei dela.

–... me dá um I, me dá um C, me dá um A! – Elle ainda não tinha acabado sua imitação tosca de líder de torcida, e a finalizou com um movimento amplo e circular dos dois braços – Simpática!

Então foi como se uma lâmpada tivesse acendido na cabeça de Claire. Ela olhou para a outra com um sorriso de orelha a orelha no rosto e anunciou para as outras garotas da torcida:

– Gente, achei o que estava faltando! Ou melhor, a que estava faltando...

Elle, ao perceber o que Claire quis dizer, apressou-se a explicar que não tinha jeito para a torcida, que era uma calamidade, que ela fazendo aqueles saltos e piruetas poderia causar sérios danos para qualquer pessoa a menos de dez metros de distância, porém nada adiantou. Todas elas estavam convencidas de que Elle era o elemento que faltava para fazer a torcida dos Wildcats ficar perfeita.

– Tenho certeza que você será uma ótima líder de torcida – consolou Claire, enquanto Peter ouvia na cabeça de Elle “onde eu fui me meter...” – Você vai ser perfeita para energizar o pessoal.

– Energizar... o pessoal... – gaguejou Elle, e a palavra “energizar” pareceu ter um efeito perturbador para ela – Eu já... eu já volto...

Ela levantou-se e se afastou da mesa o mais rápido que pode. Peter, ao acompanhá-la com os olhos, viu a mesa mais improvável do mundo: Mey Lin e Rarussamy, discutindo (provavelmente ainda sobre os irmãos Cullen) em japonês; Kristen, a menina que sabia das coisas por meios desconhecidos; Candice, garota-problema; Ashley, a garota de quem ele julgava ter pego o poder da super-visão; e um garotinho que não aparentava ter mais do que onze anos.

Para sua surpresa, Elle se sentou junto a eles, entre Rarussamy e Candice. Ele continuou observando as garotas até que Claire quebrou o silêncio, dizendo:

– Foi alguma coisa que eu disse?

Peter lançou-lhe um olhar de “você-não-sabe-mesmo?”, e ela continuou com aquela cara de inocente.

– Acho que você a assustou – ele disse, por fim.

– Assustei? – ela perguntou, indignada – Bom, não era minha intenção. De qualquer jeito...

– Claire – ele interrompeu. Decidiu que aquela era a hora para por tudo em pratos limpos – Eu ouvi uma história...

– Petah! – chamou Hiro lá do outro lado da mesa. Seu forte sotaque japonês, muito mais forte do que de Ando, Rarussamy ou Mey Lin, fazia com que todas as palavras que tivessem “er” soassem como se fosse “ah”. E todos os Ls eram Rs – Oi! Posso pahguntar uma coisa?

– Pode – riu Peter em resposta – Mas posso te dar um conselho antes? – o garoto nipônico acenou com a cabeça – Aulas de inglês. Muitas.

– Arigato, Petah! Mas a pahgunta... – ele perdeu o tom risonho e ficou serio – você conhece aquelas duas garotas que também vieram do Japão?

– Infelizmente, sim – respondeu ele, olhando de novo para a mesa em que elas se encontravam. Elas estavam fazendo alguma coisa muito suspeita com a caixinha de leite dada pela moça da cantina, e ele preferiu nem tentar descobrir o que era – São minhas vizinhas e, sabe, não são o tipo de pessoa com quem você gostaria, ou melhor, poderia ter uma conversa normal.

Como Hiro parecia estar orbitando numa galáxia muito distante no momento, olhando para as garotas, Peter esqueceu a conversa e voltou à sua discreta observação, cujo alvo era Elle. Ela pareceu se dar bem com Candice, o que ele julgou ser muito estranho, já que a outra era uma doida varrida. As duas conversavam com tanta animação que parecia que elas se conheciam há anos. Ele então foi surpreendido pelo olhar de Kristen. Ela sorriu, e por um nanosegundo ele pensou que talvez houvesse uma mínima possibilidade de existir a hipótese de que por um singelo momento ela pudesse ser uma pessoa normal.

Ela apontou discretamente para a dupla dinâmica (Elle e Candice) e moveu os lábios como se dissesse “não deixe isso acontecer”. Ele não entendeu o que ela quis dizer. Não deixar o que acontecer? Impedir a amizade das duas ou...? (Ele preferiu nem terminar a linha de pensamento, já que com essa idéia todos os seus planos para com Elle estariam perdidos)

Ele cogitou entrar na mente dela para entender o que ela realmente estava querendo, porém, quando o fez, teve uma surpresa.

A quantidade de informações que entrou em sua cabeça era incontável. Coisas sobre ele, sobre Sylar, sobre Elle, sobre Candice, sobre cada uma das pessoas naquela escola, naquele bairro, naquela cidade... o passado, o presente, o futuro, tudo misturado num borrão de imagens e sons que ele não conseguia distinguir. Sua cabeça doeu, e ele saiu da mente dela antes que sofresse maiores danos.

Ele levou a mão à testa, apertando os olhos. Claire, preocupada, perguntou se ele estava bem, mas ele apenas garantiu que não fora nada. Olhou para Kristen, e ela tinha uma cara de “você-não-devia-ter-feito-isso” misturado com “eu-sabia-que-você-ia-fazer-isso”. Ele não entendeu... como cabia tanta coisa naquela cabeça cheia de cabelo?

Ela lançou-lhe um olhar de “eu-ouvi-isso” e virou a cara, começando a conversar com o garotinho.

Foi nessa hora que ele começou a pensar: o que uma criança daquele tamanho estaria fazendo num colegial? O garoto não devia ter mais do que onze anos, estava muito longe de ter idade para estar lá com eles. Ele devia ser algum tipo de menino gênio, ou algo do gênero. E ele conversava com Kristen como se já a conhecesse. Não que ela não tivesse uma forte tendência a sair conversando com qualquer pessoa como se fosse amiga de infância, mas dessa vez parecia que eles se conheciam de verdade.

Mesmo assim, ele ia deixar isso para depois. Já fora o suficiente de loucuras e demências por hoje. E olha que ele ainda ia ter mais três aulas. Tinha que resolver seu namoro com Claire, pedir desculpas a Elle, fugir de Candice, descobrir qual era a de Kristen, saber quem era o menino gênio e... só. Como se não fosse o bastante.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews, please!!!!
Beijos ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Heroes High School" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.