Fogo Celestial escrita por Kika


Capítulo 7
Escapando


Notas iniciais do capítulo

Chegando mais um capítulo..
Muito obrigada a todos que se arriscam a ler minha história (rsrs) a cada dia mais leitores estão chegando, e isso me deixa MUITO, MUITO feliz. Espero que todos acompanhem até o final (eu não sei se acompanham, já que nem todos comentam), mas enfim, um GRANDEEEEEEE OBRIGADA :D



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Clary estava realmente se esquivando muito bem das perguntas dos Irmãos do silêncio, o que fez Alec se perguntar se ela havia passado algum tempo com o povo das fadas, pois apesar de ela realmente não estar contando a verdade, definitivamente também não estava mentindo.

Ela se mantinha firme em suas respostas. Mas nunca revelava nada de realmente importante como por exemplo onde e com quem ela aprendeu o randorim e que informações ela extraiu do bruxo com ele.

Izzy estava andando de janela a janela da biblioteca como se estivesse fazendo um ritual para não arrancar as respostas da garganta de Clary com as próprias mãos, Jace realmente parecia que poderia fulmina-la somente com o olhar, mas estava falando muito pouco, ele mesmo já havia se levantado e sentado de sua cadeira incontáveis vezes por impaciência e até mesmo os irmãos do silêncio pareciam que estavam perdendo a calma.

O único que estava tranquilo era Magnus, sentado em uma enorme cadeira de madeira na cor mogno que contrastava absurdamente com seu sobretudo verde e combinava perfeitamente com sua camisa de seda vermelha, com suas longas pernas cruzadas e os braços relaxados ao seu redor, Magnus era a visão de um belo espectador que estava se divertindo muito com o espetáculo.

No entanto ele era o único.

“Se você não cooperar conosco e nos der as respostas, seremos obrigados a leva-la a corte da Clave para interrogatório com a espada mortal” Irmão Enoch soou como um estrondo dentro da mente de todos, querendo deixar claro que esta não era uma ameaça, mas sim seu próximo passo.

- Vá em frente e tente. Eu respondi a todas as suas perguntas até agora, não vejo o por que do mau humor. – Agora Clary parecia estar zombando do Irmão, o que claro só serviu para irrita-lo ainda mais.

“ Você passou muito tempo desertada e acostumou-se a viver sem lei, mas agora que esta de volta a Clave você deve e irá segui-la.”

Isso resultou em uma reação que a Alec pareceu completamente verdadeira, porque diferente de como Clary havia respondido a todas as perguntas até agora, havia emoção em sua voz.

Ela se levantou de onde estava sentada no beiral de uma das enormes janelas, olhou fixamente para irmão Enoch e em um tom de voz de causar arrepios disse:

- Eu NÃO estou de volta a Clave. E eu NÃO tenho lei nenhuma para seguir. Eu repeito seu trabalho Irmão Enoch, durante o tempo que eu tive eu pude ver que os irmãos do silêncio assim como as irmãs de Ferro são as únicas partes remanescentes da sociedade que ainda tem alguma dignidade e principio. No entanto vocês ainda se permitem estarem sob as ordens da Clave e fazem com que eu não possa simplesmente dar as respostas que você quer. Você ainda não esta preparado. – esta última frase foi dita com um estranho carinho na voz. – mas o que eu não entendo, é por que vocês ainda estão aqui me fazendo as perguntas? por que eu ainda estou aqui? por que não tem um batalhão da Clave bem do lado de fora da porta prontos para me mandarem para o inferno? Que é isso o que eles querem. O que me faz concluir que eles não sabem que eu estou aqui. A grande pergunta é POR QUE?

Todos ficaram em silêncio neste momento, um longo minuto de silêncio onde todos se olharam e todos sabiam a resposta mas ninguém conseguia pronuncia-la.

Magnus levantou-se de sua cadeira lançou um olhar firme a cada um dos presentes e se focou em Clary.

- PORQUE minha jovem caçadora de sombras, apesar do fato de você estar totalmente fora das leis, todos aqui admiram sua coragem, sua vontade e sua determinação. O ponto é que ninguém aqui realmente confia em você. Não depois de você ter ido sem dizer nada e nem por que. Não depois de você não mandar noticias nem para sua mãe para dizer se estava viva ou morta. Não depois de você caçar demônios e seres do submundo por todo o planeta. Não depois de você aparecer tão diferente de quando foi embora. Não enquanto você esconde qualquer informação que esta conseguindo, e principalmente não enquanto você não diz para que vai utilizar estas informações com estes seus novos superpoderes.

Magnus expressou muito bem os pensamentos de Alec, ele não sabia se todos pensavam assim, mas sabia que ele mesmo pensava e que os irmão do silêncio deveriam estar pelo menos perto disso, por que mais nada podia justificar eles não informando a Clave que tinham Clary sob custodia no instituto.

- Por isso ninguém aqui a entregou ainda a Clave e por isso também queremos respostas. Não nos culpe por isso. – Concluiu Magnus.

Clary estava realmente surpresa com a afirmação de Magnus. Eles admiravam sua coragem, vontade e determinação?! Mas eles nem sequer eram capazes de perceber para que era toda essa determinação. Porque ela não precisava dizer, se eles simplesmente lembrassem e encaixassem as peças seria facil saber.

Confiança? Eles não deveriam mesmo confiar nela, nem ela mesma confiava.

Mas a questão era, ela não havia dado as respostas importantes justamente para mante-los longe de problemas com a Clave, porque se eles não queriam enfrenta-la Clary também não os colocariam em risco, não quando ela podia fazer tudo sozinha. Mas se eles a estavam escondendo da Clave, então todos já estavam ferrados.

Clary fechou os olhos e se ouviu dizendo:

- Eu não culpo. Vocês não confiam em mim, mas também não confiam na Clave. E eu não confio em ninguém. – o Cansaço na voz de Clary começava a ficar visível, ela tinha de tomar cuidado. - Eu sei que vocês esperam que eu me lembre do passado e derrame a verdade sobre vocês. Mas nada é tão simples assim. Eu não espero que vocês confiem em mim, na verdade nem deveriam tentar. Eu tenho um propósito a seguir.

Clary começou a andar em direção a porta, mas foi parada pela voz de irmão Enoch em sua mente.

“ Nós não podemos permitir que você vá”

- É isso que vocês não entendem, eu já não preciso de permissão a muito tempo.

Clary deu mais dois passos quando o corpo esguio mas absolutamente forte de irmão Zacharyah aterrissou bem a sua frente.

“Mas isso não significa que nós a deixaremos ir, se for preciso uma luta, você a terá”

Clary não respondeu a isso, ou ao menos não verbalmente.

Com a mão aberta ela espalmou-a bem no centro de peito de Zacharyah, lançando-o a uma distancia de quatro metros que foi onde seu corpo colidiu com a parede. Mas ao invés de se estatelar no chão o irmão caiu como um gato perfeitamente ereto e já estava pronto para lançar seu próprio golpe.

Irmão Zacharyah se movia como uma sombra, aparecendo e desaparecendo e aparecendo em outro lugar como em um truque de luz. No entanto você não sente fisicamente as sombras e com toda a certeza Clary estava sentindo os golpes do irmão. Ele era mesmo um lutador feroz, mas havia uma graça em seus movimentos que Clary apenas havia ouvido falar.

Zacharyah era muito agíl com aquela espécie de cajado que ele usava, com certeza um excelente oponente.

Não que isso fizesse diferença para ela.

Unindo as mãos clary parou o cajado com as palmas como se estivesse matando mosquitos, impedindo assim que a coisa acertasse seu cranio. Ela segurou o cajado e o utilizou para se dar impulso. Com esse apoio ela se lançou no ar e deu com o pé no centro do peito de Zacharyah. O impacto o jogou contra a parede e derrubou seu capuz, deixando a mostra suas evidentes diferenças com o restante dos irmãos do silêncio.

Seus cabelos castanhos com uma única mexa branca na frente, sua boca não costurada e seus olhos que normalmente estavam fechados, agora mostravam uma incrível coloração escura, mas este olhar escuro tinha um brilho que ofuscaria as estrelas, Clary pensou.

E foi esse olhar que ele cravou em Clary enquanto se endireitava, de repente ela sentiu como se todo o resto se apagasse e só restassem ela e Zacharyah nesta luta, apesar de que de alguma forma ela era ainda mais consciente de cada ser e objeto na sala.

O irmão avançou em sua direção e Clary foi ao seu encontro, assim a luta de verdade começou.

Jace não podia acreditar no que seus olhos estavam vendo.

Clary lutando com um irmão do silêncio e realmente não parecia estar tendo grandes dificuldades, apesar de parecer que ela tinha que se esforçar mais do que quando estava lutando com os demônios.

Mas o fato era que depois de todo o acontecimento com a Gloriosa, ele havia ido passar algum tempo com os irmãos do silêncio na cidade dos ossos para que eles pudessem avaliar mais de perto os efeitos do fogo celestial, e assim ele havia continuado seu treinamento ali mesmo com os irmãos do silêncio. E apesar da aparência dos irmãos do silêncio não ser nada menos do que mortal, ele descobriu que lutando eles eram ainda mais assustadores.

Não havia uma forma de vencê-los, por mais que ele tentasse sempre acabava esgotado. No final ele era capaz de lutar de igual para igual, na época ele achou que o treinamento estava sendo realmente eficiente. Mas apesar de suas habilidades poderem ser comparadas Jace nunca foi capaz de vencer, enquanto Jace pensava um passo a frente, os irmãos pareciam pensar dois.

Durante um tempo Jace pensou que os irmãos liam as mentes de seus oponentes, por isso sabiam exatamente do que defender-se, mas ele acabou descobrindo que não era isso de fato.

O que ele via agora na biblioteca do instituto levava tudo a um outro nível.

Ninguém batia ou apanhava, cada golpe tanto de Clary como do irmão eram neutralizados pelo oponente, como se eles soubessem exatamente qual seria o próximo golpe, o que o fez pensar sobre a leitura de mentes novamente.

De um jeito mórbido essa luta era muito bonita de se ver.

Mas qualquer beleza que poderia ter acabou no exato momento em que Jace viu o olhar de Clary. Era um olhar que ele nunca havia visto nela. Um olhar vazio, como se ela não soubesse e nem se importasse de com quem ela estava lutando, e logo após Jace capitar este olhar Clary acertou um chute na cabeça do irmão Zacharyah, este ficou visivelmente atordoado, assim ela aproveitou-se para arrancar o cajado de sua mão e com ele acertou suas pernas, o irmão caiu ao chão batendo fortemente a cabeça novamente e não parecia que ele seria capaz de levantar-se por um bom tempo. Mas Clary não estava disposta a parar ai. Ela elevou o cajado e enquanto o baixava na direção do irmão Zacharyah não foi somente a sua, mas as mãos de Alec, Isabelle, Magnus e irmão Enoch também estavam ali para para-la. E com um longo suspiro de alivio, Jace viu que Magnus conseguiu.

Um brilho azul emanava do cajado, que estava parado a apenas alguns centímetros da cabeça de Zacharyah. O brilho subia da ponta mais distante para as mãos de Clary e quando o brilho a tocou ela jogou o cajado longe como se a coisa a tivesse queimado, o que provavelmente tinha.

Ela dirigiu o olhar vazio para Magnus e disse sem emoção alguma na voz:

- Isso foi trapaça.

Com isso ela contornou o corpo do irmão Zacharyah e saiu pela porta da biblioteca. Por um momento todos ficaram imóveis, então correram para prestar socoro a Zacharyah. E o último pensamento consciente de Jace foi “ ela o venceu”.

***

Quando Clary passou pelas grandes portas do instituto os primeiros raios solares apareciam no horizonte, ela levou a mão para o bolso de seu casaco para ter certeza de que o livro estava ainda ali.

Sim ele estava. No final das contas ela ter desmaiado e sido levada para o instituto acabou sendo uma boa coisa.

Enquanto os irmãos do silêncio faziam dezenas de perguntas a Clary, - o que a lembrou muito das horas de interrogatório nos salões da Clave, apesar de ao contrario da inquisidora os irmãos do silêncio fizeram as perguntas certas – ela percorreu as enormes estantes da biblioteca e acabou encontrando facilmente o que tanto precisava, foi fácil pega-lo também. O livro não era maior do que a palma de sua mão nem mais grosso do que seu dedo indicador com uma única runa gravada em sua capa de couro marrom. A runa significava, controle.

Clary de costas aos outros e de frente ao livro, decidiu que talvez não houvesse momento melhor para isso assim ela simplesmente pegou o pequeno livro e o deslizou para dentro de seu bolso, se voltando para continuar o interrogatório, ninguém desconfiou.

Agora com ele nas mãos ela precisava chegar logo ao prédio abandonado, que ela estava usando para deixar suas poucas coisas enquanto ela não as podia carregar, e descobrir para onde ir agora. Talvez ela já pudesse ir embora de Nova York, o que seria realmente bom. Mas assim que ela teve esse pensamento, ela o descartou. O fato de ela querer conversar com Magnus e irmão Zacharyah não era por pura curiosidade, mas sim por que ela realmente precisava.

A pequena luta com o irmão não foi algo que ela planejou, na verdade ela gostaria mesmo de ter evitado isso, só vai complicar as coisas agora, pensou Clary. Mas é que quando ela sentiu o calor da luta surgindo, enquanto ele a atacava, ela viu um verdadeiro adversário e esse calor, esse fogo que a dominava durante as lutas, só fez com que ela seguisse em frente buscando a vitória não importando quem ela tivesse que derrotar. Apesar de ainda achar que a interrupção de Magnus foi trapaça, ela secretamente o agradecia por isso, porque se não fosse essa interrupção ela provavelmente não teria parado a tempo e assim sua conversa com Zacharyah seria um tanto quanto improvável de acontecer.

***

- Como assim, vocês a deixaram ir? – Perguntou Maryse, que havia acabado de chegar com Jocelyn e Luke. Ela parecia mesmo muito irritada por saber que Clary havia ido embora.

- Bom, não foi como se tivesse sido escolha nossa, ela simplesmente nocauteou o irmão Zacharyah, você acha mesmo que mais alguém aqui seria capaz de segura-la? – Isabelle que usava o mesmo tom de voz de sua mãe respondeu a ela.

- Não Isabelle, mas talvez todos juntos pudessem segura-la por mais algum tempo, ninguém pensou nisso? ela não é invencível.

- Se você tivesse visto o olhar dela enquanto lutava, você não pensaria assim. – Agora quem falou foi Jace que estava ainda mais sombrio do que nos ultimos tempos. Ótimo, pensou Alec, era só o que faltava.

- Se não fosse por Magnus, ter parado cajado, nós provavelmente estariamos preparando a cremação do irmão Zacharyah. -  Continuou Jace.

- Não. Vocês não estão falando da minha filha. Clary nunca faria isso. – Jocelyn estava alterada enquanto ouvia os relatos dos danos causados por Clary, ela andava de um lado a outro, levando a mão a cabeça e por vezes entrelaçando os dedos nos cabelos tão parecidos com os de Clary.

“ É exatamente de Clarissa que estão falando Jocelyn. Embora haja uma força nela, que não estava ali antes dela partir”

Irmão Enoch disse retornando a biblioteca com Magnus após levarem irmão Zacharyah desacordado para a enfermaria do instituto.

- Sim, claro. Ela deve mesmo ter feito muita musculação. Vocês viram como ela lançou o irmão do silêncio uns bons três metros com apenas um soco? – Izzy comentou, como se o fato fosse algo para se admirar.

“Com certeza sua força física também aumentou, mas eu me referia a uma força diferente Isabelle Lightwood. Me referia a uma força interior, muito maior que qualquer força física”

- Como assim? – Perguntaram Jace e Luke ao mesmo tempo.

- Você acha que ela pode estar possuída? – Completou Jace.

Jocelyn que chorava em silêncio nos braços de Luke, agora olhou para o irmão do silêncio e repetiu pergunta.

- Isso é possível? Ela pode estar possuída?

“Não. Clarissa não esta possuída. Apesar de ter algo nela que é novo, ainda assim ela mantém sua essência, ela é ciente de suas próprias decisões”

- Isso não é possível, simplesmente não é possível. Clary não faria isso. Ela não...

Jocelyn balbuciava enquanto novas lagrimas apareciam em seu rosto.

- Bem e agora o que faremos? – Perguntou Maryse diretamente para o irmão Enoch.

“Uma única coisa é certa, se a Clave for avisada agora, todos aqui serão acusados de cooperar com uma traidora, e isso trará consequências”

Um grande silêncio pairou na sala por um instante nem mesmo os soluços de Jocelyn eram audíveis, e então Maryse se manifestou.

- Desculpe-me por coloca-lo nesta posição irmão Enoch. Eu só pensei que conversando e tentando entende-la, nós poderíamos de alguma forma ajuda-la.

“Eu e irmão Zacharyah assumimos os riscos por nós mesmos Maryse. Não se desculpe. Mas agora todos precisam decidir o que fazer. Ir atrás de Clarissa é o que faremos, mas ao encontra-la, tentaremos alcança-la novamente ou a entregaremos imediatamente para a Clave?”

- Bem, depois do que ela fez com irmão Zacharyah, acho que não é bem uma escolha. – Alec disse, entrando na conversa.

Todos olharam para ele, mas ninguém disse nada.


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Notas finais do capítulo

Isso ai, espero que tenham gostado e me digam, bom? ruim? interessante? não?

Até o próximo!