Fogo Celestial escrita por Kika


Capítulo 6
A língua dos Anjos


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo chegando!!

Boa leitura :)



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Clary girou sua cabeça em direção a voz e sorriu.

- Não tocar nele! Você esta brincando não é mesmo! Já que não ha mais briga por aqui, por que vocês não voltam para casa?

- Por que você esta ameaçando um ser do submundo e é nosso dever protege-lo. – Disse Izzy com muita determinação.

Clary riu, um som de puro escarnio, uma risada que de maneira alguma a antiga Clary teria, mas que se encaixava perfeitamente a esta Clary.

- Protege-lo? Ótimo. Então venha me deter. Por que eu não vou parar somente nas ameaças. – Apesar do riso, ela estava ficando irritada com a situação, a luta melhorou seu humor, mas ela ainda não havia esquecido que eles a haviam atrapalhado e continuavam atrapalhando.

- Tudo bem. – Disse Izzy, já indo em direção a Clary, mas não chegou muito longe. Simon segurou seu braço. – O que você esta fazendo? – Isabelle estava realmente furiosa.

- Impedindo você de fazer uma besteira, - Respondeu Simon em voz baixa.

- O que ela esta fazendo é errado.

- Eu concordo Izzy. Mas veja bem, você acha que vai conseguir para-la depois do que acabou de ver?

- Ah Simon, sempre o sensato na história. – Sussurrou Clary.

- Não se alegre com isso. Eu concordo com a Izzy. O que você esta fazendo é errado.

- Certo e errado são relativos Simon. Agora se vocês vão realmente fazer alguma coisa, façam agora, porque vocês já me atrapalharam demais esta noite, e eu ainda tenho muito o que fazer.

- Nós atrapalhamos você? Exatamente em que? – Dessa vez quem falou foi Alec.

- Vocês interromperam o ritual. Se meteram em uma luta a qual não podiam vencer e agora estão me atrasando. Foi assim que vocês me atrapalharam.

- Ó desculpe ficar em seu caminho. Mas é que alguns de nós ainda fazem o seu trabalho. Que é justamente interromper rituais, matar demônios e impedir que seres do submundo sejam torturados. – Sarcasticamente respondeu Izzy.

- Bem, estou vendo que vocês não vão a parte alguma.

Clary se virou novamente para o bruxo, puxou sua sai de onde ela as havia guardado na cintura e posicionou-a bem na artéria do coração no pescoço do bruxo.

- Agora é a hora em que você diz o que eu quero ouvir, por que minha paciência esta curta e minha lamina muito perto de sua veia.

- Não faça isso. – Alertou Alec dando um passo a frente.

- Deixe ela. – Magnus que até agora estava inusualmente muito calado, falou.

- Como? -  Perguntaram Alec e Simon ao mesmo tempo.

- Deixem ela, estou curioso para saber que informação é essa que ela tanto precisa, além do mais, como Simon sabiamente observou, não é como se alguém aqui realmente pudesse para-la, vocês só estão prolongando toda a coisa,

- Magnus, eu gosto cada vez mais de você. - Clary deu um sorriso em direção a Magnus, este lhe devolveu o sorriso, no entanto foi um sorriso curto e serio.

- Agora que você não tem ninguém ao seu lado, fale. – Clary pressionou levemente a lamina no pescoço do bruxo.

O bruxo claramente tinha a esperança de que alguém fosse tirá-lo dessa situação, com o pavor visível em seus olhos ele começou a entoar um feitiço, mas Clary foi mais rápida e retirando sua espada do pescoço do bruxo, colocou-a dentro de sua boca, de uma maneira que se ele simplesmente respirasse um pouco mais forte, ficaria sem a língua.

- Não era exatamente isso que eu queria ouvir. – Disse Clary. – agora eu vou retirar a lamina de sua boca e você vai ser educado comigo e me dizer.

Devagar Clary retirou a lamina, todos os outros observavam o que estava acontecendo como se fossem uma verdadeira plateia em um show.

- Você é louca como todos dizem. E ira acabar como seu pai, contra todos nós. Deve realmente ser coisa de sangue. Alguém tem que deter você, alguém, tem de para-la.

- Palavras erradas. – Disse Clary acertando um soco no nariz do bruxo. Ouviu-se um estralo e o bruxo gritou, logo em seguida sangue escorreu de seu nariz para a boca e garganta. – Vamos tentar novamente, o que você estava fazendo aqui hoje?

- Vá para o inferno maldita. – Cuspiu o bruxo para Clary.

- Ah com certeza eu vou, mas não porque você quer e não hoje. - Clary acertou outro soco, mas dessa vez em seu estomago.

- Eu já acertei seu nariz o próximo será na traqueia, com isso eu imobilizo suas vias respiratórias, e eu sei que bruxos são imortais, mas eu também sei o quanto é terrível não ter ar para respirar.

O bruxo chorando de dor, ficou quieto dessa vez. Já Jace, Izzy, Simon e Alec não estavam nada satisfeitos com o que viam, Magnus parecia não se importar.

Clary ficou ali somente encarrando o bruxo por tanto tempo que Jace intercedeu.

- Se você já acabou é melhor leva-lo para os irmãos silenciosos, não acho que vai conseguir alguma coisa só o encarrando e ele esta perdendo muito sangue.

Clary não desviou o olhar do bruxo.

- Não me lembro de você se importar tanto com os seres do submundo antes Jace. – E antes que ele pudesse responder Clary começou a falar em uma lingua que ninguém ali entendia, ou sabia que língua era aquela. Parecia mais um canto do que um idioma na verdade, mas alguma coisa naqueles sons dava a impresão de serem palavras.

E para o espanto de todos o bruxo respondeu, na mesma lingua, e parecia estar em uma especie de transe.

O bruxo parou como se procurando por algo ou alguma palavra e Clary o incentivou a continuar, ou pelo menos isso pareceu porque pouco depois o bruxo continuou falando.

Quando o bruxo terminou, ele parecia esgotado, muito mais do que deveria por ter levado três socos em uma noite, parecia como uma pessoa que não comia ou dormia a vários dias, tanto que assim que parou de falar suas forças se foram e se Clary não o tivesse segurado haveria despencado no chão.

Clary o deitou no chão e voltando ao seu idioma de origem disse.

- Eu disse que teria minhas informações não é mesmo bruxo! Teria sido muito melhor se você tivesse colaborado.

Levantando-se Clary disse aos outros que ainda observavam tudo em silêncio e perplexos.

- Ele é todo de vocês agora.

Ela havia começado a caminhar para ir embora quando Magnus gritou.

-É ISSO! Sabia que conhecia esse idioma. É Randorin não é! A língua perdida dos anjos. Mas como você a sabe? Pensei que não houvesse mais ninguém no  mundo capaz de pronunciar este idioma.

- Se não há mais ninguém no mundo capaz, como você a reconhece? – perguntou Clary, a meio caminho de ir ou de ficar.

- É mesmo randorin. – Sussurrou Magnus, mas para si mesmo. – Bom não há ou não havia, ou eu pensei que não havia, mas houve um dia, a muito tempo, e eu estive lá quando este tempo aconteceu.

- Então você sabe o que é, mas não entende? Isso é fascinante Magnus. – Disse Clary completamente desinteressada, ela precisava sair dali agora mesmo.

- Horas, não me culpe, randorin é a língua dos anjos não dos bruxos e uma língua muito difícil, mas eu tenho certeza que você sabe disso. – Magnus olhou fixamente a Clary e com um tom pensativo perguntou – O que me intriga é: como, onde e por que você obteve esse conhecimento? E tão rapidamente também.

- Você tem seus segredos e eu tenho os meus! Revele os seus e eu penso em te dar algumas informações.

- Você não deu ao bruxo a decisão de te dar ou não as informações. Por que nós deveríamos fazer isso por você? – Perguntou Jace com um tom de nojo na voz que fez com que a própria Clary se sentisse enjoada, mas ao invés de demonstrar isso ela respondeu da melhor forma que pode.

- Eu poderia te dar muitos motivos para isso, mas a simples verdade é que você não conseguiria tirar nenhuma informação de mim, mesmo que quisesse e tentasse muito.

- Você voltou um pouco mais confiante do que eu me lembrava, - Comentou Simon.

- Mais confiante? Ela voltou mais convencida e auto suficiente e ...

- Magnus eu não esqueci que precisamos conversar, espero que você também não. Mas vai ter que ficar para uma outra hora. – Clary interrompeu Izzy por que ela sabia que tinha que ir, ela estava ali tempo de mais e agora seu tempo estava muito curto ela conseguia sentir isso.

Clary começou a acelerar os passos quando a dor tomou conta de todo o seu corpo, equilibrar-se de repente pareceu ser a mais difícil das tarefas e a inconsciência não demorou a chamar por ela.

Jace mais sentiu do que viu o momento em que Clary caiu inconsciente ao chão. Ele não sabia explicar, mas no momento isso não era surpreendente, desde o momento em que ele viu Clary entrando na biblioteca ele sentiu a ligação, como se os dois de alguma forma estivessem conectados, ele era capaz de sentir até mesmo seus movimentos enquanto ela lutava com os demônios e isso era assustador. Ele não queria estar ligado a Clary.

Mas quando ele a viu no chão, seu instinto, o instinto que sempre o fez proteger Clary, não importando o que, fez ele correr até ela e verificar se ela estava ferida. A luta foi realmente feroz, não foi como se aqueles demônios tivessem tido alguma chance, mas Jace sabia que uma pessoa tinha que dar tudo de si para lutar daquela maneira, por isso ele sabia que ela havia vencido, mas não sem um preço.

- Ela esta ferida? – Alec perguntou logo ao lado de Jace.

- Não que eu possa ver, mas isso não significa que não esteja.

- Ótimo. Deixe ela ai. Já que ela é tão auto suficiente tenho certeza de que será capaz de se curar sozinha. – Isabelle disse isso como se Clary fosse um completo desconhecido que tinha a variola demoniaca.

- Não podemos deixá-la aqui. – Afirmou Simon.

- Por que não? Ela com certeza não quer nossa companhia.

- Não deixe sua raiva te cegar Isabelle. – Quem fez a observação que provocou uma carreta em Izzy foi Magnus e estava agora ao lado de Clary, junto de Jace e Alec.

- Magnus tem razão Izzy, não podemos deixá-la aqui. – Alec olhava para Clary com preocupação, mesmo depois de tudo era dificil perder os velhos abtos.

- E não vamos. Tenho certeza de que Maryse vai gostar muito quando chegarmos ao instituto com Clary. – Jace passou seus braços por sob o pescoço e as pernas de Clary, Isabelle já tinha o bruxo em estado de choque ao seu lado, e assim partiram todos para o instituto.

Apesar de Jace ter dito que Maryse iria gostar de ter Clary, o que era obviamente verdade, ele não poderia deixar Clary no estado em que ela estava, sozinha e desprotegida. Era irracional ele sabia, mas ao mesmo tempo em que ele tinha raiva, dor e uma necessidade de se manter longe da garota, ele também tinha aquele sentido de proteção e uma atração inexplicavél. Ele realmente estava se sentindo doente, perturbado, como se algo estivesse mexendo com sua mente.

Chegando ao instituto o bruxo do ritual foi colocado em uma sala trancado até que os irmãos do silêncio chegassem para ver seu estado. Ele parecia mesmo em estado de choque, desde a estranha e incompreensiva conversa com Clary. Esta foi levada para a biblioteca também para esperar pelos irmãos do silêncio já que continuava desacordada.

Maryse ficou realmente surpreendida quando Jace apareceu com Clary nos braços. E ele pode ver nos olhos dela que como todos os outros a preocupação por Clary ainda estava lá. Mas Maryse era profissional de mais e não a mandou para seu antigo quarto no instituto e sim para o sofá na biblioteca.

Quando os irmãos do silêncio chegaram, irmão Enoch foi verificar o bruxo enquanto irmão Zachariah seguiu para a biblioteca para ver Clary.

Todos estavam lá. De alguma maneira todos queriam saber como Clary estava. Maryse parecia muito ansiosa para que ela pudesse falar novamente, Magnus e Alec pareciam verdadeiramente preocupados, principalmente Magnus o que era estranho já que em situações como esta ele geralmente mostrava um rosto impassível, impassividade que estava visível no rosto de Izzy, embora Jace soubesse bem que ela estava ansiosa, e até mesmo ele não pode sair da sala, se por curiosidade, preocupação ou aquela estranha ligação entre eles, ele não sabia dizer.

Maryse achou melhor esperar pelos irmãos do silêncio para avisar Jocelyn e Luke por isso a mãe de Clary não estava ali.

Irmão Zachariah entrou e foi diretamente para o sofá onde Clary estava deitada ainda inconsciente. Agora já faziam mais de quarenta minutos.

“O que aconteceu com ela” perguntou o irmão.

- Ela lutou com seis demônios, matou todos eles, depois interrogou o bruxo e de repente caiu desacordada. – Jace se ouviu dizendo.

- Você esqueceu de mencionar que ela falou Randorin com ele. - Magnus acrescentou a explicação de Jace.

Com isso o irmão do silêncio girou sua cabeça encapuzada para Magnus, no que Jace pensou ser um expressão de surpresa. O que era estranho no irmão do silencio, já que normalmente eles não tinham expressão nenhuma.

Mas vejam só se hoje não é o dia das surpresas, pensou Jace. A coisa deve mesmo ser seria se até um irmão do silêncio ficou surpreso. Agora ele estava mesmo curioso.

“Como falou randorin?” Jace ouviu a voz perguntar em sua cabeça.

- Como eu não sei, só sei que ela falou, e o bruxo a respondeu também em randorin, e logo depois disso virou um vegetal como esta agora e Clary perdeu a consciência, não sou nenhum especialista mas acho que todos podem ver que os fatos tem alguma ligação. – Magnus falou como se o fato fosse absurdamente obvio, mas ninguém o visse.

“E tem. Interrogatório randorin é extremamente exaustivo e traumático, somente os irmão do silêncio podiam executa-lo mas isso foi proibido até mesmo para nós”

Quando as palavras soaram nas mentes, todos ficarm tensos e esperando por mais noticias, pois somente essas palavras ainda não faziam sentido para ninguém na sala.

- E... e... o que você pode fazer por ela? – Quem perguntou foi Izzy. Somente provando o ponto de Jace de que toda a raiva que ela dizia ter era magoa.

“Nada”

- Como nada? – Maryse estava cada vez mais ansiosa.

“Ela se arriscou sozinha, esta em um lugar onde ninguém pode alcança-la, ela deve voltar sozinha. Sempre foi assim com os irmãos do silêncio, dentro de vinte e quatro horas ela deveria acordar”

- Deveria? – Alec notou o verbo errado na frase.

“Sim. Essa caçadora de sombras esta muito debilitada. Tanto física quanto mentalmente. E é necessário muita força para sair de onde ela esta. Não posso garantir que ela conseguirá”

- Como não pode garantir? E como você não pode fazer nada? Deve ter alguma coisa que pode ser feita. – Jace estava muito agitado a este ponto, não acreditando nas palavras que houvia. – Quero dizer, tem muita coisa que ela precisa explicar, muitas perguntas que nós precisamos fazer e... e só ela pode responder.

“Sinto muito Jace Herondale, somente Clarissa pode se salvar agora”

Jace não entendia por que este irmão do silêncio especificamente insistia em chama-lo de Herondale, mas pelo menos ele já não o chamava mais de Jhonatan, agora era Jace.

Mas isso realmente não tinha importância, agora ele só podia pensar em Clary, em onde quer que ela estivesse, e quanto tempo ela demoraria para voltar, por que ele tinha certeza: ela iria voltar, era só uma questão de tempo.

- Muito bem – Maryse pareceu encontrar as palavras – levem ela para o quarto del... que um dia foi dela, e vamos esperar que ela acorde.

***

Por um momento quando Clary abriu os olhos ela pensou estar de volta a Londres, mas então olhando ao redor ela percebeu que as coisas eram muito piores. Ela estava em Nova York, no instituto, mas especificamente em um dos quartos do instituto, um quarto que um dia pertenceu a ela.

Clary levantou-se da cama com uma forte tontura, parou um momento para recuperar seu equilíbrio e assim que os objetos começaram a ficar fixos em seus lugares ela deu alguns passos ao redor. Era muito estranho estar ali agora e perceber que tudo estava exatamente como ela deixou. Nada foi tirado do lugar, como se cada coisa estivesse esperando pela volta dela.

Pegando um porta retrato, Clary sentiu um leve sorriso em seus lábios quando viu uma antiga foto dela e de Jace. Os dois pareciam tão felizes então. Sorrindo para a câmera. Clary lembrava-se de Isabelle atras da câmera tirando aquela foto, mas estranhamente ela não conseguia lembrar-se da sensação que a fez sorrir daquela maneira. Como se aquilo simplesmente não fizesse sentido.

Deixando o porta retratos no lugar em que ela o encontrou, Clary caminhou para a porta, ela tinha que saber o que estava fazendo ali. A porta não estava trancada então ela não era um prisioneira. O que era estranho considerando sua situação com a Clave, a não ser que eles pensassem que poderiam impedir-la de sair se ela tentasse. O que era estupido. Mas o fato é que a última coisa que ela se lembrava era de estar indo embora daquele parque depois da briguinha com os demônios, ela sentiu isso vindo, a dor a inconsciência, mas chegou mais rápido do que ela pode prever, estava ficando pior.

E então provavelmente os caçadores de sombras a trouxeram para cá. Mas por que ela estava livre e mais especificamente por que não a haviam entregado para a Clave era a pergunta do dia, ou da noite já que ela não fazia ideia de que horas eram.

Quando Clary abriu as portas da grande biblioteca ela estava vazia. Seu impulso inicial foi ir até o livro que ela tanto precisava, mas ela sabia melhor não era hora para isso ainda, logo alguém estaria ali, e ela não sabia exatamente em quais condições ela sairia dali.

Enquanto ela começava a caminhar por entre as prateleiras as enormes portas da biblioteca se abriram e Alec e Isabelle entraram, Clary viu quando Isabelle recuou e saiu apenas alguns segundos após vê-la. Com certeza para alertar os outros, o raciocínio logico de Clary avisou, não que isso tivesse alguma importância.

- Você esta bem?

- Confesso que essa não era a abordagem que eu estava esperando.

- E o que você esperava? Centenas de caçadores e muitas armas apontadas para você?

- Centenas? Não, eu não sou tão presunçosa. Mas quanto as armas sim, com certeza, ou pelo menos uma tranca na porta.

- Por algum motivo eu não acho que uma tranca na porta te impediria de alguma coisa. – Afirmou Alec movendo-se ao redor, entrando mais na sala, mas sem deixar de estar em estado de alerta.

Ele me atacaria se eu tentasse fugir, pensou Clary. E por um momento ela realmente quis fazer isso, somente para ver como seria.

Mas esse pensamento foi interrompido com a chegada de uma tropa inteira ao ver de Clary.

Isabelle retornou e trouxe com ela Jace, Magnus e dois irmãos do silêncio, um dos quais ela estava ansiosa para ter uma conversa.

- Bem, pelo que eu entendi, você acordou muito mais cedo do que o previsto. – Disse Magnus e apesar de seu tom de voz ser seu tipico tom de voz de “isso não é tão importante assim” Clary podia ver o cansaço em suas feições, ele tinha os olhos fundos e leves manchas azuis aparecendo ao redor, o cabelo estava levemente amassado, o que em Magnus isso queria dizer muita coisa.

- Serio? Desculpe se eu não estou atualizada com o cronograma. Parece que esqueceram de me mandar uma copia.

“O sarcasmo não lhe cai bem Clarrisa”

Uma voz disse na mente de Clary.

Ela olhou bem nos olhos inexistentes do irmão do silêncio e disse:

- Sua boca costurada e sua falta de olhos e cabelos também não lhe caem bem e nem por isso eu fico jogando isso na sua cara.

Com sua visão periférica Clary viu Magnus esconder um sorriso e um leve levantar de labios de Alec. Quem diria, Alec.

“Sua conduta não condiz com o seu estado”

A voz que veio em sua mente era exatamente igual a anterior, Clary não sabia como a distinção era feita então, mas ela sabia que dessa vez quem havia falado era o irmão Zacharyah e não Enoch.

- E qual exatamente deveria ser a minha conduta? E por que parece que todos estão verdadeiramente espantados por eu estar andando e falando?

Clary perguntou enquanto sentava-se em uma das poltronas, ela não demonstrou isso, mas a tontura havia voltado e com ela um pouco de náusea também, ela não tinha certeza se continuaria firme se permanece de pé. A este ponto ela realmente queria saber por que todos pareciam tão espantados, ela desmaiou é certo. Mas uma hora ela iria acordar não é?!

“O que você fez com o bruxo Azaias?” perguntou o irmão Enoch ao invés de responder a qualquer uma de suas perguntas.

- Azaias? – Clary ficou confusa por um momento, mas logo se lembrou. – A sim, claro. O bruxo do ritual. Eu não fiz nada com ele.

- Não fez nada? Então por que ele esta em choque desde que você tocou nele? – Jace perguntou demonstrando impaciência com a conversa.

- Você não pode me culpar por ele ser um covarde.

“Como você conhece o interrogatório randorin?” Perguntou Enoch.

- Magnus e sua boca grande. Você deveria usá-la para chupar alguma coisa.

Enquanto todos ficavam em choque com as palavras de Clary, novamente ela viu Alec tentando esconder um sorriso. O tempo deve ter feito bem a ele, foi o pensamento de Clary.

- E antes que você venha falar de minha conduta novamente, eu respondo você: eu conheço o interrogatório randorin porque a Clave é uma sociedade corrupta, que se compra com muito pouco. Não há informação que não se possa obter, basta saber onde procurar.

“E por acaso sua fonte de informação, lhe informou sobre os riscos deste ato?”

- Você fala sobre a coisa de ficar inconsciente, ir até um ponto desconhecido, ter de ter muita força para voltar e blá, blá, blá? Sim minha fonte me avisou sobre isso. O que me faz perguntar, quanto tempo eu demorei dessa vez? – Agora Clary entendia por que o espanto de todos, provavelmente eles sequer esperavam que ela realmente acordasse.

- Dessa vez? Você já fez isso antes? – Magnus perguntou parecendo estranhamente orgulhoso.

- Eu perguntei primeiro! – Clary jogou, ela estava se cansando de responder e não obter respostas.

- Você não esta em posição de fazer perguntas. – Afirmou Jace, em um tom duro.

- Humm. Então vou entrar no jogo e parar de dar as respostas também. – Clary respondeu olhando para Jace ela realmente não gostou do jeito como ele falou com ela, e ela que estava sendo tão atenciosa até agora.

- Você não esta em posição de se negar a responder também. – Falou Jace novamente.

Clary levantou-se da poltrona, deu um passo a frente sentindo seu sangue ficar cada vez mais quente e entre dentes disse:

- E como é que você pretende arrancar as respostas de mim?

Jace permaneceu imóvel quando respondeu.

- De qualquer maneira que seja necessária.

- Agora isso eu gostaria de ver.

- Três horas, foi o tempo que você ficou desacorda. – Isabelle que estava absolutamente quieta respondeu, talvez tentando evitar um confronto bem no meio da biblioteca. – Pelo o que o Irmão Zacharyah nos disse, nós não sabíamos se você seria sequer capaz de acordar e supondo que fosse, levando em conta o histórico dos irmãos do silêncio, esperávamos que você ficasse desacordada pelo menos por um dia inteiro.

- Eu não sou um irmão do silêncio, seus históricos não se aplicam a mim. – Clary respondeu em uma voz baixa, mais calma, porque de repente o cansaço na voz de Izzy fez com que o próprio cansaço de Clary fosse evidente para ela.

“Esse histórico não é único dos irmãos do silêncio, mas estende-se para todos os caçadores de sombras que já usaram o randorin como forma de interrogatório” Irmão Enoch disse.

- Bem, talvez você devesse acrescentar isso ao seu histórico então.

- Tudo bem, chega. – Alec se interpôs a conversa. – A questão aqui Clary é: nós temos um bruxo preso em completo estado de choque porque você fez um interrogatório randorin nele, que era para manter você desacordada por no minimo vinte e quatro horas, mas que o fez por somente três. E isso por que você queria extrair dele uma informação que ele não queria passar, e isso tudo depois de matar seis demônios. Então não nos culpe por querer explicações, e ao invés de tentar se esquivar você poderia começar a falar.

- Nossa Alec, não fui só eu quem mudei enquanto estive fora não é mesmo? De onde finalmente veio toda essa confiança?

- Talvez tenha vindo do mesmo lugar que a sua.

Clary soltou uma risada alta com essa.

- Dificilmente. – Disse ela em um tom sombrio. – O bruxo vai ficar bem, dentro de dois ou três dias ele volta a ser ele mesmo.

- E com isso, parece que você tem experiencia nisso, o que leva a pergunta novamente: você já fez isso antes? – A pergunta veio de Magnus, que parecia ser quem mais estava interessado em obter a resposta.

Clary não respondeu imediatamente. Ela olhou fixamente para lugar nenhum e permitiu que sua mente vagasse por alguns segundos, ela estava tão cansada...

Isabelle estalou os dedos em frente a seus olhos e Clary voltou a si.

- Onde esta Maryse? – Clary perguntou de repente.

“Ela teve uma emergência, mas nós estamos aqui e podemos ouvi-la por ela”

- É claro que podem Zacharyah!


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Notas finais do capítulo

É isso ai, espero que tenham gostado.
Até o próximo ;)



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