Cartas Para Antônio Ferreira escrita por Mari


Capítulo 41
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Mais um novo capítulo da nossa história. Beijos meninas.



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Por Edgar

Se tivesse que definir essa ultima noite em uma palavra ela seria conturbada. Depois de vagar e vagar em pensamentos conflitantes até finalmente pegar no sono, fui arrancado dele com o despertar agitado da Laura. Ela acordou suando levei um tempo para perceber o que a havia acordado até entender pela sua inquietação que o que a despertou foi um pesadelo.

Assim que consegui acalma-la e convencê-la a se deixar levar pelo sono novamente o Antônio acordou e ela pareceu aliviada quando levantei da cama para pega-lo isso adiaria o seu retorno ao sono. Depois de dar de mamar para o Antônio e embala-lo pelo tempo que julgou necessário, não viu outra alternativa senão voltar a dormir, peguei o nosso filho de seus braços e depois de devolve-lo ao berço envolvi a Laura em um abraço e sussurrei em seu ouvido que ela poderia dormir tranquila que eu estaria ali velando seu sono.

Ao todo foram três despertar durante a noite um mais agitado que o outro, na segunda vez me recusei a dormir de novo me limitei a afagar as costas da Laura enquanto a observava cair no sono novamente. Fiquei contando as horas para ligar pro meu sogro não queria importuna-lo cedo demais, mas também não me aguentava por saber o que afinal tinha se passado em sua casa, o porquê da Laura estar tão perturbada.

Foi uma conversa longa e difícil eu pude sentir a hesitação do meu sogro em tê-la via telefone, mas foi só eu mencionar a noite difícil da Laura para quebrar a sua resistência e só então pude ter noção da dimensão da dor que a minha amada estava sentindo. Ela e a mãe não tinham o tipo de relacionamento que poderia classificar como intimo, a personalidade controversa de mãe e filha garantia por si só uma distancia considerável entre as duas. A dona Constância havia renegado a filha depois do divorcio e mesmo após a nossa reconciliação foram poucos os passos que elas deram para uma reaproximação.

Mas eu conhecia a Laura o suficiente para saber que ela não estava sofrendo apenas pela situação do pai apesar de seu relacionamento com ele ser melhor do que o seu relacionamento com a mãe ela estava sofrendo por ambos, mesmo com todos os problemas que os pais enfrentavam ela não imaginava que os dois chegariam a esse ponto.

Depois de desligar o telefone a minha vontade de falar com a Laura era ainda maior, eu já sabia do motivo da sua chateação agora queria saber se ele tinha ou não relação com seus pesadelos. Peguei a Lurdes desprevenida quando entrei na cozinha, ainda era cedo e a coitada se apressou a passar um pouco de café que tomei na cozinha mesmo e como imaginava que a Laura iria dormir até mais tarde devido a noite mal dormida pedi para a Lurdes colocar a mesa do café apenas para a Melissa que depois eu desceria para pegar uma bandeja com o café da manhã da Laura.

Como eu previa ela demorou a acordar e ainda assim só acordou por causa do Antônio que eu tentei acalmar a todo o custo, mas não fui muito eficiente... antes de seus olhos se abrirem ela procurou por mim e só quando o seu braço não me encontrou é que ela olhou em volta parecia preocupada senão assustada, tentando descobrir o que a havia acordado.
– Eu estou aqui meu amor... desculpa eu tentei conter esse rapazinho o máximo que pude.
– Tudo bem já fiquei na cama mais do que deveria... vou fazer uma toalete rápida, você fica com ele e tenta acalma-lo por mais uns minutinhos?
– Ficar com ele até eu fico, quanto a acalma-lo eu tenho cá as minhas duvidas não sei bem a quem esse menino puxou para comer tanto.

Ela força um pequeno sorriso que não chega nem perto do sorriso maravilhoso que eu amo tanto, mas ainda assim é um sorriso. Quando ela volta ao quarto eu estou sentado na nossa cama o Antônio tinha parado de chorar para emitir um resmungo que mais parecia um grunhido raivoso.
– Meu Deus que braveza mamãe... o que foi meu amor o colinho do papai não é bom o suficiente?

Ela começa a falar naquela voz cantada que só usa pra falar com o nosso filho e ele para de reclamar assim que ouve a sua voz, o que me deixa impressionado ela conseguiu acalma-lo antes mesmo de pega-lo no colo e lhe dar o peito.
– Queria saber lidar com ele como você faz.
– Você é ótimo com ele meu amor, com ele e com a Melissa... a única coisa que me torna mais atraente a ele no momento é o fato de eu alimenta-lo, apenas isso.
– Não sei tenho pra mim que ele vai continuar preferindo a mãe mesmo depois de grande.

Eu devo ter dito algo errado porque assim que eu termino de falar ela desvia o olhar e passa a encarar o Antônio que mamava com entusiasmo, como se tivesse passado a noite inteira em jejum. Ela soltou um suspiro de um jeito melancólico e quando voltou a falar a sua voz estava embargada.
– O Albertinho era assim, ele idolatrava a minha mãe, mas também pudera depois de tantos mimos que a mamãe cedia a ele, e agora... agora ele quer ver o diabo mais não quer vê-la.
– Laura...

Ela se apressa a enxugar as lagrimas e pisca os olhos com raiva se recriminando por estar chorando.
– Desculpa Edgar eu tenho que te contar o que eu descobri ontem na casa do meu pai eu só não estou conseguindo achar as palavras...

Sem conseguir evitar ela cai no choro e eu a puxo para o meu peito tentando consola-la ao mesmo tempo em que me preocupava com o Antônio que sentia o nervosismo da mãe e iniciava também o pranto.
– Se acalma meu amor, se acalma... não precisamos falar sobre isso agora.
– Esta bem.

Quando a Antônio voltou a pegar o peito ela fechou os olhos e tombou a cabeça em meu peito, permanecemos em silencio até que ele terminar de mamar e adormecer. Eu afastei a Laura do meu peito e peguei o Antônio para deixa-lo no berço voltando para cama logo em seguida me sento apoiando as costas na cabeceira da cama e puxando a Laura para mim novamente.
– Você não tem que sair pra resolver o que não conseguiu ontem?
– Não Laura eu não tenho, não vou sair e deixa-la neste estado.
– Não precisa ficar só por isso.
– Laura eu não vou sair do seu lado, está bem? O mundo pode cair lá fora eu continuarei aqui com você.

Ela me abraça agradecida e deita a sua cabeça em meu ombro ficando encolhida no meu colo.
– Eu liguei para o seu pai hoje cedo, me desculpe por não ter esperado eu precisava saber qual era o problema.
– Ele te contou?
– No começo ele ficou desconfortável mas acabou contando quando insisti... só não falamos nada do Albertinho.
– Ele saiu de casa, estava envergonhado demais para olhar para o meu pai e não queria pensar em ver a minha mãe, ele foi o primeiro a descobrir... ele a viu na casa do amigo... eu nem sei pra onde ele foi.
– Ele vai ficar bem Laura, seu irmão não é mais aquele irresponsável que costumava ser.
– Como você sabe?
– Já tive provas da melhora dele, só espero que essa nova descoberta não interfira em sua melhora... Mas e o seu pai como ele está? Eu fui pego de surpresa quando ele me contou o que tinha acontecido mal pude associar o que estava ouvindo, ele deve estar arrasado.
– Ele está Edgar, ele tenta se fazer de forte mas a verdade é que ele era apaixonado pela minha mãe... o baque foi muito duro.
– Laura eu posso te perguntar uma coisa, se você se sentir ofendida não precisa me dizer.
– Esta bem, pergunte.
– O seu pai me contou que o Umberto não foi o único... ah caso, mas não falou de quem se tratava a outra figura.
– Eu também não sei o meu pai não disse.
– Estranho.
– O que é estranho.
– Não sei a impressão que eu tive foi que o seu pai queria esconder a identidade do sujeito de mim, por que ele iria querer preservar a imagem de alguém que não merece tamanha consideração.
– Agora você falando... Edgar eu acho que você esta certo, meu pai evitou a todo custo falar o nome dele, apesar de ser visível o seu ódio ele não disse nada.
– Será que se trata de alguém que conhecemos?
– Não sei Edgar acho que tenho medo de perguntar.
– É melhor deixarmos isso quieto por enquanto deve ser doloroso demais para o seu pai ficar tocando no assunto e se ele não disse deve ter os seus motivos.
– Vai parecer egoísmo da minha parte, mas eu queria que você tivesse conseguido resolver todo o que tinha para ser resolvido ontem e que nós estivéssemos nesse momento nos preparando para ir para a fazenda.

– Eu seria incapaz de te censurar por isso meu amor, você descobriu algo terrível de sua mãe, esta preocupada com o fato de seu pai estar tendo que lidar com isso sozinho isso sem falar no seu irmão, eu tenho certeza que você não parou de pensar um segundo nele, se perguntando onde e como ele está.

– Acho que você tem razão Edgar, o que eu queria no momento era tentar fugir disso tudo.

– E nós vamos meu amor, eu vou tentar resolver tudo o mais breve possível e já vou pedir para a Lurdes ir preparando as malas, pois mesmo que eu não consiga resolver tudo ainda sim partiremos amanhã para a fazenda.

– Edgar não precisa apressar as coisas por mim, faça tudo o que tem de ser feito.

– O que eu quero no momento é vê-la mais tranquila e tenho certeza que não conseguirei isso enquanto estivermos aqui na capital, cercado por todo essa avalanche de revelações.

– Tudo bem então resolva as prioridades que eu me entendo com a Lurdes.

– Pode deixar que eu cuido de tudo, fique aqui eu vou trazer o seu café da manhã e pelo amor de Deus Laura eu quero que você se alimente... depois você tenta dormir um pouco mais, você dormiu muito mal essa noite.

– Edgar você dormiu pior que eu e está prestes a romper aquela porta para seguir rumo a rua.

– Eu estou bem meu amor só estou preocupado com você.

– Eu vou ficar bem Edgar.

– Tem certeza?

– Porque você me pergunta isso?

– Porque algo me diz quem tem mais alguma coisa te incomodando além dessa descoberta sobre a sua mãe... se for o caso Laura, eu quero que me diga, o que mais a preocupa?


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