Cartas Para Antônio Ferreira escrita por Mari


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Para quem estava curiosa em saber se o Edlindo realmente reconheceu a Laura a espera chegou ao fim...

Esperemos corresponder com a expectativa!



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Por Laura

 Será que ele caminha em nossa direção por que me viu conversando com o Ciço e quer tirar satisfações... eu mal tenho tempo de me decidir em que pensar e ele encurta a distancia entre nós mas para minha surpresa ele se dirige ao Ciço ao invés de mim.

- Senhor Ciço? Posso dar uma palavrinha com você?

- Eita que eu virei homem famoso, esta todo mundo querendo uma palavra comigo, seja educado rapaz a moça chegou primeiro e damas sempre tem prioridade ainda mais se tratando de uma dama tão vistosa... só fico imaginando o que será que uma moça tão distinta terá para tratar com um homem feito eu.

            Os dois se viram para mim e o Edgar parece ter finalmente me notado após a menção do Ciço, ele me olha de cima a baixo e eu tomo o cuidado de abaixar o meu rosto que estava ruborizando perante o olhar do Edgar, com medo de que ele me reconheça ao olhar em meus olhos.

- E então moça onde paramos? A sim você ia me dizer a sua graça.

            Eu sinto o meu rosto corar ainda mais se é que isso era possível e continuo com os meus olhos no chão imaginando o que fazer, não poço responder a pergunta dele sem ser descoberta pelo Edgar então tomo uma atitude menos educada e dou as costas para os dois e saio sem dizer palavra. Não é preciso muito para se perder de vista em meio a tantas pessoas e eu uso isso ao meu favor, mais a minha curiosidade é maior do que a minha vontade em fugir dali então eu encontro um subterfugio e volto a me aproximar sem ser notada para escutar a conversa entre os dois.

- O que deu nela, será que eu a assustei?

- Meu amigo se ela não se assustou comigo porque diacho iria se assuntar com você?

- Mais então como você explica isso?

- Não sei talvez seja louca.

- Ela não me parecia louca.

- Não se deixe enganar pelas aparências meu caro...

- Eu falo serio até me pareceu familiar, o contorno dos seus lábios, a forma determinada como nos deu as costas... se pelo menos eu tivesse conseguido olhar para os seus olhos...

- Ih já se enamorou da moça, o mistério às vezes provoca destas coisas nos homens conheço muito bem disto.

- Não é nada disto eu apenas fiquei curioso com a reação dela nada de mais... Voltando ao assunto que me trouxe até o senhor eu queria lhe fazer umas perguntas sobre a repressão policial aos cordões carnavalescos.

- Desculpa, mas não posso te ajudar estou com um pouco de pressa.

- Pressa seu Ciço, estávamos até agora falando de futilidades...

 - Eu não sei nada a respeito disto o senhor esta procurando a pessoas errada.

- Não se preocupe seu Ciço eu não sou do governo, muito menos da policia eu sou jornalista e queria que o senhor respondesse a algumas perguntas para uma matéria que eu estou escrevendo.

- Jornalista? Mais um que vai escrever um monte de mentiras sobre o nosso carnaval...

- Engano seu, eu pretendo escrever o que realmente acontece e se o senhor colaborar comigo eu pretendo desmascarar essa hipocrisia toda que vem sido publicada a cada carnaval... o senhor já deve ter ligo alguma matéria escrita por mim, eu sou o Antônio Ferreira, muito prazer.

            Ao ouvir as ultimas palavras do Edgar eu me desligo por completo da conversa que se passa entre os dois, como assim eu sou o Antônio Ferreira o que ele estava dizendo... neste momento a agitação a minha volta já não era bem vinda como no momento da minha chegada, agora ela me parecia inoportuna, eu queria o silencio do meu quarto eu queria estar sozinha para tentar digerir essa nova informação... eu deveria ter entendido errado o Edgar o Antônio Ferreira não podiam ser a mesma pessoa, eu saio de onde estou as pressas querendo achar uma brecha entre as pessoas e ir pra casa eu não queria mais passar um minuto se quer naquele lugar, eu me sentia sufocando e esqueço por um minuto que estou me escondendo e acabo arrancando a mascara como se este ato fosse me ajudar a respirar normalmente, eu estava tão aturdida em fugir dali que acabei trombando de novo com ele.

- Laura você esta bem?

- Estou ótima Guerra por quê?

- Não sei você me parece estranha parece que viu um fantasma.

- Eu estou ótima Guerra só estou com um pouco de pressa para ir pra casa.

- Mas já Laura o desfile ainda vai render muito...

- Pra mim já rendeu até demais.

- Não vai ficar nem para tentar encontrar com o Ferreira? Achei que você viria hoje na tentativa de encontra-lo.

- Não Guerra eu estou bem de encontros inesperados por hoje, com licença.

            Eu deixo o Guerra falando sozinho e sigo o meu caminho rumo a casa da Isabel, tomo o cuidado de colocar novamente a mascara, não podia correr o risco de ser reconhecida por mais alguém, no caminho até pensei que ele poderia interpretar de forma errada o que eu disse mais não dei muita importância a isso o que eu queria mesmo era ir embora e quando cheguei em casa a encontrei silenciosa, só ai me dei conta de que não me despedi da Isabel e vim embora sem ela mas agora não tem nada a ser feito então eu vou para o meu quarto e me jogo na minha cama, arranco a mascara e abraço um travesseiro contra o meu peito finalmente deixando as lagrimas escaparem.

            Era ele o tempo todo, o Edgar é o Antônio Ferreira como ele pode esconder isso de mim, ele se mostrou todo enciumado quando notou o meu interesse pelo Ferreira e não me disse nada, porque ele simplesmente não me falou a verdade após a primeira carta, porque preferiu me enganar desta forma... eu me sentia traída pela atitude dele ao mesmo tempo que me sentia uma idiota por estar me remoendo em remorsos por ter me apaixonado por outro homem... tudo fazia tanto sentido agora depois de descobrir isso, a relutância do Guerra em nos apresentar, ele citando a opinião do Guerra ao mesmo tempo que esse negava qualquer participação no caso, o texto sobre a agressão as mulheres sendo publicado pouco tempo depois do que ocorrera comigo...era realmente para mim, ele escreveu aquela matéria para mim.

            Não sei quanto tempo levou para eu ser vencida pelo cansaço físico, só sei que eu levei horas e horas nestes questionamentos até finalmente adormecer ainda calçada e de fantasia, atravessada em minha cama com o travesseiro em meu peito e lagrimas praticamente secas sobre a minha face.

          


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