Supernatural: Destiny. escrita por theblackqueen


Capítulo 8
My New World.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo pequeno encerrando a primeira fase da fanfic. Primeiramente quero agradecer muito a Maryana pela recomendação que me fez vomitar arco-íris. Muito, muito obrigada mesmo sua linda ♥ Claro, agradecer a todas as leitoras. Agradecer a Katerina Petrova Mikaelson com quem eu falei via mensagem e ela me disse que adorou a fic e está acompanhando. Eu não sei se vão gostar desse capítulo. Ele é bem um resumo, uma mudança de fase mesmo. A timeline agora vai lá para a terceira temporada e eu já estou preparando o primeiro caso que os quatro vão resolver juntos e por ai vem momentos "calientes" e fofos. Enfim. Espero que gostem...



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Nossos olhos continuavam presos nas chamas. O silencio era uma forma de dizer adeus e todos compartilhamos desse momento. À nossa frente o corpo de Giuseph Ruso improvisadamente sendo cremado. Era aquela a forma de termos certeza que nenhum demônio o possuiria e nenhum metamorfo assumiria a sua forma. Ou qualquer outra criatura. À nossa volta só o som do fogo e os carros que passam não muito longe, era logo ali a rodovia 79 entre o Arkansas e a Louisiana. Estávamos em um campo grande e aparentemente distante de qualquer povoação. Mel não disse uma só palavra durante a viagem. Eu me sentia tão culpada que não me atrevi a falar.

Em algum lugar daquela estrada surgiu um motel barato. Ficaríamos só aquele dia, depois os garotos seguiriam para sua vida normal, seus casos normais. Melizza também. Ou talvez não. Eu não sabia o que passava na cabeça de Mel agora. Me questionava sobre o meu futuro. Voltar para o Roadhouse? Descobrir o que havia acontecido com a minha mãe?

O demônio que antes se passava pela madre superiora confirmou, disse que eu já sabia sobre minha mãe. E só poderia se referir às descobertas de Ash. De qualquer jeito, eu não sabia para onde ir.

Para que direção correr.

Esperei por Melizza, mas ela não apareceu no motel pela manhã. A tarde já havia caído e nada. Não atendia quando eu ligava. Eu já estava ficando preocupada. Os Winchester estavam pelo hotel. Pelo que Dean disse, o mais novo precisava descansar.

Liguei para Dean que atendeu em voz baixa, provavelmente não queria acordar o irmão.

— A Mel sumiu, não apareceu a manhã toda. — Avisei. — Não atende as ligações.

— Tem certeza que ela não foi embora? — Considerou.

— Não, tudo dela está aqui. — Respondi. — Tenta ligar, talvez ela atenda você.

Eu só esperava que estivesse tudo bem.


–~-~-~-

Homer, Louisiana.


— Uma cerveja. — Pediu Dean, sentou-se no balcão ao lado da loira.

Melizza havia chegado há quase cinco horas. Precisava escapar, parar de pensar no pai. Ali acabou se distraindo com o movimento ou assistindo ao jogo na TV do bar. Até que Dean ligou. Disse que iria encontrá-la, que ninguém sabia onde ela estava e ficaram preocupados. Pudera, Melizza havia acabado de cremar o pai. A maioria das pessoas já estaria ficando louca. Ela não tinha mais ninguém agora. Só ela mesma. Só a estrada.

Só o que estava em seu sangue.

— Viu? — Começou a loira com a voz carregada de ironia. — Não tentei suicídio!

— Melizza, porque não foi descansar um pouco? — Ele perguntou. — E nem atendeu às ligações da Elisa?

— Não estou cansada. — Respondeu apenas, desviou o olhar para a sua garrafa de cerveja.

— Ela não tem culpa. — Dean começou. — E ela estava disposta a ir com eles, você sabe.

— Eu sei. — Ela tirou um gole de cerveja.

— Ele não aguentou o exorcismo. — Dean continuou, ela baixou o olhar e suspirou. — Teria dado certo.

— Mas não deu. — Ela cortou. — E eu sei Dean, a Elisa não é culpada.

— Mas ela acha que é.

— Ela não sabe nada dessa vida. — Melizza disse. — E é justamente disso que eu estou fugindo.

— Disso? — Dean franziu a testa.

— Voltar nesse assunto. — Disse finalmente. — Falar e falar. Não quero mais falar nesse assunto.

Agora foi a vez de Dean tomar um grande gole da bebida.

— E o Sam? — Melizza perguntou depois de um breve silencio. — Não quis vir?

— Ficou dormindo um pouco. — Respondeu Dean. — Precisava disso.

— Sinto muito por ele ter se ferido. — Ela disse com a voz mais pesada, agora lembrando do acontecido.

— Ele sai dessa. — Dean tomou um gole da cerveja.

Melizza respirou fundo enquanto passava os dedos pela garrafa, antes de tomar um grande gole da mesma.

— Para onde vocês vão agora?

— Eu não sei. — Dean deu de ombros. — Qualquer lugar.

— Agradece ao seu pai por tudo quando o vir. — Melizza pediu.

Dean assentiu.

— Você vai continuar caçando? — Dean indagou.

— Isso é o que eu sou, Dean. — Melizza disse sincera. — E eu não posso mudar isso.

— Sei como se sente.

— Não dá para fugir do que se é. — Acrescentou. — E eu tenho orgulho de dizer que sou caçadora. Pelo meu pai. Pela minha mãe.

Dean sorriu.

— Tirando a teimosa, você até que é suportável. — Brincou. — E tenho que reconhecer que você é a Barbie mais corajosa que eu já conheci.

— E você é um idiota que eu espero encontrar de novo. — Melizza disse em tom de brincadeira.

— Eu também espero isso. — Dean disse mais sério, com o olhar fixo na loira.

Os dois se voltaram para a cerveja.

Passaram a tarde inteira por ali.

–~-~-~-


Tomei um banho rápido e reorganizei a mochila.

Já estava tudo pronto para ir embora, partir daquele motel. Na verdade eu nem sabia se deveria esperar Melizza, talvez ela nem quisesse me ver mais, me culpasse tanto quanto eu me culpava. Logo na frente do motel acabei encontrando Sam que arrumava as malas no costado da parede.

— Dean ligou. — Comentou enquanto me encostava na parede ao seu lado. — Eles já estão vindo.

— Eles?

— Dean e Melizza. — Respondeu. — Estavam em uma cidadezinha aqui perto.

— Como você está? — O encarei, Sam estava mais corado do que antes, quando chegamos.

— Bem. — Ele disse. — Não foi nada, não se preocupe.

— Sinto muito pelo que aconteceu lá no armazém. — Baixei o olhar. — Com você, com o pai da Mel...

— Não foi sua culpa, Elisa. — Ele me cortou. — Não se culpe por isso.

— Eu não deveria ter saído de White Hill aquela noite. — Insisti.

— E tantos mais iriam morrer. — Sam ponderou. — O que aconteceu não foi sua culpa.

— Eu não sei...

— Olha... — Ele começou, nós dois encarávamos os carros passando em frente ao motel. — Eu sei como deve estar se sentindo. Há pouco tempo em me sentia assim.

— Pela sua namorada? — Perguntei, percebi que Sam baixou o olhar.

Demorou um pouco para responder.

— Por muito tempo eu achei que se tivesse protegido ela... — Parou de falar, umedeceu os lábios antes de continuar. — Depois percebi que não era minha culpa. E não é sua culpa, acredite.

Isso não fez com que o peso dos meus ombros diminuísse. Por um longo tempo aquilo me perseguiu. Talvez por um lado eu não tivesse mesmo a culpa que eu insistia em carregar. Ou não toda ela, pelo menos. Talvez o pai de Melizza tenha mesmo morrido por não resistir ao exorcismo uma vez que o demônio que havia lhe possuído não era qualquer demônio. O desgraçado era um dos mais poderosos do inferno. Mas não mudava o fato dos problemas terem começado quando eu sai com Giuseph Ruso e Melizza daquele vilarejo chamado White Hill.

— Espero que tudo dê certo para vocês. — Eu disse depois de um breve silencio. — Com o demônio.

— E você? — Ele me encarou. — Para onde vai agora?

— Ainda não sei. — Respondi sincera. — Mas sabe... Eu acho que esse é o meu primeiro desejo.

Me referi aos desejos do biscoito da sorte.

— O que?

— Deixar o passado para trás. — Disse por fim, ele sorriu. — E você? O que vai fazer depois que pegarem o demônio?

Ele pensou por um segundo.

— Não sei, eu.... — Pausou. — Talvez volte para a faculdade. Tentar ter uma vida normal dentro do possível. Eu não sei bem ainda.

Por um momento me passou que Sam carregava mais do que conseguia suportar. Era algo em seus olhos. Bem no fundo deles. Embora naquele momento eu não soubesse o que ele realmente pensava ou sentia, era evidente que trazia um certo peso nos ombros. Não exatamente culpa, mas medo. Medo de perder de novo, assim como perdeu sua mãe, assim como perdeu Jessica.

Mas ele era fechado naquela época.

E eu não tinha coragem de tocar no assunto diretamente.

— Sam, já ouviu falar da lenda do pássaro que só canta uma vez?

Ele me encarou confuso pela mudança brusca de assunto.

— Como? — Franziu a testa.

— Existe uma lenda que fala de um pássaro que voa para longe, ele voa até achar um espinheiro-alvar de pontas finas. — Expliquei. — Então ele crava o espinho no peito e ignorando a dor e a agonia, canta da forma mais bela que pode uma única vez na vida.

— É uma bela e trágica história. — Disse ele, talvez estivesse pensando que eu era uma maluca, aquilo não tinha aparentemente nada a ver com o assunto. — Mas eu não entendi o que isso significa.

— Não acho que é seu último voo. — Disse prontamente.

— A que se refere? — Ele me encarou com atenção.

— A tudo.

Nesse instante o Impala e o Ford estacionaram bem diante do motel.

Nós encaramos os carros e o assunto parou ali. Dean desceu do Impala e Sam tratou de ir até o veículo guardar as bolsas e preparar tudo para a viagem. Vi Dean e Melizza conversarem baixinho e o Winchester deu um beijo na testa da loira que, com um olhar baixo, apenas sorriu. Eu me aproximei dos carros.

Dean se voltou para Sam.

— Papai mandou coordenadas.

— De onde? — O mais novo indagou.

— Parece ser de Wisconsin. — Respondeu Dean. — Depois você dá uma olhada para confirmar.

Sam assentiu.

— Bem... — Comecei meio sem graça, nunca fui boa em despedidas. — Boa viagem, rapazes.

— Você também Elisa e se precisarem de algo... — Ele falou para mim e para Melizza. — Nem pensem em não ligar.

— Pode deixar. — Melizza disse.

— Ás vezes é bom uma companhia feminina. — Disse ele no costumeiro tom de deboche. — Que não seja o Sam.

— Dean! — Sam fitou o irmão incrédulo.

O Winchester mais velho abriu um sorriso maroto.

— Se seu irmão se meter em problemas, me avisa. — Melizza brincou se referindo a Dean, falando para Sam.

— E ai a mulher maravilha vem me salvar?

— Acha que só você pode? — Melizza franziu a testa.

— Pode deixar que se o Ken doidão nos atacar, a gente te liga. — Dean ironizou.

— Ligamos se for necessário, Melizza. — Sam sorriu gentilmente. — E mandamos notícias.

— E não esqueçam de agradecer ao seu pai por mim. — A loira pediu.

O clima ficou um pouco mais pesado entre nós por um momento.

— Pode deixar. — Sam balançou a cabeça.

Sam se aproximou de Melizza e a abraçou. Depois ele repetiu o mesmo gesto, me abraçando em despedida. Dean também me abraçou e voltou a se despedir de Melizza. Os dois subiram no Impala, nos encarando uma vez mais antes de ligar o motor.

Eu não sabia se os veria de novo.

Encaramos o Impala sumir no horizonte. Melizza suspirou e escorada no Ford negro, me encarou.

— Sabe o que vai fazer daqui para frente?

Relaxei os músculos antes de me escorar no Ford. Ainda estava presente a sensação de culpa, me surpreendi por ela não tocar no assunto.

— Não. — Eu disse. — Talvez tentar achar a minha mãe.

— Acha que ela está viva? — Indagou.

— Ainda não sei. O Ash está pesquisando.

Houve um breve silencio.

— Está afim de caçar alguns monstrinhos por ai?

Pisquei um pouco espantada.

— Virar caçadora? — Perguntei. — Eu?

— É. — Me encarou, sua voz ganhou um tom de brincadeira. — Talvez ainda dê tempo de fazer a sua matricula na escolinha dos caçadores.

— Está falando sério?

— Claro. — Ela disse. — Só uma coisinha, vai ter que aprender a dirigir e a atirar e.... Fazer curativos simples. Você sabe como é, não é? Facadas, balas perdidas, espíritos vingativos que querem te fatiar...

— Isso é para me assustar? — Franzi a testa.

— Estou sendo sincera. — Ela deu de ombros. — Não é como nos filmes, mas depois de tudo... — Se deteve. — Você não é tão covarde assim.

— Obrigada... — Arqueei a sobrancelha. — Eu acho.

— E ai? — Indagou. — Quer entrar para a Monstros S.A?

Eu não tinha nada a perder. Demônios tinham feito da minha vida virar um inferno. Uma mentira desde o começo. Minha mãe desapareceu por culpa deles. E meu pai, desse eu não sabia nada. Se eu tinha uma chance de fazer algo realmente importante, eu não ia me acovardar. Caçar era um bom caminho. Perigo. Ás vezes até um pesadelo. Mas ainda assim valia a pena.

Salvar pessoas valia a pena.

— Eu acho que pode dar certo. — Dei de ombros.

Melizza sorriu.

Em poucos segundos estávamos na estrada.

Do Arkansas à Minnesota. De New Jersey à Califórnia. Caçando todos os tipos de coisa. Salgando e queimando. Errando e aprendendo. Não digo que foi fácil aprender a lidar com isso. Mas eu não posso reclamar. Até agora tudo valeu a pena. E na minha percepção, era a primeira vez que estava fazendo algo de útil. Fantasmas, demônios, poltergeist, de tudo um pouco. Um tiro de bala de prata em lobisomens e cortar a cabeça de vampiros, que para a surpresa de Melizza, não estavam extintos.

Tudo isso com uma pitada de rock n’ roll.

Melizza evitou o máximo falar do pai.

Ela não me culpou tanto quanto eu me culpei. Descobri que seu pai tinha sopro no coração, talvez por isso não suportou o exorcismo. Eu e a loira viramos quase uma família. Quase como irmãs. Descobri em bem pouco tempo de convivência que Melizza era teimosa, um pouco excêntrica e bastante birrenta. Mas acima de tudo, Mel era leal. E isso nos ajudou em todas as caçadas. Todos os momentos em que estivemos em perigo. Ela foi uma verdadeira amiga. Ignorando os desaparecimentos repentinos quando ela se envolvia com algum barman ou algum tipo que conhecia nos bares. Ou seu fraco com a bebida. Ou a mania de bagunçar tudo... A nossa convivência foi boa.

O pouco que soubemos dos garotos foi pela Ellen. No ano seguinte eles apareceriam no Roadhouse logo após a morte do pai. John Winchester morreu logo após a um acidente de carro que deixou Dean entre a vida e a morte. O demônio que matou Mary ainda estava à solta. Soubemos algum tempo depois que o Roadhouse havia sido atacado e incendiado, no incêndio Ash morreu. Demônios. Os mesmos que levaram Sammy e as outras crianças especiais até uma cidade fantasma afim de encontrar um vencedor. Um líder. Estávamos em Montana quando soubemos que um portão para o inferno havia sido aberto. Foi nesse dia que o demônio finalmente morreu. E a partir desse dia, ás coisas ficaram mais difíceis do que já eram. Mais e mais demônios. Mais e mais ataques. Mais e mais trabalho.

Sobre a minha mãe, não houve mais novidades.

Se Ash havia descoberto mais alguma coisa, isso eu nunca soube. Minha busca não teve sucesso. Mas o caminho que eu ainda tinha pela frente, esse ainda era longo.

As estradas tem muitas curvas.

E cada escolha que eu fazia me trazia mais e mais para o meu destino.

Destino esse que eu sequer imaginava.


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Notas finais do capítulo

Capítulo escrito ao som de The Final Countdown - Europe.