Supernatural: Destiny. escrita por theblackqueen


Capítulo 6
A Small Part Of The Night.




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A fraca claridade das velas escapava pelas frestas do velho casebre que um dia pertenceu a Billy Olsen, um caçador, no sentido mais comum da palavra, que morava um pouco afastado da rodovia 30, ao arredores de Texarkana, uma cidade entre o Texas e o Arkansas, bem perto do Spring Lake Park. Uma das janelas do casebre estava aberta e o vento, ainda que fraco, fazia uma cortina branca e fina, já em pedaços, balançar de um lado para o outro. Já faziam mais de seis anos que Billy Olsen havia morrido, mas ultimamente o velho casebre andava bem movimentado.

No mesmo quarto do casebre cuja janela estava aberta um corpo de uma garota jazia no chão. Era loira, com o cabelo muito curto. Ela parecia desacordada. De repente uma fumaça preta entrou pela janela, era tão densa que não poderia nem mesmo ser o resultado de uma queimada no parque. Ela parecia saber onde ia.

E sabia.

A fumaça entrou pela boca da garota reavivando aquele corpo cuja dona há muito tempo agonizava lentamente, desde o último encontro com os Winchester. Ela abriu os olhos, pode sentir a garota lá dentro sofrendo, implorando para morrer logo e ficar livre daquele tormento. Era essa a sensação que mais gostava.

Se pôs de pé e começou a caminhar no interior do casebre. O assoalho, com algumas tabuas soltas, rangia com os passos firmes da garota. Ela entrou em um dos cômodos, o mais claro, cheio de velas brancas, onde alguns homens estavam reunidos. Um deles sentado em uma bem velha e empoeirada poltrona, os outros de pé.

— Pai.

— Meg. — Disse o homem.

Ela olhou em volta.

— Nosso convidado não chegou? — Ela perguntou.

O homem ergueu a cabeça como se ouvisse sons que só ele fosse capaz de ouvir. Sorriu.

— Abram. — Ordenou para os homens. — Nosso convidado chegou.

A porta foi aberta rapidamente e por ele entrou um homem de estatura mediana, usava uma batina, parecia sério quando percorreu o caminho até o outro. Seus olhos mudaram de cor. Ficaram brancos.

Totalmente brancos.

— Está atrasado. — Azazel foi logo dizendo, torceu o nariz e se pôs de pé.

— E desde quando preciso ser pontual? — Disse com certa arrogância.

— Desde o momento em que eu tenho que parar o que estou fazendo e consertar a sua bagunça. — Azazel rebateu fitando o outro. — Caso você tenha esquecido, eu não sirvo a você.

— Isso não é relevante agora. — Cortou o homem. — Estamos falando de algo que põe em risco todos os nossos planos.

Azazel encarou o homem.

— Certo. — Disse friamente, se voltando para Meg. — Descobriu algo, querida?

— Sim, pai. Descobri. — Meg respondeu, começou a andar lentamente ao redor do “padre” que a seguia com o olhar. — A garota está com os Winchester em Kentucky.

Azazel franziu a testa.

— Conveniente. — Disse calmamente, depois se voltou ao homem que parecia mais relaxado. — Vamos brincar de caça ao tesouro.

Sorriu.

Seus olhos ganharam uma coloração amarelada.

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A noite escorregou lentamente entre nossos dedos e o dia amanheceu, trazendo consigo uma temperatura amena apesar do vento soprar mais forte que no dia anterior. Acordei mais cedo, Melizza ainda dormia, e fui até a cozinha comprar café. Quando voltei, a loira já estava de pé.

— Olá raio de sol. — Brinquei ao entrar no quarto.

— Bom dia, Lili. — Ela disse bocejando logo em seguida.

— Elisa. — Corrigi. — Toma seu café.

Estendi a mão entregando o café que havia trazido para ela. Depois fui em direção à mesa, me sentando em uma das cadeiras, na minha frente o livro aberto na página que havia parado. Recomecei a pesquisa, lendo as linhas com toda a atenção possível. Depois que tomou banco, Melizza se juntou a mim, sentando na outra cadeira com o seu computador à sua frente.

Um fato: Eu precisava arranjar um computador para mim.

O livro sobre demonologia foi presente de um amigo, Bobby Singer, Mel disse que o homem deu a seu pai quando eles encontraram um demônio diferente em Minnesota, um demônio que absorvia a energia física das pessoas através de sonhos. Desde ai Melizza sempre levava o livro nas caçadas. Era um bom livro. Falava das categorias e subcategorias entre os demônios, seus selos pessoais e certos tipos de invocação. Foi escrito por um padre no século 18. Depois de trocar folhas e folhas, acabei me surpreendendo.

— Eu acho que eu achei. — Disse para Mel que me encarou depressa.

Não era muita coisa. Na verdade, só nos dava uma noção do que é que estávamos a ponto de enfrentar. Peguei o livro nas mãos e seguimos até o quarto ao lado, quarto que Sam e Dean dividiam. Nós nem chegamos a bater, Dean já ia abrindo a porta apressadamente. Nos encaramos.

— Precisamos conversar. — Melizza foi logo dizendo.

Entrou no quarto sem esperar qualquer resposta.

— Alguma de vocês é vidente, por acaso? — Ele perguntou com ironia enquanto abria o espaço para que eu pudesse passar.

Sam já havia acordado, estava sentado à mesa ao lado do laptop.

Nos encarou confuso.

— O que quer dizer? — Melizza perguntou encarando Dean.

Ele fechou a porta e se voltou para nós.

— O Sam achou uma coisa. — Ele respondeu. — Eu já ia chamar as duas. Sabem os sinais que apareceram em Carlsbad?

— Terra seca, tempestades elétricas, animais morrendo... — Relembrou a loira automaticamente. — O que tem?

— Tem que isso tudo recomeçou. — Dean explicou.

— Uma forte tempestade caiu nessa madrugada em Magnolia, Arkansas e isso é bastante incomum nessa região. — Foi explicando Sam, com os olhos presos na tela do computador. — A chuva parou no começo dessa manhã e o que mais impressionou é que, depois de toda a chuva que caiu na cidade, a terra ficou seca. Tão seca que as plantas morreram de modo instantâneo.

— Isso não é normal. — Dean acrescentou. — Tem coisa ai.

— E eu sei o que é. — Disse ganhando a atenção dos dois, já Melizza ia lendo a matéria no laptop de Sam. — Eu achei no livro. — Abri na página certa e comecei a ler o pequeno trecho. — “Bem mais altos na hierarquia do inferno, sete foram coroados. O ar que respiram é sinônimo de morte, seus passos secam qualquer que seja o caminho, tudo que tocam é para sempre amaldiçoado...”.

— Menos teoria e mais pratica. — Dean me cortou. — Onde a história do pai da Melizza entra ai?

— É óbvio, Dean. — Sam disse. — Morte, seca, esse tipo de demônio traz esse tipo de maldição.

— Provavelmente é esse o tipo de demônio que estamos lidando, não só por isso. — Eu completei erguendo o livro de modo que eles vissem a folha com um desenho, um dos que estava no corpo de Elena Porter, um dos que John desenhou. — Mas por isso. Esse símbolo.

— Então o que isso significa? — Dean indagou fitando os símbolos. — É um demônio da corte infernal?

— Mais precisamente, um príncipe. — Acrescentei.

— Príncipe?! — Repetiu. — Aposto que não é como nos contos de fadas.

— A coisa é bem mais séria do que pensávamos. — Sam comentou.

— Que seja! — Melizza bufou, movimentava o pescoço como se doesse, cruzou os braços e nos encarou. — Vamos lá enfrentar o capeta.

— Não, não. — Eu comecei, ela estreitou o olhar. — É como diz o ditado, quando a esmola é demais o santo desconfia.

— Ela tem razão. — Sam concordou. — Está muito fácil. Está na cara que é armadilha.

— Então vamos esperar que o demônio entre na toca de novo e que meu pai suma de vez?! — Disse incrédula.

— O que sugere? — Dean perguntou à loira.

— Se eles tem uma armadilha para nós, vamos fazer uma armadilha para eles. — Ela disse.

— Eu acho que é isso mesmo que eles esperam. — Sam comentou.

— Não posso ficar sentada esperando. — Ela insistiu.

— Mas temos que ter uma ideia do que fazer. — Dean disse firme. — A gente não pode só chegar lá e bater de porta em porta procurando um demônio. Temos que ter um plano.

— Talvez eu possa ser a isca. — Eu disse, todos me encararam. — Quero dizer... Eu atraio ele e vocês exorcizam.

— Claro, muito simples. — Dean debochou. — Nós precisamos de uma ideia que não bote o pescoço de ninguém em risco.

— Se eu sou o ultimo sacrifício...

— Eles nem tem como saber que você está comigo, Elisa. — Melizza me cortou. — Você não é caçadora. Aliás, é melhor que fique.

— Isso não é negociável. — Rebati, já começava a me irritar a forma com que Melizza decidia tudo por mim. — Se isso for minha culpa, eu vou me meter e fazer o que é certo.

— Você não é uma caçadora, Elisa. — Repetiu dando mais ênfase.

— E nem uma boneca de vidro. — Foi a minha resposta.

Não me entenda mal. Nem pense que eu estava cheia de coragem. Até o momento eu nunca tinha realmente em um caso sobrenatural, só havia fugido de um. E de uma forma literal. Mas de algum jeito eu sabia que tudo aquilo estava diretamente ligado a mim. Depois da morte de tanta gente, eu ia fazer o que é certo custasse o que custasse.

— Vamos até lá e tentamos ter certeza do que está acontecendo. — O Winchester mais velho disse e Melizza desviou o seu olhar para ele. — E depois, montamos um plano sem iscas humanas. — Seu tom mais firme foi diretamente para mim. — Mas antes, temos que saber onde estamos pisando.

Naquele momento eu tive certeza que os dois estavam me achando uma suicida. Não era bem isso. Eu só não queria que nada mais acontecesse a ninguém por minha causa. Acho que eu realmente acreditava saber com o que estava lidando. Ainda não tinha assimilado que o Padre Roy Benedict, o padre que eu conheci por toda a minha vida, que nos juntava na igreja para ler histórias bíblicas e pregar o amor ao próximo, a justiça e a lealdade, era na verdade um demônio. As irmãs também se incluíam nessa “ficha” que demorava a cair. Não eram pessoas, eram monstros, e eu ainda não havia me dado conta disso.

Em menos de meia hora já estávamos na estrada outra vez. Seriam oito horas de viagem, mais ou menos, seguindo pelo oeste. Cruzamos pelo Tennessee, pela rodovia 40, passando por Nashville e Jackson, e enfim chegamos em Memphis, atravessando para o estado do Arkansas.

Em certo momento da viagem Melizza estacionou o carro em frente a um posto de gasolina, o que obrigou Dean a estacionar o Impala.

— O que foi? — Dean quis saber.

— Banheiro e fome. — Respondeu a loira. — Necessidades humanas.

Dizendo isso, Melizza foi em direção ao posto.

Ouvi Dean resmungar qualquer coisa. Desceu do Impala e caminhou até a lojinha ao lado do mesmo posto, uma lojinha de conveniências, talvez em busca de algo para comer durante o resto da viagem que ainda iria durar umas três horas se não houvessem mais paradas.

O celular que estava no meu bolso vibrou.

Desviei minha atenção da janela, onde observava o movimento daquela estrada. Os carros, motos e caminhões que passavam por nós. No carro da frente Sam lia um mapa atentamente. Mel ainda estava no banheiro, mas Dean já voltava com uma pequena sacola da lojinha. Encarei a tela do telefone, um número conhecido era o remetente de uma mensagem que me deixou curiosa.

“Tenho novidades, te ligo às 20:00.”

A mensagem era de Ash.

Franzi a testa concluindo que era sobre Giuseph.

Encarei o relógio no visor do celular, eram exatamente 16:23 da tarde e ainda demoraria um pouco para Ash ligar. Não entendi o motivo de fazer tanto mistério. Até tentei ligar algumas vezes, mas o celular só caia na caixa postal.

Quando Melizza voltou, poucos minutos depois, eu tratei de avisá-la.

— Você acha que é sobre o meu pai? — Ela enrugou a testa com um ar de preocupação.

— Provavelmente.

Nós já seguíamos novamente pela estrada. Olhei na pequena sacola que ela trouxe da lojinha, nada mais que chocolates, salgadinhos e latinhas de refrigerante.

— Com 30 anos você vai ter todas as veias entupidas. — Comentei.

— Mas estarei feliz. — Melizza abriu um sorriso cínico. — E falando em felicidade, o atendente era uma belezinha, precisava ter visto.

Revirei os olhos enquanto podíamos ouvir claramente um som alto no carro à nossa frente. Era Led Zappelin. E tocava a todo vapor.

A viagem seguiu por mais alguns quilômetros. Duas horas no máximo e fomos parados aos arredores de Waldo, já bem perto de Magnolia, por uma escolta policial. Resumidamente, devido às chuvas, a passagem por aquele trecho da rodovia havia sido interditado.

Merda. — Resmungou Dean se voltando ao irmão. — E agora?

Sam tinha o mapa aberto sobre o capô do Impala.

— Podemos recuar um pouco, tem uma estrada de terra que nos leva direto a um cemitério, Dickson, cortamos caminho pelo leste e voltamos para a rodovia 371. — Respondeu o mais novo.

— Quanto tempo? — Melizza indagou.

— Mais umas duras horas.

Não foi uma viagem tranquila.

Buracos, lama. Dos dois lados da pista apenas mato. A noite caiu e nós ainda estávamos em direção ao cemitério. Ele surgiu de um dos lados da pista, cercado por um muro em péssimo estado e com um enferrujado portão de ferro.

Mais à frente uma combe branca e algumas barracas montadas.

E algumas pessoas também.

Descemos esperando conseguir alguma informação, o caminho à frente estava bem escuro.

— Hey, amigo. — Chamou Dean.

Um dos homens que estava ao redor das barracas se aproximou de nós lentamente. Parecia despreocupado. E parecia não fazer a barba há dias, pelo estado em que se encontrava. Usava um largo moletom cinza e as calças eram feitas de um tecido bem fino. Além disso, usava sandálias.

— Pode nos dar uma informação? — Dean disse cuidadoso.

Era no mínimo estranho aquela “reunião” de pessoas no meio daquela estrada de chão. Uma dezena, talvez mais. Poderiam ser ladrões prontos para pegar viajantes desprevenidos.

Ou talvez só estivessem fumando um baseado.

— Claro, irmão. — Disse alegremente.

Não parecia muito perigoso, de fato.

Aliás, parecia bem amigável.

— É.... — Dean titubeou coçando a nuca. — É esse caminho nos leva a rodovia 371?

— Sim, mas não recomendo a ir por ai agora. — Advertiu, parecia bem seguro do que dizia. — Não tem iluminação nenhuma. Mas se quiserem fazer a grande viagem, boa sorte!

— Fazer o que? — Mel balançou a cabeça como se espantasse algumas moscas imaginarias.

— Acho que ele quis dizer morrer. — Sam explicou um pouco sem graça.

— Não queremos morrer. — Dean disse confuso.

— Então acho melhor se juntar a nós por essa noite e apreciar o silencio e a beleza da escuridão. — Dizia com um ar quase sonhador.

— O que é tudo isso aqui? — Sam olhou em volta.

— Isso, meus irmãos, é uma confraternização com a mãe natureza e com a nossa própria essência. — Respondeu.

Dean franziu a testa.

— O que?

— Isso faz muito sentido. — Melizza começou com ironia. — Ainda mais ao lado de um cemitério.

— Os mortos são inofensivos. — Ele disse. — É dos vivos que você deve ter medo.

Dean abriu e fechou a boca, um pouco pasmo.

— Naturalmente. — Melizza abriu um sorriso amarelo.

As pessoas que não conhecem o sobrenatural podem concordar com tal afirmação, mas nem só de matéria é feito o ser humano. E ás vezes, é o espirito que dá mais trabalho.

O tal cara, que depois descobrimos que se chamava Joe, disse que o que nós precisássemos poderíamos pedir. Se tivessem, não seria problema. O cara foi bem prestativo. Mas ainda não havíamos decidido continuar ou não a viagem, embora eu achasse melhor esperar o dia amanhecer.

Depois que o Joe voltou para junto dos outros, Dean se voltou a nós.

— E agora? Ficamos com os hippies ou seguimos?

— Eu não quero cantar Don’t Worry, Be Happy para as catacumbas. — Mel disse com ironia. — Vamos seguir.

— Isso é estupidez, Melizza. — Eu disse. — Não vamos enxergar nada no caminho.

— Também não acho bom seguirmos assim. — Sam concordou. — Nós saímos ao amanhecer e voltamos para a 371.

— Eu acho que você tem razão. — Dean fez uma careta sendo seguido pelo olhar incrédulo de Mel.

— O que deu em vocês? — Rugiu a garota. — Meu pai está nas mãos de demônios e vocês querem cantar em volta da fogueira?

— Mel, calma... — Eu comecei, ela me interrompeu.

— Calma? — Ela parecia a beira de um ataque de nervos agora. — Vocês não entendem! Não é com vocês. Se fosse, garanto que moveriam céus e terra. Mas não... Agora se acovardam!

— Ninguém está se acovardando, Melizza. — Sam disse mais sério.

— Dar chilique não vai nos adiantar agora. — Dean completou. — Nós vamos dar um jeito nisso, mas não metendo os pés pelas mãos.

— Dane-se, eu vou sozinha. — Ela começou a andar até o Ford, mas Dean a pegou do braço. — Me solta, Winchester!

— Não senhorita, você vai ficar quieta e me ouvir. — Ele disse mais como uma ordem do que qualquer coisa. — Vai parar de criar caso e agir como uma criança mimada.

— Eu não sou uma criança! — Ela disse bastante alterada. — E você não pode me dizer o que fazer, idiota.

— Você está agindo como uma criança. — Ele rebateu firme. — Não vai adiantar você sair por ai sozinha e acabar morrendo. São demônios. E não simples demônios, são demônios da pesada. Então se acalma, deixa de birra e vamos resolver isso tudo juntos. Amanhã bem cedo pegamos a estrada e arrancamos os pulmões dos desgraçados, mas sozinha, nessa hora da noite, você vai ser um bebê loiro indefeso prestes a virar Passa-Tempo de demônio.

Pela forma como fuzilava Dean com os olhos, esperei que Melizza fosse explodir. Eu estava redondamente enganada quanto a isso. Dean e Mel se encararam por algum tempo e depois ele soltou a o seu braço. Pude ver Mel apertando os lábios, se controlando, cedendo aos poucos. Mas ela era orgulhosa demais para admitir que estava errada. Ainda mais se Dean fosse o certo na história.

Ela se sentou no porta-malas do Ford e não disse uma palavra por algum tempo. Mas todos nós sabíamos que desespero agora não ia adiantar.

O céu estrelado sobre nós revelava que o tempo se manteria estável, o que era algo a nosso favor. Haviam três ou quatro barracas montadas a oeste do velho cemitério. Era meio estranho ter que passar a noite tão perto de um monte de túmulos.

Dean bebia uma cerveja escorado no Impala enquanto Sam revisava o mapa e procurava alguma novidade sobre os sinais em Magnolia.

— Animais morrendo pela cidade. — Comentou Sam. — Os ecologistas estão intrigados.

Era de se esperar. Agora eu podia ver claramente que isso fazia sentido uma vez que Carlsbad e Magnolia não eram os únicos lugares que esses sinais surgiram. Em White Hill não havia nenhuma espécie de animais, domésticos ou selvagens, mesmo pássaros ou peixes. Nada. O que era estranho em um lugar cercado por colinas e à beira de um lago.

Os planos para aquela noite eram simples: Os Winchester passariam a noite no Impala e nós no Ford. Aliás, eu estava surpresa por ainda não termos sido presas por causa do roubo do carro. Dean trazia algumas latinhas de cerveja e aos poucos Melizza foi desfazendo a cara azeda. Os rapazes improvisaram uma fogueira e nós quatro nos sentamos por ali mesmo.

— Me dá uma cerveja. — Melizza pediu.

Antes de Dean entregar, franziu a testa.

— Afinal, qual é a sua idade?

— Porque quer saber? — Melizza indagou.

— Menores não podem beber. — Disse Dean com certo sarcasmo. — É ilegal.

Melizza deu um risinho irônico.

— Claro, Winchester. — Ela disse. — Você é um exemplo de cidadão que anda na lei. Mas se quer tanto saber, 24.

Ele jogou a cerveja que a loira pegou no ar, depois se voltou para mim.

— E você?

— Eu o que? — Perguntei distraída. — Ah, faço 20 em setembro.

— Certeza? — Ele erguei a sobrancelha. — Parece que tem 16.

— Eu vou levar isso como um elogio. — Estreitei o olhar.

Sam riu.

— Você é jovem demais para se envolver nisso. — O mais novo disse me encarando. — Deveria estar na faculdade, em festas, namorando.

— Eu não quero ser caçadora. — Eu disse após um suspiro, esfregando as mãos como se aquilo fosse espantar o frio. — Só terminar o que eu comecei.

— Tomara que tenha sorte. — Ele disse sorrindo de canto.

Nesse momento senti meu celular vibrar.

Dessa vez chamando.

— Só um minuto. — Disse me levantando do tronco de madeira no qual estava sentada.

Era Ash. Tive certeza disso antes mesmo de encarar o visor. Me escorei na lateral do Ford tentando ignorar que a paisagem à minha frente era de um cemitério. Nada agradável.

— Alô Ash.

— Fala pequena! — Ele disse com a voz amigável de sempre, foi muito bom ouvi-lo, de fato havia me apegado ao pessoal do Roadhouse. — E ai, como vão as coisas?

— Bem... Nós... — Hesitei, não queria alarmar Ellen agora. — Estamos no caminho certo. Encontramos dois caçadores que estão nos ajudando, os filhos de John Winchester.

— Os filhos de John Winchester. — Ash repetiu e eu tive certeza de ouvir Ellen dizer alguma coisa que eu não entendi muito bem.

— É que na verdade John estava tentando achá-lo. — Expliquei. — Mas teve que partir para outro caso e deixou os filhos em seu lugar. Ele fez uma pesquisa sobre os demônios de White Hill, nos deu um ponto de partida.

— É sobre isso mesmo que eu queria falar.

Eu olhei em direção aos três: Sam, Dean e Melizza. Agora já não estavam sozinhos. Dois homens e uma garota, e um dos homens era Joe, estavam com eles agora. Conversando, nada demais.

— Sobre os demônios? — Perguntei.

— Não sobre eles. — Ele disse. — Sobre White Hill. Sobre o que você me pediu.

Fiquei um tempo em silencio.

— Meus pais?!

— Foi difícil, mas acho que eu achei. — Ash disse. — Você vai ficar me devendo uma boa garrafa de vinho. — Brincou.

— Desde quando você toma vinho? — Ergui a sobrancelha.

— Ás vezes é bom subir o nível. — Continuou em tom de brincadeira.

Respirei fundo.

— O que você descobriu, Ash?

— Eu acho que achei sua mãe.


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