Supernatural: Destiny. escrita por theblackqueen


Capítulo 4
Two Brothers, An Impala And The Road.


Notas iniciais do capítulo

Eu to extremamente feliz com as minhas leitoras ♥ Muito, muito obrigado mesmo e torço aqui que gostem do capítulo.

Esse capítulo acontece logo depois de "Hell House" (17x01).



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Nem sei bem se dormi pelo menos oito horas durante aquela viagem de três dias. Passei a maior parte do tempo encarando a janela. Nunca me acostumei a dormir no carro em movimento, mesmo hoje. Cielo e Melizza fizeram amizade rapidamente e a mulher nos contou que sua mãe estava doente, mas que se negava recebê-la por não aceitar bem o seu estilo de vida. Cielo vivia assim, de estrada em estrada, sem um rumo fixo. E isso não deixava de ser fascinante. Pelo menos eu nunca tinha feito algo assim e isso inegavelmente me dava uma sensação de liberdade.

Ellen ligou logo naquela noite. Claro que nos deu uma bronca. E ficou bem irritada com a nossa “viagem”, por não termos avisado ou pelo menos a esperado. Havia nela uma preocupação de mãe, por Melizza e por mim, e isso eu gostei de reconhecer em alguém.

Chegamos em Russellville na tarde do dia 13 de Junho. Fomos direto a uma lanchonete onde um amigo de Cielo trabalhava, logo na entrada da cidade. Fizemos um lanchinho rápido com batata frita para mim, e um hambúrguer para Melizza, uma vez que Cielo estava com pressa e levou seu lanche para a viagem. Ali nos despedimos. Ela seguiu com o caminhão para uma área mais ao norte onde deveria fazer a entrega e nós deveríamos ir para o leste.

A questão era: Como?

Já ia anoitecer e eu realmente não via muitas alternativas. Mas a loira dizia que tinha tudo sobre controle.

— Vou arrumar carona. — Ela me disse quando acabamos o lanche.

— Eu vou no banheiro enquanto isso. — Disse concordando.

— Fica com as malas. — Ela pediu e prontamente se pôs de pé. — Já volto!

E saiu.

Eu arrastei aquelas duas bolsas e a minha mochila até o banheiro, elas eram bem pesadas para quem estava levando só o básico. Depois fui até o lado de fora da lanchonete. Olhei para um lado, para o outro, e nada de Melizza. Eu fiquei ali, parada. Nas minhas costas a lanchonete e na minha frente apenas asfalto. Ninguém a quem perguntar nada. E comecei a ficar preocupada. Liguei para o celular de Melizza, mas ela não atendeu. Já começava a achar que os demônios haviam levado ela também. Então ouvi uma buzina que de longe na estrada já tocava insistentemente. Olhei na direção do som. Havia um carro preto que se aproximava. Era um Ford Galaxie 1961. O carro reluzia enquanto a loira o estacionava na minha frente. E foi essa a minha surpresa: Era Melizza que estava dirigindo, não havia mais ninguém no carro.

— Sobe. — Ela disse enquanto abria a porta do lado do passageiro.

— Mel, de onde saiu esse carro? — Indaguei enquanto olhava para o interior do mesmo tentando entender.

— Eu achei. — Me respondeu em tom natural. — Estava abandonado e ai eu peguei.

— Abandonado? — Repeti pasma. — Está me dizendo que esse carro estava abandonado?

Parecia muito bem cuidado para estar abandonado no meio de uma estrada.

— É... Tipo... Sozinho ali, à beira da estrada. — Ela dizia como se isso fosse muito normal.

— Estacionado? — Franzi a testa. — Melizza, você roubou um carro?

— Não. — Ela disse prontamente. — Só troquei.

— Trocou pelo quê?

— Duas garrafas de água e cinquenta pratas. — Respondeu abrindo um sorriso cínico, eu a fitei incrédula esfregando o rosto com uma das mãos. — Qual é? O cara estava chapado. Me confundiu até com a Paris Hilton. E ainda por cima me deu as chaves.

— Você enlouqueceu? — Eu não conseguia acreditar no que ouvia.

— Não faz drama. — Melizza parecia não dar nenhuma atenção. — E ai? Vai subir ou vai criar raiz ai?

— Eu não vou subir nisso e ser presa daqui a dez quilômetros. — Eu disse, aquilo era loucura.

— Ok. — Ela deu de ombros. — Fica ai sozinha enquanto eu vou até o meu pai.

Olhei em volta enquanto Melizza ligava o motor do carro e passava as bolsas dela pela janela, jogando-as no banco detrás. Voltei a encará-la com hesitação.

— Eu te odeio. — Disse cerrando os dentes.

— Mentira! — Ela disse divertida. — Sobe!

Dei a volta e entrei no carro.

Melizza deu a partida e nós seguimos pela estrada. Ela ligou o rádio e estreitou o olhar quando começou a tocar uma música:

The lady in red is dancing with me, Cheek to cheek, There's nobody here, It's just you and me, It's where I wanna be

— Fala sério! — Melizza fez uma careta ao ouvir a música, tirando a fita do rádio sem nenhuma delicadeza e jogando-a pela janela. — Eu tenho umas fitas da Cindy e The Runaways na bolsa.

E assim seguimos a viagem até Halfway. Eu acabei cochilando no final daquela madrugada. Já estávamos na cidade quando amanheceu. Mel me chacoalhou quando a placa de “Welcome To Halfway” apareceu e o céu já estava azul. Seguimos direto para a Columbia Street, que nós não esperávamos que fosse tão longe. Quase duas horas para achar a maldita rua. E para piorar, a viagem acabou ganhando trilha sonora.

I'm a blond bombshell and I wear it well, You're momma says you go straight to hell... — Cantarolava a plenos pulmões ao som de Dead End Justice, The Runaways. — I'm sweet sixteen and a rebel queen, I look real hot in my tight blue jeans...

Eu já estava ficando irritada.

Logo chegamos a essa tal rua, Columbia, que ficava do outro lado da cidade. Melizza estacionou o carro e nós descemos e encaramos a rua que era bem movimentada. Tinha algumas lojinhas, um banco e hotel daqueles que parecem bem caros. A fachada era toda de azulejo azul e bem no alto, tinha uma placa com letras douradas, dizia “Dellacour Hotel’s”. Haviam homens, provavelmente seguranças, todos vestidos de preto e de óculos escuros.

O hotel ficava do outro lado da rua, bem em frente ao lugar onde Mel havia estacionado o carro.

— O número 18. — Ela disse enquanto lia novamente a mensagem. — Temos que procurar esse endereço.

— É fácil, é o hotel. — Eu disse.

— Como você sabe? — Ela me encarou.

— Porque tem o número “18” na parede. — Respondi em tom obvio.

Ela franziu a testa.

— Parabéns, Sherlock. — Ironizou.

— E o que vamos fazer agora? — Indaguei, ignorando a ironia.

— Caminhar até lá. — Agora o tom obvio era dela.

— E depois? — Continuei séria.

— Procurar o quarto 307.

— E por quem vamos perguntar? — Continuei perguntando. — Você sabe, caçadores nunca usam o nome verdadeiro.

— Vamos... — Ela parou me encarando, depois coçou a nuca. — Não sei. Mas nós damos um jeito! — Ela bateu a porta do carro e começou a atravessar a rua.

— Mel! — Chamei e ela se virou. — Vamos deixar as bolsas aqui?

— Por que não?

— Acho que você esqueceu um detalhe sobre esse carro. — Disse em voz mais baixa.

— Deixa de ser medrosa. — Ela fez uma careta e seguiu andando.

— Melizza! — Grunhi, me irritava o fato dela ser tão desligada.

Bufei.

Cruzei a rua logo atrás dela. Passamos por outros carros que estavam estacionados em frente ao hotel. Entre todos aqueles carros, eu olhei de relance apenas um deles. Um carro, também negro que reluzia sob a luz do sol. Em seguida entramos no hotel. Finalmente. Seguimos ali, pelo hall, em direção à recepção. O salão era amplo e bem iluminado, as paredes eram marrons e o carpete tinha um tom vermelho vivo. Os sofás eram da mesma cor do carpete e pareciam bem confortáveis. E logo mais à frente, o balcão da recepção. Havia uma garota atrás dele e ela estava falando ao telefone. Do outro lado, dois rapazes parados, pareciam esperar que ela se desocupasse. Melizza parou bem ao lado do que estava escorado no balcão, que parecia impaciente. Ele usava uma camisa azul escura aberta por cima de uma camiseta preta, além de calças jeans. O cabelo era curtinho, os fios bagunçados. Ele estava sério e parecia não estar nada contente por esperar. Já o outro, o que estava de pé, era mais alto. O cabelo mais comprido e arredondado, o famoso “corte cogumelo”. Ele usava uma camisa xadrez clarinha, por cima de uma outra camisa que pela gola era branca, mas diferente do outro, a camisa de cima estava fechada. Parecia mais calmo, ele trazia uma mochila verde nas costas. Nós nos olhamos ao mesmo tempo e o meu olhar cruzou com o dele de forma rápida, ele fez um movimento breve com a cabeça em cumprimento e eu retribui timidamente. Nós dois estávamos sem graça. Ele voltou a olhar em direção ao balcão e eu olhei em volta, ao redor do hall. Não sei exatamente porque, mas senti um ligeiro desconforto naquele silencio que se estendeu por alguns minutos, até a mulher desligar o maldito telefone. Melizza já começava a se cansar da espera, o que era compreensível naquela situação. Eu a vi começar a bater com as unhas na madeira do balcão fazendo um som parecido ao de um cavalo galopeando, o que soava bem alto naquele silencio.

— Dá para parar?! — Disse o que estava escorado, em tom azedo.

Melizza abriu a boca para responder, mas não o fez. A mulher botou o telefone no gancho, finalmente, o que fez Melizza olhar rapidamente para ela.

— Eu quero...

— Desculpe, mas os senhores estão esperando há mais tempo. Eu já as atendo. — Cortou Melizza voltando-se para os rapazes.

O carinha no balcão olhou para Mel com um sorriso cínico, ela fechou a cara.

— Eu acho que tem um quarto alugado no nome do senhor Josh. — O rapaz disse á recepcionista. — Quarto 307.

— Hey! — Protestou Melizza imediatamente. — Esse quarto não é do seu amigo Josh ou sei lá como se chama.

— Perdão, gracinha, mas não sei do que está falando. — O cara ainda tinha o tom debochado.

— Escuta aqui, idiota... — Disse Melizza dando uns passos em direção ao rapaz, já irritada.

— Mel! — Chamei tocando seu braço.

Ela parou.

O rapaz de um passo para trás e o outro foi em sua direção, encarava Mel um pouco assustado.

— Gracinha é a sua avó, ok? — Ela resmungou, seu rosto vermelho de raiva.

— Que garota maluca. — Ele resmungou de volta. — Eu hein!

— Calma. — Foi o que o mais alto disse, mas para Melizza que para o outro rapaz.

— O quarto 307 é meu. — Melizza disse agoniada.

Claro que seus nervos à flor da pele não eram por causa do cara e seu tom de deboche, era por causa do seu pai.

— Seu? — O mais alto perguntou franzindo a testa enquanto trocava a mochila de ombro.

— Não, é.... — Melizza fechou os olhos e respirou fundo, esfregando a mão no rosto.

— A senhorita é Melizza Brown? — Perguntou a recepcionista.

Mel encarou a mulher.

Todo nós, na verdade.

— Sim.

— Então está certo. — Disse a mulher. — O quarto 307 foi alugado há cinco dias por Dennis Josh, ele deixou em observação que esperava a senhorita Melizza Brown e os dois filhos, Douglas e Michael Josh.

A mulher terminou de falar e nenhum de nós entendeu. Vi os garotos piscarem algumas vezes, confusos. A mulher estendeu as chaves, Mel foi mais rápida. Pegou-as, a passos largos foi em direção ao elevador.

— Hey! — Protestou o rapaz, o que estava escorado no balcão, mas a loira nem ouviu. — Mas que... — Ele cerrou os dentes.

Os dois caminharam rapidamente em direção as escadas. Eu encarei a recepcionista que também não estava entendendo porcaria nenhuma e deu um sorriso sem graça. E então os segui.

Os alcancei nos primeiros degraus da escada. O mais baixo ia subindo com mais pressa. O outro me encarou. Ele não disse nada a princípio, mas depois provavelmente mudou de ideia.

— Como vocês chegaram até aqui? — Indagou, parecia preocupado.

Eu hesitei.

— Recebemos uma mensagem.

— Que mensagem? — O mais baixo parou, me encarando sério.

— Uma mensagem do pai da Melizza. — Eu disse, não sabia até onde deveria contar.

— Nós recebemos uma mensagem do nosso pai. — Disse o mais alto.

— Vocês são irmãos da Melizza? — Acabei perguntando em voz alta.

— Não... — O mais baixo enrugou a testa, indignado. — Não!

— Porque o pai dela mandou mensagem? — Perguntou o que estava mais próximo de mim, o mais alto, enquanto o outro seguia subindo a escada apressadamente.

— O pai dela... — Titubeei encarando o rapaz. — Sumiu.

— Sumiu de onde? — Indagou. — Sumiu como?

Ele pareceu interessado.

— Eu não... — Desviei o olhar. — Só sumiu.

Menti.

E muito mal.

Ele estreitou o olhar, mas não fez mais perguntas. E então finalmente chegamos ao fim da escada, mais precisamente a um corredor. Vimos uma das portas abertas e era a de número “307”. Nos aproximamos e para nossa surpresa, encontramos Melizza de pé olhando para todos os lados, confusa, e o quarto aparentemente normal. Entramos.

— Lili... — Melizza grunhiu frustrada.

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? — Resmungou o mais baixo fechando a porta.

— O seu pai sumiu? — O mais alto indagou.

Melizza me encarou brevemente, depois assentiu.

— Achei que ele estivesse aqui, mas não está e eu não entendo. Meu pai, ele me mandou uma mensagem e mandou esse endereço. — Ela disse.

— Posso ver a mensagem? — Ele pediu cuidadoso.

Ela erguei o olhar com certa desconfiança, encarando o rapaz. Olhei o outro, o mais baixo e aparentemente, mas velho. Ele saiu do banheiro e analisava todos os detalhes do quarto. Melizza acabou cedendo, do bolso da jaqueta jeans tirou o celular e entregou ao garoto. Ele olhou para a tela e pareceu surpreso.

— É o mesmo número. — Disse para o outro.

— Mesmo número? — Melizza estranhou.

— Nosso pai nos mandou a mesma mensagem. — O mais baixo disse com segurança. — Se seu pai sumiu, nosso pai quer que a gente ajude nisso.

— Espera ai... — Começou Melizza. — Esse número é do pai, é antigo e quem mandou essa mensagem foi ele.

— Nosso pai costuma nos mandar coordenadas. — Rebateu ele. — E eu não sei o que aconteceu, mas essa mensagem é dele.

— Não, não é. — Insistiu a loira.

— Quer parar de ser tão teimosa? — Ele disse irritado.

Eu e outro já estávamos impacientes com a briga. Enquanto Melizza e o cara se encaravam trocando farpas, o mais alto olhou pelos lugares mais escondidos, como em baixo da cama e do colchão, em busca de qualquer informação que nos levasse ao motivo do encontro. Cruzei os braços observando sua procura que, de qualquer forma, era mais interessante que a discussão infantil mais à frente. Mas ele não achou nada por ali. O vi erguer seu olhar para cima, para o teto, e ele franziu a testa. Olhei na mesma direção. Á princípio demorou para encontrar o motivo de tanta surpresa devido à luz da janela.

— Hey! — Ele chamou a atenção do irmão que imediatamente cessou o bate-boca.

O mais alto caminhou até a janela, fechando as cortinas. Em seguida o vi tirar um celular do bolso e acender o visor, levantando-o, de modo que a claridade azul da tela ficasse direcionada para alguma parte do teto. Então vimos claramente alguns pontos se distinguindo do resto do forro de madeira, partes mais lisas e de certa forma, brilhantes. Os nossos olhos seguiram aquele rastro que formava um círculo, dentro dele um pentagrama.

— Isso é uma armadilha de fita isolante? — O mais alto concluiu meio boquiaberto.

— Nosso pai é um gênio. — O outro disse cheio de orgulho.

— Não, isso é coisa do meu pai. — Melizza se meteu. — Improviso é com ele mesmo.

— O velho John faz muito com pouco. — Rebateu o rapaz sorrindo e encarando o teto.

— John? — Eu repeti, franzindo a testa.

— Josh. — Corrigiu rapidamente me encarando.

O mais alto nem parecia fazer questão de corrigir, continuava de olho para todos os cantos daquele quarto. Então Melizza e o outro cara se encararam, sérios, como se só naquele momento entendessem o que o outro havia falado há segundos atrás.

— Seu pai é caçador? — Perguntaram ao mesmo tempo.

Vi o mais alto franzir e relaxar a testa como se aquilo fosse obvio.

— Começa a falar... — Disse Melizza depois de ficar segundos pasma encarando o garoto. — Quem são vocês? Estou louca para saber quais os nomes verdadeiros do Douglas e do Michael. — Finalizou irônica.

— O Douglas ai é o Dean. — Respondeu o mais alto com um sorriso, o outro ainda estava sério. — E eu sou o Sam. Somos filhos do caçador John Winchester.

— John, John... — Ela repetiu andando até a janela, onde olhou para o “nosso” carro onde estavam as nossas coisas, que ainda estava lá, para a nossa sorte. — Não lembro de ter ouvido falar.

— E você é Melizza Brown? — Indagou Dean.

— Ruso. — Disse Mel. — Melizza Ruso. Brown é meu sobrenome do meio. Era o sobrenome da minha mãe.

— Você é filha de Carly Brown? — Sam perguntou de repente, o que fez Dean o encarar com estranheza. — A caçadora de vampiros?

— Quem é essa Carly Brown? — Dean parecia perdido.

— Está no diário do papai. — Explicou Sam, voltando-se novamente para a loira. — Tinha um número também, mas o papai rabiscou.

— Minha mãe morreu. — Melizza disse depois de um longo suspiro.

— Ahn... — Ele pareceu sem jeito. — Sentimos muito. — Ela assentiu e então houve um breve silencio, que ele mesmo quebrou. — Então, qual é o nome do seu pai?

— Giuseph Ruso.

— Também nunca ouvi falar. — Dean disse levando uma cotovelada do irmão logo em seguida, em seguida me encarou. — E você?

— Elisabeth Casttle. — Foi só o que eu disse, Melizza me interrompeu logo depois.

— Mas o que vocês fazem aqui, afinal?

— O que caçadores fazem. — Respondeu Dean. — Caçam.

— Tem caçadores demais nesse quarto. — Mel disse um pouco azeda.

— Vai me dizer que é caçadora? — Dean enrugou a testa, um sorriso cínico surgiu.

— Sou.

— Não sabia que a Barbie caçava. — Disse com ironia.

— Assim como idiotas também caçam. — Respondeu a loira com um tom mais rude, igualmente debochado.

— Discutir não vai levar a gente a nada. — Se meteu Sam enquanto os dois se encaravam. — Temos que achar o que nos traz aqui.

— Nosso pai. — Resmungou Dean.

— Não importa quem. — Sam respondeu rapidamente antes que Mel abrisse a boca para contestar. — Mas sim o que. Precisamos saber o que aconteceu exatamente, Melizza. Como seu pai sumiu?

Ela hesitou.

— Meu pai e outro caçador foram caçar no México. — Ela pausou. — Na verdade, iam. Eles não chegaram a atravessar a fronteira. Quando estavam em uma cidadezinha em New México, algo simplesmente os atacou. Demônios.

— Demônios? — Repetiu Sam lançando um olhar ao irmão, depois se voltou para a loira novamente. — E ai, o que aconteceu?

— Meu pai sumiu, foi isso que aconteceu. — Ela respondeu em tom obvio.

— E o outro caçador? — Dean indagou.

— Morreu um dia depois no hospital. — Ela respondeu. — Houveram ferimentos e eles se complicaram, resultaram em hemorragia. Foi o que nos disseram, pelo menos.

— Bom... — Dean respirou fundo. — Isso explica a armadilha contra demônios.

— Se alguém se deu ao trabalho de fazer uma armadilha, é porque há alguma coisa aqui que está escondida. — Eu disse. — Essa pessoa não queria que eles se aproximassem.

Todos me encararam, inclusive Melizza que parecia surpresa, e eu me arrependi de ter aberto a boca.

— Vai me dizer que é caçadora também? — Dean indagou.

— Não... — Respondi sem jeito. — Só estou acompanhando. É que eu passei um tempo em um bar de caçadores, acabei aprendendo umas manhas.

— Então a grande caçadora precisa de dama de companhia? — Dean voltou a debochar.

Vi Sam rolar os olhos e Melizza fechar a cara mais uma vez. Enquanto isso comecei a notar onde acabava a armadilha e a distância entre ela e as paredes. Não haviam muitos lugares para esconder alguma coisa naquele quarto. Além da cama, dois sofás e uma mesa redonda. Havia também uma estante com poucos livros, um aparelho de TV, a porta do banheiro e nada mais. Sam começou a procurar entre os livros, no meio deles, em baixo da TV e dos sofás. Enquanto isso, eu olhava ao meu redor, sem saber exatamente o que estava fazendo.

E o bate-boca não havia acabado.

— Será que você pode parar de ser idiota? — Resmungou para Dean.

— Desculpa, gracinha, não é meu dia de conceder desejos. — Parecia adorar irritá-la pela forma como sorria debochado.

Melizza outra vez avançou furiosa.

— Ninguém me chama de gracinha. — Ela disse cerrando os dentes.

Mas uma vez Sam se meteu no meio dos dois.

— Parou, parou...

Já eu voltei a encarar a parede. Não de forma distraída. Eu realmente percebi alguma coisa. Logo no canto da parede que fazia a divisão do banheiro havia um painel, um tipo de grade que era parte da saída do ar condicionado. Bem no canto era possível ver um tipo de pasta, ela estava escorada na lateral e era alaranjada.

— O que é isso? — Perguntei caminhando até o painel.

Era o esconderijo perfeito.

Bem distante do fim do círculo, mesmo que um demônio se esticasse, ele não alcançaria aquele lugar. Eu me ajoelhei e os outros vieram ver o que era. Sam se ajoelhou ao meu lado, segundos depois encarou o irmão.

— Me dá a chave. — Pediu. — Temos que tirar os parafusos.

Dean foi até a mochila que o rapaz trazia, que estava sobre a cama, e pegou uma chave de fenda que fosse do tamanho do parafuso.

— Aqui. — Entregou ao irmão.

Eram quatro parafusos. Sam os tirou e a grade saiu livre, revelando a passagem de alumínio que também estava cheia de símbolos e todos eram símbolos de proteção. A pasta alaranjada de plástico foi tirada por Sam e ao lado dela, havia um envelope branco.

“Para Sam e Dean”

— Eu sabia que era o meu pai. — Dean sorriu vitorioso.

Melizza não retrucou. Ela estava frustrada, triste, agoniada. Dean e o irmão se encararam e Dean entendeu o olhar de reprovação do outro, enquanto Mel se sentava na beira da cama com o olhar baixo. Então o mais novo colocou a grade no lugar outra vez e depois começou a ler a tal quarta em voz alta.

A que estava dentro do envelope.

Sam e Dean,

Sei que devem estar bem confusos agora e eu nem deveria estar metendo vocês nesse caso que pode ser muito perigoso, mas eu não tive outra saída. Preciso que ajudem um velho amigo meu, Giuseph Ruso. Eu mesmo faria isso, mas estou atrás do “nosso” demônio agora e por isso não pude terminar o caso. Eu sei que a jovem Melizza não deve estar entendendo essa história também e peço desculpas por ter forjado o número de telefone do seu pai, mas precisava fazer com que vocês se encontrassem sem chamar a atenção. Os demônios, eles não levaram Giuseph sem motivo, eles estão atrás de alguma coisa que está com ele e que pertence a eles.

Ai na pasta está tudo que eu consegui juntar sobre o caso.

John Winchester.

— Demônio de vocês? — Eu perguntei enquanto assimilava direito o conteúdo da carta.

— É uma longa história. — Dean disse. — Depois falamos nisso.

— Não faz sentido. — Melizza disse. — Meu pai não tem nada assim.

— Tem certeza? — Sam indagou.

— Absoluta. — Respondeu. — Nada que pertença a demônios.

Naquele momento eu fiquei tensa.

A única coisa que eu conseguia pensar era que eu, por algum motivo, tinha algo com isso. Mas antes mesmo de abrir a pasta, alguém bateu na porta. Nos encaramos e Melizza foi atendê-la. Se tratava de um homem de terno preto que estava bem sério.

— Sinto muito, mas terão que sair. — Disse. — O tempo de aluguel do quarto era até as 09h00min.

Vi Dean levantar o punho da camisa e olhar no relógio. Me perguntei que tipo de hotel trabalhava assim. Era, no mínimo, estranho.

— Nós já vamos.

O homem assentiu e saiu logo depois.

— Então, o que fazemos agora? — Melizza perguntou encarando-os.

— Nós nos hospedamos em uma pousada aqui perto. — Comentou o mais novo. — Podemos ir para lá e vemos isso com mais calma.

Seguimos até a saída.

Sam e Dean mais a frente, cochichavam alguma coisa em tom baixo, e eu não consegui ouvir mesmo estando logo atrás. Provavelmente era sobre o caso. Sim, agora era um caso. Melizza não estava gostando da ideia da ajuda deles. Não perdeu a pasta na mão de Sam de vista um só minuto. Caçadores não confiavam em outros caçadores.

Melizza, menos ainda.

Enfim chegamos a calçada e eles se aproximaram do carro que eu vi antes, na chegada, um Impala Chevy 67. Era um belo carro.

Melizza parou enquanto eu já ia cruzando a rua.

— A pasta fica comigo. — Melizza disse estendendo a mão.

— Que? — Dean franziu a testa. — Por quê?

— Simples. — Ela deu de ombros. — Eu não conheço vocês e por isso não confio em vocês. É a vida do meu pai que está em jogo.

— Eu não acredito no que estou ouvindo. — Vi Dean se controlando para não explodir.

— Escuta, Melizza... — Sam começou, ele era mais sereno. — A gente entende o que você está passando, é sério. Há poucos estávamos por ai procurando o nosso pai, nós não sabemos onde ele está agora, mas quero que entenda que a gente só quer ajudar no que pudermos.

— E o meu pai também quer que a gente ajude. — Acrescentou Dean com um tom mais firme, menos compreensível. — Então para de dar chilique e para de se achar o centro do universo. Caso você não saiba, você não é melhor do que a gente.

— Dean! — Sam disse com reprovação, mas Dean pareceu não ligar.

— Você é um idiota. — Melizza cerrou os dentes.

— E você é muito mimada. — Dean retrucou. — Pode por favor parar de criar caso e deixar a gente ajudar?

— Eu não implorei a sua ajuda, garoto. — Ela disse azeda. — Se o seu pai estava ajudando o meu, beleza. Agora se você vai vir aqui cantar de galo, é melhor ciscar em outro lugar.

Melizza foi um pouco grosseira, admito. Dean chegou a abriu a boca para responder, mas pela centésima vez Sam tentou parar a briga.

— Gente, calma. — Ele pediu voltando-se para Melizza. — Vamos ver o que está acontecendo antes de decidir qualquer coisa. Se mesmo assim você não quiser a nossa ajuda, a gente vai embora. Tudo bem?

Melizza respirou fundo.

— Ok.

— Eu vou deixar a pasta no porta-malas, assim quando chegarmos na pousada, vemos todos juntos. — Sam disse.

E foi o que fez.

O Impala seguiu em direção a pousada e nós os seguimos.


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Notas finais do capítulo

Foto prometida ( http://img203.imageshack.us/img203/6240/obkt.jpg )


Em ordem: Dean, Melizza, Sam e Elisabeth

PS: se a imagem não abrir, me avisem que eu troco o link



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