Supernatural: Destiny. escrita por theblackqueen


Capítulo 10
Under The Spell Of Waters.


Notas iniciais do capítulo

Eu não sei se vão gostar do capítulo e da lenda. Eu escrevi esse capítulo duas vezes com desenvolvimentos diferentes. O primeiro ficou confuso, eu gostei mais desse. E já aviso, o próximo capítulo vai ser forte e bem mais focado no Dean e na Mel, mas no final vamos ter uma cena... Ah, não vou contar! HAHAHAHA ♥



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Não nos passou pela cabeça que Sam e Dean também estariam no IML e nem que estaríamos no mesmo caso. O Impala não estava estacionado, não no dos fundos. Foi desse detalhe que esquecemos. Logo chegamos no IML e um homem veio até nós. Vestia um terno cinza. Nos olhou com uma expressão séria, quase analítica.

— Agente McGonner e agente Simpson. — Melizza tratou de mostrar os distintivos falsos do FBI. — Viemos pelo caso do homem que morreu no hotel.

Os distintivos eram perfeitos e nunca falharam. Dessa vez Melizza era a agente Isabella McGonner e eu, a agente Stella Simpson.

— Quantos agentes do FBI precisam? — Torceu o nariz.

Eu e Mel nos encaramos.

Subimos até o segundo andar onde ficava o morgue. Nós nem tínhamos saído do elevador e já ouvimos as vozes dentro da sala.

— ... Estarei aqui fora, caso precisem ... — Uma das vozes disse e a porta se abriu.

Dela saiu um baixinho careca que usava um uniforme hospitalar. Ele nos encarou curiosos e levantamos os distintivos, o que fez ele enrugar sua testa.

— Tem uma equipe de vocês lá dentro...

— Não se preocupe. — Melizza tratou de dizer. — Sabemos que há uma outra equipe ai dentro. Podemos voltar mais tarde.

O homem abriu mais a porta, revelando dois homens lá dentro. Os dois eram figuras conhecidas.

— O que vocês...? — O mais baixo começou, mas Melizza o cortou.

— Rapazes! — Descaradamente foi entrando. — Deveriam ter esperado por nós.

O baixinho, o legista residente, ficou confuso com a cena.

— Somos da mesma equipe. — Resumi ainda do lado de fora.

Ele assentiu.

Quando entrei na sala, o homem fechou a porta.

— O que diabo vocês fazem aqui? — Dean indagou.

— Viemos te dar bom dia, Dean. — Melizza abriu um sorriso exagerado e com ironia.

— Vimos o artigo sobre o caso no jornal. — Me meti e Dean desviou a atenção para mim. — Descobriram algo no corpo?

— Não, nada ainda. — Sam respondeu e eu o encarei, sua atenção estava voltada ao cadáver sobre a mesa, o mais novo dos Winchester sentou ao lado para analisa-lo. — Chegamos há poucos minutos.

— Falamos com a polícia mais cedo. — Dean acrescentou, enquanto isso Melizza lia o laudo que o legista residente deixou sobre a mesa. — E não existe pista do assassino. Quem o matou, passou pelo saguão do hotel e pelo corredor sem ser filmado pelas câmeras do circuito de segurança.

— Pode ser um espirito. — Considerei a hipótese. — Talvez um com um bom motivo para se vingar.

— Ou uma bruxa. — Melizza completou. — Com a capa da invisibilidade.

Eu e Dean encaramos a loira por um segundo, depois rolei os olhos.

Ela sorriu.

— Segundo os policiais, o cara era limpo. — Dean continuou. — Willian Stone, trabalhava em uma empresa de construção, casado há quase dois anos, a única coisa na ficha dele é uma multa recente por estacionar em local proibido.

— Adivinhação não vai nos levar ao tarado da machadinha. — Mel disse com ironia. — Somos quatro dentro de um necrotério e se nenhum de nós vai escrever um soneto sobre morte, acho melhor alguém falar com a viúva e ir ao hotel procurar sinais de alguma coisa.

Mas uma vez nós encaramos Mel por alguns segundos, pasmos. Agora a loira tinha razão.

— Espera ai... — Dean começou cruzando os braços. — Quem disse que estamos trabalhando juntos?

— Dean! — Foi a primeira vez que Sam levantou o olhar, antes pregado no corpo de Willian Stone, para reprovar o irmão.

— Eu só estou dizendo que não quero uma Barbie me dando ordens. — O mais velho disse com falsa indignação.

— Vai se acostumando, baixinho. — Melizza entregou o papel do laudo ao Winchester e desatou a caminhar em direção a porta. — Todo mundo sabe quem é que manda na relação.

E saiu sem esperar resposta.

Nós três encaramos a porta se fechando confusos, depois Dean encarou o irmão.

— No encontramos no GreenBird. — Se limitou a dizer.

Seguiu pelo mesmo caminho por onde Mel saiu. Sam baixou o olhar ao corpo do homem, voltando a analisar os sinais de garrafas. Me movi até a mesa com uma das cadeiras, me sentando do lado oposto à Sam. Meio inquieta, claro. E a temperatura da sala era desconfortavelmente baixa, devo dizer. Me concentrei no corpo. Um homem de pele bronzeada. Rosto fino, nariz grande. Parecia ter uns trinta anos, no máximo. Cabelo ralo. Pela volta do pescoço, quase até o queixo, apresentavam-se os populares “chupões”. Manchas roxas, não muito grandes. No resto do corpo as marcas de garras. Ferimentos com bastante profundidade.

— Isso é.... — Eu comecei, mas por mais que pensasse, não se parecia a nada do que eu já vi. — Muito estranho.

— Pois é.

— Já sabe o que pode ter causado? — Perguntei.

Sam levantou-se para pegar um objeto que estava em uma bandeja, era um tipo de faquinha pequena e afiada usada para abrir os cadáveres. Eu nunca havia aberto um cadáver, embora eu sempre cuidasse dessa parte nas caçadas. Nunca houve necessidade. Por isso eu não entendi por um momento o que ele ia fazer. Depois que ele voltou a sentar, respondeu a minha pergunta.

— Não. — Disse ele. — Mas o laudo informa um liquido estranho saindo do corpo. Água salgada. E se você notar bem... — Ele puxou a lente de aumento que ficava ao lado da mesa para modo de auxilio nos estudos dos corpos. — Tem pequenos furinhos no centro das manchas roxas.

De fato. Furinhos um pouco maiores que uma picada de agulha, mas de qualquer forma passariam despercebidos por alguém que olhe o corpo de relance. Foram encontrados pelo legista, mas ele não teve uma boa explicação sobre o que aquilo fazia no corpo. E nem nós, pelo menos não ainda. De qualquer forma, o legista não teve tempo de abrir o corpo e isso seria feito agora. Não só por ele, mas também por Sam.

E por mim.


–~-~-~-



Já estavam a caminho da casa de Dorothy Stone. Claro que no Impala, o bebê de Dean. Depois iriam até o hotel e encontrariam Sam e Elisabeth no motel onde os Winchester haviam se hospedado, o GreenBird.


— Você ainda não me respondeu. — Dean comentou em certo momento da viagem, Melizza estava grudada no laptop.

Isso definitivamente não era sexy. Dean já estava com vontade de jogar o computador pela janela.

— O que? — Melizza se fez de desentendida.

Fechou o laptop. Já estavam chegando. Dean deu graças à Deus.

— Se vamos sair hoje à noite?

Melizza olhou para frente, para a rua.

— Talvez. — Deu de ombros.

— Podemos aproveitar o dia dos namorados. — O Winchester sorriu de lado, maroto.

— Ai tem um problema. — Melizza questionou. — Eu e você não somos namorados.

Ela sorriu quando Dean ficou sério. A verdade era que não era do feitio do Winchester insistir tanto. Mas havia um motivo. Motivo esse que Mel nem fazia ideia. E pelo qual Dean não desistiria.

Mas aquele não era o melhor momento para insistir naquele assunto, já estavam na rua da casa do jovem casal Stone. Dorothy e Willian tinham uma vida feliz juntos, aparentemente. Pelo menos até a noite em que o rapaz foi encontrado no quarto de hotel, quarto esse que havia pedido pela manhã do mesmo dia, mas só foi aparecer por ali à tarde.

— Eu não entendo porque tenho que repetir o que disse a polícia?! — A jovem viúva indagou, os “agentes” parados em sua sala de novo faziam aquelas perguntas.

— Por favor, senhora, seremos rápidos. — Dean, o agente Johnson, lhe disse prontamente. — Quando foi a última vez que viu seu marido?

— Há dois dias pela manhã quando ele saiu para o trabalho. — Dorothy respondeu de um jeito mecânico.

— Seu marido estava diferente? — Continuou indagando. — Assustado com alguma coisa? Falando em sons? Vultos...?

— Não... — O ar de desconfiança se tornou evidente em Dorothy.

— A senhora ouviu alguma coisa? — A pergunta foi da moça loira ao seu lado, agente McGonner segundo o crachá. — Ou sabe de alguém que por alguma razão quisesse matar seu marido?

— Que? — Dorothy fitou-os pasma. — Não! Claro que não!

— Por último... — A loira começou incerta. — Sabia do caso que o seu marido estava tendo?

Dean se mexeu desconfortável, a mulher arregalou os olhos.

— Não! — Respondeu de forma indignada, quase agoniada.

Depois disso Dean e Melizza não fizeram mais perguntas. Eles foram até o hotel onde Willian foi encontrado. O quarto ficava no terceiro andar e não havia uma forma de chegar até lá sem passar pelas câmeras. O lugar ainda estava trancado, só a polícia e autorizados entravam e saiam do quarto. As marcas de sangue ao lado da cama, onde a vítima foi achada pela faxineira, ainda estavam lá no carpete. Os dois começaram a buscar por qualquer coisa que lhe levassem ao motivo da morte.

Minutos depois, a busca não havia evoluído muito.

— Nada de saquinhos de bruxa. — Dean disse colocando o colchão no lugar.

Procurou por todos os lugares.

— Nem enxofre, nem atividades fantasmas, sinais, voodoo. — Melizza foi completando. — Nada. Sabe se o tal Willian teve sucesso em alguma coisa? Assim... — Pausou. — De modo repentino?!

— Está achando que o cara fez um pacto? — Dean franziu a testa.

— Eu não sei. — Mel não se atreveu a encará-lo. — Mas as garras fazem o perfil do cão do inferno.

— E as manchas no pescoço?

Melizza enrugou a testa.

— Cão do inferno no cio. — Ela disse e Dean rolou os olhos, as piadas da loira conseguiam ser piores que as dele.

Um sinal de mensagem fez Melizza prontamente pegar o celular.

Dean a observou.

— Mensagem importante? — Indagou ele segundos depois.

— Sim. — Ela assentiu. — Duas, de um contato meu com quem vou me encontrar daqui há cinco dias.

— Encontrar?

— Não é um encontro. — Ela disse. — É sobre... — Se deteve, o que fez Dean estranhar a sua atitude. — Esquece. O que importa agora é que o meu amigo conseguiu uma cópia da multa do cara. Foi em um bar daqui há uma semana atrás.

— Isso é importante?

— Não pensei que fosse. — Melizza disse. — Só queria ver a ficha do tal Stone. Essa multa é de um bar chamado Charm na rua central.

— E daí? — Dean não entendia aonde a garota queria chegar.

— É um bar gay.

–~-~-~-


Eu mal podia suportar o enjoo naquela sala do morgue.



Sam e o legista abriram o estomago do cadáver de onde saiu um liquido amarelado. O cheiro era muito forte. Ainda no estomago da vítima, nós encontramos um tipo de pele escurecida. Diferente da pele humana, era como um tipo de pele grossa e lisa. Ao tocar com a lamina a pele parecia a ponto de se desmanchar. Desviei o olhar quando o legista tirou alguma amostra daquele resíduo para estudos, o cheiro se intensificou.


— Parece que a senhorita não está acostumada com essas coisas! — O doutor disse com a naturalidade de quem sempre mexeu com cadáveres naquele estado. — Porque trabalha com isso?

Sam riu.

— Meu teste vocacional não foi lá muito bom. — Brinquei evitando ver aquela gosma que o médico manuseava de um lado para o outro.

— O que o senhor acha que é isso? — Sam enrugou a testa.

— Se isso é possível, eu não sei, mas eu diria que é pele de foca. — Ele disse, Sam e eu nos encaramos. — Mas a culinária anda tão estranha...

Talvez estivéssemos atrás de uma foca assassina. De qualquer jeito, nós fomos em direção ao motel em que Sam e Dean se hospedaram. Eu dirigi o Mustang enquanto Sam procurava qualquer coisa a respeito do caso.

— Houve um caso parecido há dois meses atrás, aqui. — Disse em certo momento da viagem, com os olhos fixos na tela do meu laptop que eu trazia no carro e emprestei para ele. — Uma garota, Beretrice Roward, foi encontrada morta com os mesmos ferimentos. Os polícias suspeitam do ex-namorado da garota, era o único que tinha as chaves da casa, mas de qualquer jeito não o encontraram.

— Ela foi encontrada em casa? — Perguntei.

— Na garagem. — Respondeu ele. — Mas a porta não estava trancada.

— Acha que os dois tem alguma ligação? — Indaguei, me perguntava se o cara havia comido aquela coisa nojenta ou era mal de fantasma. — O que a matou pode ter matado ele?

— Talvez. — Ele coçou o nariz. — Mas não vejo ligação. Mundos muito diferentes. Ela era estudante de medicina, ele técnico em construção.

— O que deixa pele de foca no estomago da vítima depois de matá-la?

Era a grande pergunta.

E parecia piada.

Chegamos ao GreenBird Motel e eu ainda não havia me livrado daquele maldito cheiro. Me deixa enjoada só de respirar. Parecia surgir de todas as partes. Sam e eu nos sentamos e começamos a pesquisa. Peguei um dos meus livros, livros esses que eu fui conseguindo entre as caçadas, os temas eram variados e iam de linguagem e simbolismo a deuses pagãos e suas oferendas. Já Sam ficou com o meu laptop. E foi ele que achou a resposta.

E no final, tínhamos um problema.

Dean não demorou a chegar. Ele e Melizza, claro. Quando entrou, eu e o irmão estávamos lendo sobre a lenda da vez na tela do laptop.

— E então? — Sam encarou o irmão. — O que descobriram?

— Nada. — Dean respondeu. — Sem enxofre, saquinho de bruxa, sem ectoplasma.

— Só uma multa em um bar gay. — Melizza completou. — Quer dizer, o cara estacionou em local proibido e estava em um bar gay. — Corrigiu.

— Que?

— Um bar gay chamado Charm. — Ela disse. — O cara era mente aberta.

— Agora faz sentido. — Comentei.

— O que faz sentido? — Dean indagou.

— Encontramos pele de foca no estomago da vítima. — Sam explicou.

— Nada agradável. — Comentei torcendo um nariz em uma careta.

— E o que isso tem a ver com o bar gay? — Dean pareceu confuso. — O cara comeu uma foca no bar gay? Ou a foca era gay?

— Achamos que é um Selkie. — Sam ignorou a ironia de Dean. — É uma criatura da mitologia irlandesa. Quando estão em águas maternas, quer dizer, ao redor das ilhas onde nasceram, sua forma é de uma espécie de foca.

— Uma foca matou o cara? — Mel franziu a testa. — Tipo... Uma foca?

— Não literalmente. — Disse, já estava começando a ficar confusa com aquela história. — Pelo que entendemos, um Selkie assume a forma humana depois de adulto. A lenda se assemelha a das sereias.

— Diz a lenda que os Selkies caminham pela terra vivendo histórias de amor. — Sam continuou. — Eles encantam uma pessoa, mas diferente das sereias, a pessoa não é manipulada. Ao contrário, eles abrem o jogo para o parceiro. Dizem que tipo de criatura são e que para permanecer na terra, precisam que o parceiro pegue a pele de foca que ela solta ao assumir a forma humana e esconda.

— Claro que 99% das pessoas não acreditam. — Comentei.

— Ai a coisa fica séria. — Sam disse. — Quando um Selkie é rejeitado, a criatura mata a pessoa sem dó. Ela não só corta a garganta, ela deixa no estomago da vítima vestígios de sua própria pele.

— Como? — Dean perguntou.

— Minha teoria é que é pelos chupões. — Sam respondeu. — E o mais interessante é que em sua maioria, os Selkies são homens. Claro que se eles se sentem atraídos por uma pessoa que se relacione com homens, eles vão assumir uma forma feminina.

— E porque isso é interessante para você? — Dean estreitou o olhar para o irmão com um leve ar de deboche.

Sam franziu a testa, relaxando logo em seguida.

— Porque se enquadra. — Disse ao irmão. — Houve um caso antes, há dois meses atrás. Uma garota, ela tinha um namorado que é o principal suspeito. Os dois estavam brigados e o cara sumiu. Agora vocês dizem que o tal Willian Stone esteve em um bar gay...

— E porque essa coisa não foi filmada? — Melizza indagou.

— Selkies não podem ser filmados ou fotografados. — Explique. — Não na sua forma humana.

— E como achamos essa coisa? — Dean perguntou, sua testa enrugada de preocupação revelava que ele tinha a mesma certeza que eu e Sam já tínhamos.

Não ia ser fácil.

— Talvez se balançarmos peixe cru ela venha pegar. — Melizza brincou, o que era esperado. — Com sorte ela até faz uns truques.

Não pude evitar um riso leve.

— Selkies trazem uma cicatriz feia em alguma parte do corpo. — Disse o mais novo. — É o resultado da mudança de pele.

— Mesmo assim, como vamos achá-la? — Dean insistiu. — Não dá para tirar a roupa de todo mundo... Não que seja má ideia...

— Ai é que mora o problema. — Sam disse. — Os Selkies se atraem por vítimas vulneráveis, que estejam mais sensíveis ou receptivas, esperam que esse tipo de pessoa possa entender melhor a situação. Mas eu não sei um jeito de chegarmos a ela ainda.

— Isso está virando zoofilia. — Melizza debochou.

— Ela praticamente é a forma de tudo que você deseja. — Sam explicou ainda. — O encanto dela é esse e é o que a faz tão perigosa, pois embora ela não manipule a vítima, ela a fez sentir como se fosse tudo o que ela queria. Um sonho real.

— Cara, isso foi muito estranho saindo da sua boca. — Dean debochou, Sam desviou o olhar impaciente. — É sério, foi assustador. Mas e quando encontrarmos a foquinha? — Dean voltou ao assunto. — Como vamos matar?

— Eu ainda não sei. — Sam disse por fim.

Os Winchester permaneceram no motel enquanto Melizza e eu fomos a procura de Dulce Roward, irmã da primeira garota que morreu naquelas condições. Era fundamental tentar saber algo sobre essa morte e talvez, a ligação entre elas. Algo em comum. Qualquer coisa. Claro que tive que aguentar Melizza me apressando. Ela e Dean iam sair, ela disse. Mas nós tínhamos algo importante a fazer agora.

— Vocês estudaram com a minha irmã? — Foi a pergunta que Dulce nos fez.

Foi isso que mentimos.

— Eu estudei. — Melizza explicou. — Fizemos o ensino médio juntas, e éramos muito amigas.

— Beretrice era um amor de menina. — Disse a mulher. — Eu quase nem posso acreditar no que aconteceu.

— Sentimos muito. — Disse um pouco desconfortavel com a situação.

— Como aconteceu? — Olhei para Melizza e era fingia imensa tristeza.

— Achamos que foi o Dave, ex-namorado da Bere. — Contou a mulher, pausando logo depois de um longo suspiro. — Eles haviam terminado e o garoto não aceitou muito bem a situação.

— Ele era ciumento...

— Não foi por ciúmes. — Dulce cortou Melizza. — A Bere dizia que ele era desequilibrado.

— Pobrezinha. — Melizza se limitou em dizer.

— Era um namorado de longos anos? — Indaguei.

— Não, Bere havia conhecido ele há poucos meses quando eu e Kristen fomos a um bar da cidade. — Ela disse.

— Sua amiga ou amiga dela? — Melizza perguntou, a mulher enrugou a testa. — Quer dizer, eu não lembro de nenhuma...

— Kristen é a minha parceira. — Dulce cortou.

Seria nos intrometer demais perguntar o bar era o Charm. Ligamos para os Winchester contando da nossa visita a casa dos Roward. Eles iriam ao bar enquanto o mesmo não estava cheio. Era dia dos namorados e mais tarde o lugar estaria mais agitado. De volta ao motel, Mel começou a se arrumar. Em certo momento ela me contou sobre um amigo.

— Se chama Brian Denver. — Me disse ainda dentro do banheiro. — Ele é um especialista em demonologia.

— E isso significa que...?

— Que se alguém pode me ajudar, esse alguém é ele. — Disse. — Brian me disse que talvez haja um jeito do pacto ser quebrado. Na verdade se trata de um feitiço pesado, mas que vale a pena. Com um pouco de tato e tempo, Dean pode se livrar.

— E quando vai encontrá-lo? — Perguntei.

— Em cinco dias. — Respondeu. — Hoje mesmo vou conversar com o idiota sobre o assunto.

Ela finalmente saiu do banheiro. Era a primeira vez que a via de vestido, era vermelho com detalhes em dourado. Um pouco justo e centímetros acima do joelho, mesmo assim estava longe de ser vulgar. Em particular, nunca gostei de vermelho. Sempre preferi vestidos pretos, mais básicos e discretos. Mas Melizza nunca usa preto. Não só preto. Eu não sei bem porquê. O salto alto também era uma coisa nova, nunca a vi usar antes, mas hoje Melizza abriu exceções.

Ele estava sorridente.

E era inegável, Mel estava muito afim do Winchester.


–~-~-~-



Charm dizia no gigante letreiro em neon à frente do bar. Ainda era fim de tarde, pouco mais de 17:00, e o lugar já estava movimentado. Dean já estava ficando impaciente. Queria logo voltar ao motel e se preparar para o encontro. Até havia comprado chocolate. Claro que escondeu no Impala para que o irmão não visse. Seria especial. E se aquele era mesmo seu último dia dos namorados, ia ser algo que ele não se arrependeria.


— Dean. — Sam chamou passos a sua frente na calçada quando enfim desligou o celular. — O Bobby achou um jeito de matarmos um Selkie.

— Como? — Se adiantou em perguntar.

— Queimar a pele. — Contou o mais novo. — Parece que vamos ter que achar a Selkie e fazê-la confiar a ponto de entregar a pele. Botamos fogo e ela morre.

— E como vamos chegar até ela? — Dean franziu a testa.

— Não sei. O Bobby está pesquisando um jeito de atrair um Selkie, um tipo de ritual... — Sam parou de falar de repente quando percebeu que o segurança com quem haviam falado se aproximava.

— O senhor Zurg vai falar com vocês agora. — Disse ele. — Queiram me acompanhar?

Finalmente, Dean pensou.

O homem, dono do bar, já os havia feito esperar muito tempo.

Entraram no bar que já estava agitado. A música já animava os casais ao redor do salão. Casais gays, claro. Mas isso definitivamente não era um problema para nenhum dos dois, não eram presos a preconceitos. O que importava era falar com Dennis Zurg, o dono do bar. Ele se apresentou ao dois logo que eles o alcançaram.

— Agentes Johnson e Norton do FBI. — Sam apresentou ambos.

— Algo errado com meu bar? — Perguntou Dennis, era mais alto que o mais velho dos irmãos, mas não tão alto quanto Sam.

Rosto fino. Expressivo. Levemente preocupado.

— Não senhor, só queremos fazer algumas perguntas acerca de Willian Stone. — Dean explicou. — Ele foi assassinado em um quarto de hotel e algumas pistas nos indicam que ele era frequentador do bar. Queremos saber se alguém lembra de alguma coisa, de ver o senhor Stone com um companheiro, algo que nos leve a alguma pista.

— Claro. — A voz do homem soou um pouco aflita. — Tudo para ajudar a lei. Eu vou chamar o barman e um garçom, são dois funcionários meus que estão sempre no bar.

Dizendo isso, se afastou apressadamente.

Sam estreitou o olhar.

O homem era estranho, mas será que chegava a ser suspeito?

— Sammy... — A voz do irmão mais velho fez Sam olhar em sua direção, Dean estava de costas para a pista de dança movimentada e estava com os olhos arregalados de espanto. — Acho que alguém passou a mão na minha bunda.

Ele estava tão sério que Sam fez força para não rir.

— Vai para fora, eu já encontro você.

Dean engoliu a seco e assentiu meio atordoado.

Saiu do bar em direção ao Impala, mas Dean não chegou nem na metade do caminho. Antes disso foi surpreendido por braços delicados de pele morena. Um cheiro doce, um perfume suave. Era a garota do bar que ele havia conhecido na noite passada. Era linda. Lembrava Cassie, tão bela quanto seu primeiro amor de verdade. Mas os cabelos lembravam os de Lisa, a forma como caiam no seu rosto, tão macios. Os olhos eram verdes e a boca pequena, delicada, isso era de Melizza. O perfume era de Mel.

Tão embriagante, tão perturbador.

Ele nem conseguiu raciocinar e já estava beijando-a. Nem lembrava qual era o nome dela. Seria Anne? Ou talvez Judy? Giovanna? Isso nem era o importante agora. A língua quente, o hálito fresco, ele só esperava que o momento durasse para sempre.

Em um minuto esqueceu quem era, o que fazia e o que estava caçando.

Esqueceu-se de Cassie, Lisa, Melizza. Ele tinha todas elas agora.

Todas em uma só.

— Quer ir para um lugar só nosso? — Foi a pergunta que ela fez quando o beijo acabou.

— Só se for agora. — Concordou com um sorriso meio safado e cheio de más intenções.

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Notas finais do capítulo

* Vestido da Melizza ( http://img547.imageshack.us/img547/2102/j3j.png )
Quem quiser ver é só colar no navegador (e se não abrir o link, me avisem que eu arrumo). Desde a primeira vez que eu vi esse vestido que a modelo está vestindo, achei a cara da Mel.