Shiroi Yama escrita por Yato
"Shiroi Yama"
Capítulo VII: Você Me Faz Sofrer
A cela era um lugar escuro, frio e úmido.
Os pulsos da mulher acorrentada contra a parede doíam. Os cabelos castanhos lhe caíam sobre a face machucada. Os olhos de mesmo tom antes tão cheios de vida, miravam um canto qualquer daquela cela imunda.
A dor sem rumo está cobrindo meus arredores, completamente.
Takahashi Akane soltou um gemido de dor ao mesmo tempo em que a porta era aberta. Ela não ousou levantar os olhos para seu sequestrador.
Era tolo então o significado daquela vista esmigalhada, o significado podre.
— Gostando da estadia, querida? — A voz grave ecoou, lhe dando arrepios na espinha.
Ela não repondeu.
— Eu perguntei se está gostando da estadia, sua vagabunda! — Ele se aproximou rapidamente, segurando-lhe a face, com força, fazendo com que ela o encarasse. Akane cuspiu em seu rosto.
É esta a dor do meu coração paralizado?
Amor que está se afogando por trás da tristeza.
Não teria mais nada a perder...
Eiji estava morto. Pior, ele fora assassinado. Tirado dela. Akane nunca gostara de ficar sozinha. Lembrou-se dos momentos que passara com ele. Sempre tão gentil e fofo. Esse era o homem que ela conhecia, por trás das cochias. Atencioso, carinhoso, um ótimo pai. Yuri sempre fora tratado muito bem pelo moreno. Mesmo não sendo seu filho biológico. Yuri era...
— Sabe, seu menino é uma graçinha... — Os pensamentos foram varridos de sua mente como se tivesse recebido um balde de água gelada.
...Ou teria?
A forma ideal se transformando de um jeito irregular, está derretendo ferozmente.
[ ~ ]
[ Kai POV ]
O pequenino brincava com origamis junto com Ny-chan. O sorriso estampado na boca infantil por uma simples dobradura, tão lindo. Ambos estavam sentados no sofá de couro, e sobre a mesa de centro haviam diversos papéis, das mais diversas cores.
Parece que crianças são pequenos anjinhos que descem à terra para ensinar a nós, adultos, algo de bom. É uma pena que nós nunca as ouvimos como deveríamos.
— Kai.
— Ah, sim. Arigatou...
Sua presença alivia este ambiente de tristeza. Domo arigatou, Yuri-kun...
O sonho de um bebê está aliviando a dor.
[ ~ ]
[ Aoi POV ]
— Isso! Muito bem, Yuri-chan! — Sereny exclamou, ao mesmo tempo em que aplaudia a dobradura do pequenino.
Talvez eu não soubesse, realmente, cuidar de uma criança.
— Ei! Tira os olhos, ela já é minha! — Virei, me deparando com o sorriso besta de Takashima.
— Idiota.
— Nee, vem comigo um segundinho, Aoi-chan? — Ele pediu, segurando minha mão e me puxando levemente.
— Não estou a fim de ver o que há por baixo das suas calças, Uruha... — Não de novo...
— Ah, eu não ia te mostrar isso... Mas já que insiste tanto... — Sorriu pervertido, revirei os olhos. Mas não pude conter um sorriso.
Babaca. É incrível como as pessoas podem mudar, não? Antigamente Kouyou era tão frio e insensível... E olhe agora: mais um pervertido idiota!
— Mas, falando sério agora. — Ele soltou minha mão, que caiu morta, pendendo ao meu lado. — Como você ainda não matou aquela criança? — Minha mão voou insintivamente contra o topo de sua cabeça. Um tapa alto. Pude ver várias cabeças virarem em nossa direção, assustadas. — Itae, Yuu-chan! — Kouyou passou a mão atrás da cabeça, massageando o local. — É brincadeira, gente! — Alguns riram, outros xingaram, mas todos voltaram aos seus afazeres. — Quem ama não bate...
Uma mariposa que está caindo com as asas de uma borboleta.
— Espanca. — Corrigi. Ele riu, e eu também.
[ ~ ]
A poltrona de couro rangeu levemente, fazendo um barulho engraçado quando o homem de ternos escuros se mexeu. Ele mantinha os pés calçados apoiados sobre a escrivaninha arrumada de seu escritório. Em suas mãos pendia uma taça de vinho. Kobayashi girava a delicada peça de cristal incoscientemente. Rodou e rodou, até o líquido voar do copo para o carpete.
— Droga! — Exclamou, largando a taça sobre a escrivaninha e passando a mão esquerda sobre o pano da camisa, agora manchada de vermelho.
Parou o ato ao lembrar-se de que isso não era importante. Jogaria a camisa no lixo e compraria uma nova, arrancaria o carpete e trocaria o piso. Não! Mudaria de casa. Sim, era exatamente isso que faria. Não havia mais sombra para se ocultar, não mais. A morte de seu primo fora tão... espetacular! Estava livre! E agora, pegaria o que era seu por direito. Sim, não seria mais o "pequeno bosque*". Não seria mais uma árvore de apoio*. Não mais.
Para Hajime, aquele seria um novo começo.*
— Aquela carta já deve estar chegando... — O sorriso maldoso impregnado nos lábios finos. — Como você está... Shiroyama-kun?... E também, Suzuki-kun, e Takashima-kun, ainda estão... Vivos? — Os olhos malignos miravam o começo da noite através do vidro impecavelmente limpo. Uma noite sem estrelas.
[ ~ ]
[ U ruha POV ]
Esse já era o quarto dia que Yuri estava conosco. Aoi daria um péssimo pai (ou mãe). Já perdi as contas de quantas vezes ele nos ligou para perguntar o que fazia com o garoto. Incrível!
Do outro lado da sala pude ver minha Sereny bocejar, cansada. Maldito Shiroyama Yuu!
Eu não costumo ser tão explosivo assim. O que está acontecendo comigo, afinal? Pensando bem, Akira e Yutaka não estão agindo normalmente também... O que está acontecendo conosco?
Ouvi um barulho alto, como o de uma explosão, mas um pouco mais baixo. Seguido de gargalhadas. Olhei na direção em que ouvira o som e tive vontade de esganar Miyavi que ainda ria estridentemente, quase espetando um objeto pontiagudo que segurava em sua mão direita — percebi que se tratava de uma agulha. Onde diabos ele arranjou isso?! — em seu próprio pescoço, já que não parava quieto, e os restos estourados de uma bexiga na outra.
[ ~ OooOooO ~ ]
Trechos em itálico: "A dor sem rumo está cobrindo meus arredores, completamente." ("Atari wo ume tsukusu ate naki itami"); "Era tolo então o significado daquela vista esmigalhada; O significado podre." ("Sou kuzureteku joukei no imi wo; Kuchiteku imi wo"); "É esta a dor do meu coração paralizado?" ("Mahi hita kokoro no sei ka"); "Amor que está se afogando por trás da tristeza." ("Kunou no urade oboreteiru ai"); "A forma ideal se transformando de um jeito irregular, está derretendo ferozmente." ("Ibitsu ni magaru arubeki sugata wa"); "O sonho de um bebê está aliviando a dor." ("Nageku koe wo ayasu akago no yume"); "Uma mariposa que está caindo com as asas de uma borboleta." ("Chou no hane de rakkasuru ga")
Música: Dim Scene, the GazettE
Pequeno bosque - O sobrenome Kobayashi significa pequenos bosque/bosque pequeno.
Árvore de apoio - Inicialmente o nome do personagem seria Sasaki, que significa exatamente árvore de apoio. 8D
"Para Hajime, aquele seria um novo começo." - Essa frase foi um trocadilho. Pra quem não sabe, Hajime significa começo. :B
A desaparecida Akane apareceu! /o/
E ela está sendo torturada! Êêêêêêê 8D
Sugestões, críticas, elogios? *-*
Reviews? :B
Kissu
Postado em: 13/11/2009
(Uh, sexta-feira treze ._.)
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