Entraram no palco quatro garotos, todos sorrindo como se tivessem sob o efeito de uma piada recente.

O baterista parecia entediado, mas, mesmo assim, animado e cheio de energia, usava os cabelos presos no topo da cabeça e roupas simples para um roqueiro. Os outros eram mais estranhos, dois deles tinham uma pintura no rosto, o ruivo, baixista, tinha o kanji de amor na têmpora esquerda, era muito branco e tinha os olhos claros contornados por delineador preto, usava um coturno preto meio bruto, um casaco vermelho-vinho e calças pretas, os dedos todos estavam cheios de esparadrapos manchados de um vermelho que devia ser de sangue, me peguei imaginando quanto tempo ele ficava tocando para conseguir que os dedos sangrassem. O outro, guitarrista, tinha um risco vermelho em cada bochecha, os cabelos castanhos bagunçados e roupas pretas, mas de todos eles o que mais se destacava era, com certeza, o garoto pálido que tinha uma guitarra preta a tira colo, ele tinha os cabelos mais compridos que os dos outros, tão negros quanto seus olhos, tinha leves olheiras arroxeadas, usava roupas de roqueiro e um anel de prata que cobria todo o indicador esquerdo. Ele pegou o microfone sorrindo.

- Boa noite, Londres. – disse, completamente à vontade, vasculhando a multidão com os olhos e sorrindo, arrancando gritos da plateia – Nós somos a Amateratsu. – apresentou - E eu acho que devo apresentar meus colegas. – ele disse segurando o braço da guitarra com a mão esquerda e se virando um pouco para trás, como os roqueiros fazem ao falar no microfone – Na bateria... – ele apontou – Shikamaru Nara. – ouve alguns gritos na plateia – No baixo, Gaara... o sobrenome dele é muito complicado. – ele riu acompanhado pelo publico enquanto o ruivo o ignorava por completo dançando os dedos pelas cordas, completamente imerso nessa tarefa – Na guitarra... Kiba Inuzuka. – apresentou.

O garoto tocou alguns acordes, se mostrando um pouco, arrancando gritinhos desesperados na multidão de fãs femininas e a consideração silenciosa de muitos caras.

O garoto de cabelos negros se virou novamente para a plateia, os olhos sempre indo de lá para cá, verificando todo o local, sua boca sempre invisível atrás do microfone, perto demais dele, algumas garotas com certeza desejavam ser aquele microfone...

- E eu me chamo Sasuke, costumo ser o segundo guitarrista. – ele riu levemente descontraindo o ar tenso – Mas infelizmente nosso vocalista idiota – destacou o insulto - não pôde comparecer hoje devido a um grave acidente de moto... – ele disse solenemente e então se afastou um pouco do microfone, rindo de algo que um dos colegas tinha dito – Por isso - ele voltou a falar com um sorriso nos lábios –, gritam, curtam o show, fumem, bebam, transem... mas... peguem um taxi. – recomendou entre os risos e os gritos da multidão – e não deixem seus amigos na mão como nosso queridinho Billie. – ele se afastou ajeitando a guitarra enquanto a multidão gritava entusiasmada, encantada por seu carisma natural – Certo. – disse ele meio inseguro, olhando o publico – Hoje eu vou cantar no lugar dele... – ele piscou para alguém no meio da multidão – Tentem não me vaiar ok? – afastou-se do microfone, nervoso, se preparando.

O baterista começou e eu observava enquanto Sasuke batia o pé nervosamente acompanhando o ritmo com os olhos baixos e notei quando ele começou a tocar também. Ele respirou fundo e foi para perto do microfone apenas se inclinando para ele enquanto tocava sem parar os acordes.

Estávamos todos tensos para saber como ele se sairia, mas no instante que sua voz rouca e sexy acabou a primeira frase, ouve uma agitação por parte de todos e gritos também. Ele era ótimo, cantava extremamente bem. Ele sorriu mais confiante depois da primeira parte e logo se soltou, cantando como se sempre o fizesse, parando de tocar em algumas partes para agarrar o microfone olhando sedutoramente para o publico e então se afastando e voltando a tocar apaixonadamente. Dava para sentir que aquilo era a vida dele, que era o que ele queria e o que fazia melhor. A veia em seu pescoço saltava de adrenalina e a pontas de seus cabelos desarrumados grudavam em sua pele, e lançavam pingos se suor quando ele os mexia abruptamente.

Logo, eu também estava gritando, pulando animada, suando como se estivesse numa sauna, batendo a cabeça ao efeito do rock contagiante, às vezes de olhos fechados, às vezes fitando os caras da banda que andavam pelo palco tocando seus instrumentos em performances dignas de perfeitos roqueiros. Então, de repente, o olhar dele se fixou no meu e eu não consegui desviar o olhar, estava presa naqueles olhos negros. Provavelmente ele estava só passando os olhos pela área vip e eu o prendi de alguma maneira. Então ele sorriu para mim e cantou mais uma estrofe, como se a dedicasse a mim. Então, piscou e voltou a cantar para o publico.

Naruto bufou ao meu lado.

- Eu não sabia que ele cantava.

- Você o conhece? – perguntei.

Naruto-kun não respondeu, pareceu nem ter me ouvido.

Eles cantaram quatro canções e, então, quando terminaram, Sasuke sorriu, cansado, satisfeito, mas com muito mais fôlego para dar, pegou o microfone nas mãos largando a guitarra pendurada ao corpo.

- Obrigado. – disse ele – Espero ter animado vocês! – a multidão gritou fazendo o rir – Muito obrigado, Londres! – gritou.

Então, antes de sair do palco ele olhou para trás, diretamente para mim, sério. Senti a cor do meu rosto se esvair, mas quando ele sorriu de repente eu me aliviei. Ele se virou e seguiu seus companheiros para os camarotes.

A banda dona da noite entrou. Elogiou a anterior e começou seu show.