Rin acordou sentindo uma leve dor de cabeça devido a pancada da noite anterior. Estava disposta a encontrar o maldito que estava controlando esses ataques. Isso seria pela morte de Tsubaki. Noboru cuidou dos ferimentos da cabeça da jovem. Finalmente, seguiram viagem em busca do vilarejo.

- Não estamos muito longe. – dizia Noboru. – Creio que antes do anoitecer estaremos no vilarejo.

- Sério Noboru-sama? Que bom! – comentou Rin.

                Eles caminharam até darem entrada em um vilarejo aparentemente pacífico. As pessoas andavam alegres e sorrindo. A pequena vila, diferente das outras em que tinham estado, parecia que nunca havia sofrido um daqueles ataques.

                Sesshoumaru se sentia incomodado com tantos humanos juntos. Ele continuava desprezando aqueles vermes. Mas, e quanto a Rin? Rin não era simplesmente uma humana. Rin era... diferente para ele. Somente isso. Sentiu que pairava no ar um leve youki. Ele já havia percebido que os youkais caçavam a Rin como uma forma de vingança. Ela era uma ameaça para os youkais que estavam sendo controlados. Não queria que ela lutasse, não agora. Ela havia acabado de se recuperar do ferimento no braço e acabara de ganhar outro na cabeça. Não, não queria vê-la machucada outra vez. Como que lendo seus pensamentos Noboru caminhou até perto do lord e falou baixo:

- Sesshoumaru, eu posso sentir um leve youki. Não seria melhor irmos procurá-lo e exterminá-lo antes que chegue até a Rin-chan?

- Não preciso que vá comigo. – ele sabia que Noboru numa luta era inútil.

- Eu peço que reconsidere. Preciso também procurar algumas plantas para fazer o remédio e colocar na testa da jovem.

- Jaken! Fique com Rin aqui nesse vilarejo. Iremos exterminar um youkai. Se Rin perguntar diga que voltaremos logo. – falou o youkai de cabelos brancos.

- Sim, Sesshoumaru-sama! – youkai verde falou com sua voz sibilante.

                O lord seguiu o rastro do youki e Noboru foi atrás. Por mais perto que chegasse o youki não se tornava mais forte, concluindo então, que era um youkai fraco e medíocre. Sesshoumaru não precisou de muito esforço. Usou o chicote que saia de suas garras venenosas. Porém algo estranho aconteceu. O youkai antes de morrer pelas garras de Sesshoumaru olhou fixamente para Noboru. Era como se já fossem conhecidos. É claro que o dai-youkai estranhou. “Eu, Sesshoumaru, tenho ainda mais motivos para desconfiar desse tal de Noboru.” Pensando isso matou o dono do fraco youki. Sesshoumaru desconfiava sim de Noboru. Em tempos remotos teria matado Noboru logo. Mas, agora não podia fazer isso. Com ficaria Rin? Ela teria ódio de seu lord para sempre. Ele desconfiava do fraco youkai, mas Rin não. Teria que ter paciência até que a garota começasse a desconfiar dele também.

                Enquanto isso, Rin sorria simpaticamente para os moradores daquele vilarejo.  Jaken estava encantado com a facilidade de Rin conquistar as pessoas. Sempre foi assim: simpática. Outra coisa que ele havia notado é que alguns rapazes não tiravam os olhos dela. “Além de simpática é muito bonita...” Pensava o servo de Sesshoumaru.

                Rin parou uma barraca onde duas senhoras estavam. Uma delas olhou para Rin com ternura a outra com indiferença.

- Que jovem exterminadora. Tão bela. – falou a senhora que havia olhado com ternura. – Sinto que de você só vem coisas boas. Como é seu nome, querida?

- Muito obrigada. Meu nome é Rin.

- Oh, é um prazer Rin. Meu nome é Aiya e essa – falou apontando para a outra senhora – é minha irmã mais nova, Aiko. – Aiko nem olhou para a jovem – Não ligue para ela. Pegue esta rosa. Ela parece com você. Delicada como você. Querida, vejo um futuro lindo para você. E eu sei que você é merecedora.

- Nossa, Aiya-sama, obrigada! São palavras realmente bonitas. – falou a exterminadora maravilhada.

Foi aí que Jaken arregalou os olhos. Um youkai enorme havia chegado ao vilarejo.

- R-Rin!

- O que houve Jaken-sama?

O youkai não precisou responder. O vilarejo todo gritava. As pessoas se escondiam. Rin sacou sua espada. O youkai falou:

- Exterminadora! Finalmente te encontrei. Ultimamente você está sendo uma das humanas mais difíceis de matar. Sua cabeça é um prêmio e tanto para qualquer youkai.

Rin não aguentava mais aquelas perturbações. A sua vida estava sendo disputada entre youkais. Aquilo era terrivelmente assustador.

- Jaken-sama! Poderia me ajudar, por favor? – falou a garota.

- O que quer Rin?

A menina chegou mais perto do youkai e falou num sussurro:

- Use seu cajado para atrair a atenção do youkai. Solte fogo até eu chegar atrás de youkai. Vou acertá-lo lá.

- Certo, menina. Vamos logo com isso!

Jaken fez o que Rin havia pedido. Soltou fogo chamando a atenção do youkai. A garota agilmente correu para trás da besta. O demônio ficou confuso:

- Onde está a garota? Onde está a humana?

- Inteligência não é o seu ponto forte, não é? – falou Jaken provocativo.

“Muito bom, Jaken-sama!” Pensava Rin. Ela então acertou as costas do youkai. Foi um golpe certeiro.

- Sua maldita... – foi a única coisa que ele conseguiu murmurar antes de seu último suspiro.

                Rin tinha derrotado mais um youkai. Sentia que estava mais rápida e sentia também o sangue do ferimento em sua testa escorrendo. Observou o vilarejo. Não havia tido grandes estragos.

- Obrigada, Jaken-sama! – falou a menina colocando o youkai verde nos braços.

- Solte-me, criança impertinente! – falou ele envergonhado.

Pouco a pouco as pessoas se juntaram perto de Rin agradecendo-a. “Você foi incrível!” “Você é realmente habilidosa!” “Obrigada por proteger nosso vilarejo.” Isso era o que as pessoas diziam a ela. Em meio a tantos elogios uma voz sobressaiu:

- Vocês são tontos, mesmo. – era a irmã de Aiya: Aiko. – Não viu que essa menina trás a desgraça? Em anos nosso vilarejo não era atacado por youkais.

- Aiko, cale-se! – soou ríspida Aiya. – Não vê que essa garota é uma benção?

- Cale-se você! Ela matou o youkai sim, mas foi ela quem atraiu o mesmo. Ele falou que os youkais queriam sua cabeça. Ela é procurada. Onde ela estiver os youkais aparecerão.

 “Por que ela está dizendo isso? Eu sou como uma maldição?” Pensava a exterminadora. Seus olhos encheram de lágrimas. Ela fora forte o suficiente para derrotar vários youkais e por que não conseguia ser forte para rebater o que aquela mulher dizia? Por que aquelas palavras machucavam-na tanto? Teriam elas um fundo de verdade? Ela trazia a desgraça por onde passava? Aquilo doía na menina. Ouvir a verdade quase sempre era doloroso. Mas, aquilo era mesmo a verdade?

                Sesshoumaru chegou ao vilarejo e estranhou a movimentação. Percebeu que inúmeras pessoas estavam em volta de Rin e ouviu insultos provindos de uma mulher dirigidos a mesma. Soube na hora que Rin estava arrasada pelo que estava acontecendo. Ela havia derrotado mais um youkai, no entanto aquela senhora a culpava pelo aparecimento do mesmo. Precisava tirar a garota dali.

- Rin, vamos embora!

- Olhem! Ainda por cima segue um desses seres asquerosos. – falou a velha. Sesshoumaru ignorou o comentário.

- Vamos, Rin! – disse calmamente.

- Sesshoumaru-sama... – a menina pronunciou com a voz embargada.

Ela levantou-se triste. As pessoas ainda a cumprimentavam, mas ela pensava no que aquela senhora havia dito. Antes que pudesse sair do vilarejo alguém falou:

- Acho que esqueceu a sua rosa. – era a velha Aiya.

- Ah, obrigada Aiya-sama!

- Não chores criança. Minha irmã é uma sem coração. Você com certeza é uma pessoa maravilhosa. Não se esqueças disso, por favor!

A garota sorriu:

- Obrigada, Aiya-sama. Obrigada.

Eles seguiram caminho. Rin ainda estava triste. E o meio-irmão de InuYasha pensava nas coincidências daquela manhã.

“Noboru chamou minha atenção para um insignificante youki. E coincidentemente Rin fora atacada por um youkai enquanto estive fora. Pode não ser nada, mas pode também haver alguma ligação. Continuo não confiando nesse youkai.”

Eles então continuaram em busca do vilarejo.