Rin andava cabisbaixa. Ela pensava em todas as injúrias e desaforos que havia escutado. Ultimamente, o destino estava maltratando-a. Ela sofria com a morte de Tsubaki e por mais que negasse no fundo ainda se sentia culpada pela morte da criança. E depois de tudo o que Aiko dissera a sua consciência não a deixava em paz. “Eu sou como uma maldição? Eu trago a desgraça?” Pensava. Ela sentia repulsa a esses pensamentos, mas pareciam ser verdade.

                Todos estavam preocupados com ela. Jaken procurava a vivacidade da moça. Noboru procurava a determinação dela, afinal a cada hora que se passava naquele dia mais perto ficavam do destino final. Mas, ela não parecia animada. E o lord também estava preocupado. Para falar a verdade, muito preocupado. Não a via assim faz muito tempo. “Não, eu nunca a vi assim...” Rin sempre sorria. Para ele, seu sorriso uma das coisas mais bonitas nela. Seu olhar estava sem vida. O que faria? Não podia ver sua menina assim.

- Rin! – chamou o dai-youkai imponente.

- Sim, Sesshoumaru-sama! – a exterminadora se aproximou.

Ele se afastou um pouco de Noboru e Jaken e sentou-se placidamente em baixo da sombra de uma árvore. A exterminadora posicionou-se a frente dele.

- Sente-se. Eu gostaria de conversar com você. – falou ele sério.

A garota sentou perto dele timidamente, mas cheia de respeito. Desde pequena sempre fora extremamente respeitosa com ele. A ele, ela devia sua vida. Motivo esse para tanta formalidade.

- O que deseja, senhor? – perguntou ela.

- Desejo ver você alegre, Rin. – falou ele fitando-a com seus olhos dourados.

Ela ruborizou e deixou de encarar o príncipe num movimento brusco. Então Jaken chegou alarmado:

- Sesshoumaru-sama! Por que paramos? Temos que continuar... – ele não terminou. Seu mestre havia lhe lançado um olhar mortal.

- Jaken, vá embora! Partiremos depois... – soou bem ríspido o mestre.

- Sim, Sesshoumaru-sama! – e o youkai verde foi embora de cabeça baixa.

Sesshoumaru teve vontade matar Jaken. Odiava ser interrompido.

- Rin, você entendeu o que eu disse? Quero que volte a ser alegre.

- A-ah, mas eu estou alegre!

- Não, você não está.

- Ultimamente as coisas não estão muito fáceis, sabe? – desabafou.

- Por certo, mas você é capaz de enfrentá-las. – respondeu o lord.

- Assim espero... – suspirou, seus olhos encheram de lágrimas.

- Sinto cheiro de humanos. Deve ser o último vilarejo antes de chegarmos ao de Noboru. Venha comigo.

                Sesshoumaru se levantou e foi na direção do vilarejo. Rin o seguiu. Então, eles adentraram na pequena vila que parecia está em festa. As pessoas riam e se divertiam enquanto bebiam e conversavam. As pessoas também olhavam para a bela jovem que ia ao lado do dai-youkai de cabelos brancos. Eles, então, viram uma pequena barraca onde havia uma jovem atendente. Expostos, estavam delicadíssimos kimonos. O príncipe parou em frente a barraca:

- Escolha um de seu agrado.

- Oh, Sesshoumaru-sama, não precisa. – falou tímida.

- Escolha. Faz certo tempo que não lhe presenteio.

- Ah, não se importe com presentes. Sua ajuda nessa missão já é um presente.

O dai-youkai se surpreendeu com a resposta da exterminadora.

- Se não vai escolher, eu mesma escolho. – A moça enrubesceu. “Droga, controle-se Rin! Não fique vermelha por tudo.” Ela se pensou se repreendendo.

Sesshoumaru fitou os kimonos. Entre todos um chamou sua atenção: branco com pequenas e delicadas Sakuras. “Tão meigo quanto ela.” Pensou. Ele entregou o kimono a jovem.

- Oh, que lindo! – seus olhos brilhavam – Obrigada, Sesshoumaru-sama! – falou sorridente.

- Que bom que se agradou.

- É maravilhoso...

- A senhorita deseja uma cesta para colocar o kimono? – falou uma voz masculina. – Irmã, que má educação! Não ofereceu a moça esta cesta para ela guardar o kimono? Perdoe-me, ela é tímida. – falou o rapaz se dirigindo a Rin.

Sesshoumaru olhou com desdém. Era um humano muito impertinente.

- Obrigada. – Rin pegou a cesta.

- É nova por aqui?

O lord não deixou a garota responder:

- Vamos, Rin. – falou ele imponente.

A garota não entendeu a reação do dai-youkai. O rapaz só fora simpático com ela. O que mal há nisso? Não fazia sentido.

                “Humano metido a engraçado. Ele estava tentando atrair Rin. Isso eu nunca permitiria.” Pensava o youkai.

Eles chegaram a um lugar mais afastado. Era começo de tarde. A menina, porém, sentiu-se incomodada. Colocou a cesta com o kimono no chão e empunhou a espada.

- Youkai? – perguntou atônita.

- Não, Rin. O único youkai aqui sou eu. – falou Sesshoumaru calmo.

A menina deu uma gargalhada.

- Acho que estou paranoica. – falou rindo.

O lord sacou sua espada também e meio que institivamente eles começaram a lutar. “Ele é ainda mais incrível do que eu imaginava”. Pensou Rin. Movimentos e reflexos perfeitos. Rápido, ágil... INVENCÍVEL, seria a palavra que Rin melhor colocaria naquele momento.  A luta durou algum tempo. Sesshoumaru lutava com suavidade, sem brutalidade. Queria testar a menina. Até onde iria sua força e persistência. E sim, relutante, ele concordou que ela era boa. Mas, ele era mais. Num movimento perfeito ele tirou a espada da menina. A exterminadora ficou tão boquiaberta que tombou para trás. Ele pegou em suas costas segurando-a. Estavam novamente a um palmo de se beijarem. Rin sentia-se desconfortavelmente apaixonada. Os olhos dele estavam embriagando-a. Em seu estômago havia borboletas... Ela tinha que resistir àquele sentimento. Não podia estar... Tarde demais. Já estava completamente apaixonada por ele. “Droga!” Pensou.

- V-v-amos, embora. Temos que seguir viagem, não é? – falou ela soltando-se do abraço.

Ele nada falou e eles foram embora. Encontraram Jaken e Noboru. Não demorou muito e eles já estavam no vilarejo de Noboru.