Percy odiava ficar doente. Isso não acontecia freqüentemente, talvez porque metade de seu sangue fosse olimpiano ou talvez fosse porque ele era um homem forte. Ele só sabia que odiava ficar doente, odiava a sensação de desconforto em seu corpo ou que tivesse que ficar deitado na cama sem poder fazer nada a respeito. Mas pior ainda era ficar doente e sozinho.

Percy estava deitado em seu sofá assistindo qualquer coisa na televisão enrolado em três cobertores, mas ele ainda sentia frio. Seu nariz escorria e sua cabeça estava prestes a explodir, isso sem contar os milhares de pontos doloridos ao longo de seu corpo. Cronos não foi capaz de me vencer, mas um simples resfriado esta quase me matando, Percy pensou tentando conter o espirro que lhe cortava o peito.

Após mas algumas horas de sofrimento, Percy ouviu a porta de seu apartamento abrir, o que só podia significar duas coisas: 1- monstros o estavam invadindo (o que Percy realmente esperava que não fosse por que ele não achava que pudesse se levantar do sofá) ou 2-

-Annabeth – disse Percy tentando fazer seu cérebro lento registrar a imagem da garota de longos cabelos loiros e pele clara que carregava uma sacola de supermercado.

-Você parece realmente mal - Ela diz com um pequeno sorriso e se afasta em direção a cozinha.

-O que você esta fazendo aqui? –Minha voz sai esganiçada, minha garganta dói.

-Sua mãe me ligou. - ela diz voltando para sala – Ela disse que você estava doente, mas que não poderia passar por aqui, ela não queria te deixar sozinho. – Ela se senta na ponta do sofá e eu coloco minha cabeça em seu colo. Seus dedos afagam meus cabelos o que é um alivio rápido para a dor.

-Eu nunca te vi doente - ela diz beijando minha testa.

-Eu nunca fico doente – digo apreciando o carinho, Annabeth não é exatamente o tipo de garota que demonstra sentimentos facilmente, mas é em momentos como esse que eu vejo o quanto ela realmente se importa. Ela dá uma risadinha baixa e muda o canal da televisão para algo estupidamente chato. Sinto meus olhos pesarem e adormeço com os dedos de Annabeth ainda em meus cabelos.

Acordo algumas horas mais tarde, me sinto melhor, mas meu nariz ainda esta escorrendo. Annabeth não esta mais comigo, ouço sons da cozinha, me levanto. Meu corpo dói em lugares impossíveis e eu me arrasto ate a cozinha. Annabeth esta parada na frente do fogão cozinhando algo que tem cheiro bom.

-O que você esta fazendo?- Ela pergunta estreitando os olhos para mim-Você devia estar descansando.  –Ela aponta para o sofá de um jeito mandona, eu abro um sorriso, Annabeth pode ser bem mandona quando quer. Eu volto para o sofá obediente e me aconchego nas almofadas. De fato eu me sinto realmente melhor apesar da dor em diversas partes do meu corpo. Acho que ficar doente não é tão ruim assim, especialmente se você tem alguém para cuidar de você.

Annabeth se senta no sofá de frente para mim, ela esta carregando uma vasilha de sopa fumegante. Minha boca se enche de saliva e meu estomago ronca, o cheiro da comida era maravilhoso. Então percebo que alem da sopa ela também esta segurando um pequeno comprimido.

-Eu não vou tomar isso. – digo olhando diretamente para o pequeno remédio.

-Ah vamos Percy- ela diz com uma voz calma – Não é remédio, é vitamina, você vai melhorar rápido se tomá-lo. – Ela diz esperançosamente.

-Eu vou melhorar sem tomar isso- Digo pressionado meus lábios com força para ela ver que não haveria nada que me fizesse engolir o comprimido. Ela revira os olhos para mim.

-Tome agora – diz em um tom irrevogável – Ou eu vou te largar aqui sozinho. – Ela levanta as sobrancelhas.

-Tudo bem- Digo contrariado e abro a boca, ela joga o comprimido na garganta e eu engulo com dificuldade.

-Viu? Não foi tão difícil assim. –Ela abaixa a cabeça e beija meus lábios levemente em um beijo casto. Eu suspiro, ela tem razão, nada é difícil demais se você tem uma recompensa como essa.

-Aqui – ela estende uma colher de sopa em minha direção e eu abro um sorriso com a imagem de uma das garotas mais difíceis de conquistar no mundo se abaixando para me dar comida na boca. –Se você comer tudo vou te dar um premio. – Ela sorri para mim.

-Um premio hã?– Eu digo ainda apreciando o gosto da sopa, Annabeth, por mais estranho que pareça, era realmente uma ótima cozinheira.

-Sim, mas é surpresa - Ela pisca misteriosamente para mim. Solto uma risadinha e engulo mais uma colherada de sopa.

Após engolir toda a tigela de sopa, Annabeth voltou na cozinha para buscar minha surpresa. Eu me sentia praticamente novo, mas ainda não conseguia controlar a tosse constante. Annabeth entrou na sala outra vez e me puxou para o quarto para que eu pudesse descansar melhor. Ela se sentou ao meu lado e com um sorrisinho me entregou um pacote de jujubas azuis. Abri um sorriso em sua direção, era engraçado como ela era cuidadosa, eu estava mais acostumado com a Annabeth que lutava com monstros, mas desde que começamos há namorar alguns anos atrás venho descobrindo outros lados dela que eu não sabia existir.

-Posso trocar minha surpresa por um beijo? – Perguntei em um tom brincalhão. Ela revirou os olhos, mas me beijou calmamente.

-Se eu soubesse que ficar doente iria fazer as coisas tão mais fáceis para mim, teria feito isso antes. –Ela joga a cabeça para traz em uma risada gostosa. Eu gosto desse som.

-Essa é uma situação especial cabeça de algas, mas não se acostume- ela pisca para mim e me dá um beijo estalado na bochecha. –Você fica uma gracinha com o nariz vermelho. – Solto uma risada que logo se transforma em tosse. Annabeth franze as sobrancelhas a acaricia meus cabelos.

-–Porque você não dorme um pouco?- ela pergunta me abraçando. Percy assente levemente, não seria muito difícil para ele dormir nos braços de Annabeth, sabendo que ela estaria ali quando ele acordasse.