Matemática Do Amor escrita por Lady Salvatore


Capítulo 47
- Páginas da vida.


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, sei que vocês devem tá querendo me matar eu sei. Bom eu fiz um hiatos pra copa, não sei se vocês viram, era que durante o mundial não tinha condições de postar então fiz esse hiatos, desculpem por não avisar não tive tempo. Tanto que fazia séculos que eu não entrava aqui, quem me segue no twitter sabe que nem lá eu tava entrando, voltei esses dias. Se alguém me fez uma recomendação, juro que a agradeço no próximo capítulo porque ainda não tive tempo de me atualizar em nada, mas assim que eu voltar ao meu normal juro que escrevo meus agradecimentos.



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Embora o tempo que ali ficou fosse curto, as memórias que tinha eram longas o bastante para sentir saudade, e Damon era o tipo de pessoa que sentia saudades de tudo que o passado guardava. Afinal, o futuro para ele ficava pior cada dia mais. Passou a grossa fita pela caixa que julgou ser a ultima. Era. Não ia levar muitas coisas, também não possuía muitas coisas e ao mesmo tempo, deixaria muitas coisas.

Não houve momento para organizar, simplesmente viu-se empacotando o que encontrava a seu alcance de modo frenético. Provavelmente só tomaria conhecimento do conteúdo das caixas quando as desempacotasse.

– Terminei. – Anunciou cansado, para Isobel que observava tudo na soleira da porta aberta.

Ela não escondia sua reprovação com a decisão dele.

– Já que é isso que você quer. Não posso fazer mais nada pra te convencer do contrário.

Damon preferiu não responder. Apenas o ato de pensar ou ter que alongar sua mentira para Isobel, já lhe era incomodo. Além do que, sua disposição não era das melhores; Passou a noite inteira pensando na sua ‘’ conversa’’ com Elena, o que deu impulso a outros pensamentos nada agradáveis.

Resumindo: Não dormiu o suficiente. Ao menos não para ter de ser sobrecarregado por mais pesos.

– Quer que eu te ajude com as caixas? – Isobel perguntou, tentando pôr um fim naquele silêncio. Não queria que ele fosse embora sem as coisas entre os dois estarem bem.

– Não precisa. Eu levo tudo... E obrigada por me deixar usar seu carro pra levar as caixas. No meu não caberia nem metade. – Disse acanho.

– Que isso... – Riu envergonhada, em direção ao chão. – É o mínimo que eu posso fazer... E você sabe disso.

– Os carros já estão lá fora?

Isobel assentiu, um pouco sem entender a razão pelo qual ele desviou tanto o assunto.

– Já. Eu já estacionei os dois, só falta ir mesmo.

Ir... Aquela palavra pesou no consciente de Damon. Caindo assim a ficha de que aquilo estava realmente acontecendo. Respirou profundamente e deu uma ultima olhada a volta. Infelizmente estava tudo certo. Talvez se houvesse uma sensação dizendo que algo estava faltando, poderia ficar mais. Só que nem assim a sorte estava jogando ao seu favor.

Por insistência de Isobel, Jeremy o ajudou há pelo menos levar as caixas mais leves, para o carro da mulher, que por ser maior acomodaria tudo sem grandes empecilhos. Ric ligara avisando que estava à espera na frente do prédio junto com Connor, para assim tudo caminhar mais rápido. De todos Alaric era o mais ansioso com a mudança; Damon costumava dizer que Ric inconscientemente achava que é um super-herói, no qual sua única e exclusiva missão é manter o melhor amigo longe de intrigas e problemas, e Elena significava muitas intrigas e muitos problemas.

–Em qual carro você vai Jeremy? – Perguntou Damon ao terminarem de embarcar as caixas ao automóvel.

Ele deu os ombros.

– Tanto faz. Pode ser qualquer um.

– É melhor ele ir com você no seu carro, Damon. – Isobel sugeriu. – O meu já tá praticamente lotado pelas caixas e eu ainda vou ter que dirigir.

Receoso, Damon achou melhor consulta-lo.

– Tudo bem pra você, Jeremy?

– Tranquilo. – Disse simplesmente. Caminhando logo em seguida para a porta do banco de passageiro.

Jeremy era sempre tão calado e tão reservado que Damon não possuía a menor ideia se o garoto nutria ódio por ele ou não, e uma situação desagradável entre os dois sozinhos no carro era o tipo de coisa que Damon queria evitar, sendo seu ultimo dia ali.

– Tudo pronto? – Isobel perguntou em voz alta, retirando Damon de dentro de seus pensamentos.

Pensava onde Elena estaria naquele momento.

Balançou a cabeça, desejando um balde de água fria para jogar em si mesmo. Como não tinha um próximo, a solução era simplesmente não pensar.

– Prontíssimo. – Fingiu seu entusiasmo e adentrou ao carro partindo a frente do de Isobel, que o seguia por não saber onde era o prédio.

Por mais que o silencio posto ali dentro não fosse constrangedor, afinal Jeremy não era de falar, ainda sim era incomodo para Damon. Precisava falar, precisava de uma voz o empurrando para fora de si mesmo. Ligou o rádio. Mas nada de estação country, era perigoso demais. O ápice de uma guitarra soava alguns números à frente, onde uma batida forte do Iron Maiden se executava.

– Adoro essa música. – Exclamou Jeremy; Suas primeiras e únicas palavras durante todo o trajeto.

– Eu também. – Mentiu, mal conhecia aquela canção. Ao menos era mais do que o suficiente para distraí-lo. Agradeceu mentalmente ao avistar os dois homens a frente do prédio, como combinado. Estacionou o veículo e Isobel fez o mesmo logo atrás. – Chegamos. – Proferiu para Jeremy, enquanto ambos retiravam seus cintos.

– Veio tudo nesses dois carros? – Inquiriu Connor.

– Não... Só no outro mesmo. Não trouxe muita coisa.

A testa de Alaric franziu-se ao perceber a presença de Jeremy ali.

– Veio ajudar garoto? – Disse para o adolescente, que de imediato ficou tímido.

– Quanto mais gente, mais rápido. – Damon respondeu por ele, percebendo a inquietude do menino.

Ao fim, Isobel também ofereceu sua ajuda e em pouco tempo as caixas se transportaram para a sala do apartamento de Ric. Quanto tudo acabou, a mente de Damon se comprimiu, ativando contra a parede todo seu pensamento racional. Por pouco não desistiu de tudo, mas ao ver que era muito tarde cedeu ao que já estava feito.

– Bom... Tá entregue. – Sussurrou Isobel ao terminarem. Olhou lentamente em volta, carregando a melancolia em si. Damon percebia sua tristeza, não só por conhecer a mulher, mas também por partilhar do mesmo sentimento. – Seu carro vai ficar lá embaixo mesmo? – Perguntou.

Damon pensou um pouco antes de responder.

– O Ric disse que conseguiu uma vaga pra mim no estacionamento do prédio. Pode ir tranquila, vou ficar bem agora.

– Ok então. – Um sorriso tristonho brotou-se nos lábios dela, numa tentativa de camuflar sua angústia. – Vem Jeremy. – Estendeu a mão para o filho, que a apanhou pouco depois.

Connor aproveitou a ida dos dois para se retirar também, a sensação fúnebre do ambiente diminuiu com a saída de Isobel. Ainda sim, não se cessou por completo, pois Damon também se sentia como ela.

Dirigiu-se, sem muita coragem, até a janela. Onde assistiu o carro dela partir em volta para o lugar na onde Damon tanto queria continuar.

Tinha plena consciência do desejo do amigo de vê-lo fora do mesmo teto de Isobel, para que assim os riscos de uma possível volta com Elena diminuíssem por completo com a falta da convivência. Damon só não imaginaria que a vontade de Alaric fosse tanta; Todas as vezes que dormira naquela casa, que foram diversas. Era posto a mercê de um duro sofá-cama que havia na sala. O apartamento, apesar de possuir dois quartos, o segundo se mantinha completamente ocupado por bugigangas que Alaric acumulou ao longo dos anos, numa bagunça amedrontadora.

E hoje... O mesmo quarto estava limpo, organizado e com todos os requisitos necessários para que Damon possuísse conforto e privacidade.

– Nossa. – Damon sussurrou em choque e ironia. Observou o amigo ao lado que mantinha a pose de desentendido. – Se eu soubesse que você me queria tanto assim fora de lá, teria pedido um carro novo em troca.

Damon analisou o quarto outra vez. Sorriu internamente. Cada centímetro bem organizado que havia ali representava de certa forma, a cautela e preocupação que o amigo tinha com ele. Algo que nem seus próprios pais continham.

Envergonhado, Ric encarava os próprios pés.

– É melhor a gente... Desempacotar suas coisas e arrumar tudo logo. – Disse tímido. A expressão de Damon com um sorriso torto debochando da embaraço, ao admitir que sim, se preocupava com ele. – A Meredith vai chegar do hospital e ela não gosta de bagunça, você sabe.

Damon cobriu a boca com as mãos, esforçando-se para segurar a gargalhada.

Em concordância, os dois se dirigiram de volta para a sala onde as caixas se mantinham. Damon não calou o sorriso do rosto, e assim como ele a postura acanhada do amigo também não sumiu.

Conseguiram terminar tudo até o fim da tarde.

–--x---

Duas semanas depois.

Num lento compasso, Damon dirigiu-se para fora da arquibancada, apertando o livro contra o peito. Estava receoso em fazer ou não, e no fundo tinha medo que fosse apenas uma desculpa para simplesmente falar com ela. O que era ridículo levando em conta o fato de que se encontravam todo dia numa sala de aula.

Fora de lá, era que tudo mudava.

Num dia raro de sol alto e quente, o time de futebol americano treinava no meio do campo, e as lideres de torcida ensaiavam numa das laterais.

Esperou que Elena saísse para ir ao banheiro, beber água ou qualquer coisa para poder fazer o que tinha que fazer. Era simples.

Somente quando o tal ato aconteceu, foi que ele percebeu que não era tão simples assim.

Flashback On. - Duas semanas antes.

Disse para Alaric que já poderia ir. Consegui ver que ele estava cansado e faltava só mais uma caixa; Uma caixa bem pequena e leve onde deveria ter no máximo alguns objetos banais de uso pessoal. Tanto quanto ele queria terminar logo com aquilo e me por em baixo de uma água quente e dormi até a hora do jantar. Soltei um demorado bocejo onde pude medir o tamanho do meu cansaço e de meu sono.

Para que nada se prolongasse mais do que devesse, alcancei a barra do durex numa das laterais da caixa de papelão, puxando-o sem fazer muita força. Arrependi-me assim que a caixa se abriu; Talvez se tivesse posto algum tipo de esforço para fora, o impacto perante o que meus olhos encaravam pudessem ser menores. Ali. Em cima a um pequeno emaranhado de roupas repousava o caderno no qual Elena havia me emprestado que nunca devolvi; O caderno de desenhos no qual ela me confidenciou esboços do talento e criatividade que tinha em si.

Mesmo que hesitante, como de costume a minha personalidade, o impulso me venceu. Apanhei o caderno abrindo-o novamente. Era como se encontrasse a visão, a identidade da Elena em cada traço feito em cada folha. Gostaria de saber a razão pelo qual ela não conseguia enxergar isso.

A ideia de ter aquilo em meu poder, mesmo que já estivesse há tanto tempo, não me parecia certa. Terminei de revirar as folhas por ao menos outras cinco vezes mais; Aquilo tinha de voltar para sua dona, tinha que pertencer e manter-se nas mãos de quem pudesse preenchê-lo e descarregar seu talento com toda maestria que eu sei que Elena consegue.

Não sei quando a coragem me visitará para que assim eu possa conseguir lhe entregar esse caderno, mas farei isso por ela. Ali dentro, eu também havia posto o desenho que ela havia feito de mim logo no inicio do namoro dando-me de presente; Retirei-o dali pondo na gaveta mais próxima de meu alcance, guardaria aquela sequela como prova do que aconteceu entre nós, provas além de lembranças nos quais não se é mais possíveis reviverem, como costumávamos fazer tantas vezes.

Guardei o caderno em minha pasta de trabalho, onde assim poderei obter quando a coragem chegar, em algum momento em que eu estiver perto dela de novo.

–--x---

Ignorou a vontade de correr para longe. Apertou o caderno para ainda mais próximo de seu peito, para que ela não percebesse o quanto ele saltava em nervosismo. Olhou em volta certificando de que não tinha ninguém por perto; Havia alguns segundos desde que Elena adentrou ao vestiário. A ideia era para-la no caminho e não ter que esperar pela mesma na porta em plenos corredores escolares, só que o medo havia falado mais alto.

O impulso de corre gritou com estridência ao ouvir o barulho da maçaneta e a observá-la ser girada, segundos depois. Correria se não sentisse que seus pés estavam colados ao chão, mais acima havia seus joelhos que tremiam como se seus ossos fossem chocalhos para bebês. Ou seja, mesmo que conseguisse se mexer, cairia a poucos passos de onde estava.

Era como se o mesmo acontecesse com Elena quando o encontrou parado em sua frente, logo ao abrir a porta. A primeira coisa a paralisar foram seus olhos, seguidos também pelos pés e por fim o total de seu rosto, onde o queixo se entreabriu alguns centímetros antes de congelar-se, dando mais perplexidade a sua expressão.

A única coisa que se mantinha em total movimento em ambos eram a mente, que a todo o momento bombeava o sentimento de nervosismo para todas as células do corpo de cada um.

Quando seus sentidos foram recuperados, os olhos de Elena atraíram-se para o objeto nas mãos do rapaz. Reconheceu o caderno no mesmo momento; Entendendo assim, sem precisar de explicações, o motivo por ele estar ali.

– Oi. – Murmurou tímida, ainda atônita. – Não esperava... Você aqui.

Damon sorriu acanho, sem mostrar os dentes.

–É. Eu... Tava esperando você sair.

– Como sabia que eu tava no vestiário? – Perguntou confusa.

Damon pensou antes de responder; Hesitou. Procurando uma maneira de dizer que estava a vigiando e que depois a seguiu, sem que isso parecesse assustadoramente desesperado.

– Fiquei... Observando o seu treino, esperando que acabasse pra poder falar, mas ai você veio ao banheiro e achei melhor... Que eu esperasse e falasse de uma vez. – Disse finalmente, após alguns gaguejos iniciais.

– Ou seja, tava me seguindo. – Um sorriso satisfatório brotou nos lábios de Elena ao concluir aquela sentença. Silêncio; Domando pela vergonha, Damon não se atreveu a dizer nada perante a expressão orgulhosa dela por tal cena, por ver que ele a observava de longe contando os segundos, com avidez, para que pudessem falar. Prevenindo a vinda de um possível constrangimento, Elena preferiu por adiantar o assunto, levando os olhos de volta ao objeto nas mãos dele. – Reconheço esse caderno. – Falou. – É o que eu to pensando que é?

Ele só respondeu após respirar fundo.

– Sim, é ele. Encontrei enquanto desempacotava as minhas coisas. Nem sei como eu cheguei a leva-lo, devia tá com muita pressa pra não ter percebido.

– Eu entendo. Você realmente tava com muita pressa pra sair de lá. – Sugeriu irônica. Damon revirou os olhos rapidamente. Sabia o que ela estava almejando, mas para não provocar nenhuma possível discussão Elena mudou o assunto outra vez. – E como vai à casa nova? – Questionou mais educada.

– Vai bem... Morar com o melhor amigo e a namorada dele na nossa idade é como um dormitório de universidade pra uma turma de trintões. É ótimo e rejuvenesce os três. – Sorriu em humor.

Elena também sorriu.

– Eu imagino a bagunça. – Sua voz assumiu um tom sério de repente. – Mas eu espero, de verdade, que... Você esteja feliz... E que seja feliz, principalmente.

Como se pedisse um amém pelas palavras dela, Damon encarou o teto, passeando os dedos pelas extensões do caderno em seu peito. Não estava mais tão nervoso quanto antes, e ela também não; Sentia que ambos estavam adiando a entrega daquele caderno para que ficassem mais tempo ali, mas era necessário que fosse embora e entregasse a possibilidade de terem um momento como àquele para o destino.

– Eu quero o mesmo pra você. –Desejou com sinceridade. Houve uma breve pausa, interrompida pelas mãos dele, afastando o caderno de seu peito, de modo que esticasse em direção a ela. – Eu... Como eu falei, encontrei isso quando desfiz as minhas coisas e espero realmente que esse caderno e eu não sejamos os únicos expectadores a verem o conteúdo que tem aí dentro. – Disse confiante, enquanto entregava a ela o objeto – Acredite é muito bom e merece ser visto.

– Obrigada. – Elena sussurrou, apoiando uma mão nas costas do caderno, desenrolando com a outra palma, o pequeno nó que impedia de abri-lo.

– Não. – Ele interrompeu afoito, ao ver o que ela iria fazer.

O cenho de Elena se franziu.

– O que foi? Porque não posso abrir? – Indagou confusa.

Damon achou melhor que dissesse a verdade, ela logo iria saber e se inventasse desculpas acabaria abrindo em frente a ele.

– Bom eu... – Começou inseguro. Limpou a garganta aprumando a voz. –... Eu... Na primeira página, que tava em branco, eu escrevi um texto pra você. Como uma dedicatória, sabe? Quero que você leia, mas... Que seja quando você tiver sozinha, quando eu e nem ninguém tiver perto. Tudo bem pra você assim?

Mesmo que com a curiosidade a invadindo por completo, Elena achou plausível que acatasse com o pedido dele. Era o mínimo que podia fazer. Era mais que amor, era também respeito.

– Eu espero. Não se preocupe.

Em silêncio ele assentiu agradecido, ainda sem evaporar aquela costumeira timidez de si.

– É melhor eu ir. – Encarava o chão. – Você deve ter muita coisa pra fazer e eu também.

– É. – Murmurou Elena, quase que inaudível. Não queria que ele fosse. – Damon. – Chamou-o, quando o mesmo já estava a ponto de se virar para ir.

Ele girou o corpo de volta para frente dela em imediato ao chamado da garota.

– Sim? – Disse ele, surpreso.

A voz de Elena falhou em principio, temia que ele não gostasse do que iria perguntar.

– Você se mudou tem... Acho que umas duas semanas se eu não me engano. Porque me entregou isso agora? Só terminou de desempacotar suas coisas esses dias... Ou... Tem algum outro motivo?

O tom esperançoso de Elena em sua ultima frase, derrubou por completo o orgulho dele ou qualquer vestígio da ideia de fingir uma indiferença. Mesmo ele não sendo bom em mentir, ali estava uma desculpa perfeitamente convincente. Era fácil, tinha apenas de dizer: ‘’ Terminei só esses dias, fiquei muito ocupado com o trabalho que só agora deu tempo pra arrumar tudo. ‘’ Afinal, mudanças são estressantes e a profissão é prioridade. Uma desculpa perfeita na qual a própria o entregou de bandeja, mas aí estava. Não queria mais mentir para ela; Não tinha razão para isso, nem muito menos para esconder o seu amor.

– Não, você tá certa. Tem duas semanas que eu me mudei. – Respondeu de modo tranquilo, Não estava nervoso em dizer a verdade, o que sentia não era mais segredo. Ao menos, não para Elena e para ele próprio. – Eu levei muita pouca coisa então... No primeiro dia de mudança eu já tinha desempacotado tudo e deixado as coisas organizadas. Encontrei o caderno no dia que eu fui embora.

Houve uma longa pausa, Elena ao mesmo tempo em que assimilava as palavras dele também tentava dar freios a seus pensamentos. Parar as ideias e os sorrisos internos de satisfação, mas mesmo assim nada foi forte o suficiente para conter sua vontade de ouvir. Seu suplicio para que ele demonstrasse que a amava para que ela pudesse continuar vivendo.

– Então...? – Falou, sugerindo que ele continuasse. – Porque não me devolveu antes?

Damon fechou os olhos por longos segundos, antes de respondê-la.

– Pelos... Pelos problemas típicos de mim. Medo. Falta de coragem, covardia de sobra... O normal.

– Damon... – Ela disse em consolo, mas foi interrompida.

– Não, não continua. – Pediu educadamente. Não queria palavras positivas, que com toda certeza soariam falsas para si; Estava cansado de ser digno somente de pena. – É inútil, é perda de tempo seu. Já te disse isso antes. Várias e várias vezes.

Elena optou por fazer o que ele pediu. Ficou em silêncio, observando-o ir embora.

– É melhor eu ir. – Foi a ultima coisa que disse antes que seguisse corredor a fundo.

Ignorando outra vez a curiosidade em ler a tal mensagem em seu caderno, Elena foi fiel ao que prometeu a ele. Adentrou novamente ao vestiário em direção a sua mochila, onde o guardou. Olhou o relógio, preso na parede, calculando os quinze minutos que faltavam para o fim do treino, onde poderia ir, finalmente, embora.

–--x---

Mesmo não estando exatamente sozinha, Elena sentia que estava pronta para satisfazer sua vontade de saber o que ele havia escrito. Mesmo que fosse um ‘’obrigado por me emprestar’’ ou algo do tipo, valeria a pena simplesmente por ele ter se dada ao trabalho de lhe escrever um agradecimento.

Sua mãe havia ligado na hora da saída informando que não havia almoço em casa, pois o consultório estava muito cheio e não tinha tempo de voltar e fazer alguma coisa. Além do que, ainda não tinha feito compras, por isso não havia o que ser preparado.

Estavam adiantados em relação ao horário de almoço do estabelecimento, por isso o grill ainda não estava lotado. Além dela e seus irmãos, outras dez pessoas no máximo, com exceção dos funcionários, estavam ali.

– Tudo bem se eu não me sentar na mesma mesa que vocês? – Perguntou Elena a seus irmãos.

April deu os ombros.

– Por mim tudo bem.

– Mas você ainda vai pagar pra gente, não é? – Indagou Jeremy de maneira sugestiva.

Elena revirou os olhos.

– Vou Jeremy. Vou pagar pra vocês.

– Então pra mim tudo bem. – Ele sorriu, seguindo para uma mesa longe da qual Elena havia escolhido para si.

Interesseiro. Pensou ela, sentando-se na cadeira em seu lado. Pensou se faria isso mesmo, naquele minuto; Se acabaria com aquela curiosidade que estava a matando por dentro. A presença do garçom vindo em direção de sua mesa contribuiu para que adiasse um pouco mais o que tanto queria.

– Já vai pedir? – Perguntou ele.

Elena pensou um pouco antes de responder. Caso pedisse, teria de esperar até o fim de seu almoço para abrir aquele caderno. Não, não podia esperar mais.

– Daqui a quinze minutos... Você volta? Ainda não decidi o que eu quero.

Sem contrariedades, o moço afastou-se caminhando para outra mesa. A mochila apoiada no pé de uma das cadeiras seguiu para as mãos apressadas de Elena. Numa forte puxada, afastou o zíper para trás abrindo-a, tendo em poucos segundos o caderno em suas mãos.

Relembrou o encontro que tiveram mais cedo. A maneira como ele falava, tão tímido e nervoso, sem olha-la nos olhos. As palavras trocadas eram tão intimas quanto distantes e casuais. Tal linha tênue que só era possível de existir quando estavam juntos, frente a frente.

Já mais calma, abriu o caderno na primeira folha onde ele disse que ali estaria seu recado. O papel antes em vazio, agora se tomava por uma série de letras escritas em azul; Conseguia ver alguns trêmulos em certas sílabas, ele certamente estava nervoso ao lhe escrever aquilo.

O talento é uma dádiva entregue a poucos. Os antigos dizem que só se dá talento, a quem no futuro saberá como usá-lo; E tenho a total certeza de que você saberá usufruir o que lhe foi dado, pois você Elena mais do que ninguém que eu conheça não nasceu para ser coadjuvante ou antagonista. Não nasceu para aplaudir, e sim para ser aplaudida. Não nasceu para ficar a direita nem a esquerda do holofote, e sim no centro dele.

Não fuja do que lhe foi destinado, ou pior, não fuja daquilo que você AMA fazer. Isso para os fracos, para os medrosos e para os medíocres. Nunca duvide do destino de vencedora que lhe aguarda com tanto êxito.

Boa sorte. Com carinho, Damon.


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Notas finais do capítulo

Gente, meu plano pra esse capítulo era diferente. Ele era bem maior, e após a Elena ler esse bilhete ela iria fazer uma coisa para agradecer o Damon e retribuir o que ele escreveu. Só que essa coisa que ela vai fazer, tem um certo peso na história, bastante drama, um dialogo enorme e bastante emocionante ( TO DANDO SPOILER). Só que ficaria enorme, e perfeccionista como eu sou, demoraria dias pra escrever e eu sei como vocês devem tá ansiosos esperando q eu postasse logo o próximo capítulo, então decidi adiar isso que ela vai fazer para o próximo q eu postar semana que vem.
Ou seja, estou dando esse capítulo e adiantando um spoiler pra vocês, o que eu normalmente não faço. Eu quase nunca dou spoiler, então aproveitem que isso n acontece duas vezes kkkk
Até semana que vem meninas.