Mikayla ficou olhando para a mão do Rei Brady, tentando fazer sua mente funcionar.

O Rei Brady sorri radiante. Kayla está grudada nele, como um carrapato, mais ele não parecia se importar de carregá-la. Kayla começa a tagalerar, contando para ele tudo que aconteceu, e explicando porque ela e Mikayla estavam ali. Ele ficou muito surpreso com o que ouviu, mais ainda assim mantinha o sorriso.

— Que troço esquisito é esse na sua cara? — diz Kayla brincando com a barba do Rei Brady.

— Minha barba finalmente cresceu, estou preso neste labirinto a tanto tempo, que cansei de apará-la. — diz Rei Brady.

— Por que você ficou preso aqui pai? — diz Kayla.

— Eu não conseguia derrotar o dragão... — diz Rei Brady uma sombra passando por seu rosto. — Eu precisava matá-lo para ir para o terceiro desafio.

— Mais como pode o dragão ser o seu medo? — diz Mikayla recuperando a voz, era como se sua boca estivesse cheia de areia. — O dragão era o meu pesadelo.

— É uma história engraçada — diz Rei Brady. — Alguns anos atrás eu fiz... Ãh... Eu cometi um erro e você ficou muito brava, como punição você me contou o poema de Kunu Nemanu. A partir daquele dia o dragão passou a ser meu pesadelo também. O motivo por eu não vencer o labirinto durante toda a eternidade que eu estou aqui, agora é claro, eu não podia vencer o dragão sozinho... Porque ele era o nosso medo.

Mikayla estendeu a mão e Rei Brady a levantou, ela reparou que o rei usava uma aliança de ouro.

— Eu venci a mamãe em um duelo de facões, pai! — diz Kayla sem perceber que estava mudando de assunto.

— Não conte isso para ninguém, ouviu? — diz Rei Brady com ar conspiratório. — Porque eu apostei 100 pratas com o Boomer, que você perderia. Desculpe Kay, eu sempre oposto na Mikayla.

Rei Brady da uma piscadela para Kayla, e se vira para Mikayla.

— Você está ferida? — diz Rei Brady preocupado.

— Não, eu estou bem. — diz Mikayla o encarando chocada.

— Vamos andando então. — diz Rei Brady colocando Kayla no chão, e desentortando a coluna. — Andou comendo chumbo, igual sua mãe, Kay?

O trio começou a seguir em frente.

— Antes de mais nada — diz Rei Brady com um ar culpado. — Não posso te responder nada sobre o futuro, você já viu o suficiente para explodir sua mente.

— Assim é até melhor. — diz Mikayla, ficando um pouco chateada, porque milhões de perguntas pairavam sobre sua cabeça.

Eles passam diante do corpo contorcido do dragão.

— Eu só posso levar você até o seu grupo — diz Rei Brady. — A partir daí eu e Kayla vamos embora.

— O que? — dizem Kayla e Mikayla surpresas.

— Eu e nossa filha...

— Essa frase, ainda soa muito estranha sabia? — diz Mikayla.

— Eu sei... Na verdade eu não sei — diz Rei Brady. — Mais eu e Kay voltaremos para o limbo e aguardaremos vocês resolverem tudo, enquanto comemos toda a pipoca daquela, velha bonita... Ah sim, eu vou fazer aquela Lady Caverna se arrepender de ter rido ao saber que eu já dancei balé. Ok, finjam que eu não contei um segredo meu para vocês, tá bom?

— Ok — dizem Kayla e Mikayla revirando os olhos.

Eles continuam caminhando lado a lado, por cerca de uma hora, conversando sobre trivialidades, quando de repente os cânions terminam dando em um enorme deserto de areia.

— E aqui nós nos separamos. — diz Rei Brady apontando para um grupo de pessoas a mais de cem metros de distância, do outro lado do paredão. — Lá está o meu outro eu bonitão, e o resto do grupo. Se despeça da sua mãe Kay...

Kayla ficou parada olhando para o grupo a distância.

— Agora não pai... — diz Kayla séria. — Preciso pelo menos me despedir deles, eles foram meus melhores amigos quando eu precisei... Não posso deixá-los sem uma explicação.

— Tudo bem — diz Rei Brady com um sorriso triste. — Pode ir lá se despedir deles, eu esperarei aqui.

Rei Brady se virou para Mikayla.

— Foi bom ver você de novo — diz Rei Brady dando um abraço nela, os olhos negros brilhando. — É muito bom ver sua face assim lizinha, sem rugas.

— Pena que eu não possa dizer o mesmo. — diz Mikayla rindo. — E eu não vou te beijar enquanto não cortar essa barba.

— Não se preocupe, se vocês vencerem Lanne'Ara, eu farei questão de nunca deixar a barba crescer. Dê um abraço no Boomer, no Boz, no Mason, no Lanny e um tapinha no meu traseiro tá bom?

— Certo. — diz Mikayla respirando fundo.

— Eu não estou chorando. — diz Rei Brady lágrimas caindo. — Isso é suor...

— É você quem está dizendo... Vamos Kayla — diz Mikayla oferecendo a mão para a filha. — Adeus Brady do futuro...

— Adeus Mikayla do passado... E haja o que houver nunca deixe eu convidar ninjas para o casamento do Boomer, por favor esqueça o que eu acabei de dizer.

Mikayla ri, enquanto se distância de Brady... O Rei de Outrora que viria a ser.