Três Reis Contra O Tempo escrita por Lord Iraferre


Capítulo 42
O Último Confronto




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Um grande paredão de rocha afastava Mikayla e Kayla do resto do grupo. As garotas já estavam caminhando a cerca de uma hora desde a separação do grupo na fenda.

— Você acha que falta muito para nos reencontrarmos com eles? — diz Kayla preocupada. — Falta pouco mais de uma hora para anoitecer.

— Não se preocupe, depois que esse cânion terminar — diz Mikayla apontando para o horizonte. — Poderemos nos juntar a eles novamente, algo em torno de uma hora de caminhada... O lado positivo da situação é que não temos que ficar ouvindo idiotices, enquanto caminhamos.

— Por esse angulo. — diz Kayla dando de ombros, após um silêncio prossegue: — Quem eu estou tentando enganar? Eu quero estar perto deles, ouvindo idiotices!

— Eu também — diz Mikayla dando um sorriso culpado. — Não se preocupe, nós os encontraremos novamente, de qualquer maneira, vê aquela luz no horizonte?

— Aquela coluna brilhante, além do deserto? — diz Kayla forçando a vista.

— É — diz Mikayla. — Eu não tenho certeza, mais acredito que seja o fim do labirinto... O segundo desafio está terminando.

O rosto de Kayla ficou pesado, como se aquela fosse uma noticia ruim.

— O que foi? — diz Mikayla em tom meigo.

— Nada. — diz Kayla.

Mikayla não querendo pressionar a garota a falar algo que não queria, muda de assunto.

— Está quente hoje, não? — diz Mikayla tirando o suor da testa.

— É — diz Kayla, um silêncio desconfortável se estende entre as duas, Kayla enfim decide ariscar: — O que você faria se quisesse muito, dizer uma coisa para alguém, mais não pudesse, porque isso poderia causar algo terrível?

— Depende da importância do segredo. — diz Mikayla pensativa.

— Digamos hipoteticamente, que a pessoa número um, quer muito dizer que conhece a pessoa número dois, mais que não pode dizer isso porque senão tudo poderia ser alterado.

— Hipoteticamente? — diz Mikayla sorrindo.

— É, hipoteticamente. — diz Kayla olhando para o chão, aflita.

— E se hipoteticamente, essa pessoa número dois, sabe o segredo da pessoa numero um, desde o primeiro desafio?

Kayla olhou diretamente para Mikayla, os olhos arregalados de surpresa.

— Vo-Você sabe? — diz Kayla fungando.

— Hipoteticamente, sim. — diz Mikayla dando uma piscadela.

O único som era do vento levantando a poeira do chão. As duas continuam caminhando lado a lado.

— Eu te amo. — diz Kayla deixando uma lágrima cair. — Devia ter dito isso antes... Antes... De isso tudo acontecer.

— Oh Kayla. — diz Mikayla abraçando a menina com uma das mãos. — Não se culpe por algo que não pode mudar... Tudo vai voltar ao normal logo, logo. Ai você vai poder dizer para o meu eu certo, o quanto me ama, tá bom?

— Sim. — diz Kayla limpando as lágrimas com as mãos.

Um rugido feroz se espalhou pelo ar. Atrás delas uma enorme sombra se levantou no céu.

— Dragão! — diz Mikayla trincando os dentes, e segurando o machado com as duas mãos. — CORRA!!

As duas garotas começam a disparar o mais rápido possível. O dragão cospe uma enorme bola de fogo, que acertando o paredão, lança para todos os lados pedras e fumaça negra.

Mikayla e Kayla buscam abrigo diante das falhas do cânion. O dragão então desce em um rasante feroz, pronto para abocanhar as duas garotas de uma única vez.

— Continue correndo! — diz Mikayla empurrando Kayla para frente.

— O que...?

Mikayla para de correr e joga toda força para o machado, em um golpe que pega o dragão desprevenido, ela atinge a lateral da monstruosa boca. O dragão ferido rodopia no ar despenca caindo no chão, levantando uma enorme nuvem de terra.

Mikayla volta a correr e alcança Kayla, que havia aguardado por ela mais a frente. O dragão furioso se levanta e tenta lançar chamas sobre as duas, mais tudo o que sai de sua boca é um chiado. O ferimento o incapacitara de cuspir fogo.

— Genial! — diz Kayla para Mikayla, as duas correndo o máximo que podiam. — Você reparou o pescoço do dragão?

— Não — diz Mikayla, com o machado manchado de sangue negro nas mãos. — Estava mais preocupada com a bocarra dele.

— Ele tem... — diz Kayla arfante. — Ele tem um ponto fraco no pescoço, acho que é onde fica seu coração.

— Sério? — diz Mikayla impressionada. — Não havia reparado, obrigada Kayla.

Kayla sorriu em resposta.

O dragão ruge furiosamente e se lança ao céu, em um borrão escarlate. Tentando barrar o avanço das garotas, ele pousa na frente delas, com um brado triunfante.

Mikayla coloca Kayla atrás de si, e segura o machado com força.

O dragão lança uma patada em direção a Mikayla tentando rasgá-la, a jovem desvia do ataque por um triz, e revida com uma machadada. O dragão com a força das asas joga Mikayla no chão, e enrola a ponta da cauda no pescoço de Kayla, enforcando-a. A ira toma Mikayla que se lança a frente com o machado erguido, e com um único golpe, decepa a ponta da cauda do dragão. Kayla cai no chão tossindo.

Uivando de dor o dragão dá uma nova patada em Mikayla, dessa vez a acerta em cheio no peito. Todo o ar é tirado de Mikayla e ela é lançada cinco metros para longe. A guerreira rola no chão, e quando se levanta percebe que seu machado se partiu ao meio, sem uma arma para lutar, Mikayla fica desnorteada. Kayla se lança sobre ela, impedindo que ela fosse destroçada por uma mordida.

As duas se viram no chão encarando a morte, o dragão a frente delas infla o peito preparando seu último ataque, seus olhos vermelhos, profundos e brilhantes.

De repente das rochas surge um homem envolvido em uma capa preta, com um movimento veloz, o homem joga uma lança certeiramente no pescoço do dragão, acertando a pele frágil e perfurando o coração que havia por trás.

O dragão solta um novo chiado, surpreso tenta escapar voando, sem forças acerta o paredão e cai no chão levantando poeira, desta vez o dragão não se levanta, nem se mexe, pois está morto.

Mikayla segura Kayla sobre si, o coração batendo acelerado, tentando entender o que havia acontecido.

O homem no capuz negro dá uma gargalhada diante do corpo do dragão, e se vira para as garotas estendendo os braços.

— PAI!! — diz Kayla se lançando, desesperadamente, nos braços do homem. — PAI, PAI, PAI, PAIIIII!!!!

Ele a abraça com força e quando a solta, abaixa o capuz.

Mikayla mesmo sabendo da verdade, fica sem ar. O homem misterioso tinha marca de risos ao redor dos olhos, seu cabelo é comprido e chega aos ombros, no rosto havia uma barba negra e pontuda.

— É bom ver você Mikayla. — diz Rei Brady estendendo a ela uma mão suja e calejada, uma gargalhada escapando de seus lábios ao ver a expressão surpresa dela.


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