Três Reis Contra O Tempo escrita por Lord Iraferre


Capítulo 16
Perdidos Achados




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— Ok Pé Grande, o que faremos agora? — diz Boz se endireitando, seu corpo soltando estalos assustadores.

— Bem este é um dos jardins do círculo central — diz Mason afastando o restante da fumaça do bueiro com a mão. — Primeiro temos que fugir daqui, é quase improvável que ninguém tenha ouvido o barulho que fizemos. Temos que passar despercebidos até encontrarmos o relógio.

— Despercebidos? Não sei se reparou, mais acho que uma dupla de pessoas torradas, correndo por um palácio impecável, tem uma chance nula de passar despercebida. — diz Boz lambendo o braço e tentando tirar as manchas negras de fuligem, mais sem sucesso.

— Quanto a isso temos que ficar despertos é só esperarmos por dois guardas com mais ou menos o nosso tamanho e tomar a roupa deles. — diz Mason colocando uma mão no ombro de Boz.

— Sabe Mason podem falar o que quiserem de você, mais depois desse dia, nunca poderão te chamar de pessimista. — diz Boz.

Cinco minutos depois pelos corredores do palácio.

— Eu desisto! — diz Mason estendendo as mãos para o alto. — Nunca conseguiremos disfarces, seremos encontrados e mortos, tudo está perdido!

— Retiro tudo o que disse de você — diz Boz balançando a cabeça com desgosto. — Na verdade a partir de hoje nunca mais falo bem de você.

— E vai falar mal de mim para quem? Para a poeira de Kinkow? — diz Mason.

— Que tal para aqueles dois guardas que estão de vigia no fim do corredor? A roupa deles serviria muito bem na gente, já que eles parecem ter o nosso tamanho...

Boz fica em silêncio assim como Mason, impressionados, os guardas não olham para eles, pois estão virados, olhando para algo alem de uma grande janela de vitral aberta.

— Está pensando o mesmo do que eu? — diz Mason seu animo renovado.

— Se você estiver pensando em uma torta pós-café e pré-almoço sim. — diz Boz lambendo os lábios só de imaginar.

— Não. — diz Mason dando uma cotovelada em Boz e tirando ele de seu devaneio. — Temos que roubar a roupa daqueles guardas.

— Roubar é uma palavra muito feia...

— Tudo bem, vamos tomar emprestado, certo? — diz Mason duvidando da burrice do rei.

— É, assim é bem melhor. — diz Boz.

— Temos que arranjar um jeito de nocauteá-los de uma vez, não dando tempo para eles chamarem outros guardas — diz Mason entusiasmado. — Vamos fazer o seguinte...

Quando ele olha para o lado Boz não está mais lá, ao voltar a olhar para os guardas ele vê o rei correndo com movimentos de combate símios em direção aos dois guardas fazendo um barulho danado.

— Lá se vai a maldita discrição! — diz Mason correndo atrás de Boz.

Os guardas pegos de surpresa se viram para derrubar Boz, mais este se lança sobre o guarda maior semelhante ao Mason, se prendendo sobre suas costas. O guarda maior começa a se agitar tentando jogar Boz para longe, mais o rei persiste como um carrapato.

— Grande ideia meu rei! — diz Mason se aproximando, encorajando a ousadia de Boz.

O guarda maior se joga contra uma parede esmagando Boz.

— Uh, péssima ideia meu rei! — diz Mason.

Mais Boz continua preso as costas do grande guarda, e o outro guarda decide agir puxando seu facão elétrico, ele tenta acertar Boz mais acaba acertando o próprio parceiro. Desnorteado pelo choque o guarda maior tropeça nas próprias pernas e cai no chão nocauteado. O outro guarda tenta acertar Boz com o facão novamente, nesse momento aparece Mason e dá um único murro na cara do guarda nocauteando-o.

— Uf — diz Boz se levantando. — Essa foi por pouco.

— Se machucou majestade? — diz Mason preocupado.

— Fora o orgulho ferido e o xixi na calça, acho que estou bem — diz Boz mostrando uma enorme mancha cobrindo sua calça. — Mais não temos que nos preocupar com isso, já que vamos trocar de roupa com eles.

— Estranho, por que será que nenhum guarda veio ver o que está acontecendo aqui? — diz Mason arrastando o corpo do homem maior para um canto onde pudesse desenroupa-lo.

— Não sei e nem quero saber, basta aproveitar a sorte de cada dia. — diz Boz arrastando o seu com um sofrimento exagerado.

***

Enquanto trocam de roupas Boz e Mason escutam um grito ecoando pelo palácio.

— GUARDAS! GUARDAS! PEGUEM AQUELES DOIS LADRÕES! GUAAAAAARDAS!

De roupas trocadas com os guardas os dois escondem os corpos dentro de um armário de vassouras, amarrados com uma corda improvisada de panos de chão.

— Será que algum dos nossos foi capturado? — diz Boz se ajeitando nas roupas que lhe serviam muito bem.

— Não podemos nos preocupar com isso agora. — diz Mason. — Vamos direto para os achados e perdidos. Droga o peitoral está muito apertado.

— Ei olha só Pé Grande, tenho meu próprio facão elétrico, AAI! — diz Boz deixando o facão cair no chão, o dedo vermelho na boca.

— Me pergunto se trocar de roupas com os guardas foi um plano sensato. — diz Mason.

Com o animo renovado pela sorte repentina, a dupla segue atravessando o gigantesco palácio. Após alguns minutos de corrida, com leves paradas para descanso do rei Boz, eles se deparam com uma porta dupla fechada.

— Se eu estiver certo, atrás desta porta está os achados e perdidos. — diz Mason empurrando as portas com toda a sua força.

Com um estalo, as portas se abrem devagar, revelando uma enorme mesa de jantar.

— Mas que porcaria de memória você tem Pé Grande! Não ficaria impressionado se você se esquecesse do próprio nome! — diz Boz.

— Os achados e perdidos não deve estar muito longe, talvez atrás daquela porta? — diz Mason suando de vergonha.

Enquanto atravessam a enorme sala de jantar, Boz repara nas iguarias sobre a enorme mesa. Tudo naquele palácio era enorme e exagerado, como se quem morasse ali fosse uma família de gigantes e não uma super gata maníaca por poder. E com a mesa de jantar não era diferente, havia de tudo ali, de costeletas de porco a chocolate.

— Até que o seu plano de chegar aqui não foi uma perca de tempo total — diz Boz babando. — Faz muito tempo que não faço uma boquinha.

— Meu rei, não temos tempo para perder! — diz Mason se irritando.

— Qualé Mason! — diz Boz pegando um enorme bife da mesa e passando debaixo do nariz do chefe da guarda. – Vai dizer que não quer um pedacinho?

Mason começa a babar também, notando a suculência da mesa pela primeira vez.

— Pensando melhor, acho que uma boquinha para recuperar as energias não vai atrapalhar nossa busca.

Alguns minutos depois metade de todas as comidas tinha sido devorada. Mason e Boz se encontram em um canto da sala de jantar, tão estufados quanto uma bola de praia.

Boz tenta levar uma coxa de frango a boca, mais as dobras da gordura não permitem. E Mason bebia uma jarra de cinco litros de molho bojo de Cornea, sem interrupções, o liquido vazando pelas beiradas de sua boca.

— Essa com toda a certeza foi a melhor refeição da minha vida. — diz Boz ainda tentando comer a coxa. — Mas não tínhamos que ir a algum lugar?

— Essa não! Temos que achar os achados e perdidos! — diz Mason acordando do tupor.

Mas quando ambos tentam se levantar os quilos extras os impedem.

— Ok, ninguém vai poder dizer que não tentamos — diz Boz. — Agora, já que está com as mãos livres poderia colocar essa coxa de frango na minha boca?

— Rei Boz, se continuarmos aqui eles irão nos...

Neste momento as portas da sala de jantar são escancaradas.

— Eles estão aqui! — grita um guarda. — Pelo menos eu acho que são eles.

Em questão de segundos Mason e Boz são cercados por dezenas de guardas que apontam seus facões afiados e elétricos em direção a eles.

Mason engole em seco.

— Será que algum de vocês poderia me ajudar? — diz Boz. — Eu estou a meia hora tentando colocar essa coxa de frango na boca!


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