Três Reis Contra O Tempo escrita por Lord Iraferre


Capítulo 15
Túnel Fumegante




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— Esgotos, sério? — diz Boz enquanto suas pernas se afundam no lodaçal. — Esse foi o grande plano do chefe da guarda, para entrar no sinistro palácio do mal?

— Não é tão ruim assim — diz Mason tentando se justificar. — Alias não é muito diferente do cheiro do banheiro real.

— Hahaha, muito engraçado Mason — diz Boz irritado. — Eu diria que este local é agourento, se eu entendesse o que esta palavra significa. Alem do mais isso aqui fede mais do que dez banheiros reais de Squonks.

Mason não responde, porque, no fundo concorda com Boz, o cheiro ali era tão insuportável, que fez todas as memórias da privada real sendo esfregada, parecer um sonho pueril.

Eles caminham curvados pelos sombrios túneis abaixo da cidade, com uma corrente de água lodosa cheia de destroços de mais de meio metro de altura, os empurrando para trás. Nas mãos Mason traz uma tocha, a principio Boz estava carregando uma também, mais ele se queimou ao tentar lamber as chamas e a tocha se apagou caindo na água.

— Porque que estamos aqui mesmo? — diz Boz.

— Como lhe disse antes, estamos aqui porque no mapa dos esgotos que encontramos na entrada, mostrava que havia um bueiro que dava próximo aos achados e perdidos. Uma espécie de atalho para atravessar as muralhas e chegar direto ao palácio.

— Porque será que eu sinto que tudo isso vai terminar mal? — diz Boz, se desviando de algo que ele esperava que fosse um peixe.

— Não se preocupe demais Majestade — Mason suspira. — Tente não pensar muito, eu sei que não pensar é uma de suas maiores habilidades.

— Mason? — diz Boz, a voz preocupada.

— Sim?

— Acho que aquela caixa de cereais piscou para mim.

***

Eles continuam caminhando pelo túnel por mais alguns minutos, quando finalmente os dois param diante de uma bifurcação onde o túnel se dividia em dois novos caminhos.

— Ok, se aquele mapa estiver certo, o túnel da esquerda vai nos levar para uma escada e no fim encontraremos uma tampa de bueiro. — diz Mason.

— E se não estiver certo? — diz Boz.

— Eu vou na frente verificar o caminho — diz Mason ignorando a expressão apreensiva de Boz. - Fique aqui com a tocha, se for seguro eu volto e nós finalmente vamos sair deste fosso fedorento. E lembre-se isso é fogo não algodão doce.

— E se você não voltar? — diz Boz a voz tão fraca quanto suas pernas.

— Tchau, majestade. — diz Mason adentrando o túnel da esquerda e desaparecendo na escuridão.

Boz fecha os olhos e tenta contar os segundos, o que não dura muito porque ele não se lembrava qual número vinha depois do 19, ele tinha quase certeza de que era 30 mais não queria ariscar. Quando abre os olhos Boz nota que alguém se aproxima pelo túnel da direita.

— Mason, pensei que você tinha ido no túnel da esquerda. — diz Boz.

Somente o silêncio em resposta, dois olhos brilhantes o encarando.

— Mason?

Ainda o silêncio.

— Você não é o Mason não é? — diz Boz tremendo novamente.

Antes que o que quer que fosse pudesse responder, Boz dispara pelo túnel da esquerda gritando a plenos pulmões, até acertar uma rocha solida e quase cair de costa. Mason se vira para ele irritado.

— Pensei que havia dito para esperar na bifurcação. — sua voz grossa ecoa pelo túnel.

— Tinha alguma coisa...

— Tanto faz, achei a escada. — diz Mason apontando para um túnel que subia para cima, no topo dava pra ver uma luz entrando pelos feixes da tampa do bueiro. Havia uma escada em sua lateral, ela devia ter no mínimo uns trinta metros de altura. - Está sentindo esse cheiro esquisito?

— Não fui eu, tá legal. — diz Boz corando.

— Eu sei que não é você — diz Mason apaziguando a ira de Boz. — Esse cheiro é de metano, um gás que sai de coisas decompostas que é extremamente inflamável. Livre-se da tocha.

— Que tocha? — diz Boz olhando ao redor. — Eu deixei a tocha cair na água depois que eu te acertei pelas costas.

Mason e Boz se viram assustados, a tocha boiava na água mais seu fogo ainda permanecia acesso com uma cor azulada.

— Essa não vai explodir! Suba as escadas, rápido!

Mas quando Mason olha para o lado Boz não está lá, já esta subindo as escadas desesperadamente.

— Mais rápido Rei Boz, ou vamos virar churrasquinho de bueiro! — diz Mason alcançando Boz.

— Não consigo, minhas mãos foram feitas para o amor e para escalar árvores, não para escalar estúpidas escadas enferrujadas!

Antes de Mason formular uma resposta, ouve-se uma explosão lá embaixo, e uma massa de ar quente os lança para cima.

— AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!! — gritam os dois enquanto são lançados para fora do bueiro.

Logo depois eles caem no chão com um grande estrondo.

Arrebentado, chamuscado com uma fumaça saindo de seu corpo Boz diz:

— Nunca mais ouço os seus planos Pé-Grande! E eu que pensava que os planos do Brady eram ruins!

— Meu Rei tent... — diz Mason quando é obrigado a desviar da tampa de bueiro que cai do céu quase esmagando sua cabeça. — Tem razão, majestade, você tem toda razão! Por que será que eu continuo sentindo o cheiro de metano?

— Não é metano — diz Boz. — É que meu intestino fica solto quando eu fico nervoso.


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