Quem é o Pai da Minha Filha? escrita por Jessica_94


Capítulo 18
Conhecendo a si mesma


Notas iniciais do capítulo

Eu sinto muito pela demora, pessoal. Está aí o capitulo fresquinho.



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- Isto é um sonho... - Mônica dizia sem manter o foco em seus olhos, simplesmente continuava se balançando com as pernas junto ao corpo e com a cabeça apoiada no joelho. Tinha certeza que seu jeans estava encharcado de suas lágrimas, mas não se importou - Eu tenho de acordar.

- Você sabe que este "sonho" nunca irá lhe abandonar - a voz continuava a falar, fazendo Mônica parar de se balançar e se encolher ainda mais. Sem dar trégua, a voz parecia que não se importar com quanto Mônica estivesse fragilizada sentimentalmente, a voz continuaria atormentando - mesmo que você "acorde" este sonho ainda irá lhe perseguir.

- O que eu preciso fazer para isto parar? - não é que Mônica confiava na voz para lhe dar conselhos, mas a essa altura, ela aceitava qualquer válvula de escape.

- Nada, seu futuro está decidido.

- Qualquer coisa... - Mônica suplicou em um fiapo de voz, estava negociando com algo que a fez sofrer muito, seu sofrimento era tanto que nem raciocinava direito.

- Você está está implorando? - a voz dava gargalhadas de gozação. Mônica sentiu como se a voz lhe rondasse, e se espremeu contra a parede - logo você? A durona dona da rua?

- Por favor - se Mônica tivesse um espelho, se apavoraria com o próprio medo encontrado em seus olhos - eu não quero que isso aconteça comigo.

- Todo mundo não quer muita coisa, e quer outras. - a neblina retornou. Mônica não segurou o seu grito de terror ao notar que aquela neblina a levaria de volta para aquele pesadelo, mas nada disso aconteceu - Ninguém sabe o que realmente quer - a voz foi ficando cada vez mais nítida, menos arrastada e se aproximava ainda mais, enquanto a neblina ficava mais densa - mas negam o que quer, e afirmam quererem o que não querem - quando a neblina foi se dissipando, uma silhueta feminina foi se revelando, era a perfeita cópia de Mônica, e a legítima não gostou nada.

- Quem é você? - Mônica perguntou em rompante, se levantando coberta de fúria, sua força tinha retornada, e sua valentia mais ainda, se esquecendo do que aquela "coisa" tinha lhe feito - Porque se parece tanto comigo?

- Argh, você faz perguntas demais - a cópia balançou os cabelos curtos despreocupadamente, e Mônica a avaliou: parecia muito com ela externamente, mas parecia fútil demais, a clara réplica do mal.

- Você não me respondeu - Mônica insistiu.

- Você detesta ser contrariada, não é? - a cópia deu um sorriso maldoso - Pois bem, vou quebrar o seu galho: eu sou o seu inconsciente.

- O meu inconsciente? - Mônica poderia ter imaginado tudo, menos aquilo.

- Ou o que vive nele, tanto faz - o "inconsciente" fez um gesto com a mão dando pouca importância - o fato é - o inconsciente deu duas cutucadas na testa da Mônica - é que eu sou parte de você.

- A pior parte - Mônica completou com ódio, olhou para aquela cópia com toda a sua raiva contida.

- Não, eu sou apenas a sua parte que você mais rejeita. - o inconsciente passeava pela sala, como se o local fosse extremamente agradável de se passear - Não se sinta mal - falou com a voz recheada de sarcasmo - você não é a única a rejeitar essa parte, todo o mundo o faz.

- Do que está falando? - a voz de Mônica continuava mais firme do que nunca.

A face feminina do inconsciente perdeu seu sorriso sarcástico em segundos, para dar lugar a um olhar flamejante e um bico nos lábios de irritação.

- O ser humano é o ser mais nojento e hipócrita que existe - a voz se aproximava e Mônica, que teve medo no início, mas não ousou se mover e parecer fraca novamente - sempre querendo se mostrar melhores do que realmente são, sempre disfarçando os seus defeitos, sempre negando os seus pecados!

- Do que está falando? - repetiu.

- Estou falando... - o inconsciente balançava levemente a cabeça, tendendo para um ombro e para outro - Que você não passa de uma vadia que se esconde atrás dessas cara de inocente!

- DO QUÊ É QUE ESTÁ FALANDO? - Mônica gritou na cara do inconsciente.

- ESTOU FALANDO QUE EU SOU O SEU LADO MAIS VERDADEIRO, AQUELE QUE SABE A VERDADE, AQUELE QUE SABE O QUE VOCÊ...

- Já chega! - incrível, mas essa pequena frase foi um coro.

Mônica olhou para o lado, e viu outra pessoa igual a ela, só que esta, a fazia se sentir bem, sem ao menos dizer nada.

O inconsciente não pareceu gostar da visita.

- Saia daqui! - o inconsciente gritou para a recém chegada.

- Você adora manda em tudo, não é, Id? - a recém chegada tinha um sorriso leve nos lábios, como se se divertisse com a sua colega.

- Id? - Mônica olhou para o que se dizia o seu inconsciente - Você é meu monstro do Id!

A face feminina do inconsciente se mesclou com a do mostro já conhecido de um sonho.

- Vai ter de usar muito mais do que isso para se livrar de mim! - o inconsciente enfrentou, mas sua raiva transparecia o quanto estava preocupado com o reconhecimento de sua identidade.

- Se você é meu monstro do Id... - Mônica se voltou em seguida para sua outra cópia - Quem é você?

A outra sorriu, como se estivesse ansiosa para responder àquela pergunta.

- Sou o seu melhor lado - explicou - aquele que te tira de confusões, que aconselha os seus amigos, que te faz tomar as melhores decisões. Sou o superego, ou aquele que vive no seu pré-consciente. E aquele - apontou para o inconsciente - é o meu vizinho.

- Então me ajude - Mônica não disse isso em um tom implorativo, mas mais como uma prova de que aquele "lado" era realmente o melhor - me tire daqui.

- Isso só você pode - caminhou até ela e segurou os seus ombros - eu te aconselho, cabe a você decidir se o segue ou não, sempre foi assim, sempre será.

- Então, o que devo fazer? - ela olhava para o superego como se ele fosse a sua última esperança.

- Você segue o seu próprio caminho - deslizou as mãos nos braços até segurarem as mãos de Mônica - você escolhe o que vai ser...

- Então... Quer dizer que... - a voz de Mônica era carregada de esperança.

- Você pode andar a noite e esperar que não aconteça nada - o superego explicou - talvez aconteça, talvez não. O ideal é sempre evitar o perigo. embora eu duvide que alguém consiga algum dia te violentar com a força que você tem.

- Então foi tudo mentira?

O superego sorriu ainda mais.

- O Id não soube explicar de maneira adequada - o inconsciente bufou em desaprovação - sonhos podem ser apenas sonhos, existem várias maneiras de interpretados, podem se referir ao nosso futuro, ao nosso presente, passado ou até mesmo se referirem aos nossos desejos mais escondidos. E sobre o futuro... - o superego entrelaçou seus dedos com os da Mônica - é você quem faz.

O grito de raiva do Id alcançou várias oitavas, o instinto de Mônica foi tapar os ouvidos antes de que ficasse surda, mas não deu tempo, pois fora puxada, não sabia para onde exatamente, mas quando abriu os olhos que pareceram nunca terem sido fechados, ela puxou o ar para os pulmões como se tivesse acabado de emergir de um rio fundo.

- Mônica, você está bem? - Cebola foi o primeiro a perguntar, foi aí que Mônica percebeu as faces preocupadas dos amigos.

- Eu... - sentiu lágrima escorrerem nos olhos, e percebeu que estas eram reais - ... Achei que ia morrer Do Contra a abraçou, Mônica se deixou ser abraçada sem nem notar a cara descontente do Cebola.

- Não foi só você Mônica... - Magali também chorava, só que mais abertamente - todos nós passamos por isso.

- Como isso nos atingiu? - Do Contra fez a pergunta que todos queriam fazer.

- Foi culpa minha. - todos os rostos se viraram surpresos para Ramona - Eu... Eu comecei com tudo.

- Como assim, Ramona? - Cascão parecia bem perdido.

- Eu comecei com isso quando... Eu falei sobre os truques de minha mãe, sobre a hipnose.

- Então foi isso? - Cebola perguntou exasperado - Tudo que a gente passou não passou disso? Hipnose?

- Não exatamente, minha mãe misturou uma técnica de hipnose com uma magia de poções, ela fica no ar e a quem respira fica tonto e cai em sono hipnótico.

- E o que isso tem a ver com você? - DC perguntou, sem perceber quando Cebola tirava Mônica de seus braços e a abraçava.

- Tem um detalhe, geralmente é o que faz a pessoa não apenas dormir, mas ter as alucinações que tiveram.

- Qual detalhe? - Mônica perguntou, já pensando no que se tratava.

- Tem de acreditar - Ramona tinha remorso no olhar - eu acabei fazendo vocês acreditarem quando tive aquela conversa com vocês, sobre a magia psicológica.

Todos se entreolharam.

- Ninguém levou muito a sério - Mônica fez a afirmação em forma de pergunta.

- Mas você me deram ouvidos, mesmo que inconscientemente...

- PARE - Cascão levou as mãos nos ouvidos - eu não quero ouvir falar desse cara por um bom tempo.

- Desculpe, acontece que minha mãe abusou do fato de vocês já terem um conhecimento sobre id, ego e superego.

- O professor Licurgo falou algo sobre eles - Mônica se lembou.

- Pois é, isso ficou escondido até a magia afetá-los.

- E sobre os cenários? - Cebola perguntou - o meu era um corredor com portas.

- Sala de jantar - Magali disse.

- Sala inundada - Cascão tremeu ao dizer.

- Apenas um calabouço sem portas - Mônica deu de ombros.

- Uma sala com a decoração brega do meu irmão  - DC não deu importância, mas Ramona pareceu querer discordar disso.

- Bem, você pensaram nos lugares mesmo que incons... - Ramona parou ao ver a cara de pavor do Cascão - mesmo que sem perceber, pensaram no que encontrariam quando terminassem de subir essas escadas.

- Eu estava com fome - Magali disse, recebendo uma salva de "novidade" dos amigos - era só no que conseguia pensar.

- Eu só pensei que sairia correndo se tivesse alguma coisa vazando lá em cima - risinhos puderam ser ouvidos com o que Cascão disse - vocês tem de concordar que aqui tem muita água vazando, o que mais eu poderia pensar?

- Eu só pensava no quanto o meu irmão gostaria de explorar este lugar - novamente Do Contra não demonstrou dar importância.

Todos olharam para Mônica e Cebola, esperando que eles confessassem.

- Eu não sei - Mônica começou - eu não pensava no lugar, só pensava em minha filha, não sei o que teria me levado a criar um calabouço em minha mente.

- Eu também não sei o que me fez criar um corredor com portas.

Ramona assentiu, teria de explicar isso mais tarde para os dois, mas só para os dois.

- E... Sobre o que a gente passou? - Mônica não queria entrar nesse assunto, sabia que ninguém queria, mas sentia que era necessário.

- Vocês simplesmente passaram o que vivem todo dia - Ramona explicava - vocês apenas enfrentaram dois lados de uma única situação, é o que você vivem sempre, só que com mais detalhes, mais vivacidade. Numa situação normal de conflito entre o id, ego e superego, vocês n em se lembrariam. Mas o feitiço tinha como colocar vocês de frente de seus medos mais profundos, e o que dá mais medo do que um pesadelo?

- Então a gente assistiu um sonho que a gente mesmo sonhou - DC completou.

- Isso mesmo, enfrentar o seu lado mais instintivo é o que torna tudo pior, foi por isso que veio o superego, para equilibrar a situação.

- Eu ainda não entendi - Cascão só faltava pendurar um ponto de interrogação na cabeça.

- Sabem aqueles diabinhos e anjinhos de desenhos animados que fazem os personagens ficarem em dúvida em relação a uma escolha?

Todos assentiram.

- Pode-se dizer que foi inspirado no id e no superego, o ego é apenas a gente mesmo. - Ramona se levantou das escadas e desamassou a sua roupa - Mas  e aí? Vão querer ver o que realmente tem no topo da escada?

Todos assentiram e se levantaram para subir.

Em outro aposento, Viviane quebrava tudo o que via pela frente, eles haviam escapado, depois de quebrarem um de seus melhores feitiços, eles escaparam.

Viviane puxou levemente os cabelos, não deixaria que tirassem sua menina, não permitiria. Se virando, se encheu de assombro ao olhar para a cama para acalentar sua pequena bruxinha, e encontrou a cama bagunçada, mas sem nenhum bebê. 


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Notas finais do capítulo

Está ficando chato os sumiços de Monique? Comentem.
Desculpem de novo a demora, é que estou muito enrolada com uns afazeres. Mas por favor, comentem!