Cardcaptor Sakura escrita por Ezequiel Santos


Capítulo 2
Capítulo 1 - Ventania Repentina


Notas iniciais do capítulo

Expressões em japonês foram utilizadas na própria língua original, simplesmente porque eu acho mais kawaii mesmo ^^.

Recomendado ouvir a música:
— Catch You Cath Me de Gumi antes de ler a FIC, só para aquecer os fãs da série.



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Era uma bela noite. A lua estava cheia e parecia gigantesca no céu. Havia um castelo, um castelo oriental e sobre ele um homem, sobre o ponto mais alto desse castelo. Ele vestia roupas negras como a escuridão e estava acompanhado de um garoto loiro e uma besta com asas negras.


Sakura não conseguia os ver nitidamente. Não conseguia enxergar suas feições. Mas sabia que não os conhecia.

Em seu sonho ela estava no pátio em frente ao castelo, em sua mão segurava seu báculo estelar, com a qual outrora selara cartas com poderes sobrenaturais. Ao seu lado havia também uma besta alada e um... Anjo?

Mas tudo era tão leve. Poderia ser um sonho?

Sim... Era apenas um sonho. Ao menos foi a conclusão em que ela chegou.


– 1 -




O quarto dela continuava exatamente o mesmo de um ano atrás.



A cabeceira de sua cama ainda era enfeitada com a pelúcia que sua melhor amiga havia feito à mão. Uma pelúcia a sua imagem com a roupa que outrora usara no julgamento final, o mesmo dia em que conhecera Yue, o juiz.

Ao lado do seu eu de pelúcia o mesmo despertador com um ponteiro de arco-íris tocava sem parar, mas ela não parecia nem ao menos se mover em sua cama. Era como se estivesse tão imersa em seus sonhos que nem mesmo uma trombeta conseguiria fazê-la acordar.

Dentro da gaveta de sua escrivania havia um quarto improvisado. Não era bem um quarto, ou melhor, não era qualquer quarto, mas o quarto de Kerberos, a besta-selo que anteriormente protegia e guardava as cartas que um dia deram tanta dor de cabeça para ela.

Kero, como ela havia apelidado, era tão pequeno que cabia tranquilamente dentro daquela gaveta, juntamente com uma cama minúscula que a garota havia feito exclusivamente para ele. Nem sempre ele teve aquela gaveta como seu espaço particular, foi preciso um dia inteiro de brigas com sua melhor amiga para Kero conquistar o direito de ter um pouco de privacidade. Privacidade que era interrompida todo dia, pela manhã, quando ele tinha que acordá-la. Ultimamente o despertador dela não era o suficiente para pô-la de pé.

– Ei, Sakura...

– Hum... – disse ela se virando para o outro lado da cama.

Teria realmente ouvido alguma coisa do que ele havia dito?

– Sakura.

– Hum... Shaoran...

– Ai, ai. Ela está sonhando de novo com aquele fedelho? SAKURA!

– AREEEEE!

Mais uma vez o dia de Sakura começara com ela de cara no chão.

– Kero-chan, não precisa gritar. Eu já estava acordando – resmungou Sakura enquanto levantava-se lentamente do chão, agora sob o status “dolorida”. Ótima maneira de se começar o dia.

Sakura Kinomoto já tinha 13 anos. Continuava a mesma garota baixa de olhos verdes e cabelos curtos e castanhos. Da mesma forma, Kerberos, ou simplesmente Kero, continuava sendo um ursinho de pelúcia amarelo com asas, que mesmo não tendo mais do que alguns poucos centímetros de altura, possuía um apetite dez vezes maior do que o de Sakura.

– Ai, ai, desde que você começou a namorar aquele fedelho é sempre assim. Vive sonhando acordada – disse Kero voando pelo quarto com uma cara de poucos amigos.

– Não fale assim do Shaoran – disse Sakura fechando a cara e enchendo as bochechas.

Rapidamente ela mudou de expressão quando começou a pensar no garoto. Ela sentira seu rosto corar.

– Ele vai vir para cá nesse final de semana. Vamos ao parque de diversões novamente, Kero-chan! – disse cantarolando.

Sakura parecia realmente animada enquanto rodopiava em seu quarto como uma bailarina apaixonada. Seus olhos brilhavam de alegria e ela parecia se sentir nas nuvens. Todo o dia era assim desde que ela havia finalmente se declarado para Shaoran e os dois haviam iniciado o mais perfeito e açucarado namoro de toda a Ásia.

– Ao parque de novo? – perguntou Kero sentando-se sobre a escrivania que ficava ao lado da cama de solteiro de Sakura – Vocês não cansam de passear por ai, não é mesmo? Tudo bem, contanto que traga meus doces quando voltar eu não tenho com o que me preocupar.

– Kero-chan! Você só pensa em comer! – disse Sakura se apressando em arrumar a sua cama.

– É que eu preciso de muita comida se eu quiser manter meu visual irresistível – disse Kero fazendo sua famosa pose de convencido enquanto ria como um maluco – Além disso – disse ele se virando para a pequena televisão sobre um criado mudo com um videogame na frente – Eu preciso de muito mais energia se quiser bater o meu último recorde na Coin Rush. Ah, ah, ah, ah, ah, ah!

– Você é mesmo um viciado em videogames – disse Sakura arrumando seu travesseiro e se dirigindo ao seu guarda-roupa para procurar por seu uniforme escolar – Hoje eu vou chegar mais tarde, porque tenho que fazer um trabalho de artes na casa da Rika-chan, então você vai ficar responsável pela casa. Não vá destruir a cozinha tudo bem?

Kero nem estava ouvindo uma palavra do que Sakura estava dizendo. Já estava totalmente perdido dentro de seus sonhos particulares.

“Sozinho, com a casa todinha pra mim” – pensava ele com o olhar maligno fixo no além.

– Kero-chan, eu estou falando com você – resmungou Sakura terminando de se trocar.

– Hã? Hã? Ah, sim. Pode ficar despreocupada, vou cuidar da casa direitinho. Sim, sim. Ah, ah, ah, ah.

“Ele vai acabar com a geladeira” – pensou Sakura com o olhar de preocupada enquanto observada a risada falsa e mal disfarçada de Kero.

Sakura jamais poderia imaginar que depois de ter aberto um misterioso livro mágico, O Livro Clow, há dois anos atrás no porão de sua casa, ela estaria ali, tempos depois, dividindo o quarto com a besta-selo, Kerberos. Ela também jamais imaginou que se um dia conhecesse uma criatura mágica como Kero ela teria um aumento considerável do consumo de alimentos em sua casa, principalmente de doces. Perguntava-se às vezes se Kero possuia o apetite maior quando assumia sua forma original, afinal de contas, ele ficava muitas vezes maior e também muito mais legal.

De repente ouviu-se um som de celular ecoando pelo quarto. Antes de Kero pudesse ver, Sakura atirou-se sobre seu aparelho, que estava em cima da cama, como se agarrasse em mãos sua própria vida.

– Kawaii (fofo) – disse ela rolando de um lado para o outro na cama com a cara completamente vermelha.

– Deixe eu adivinhar, mais uma mensagem melosa daquele fedelho – disse Kero balançando a cabeça – Em pensar que um dia ele queria acabar com você e tomar seu posto como mestre das Cartas Clows. Espero que ele esteja treinando alguma coisa em Honk Kong. Ser salvo pela namorada o tempo inteiro não é muito honroso, sabe.

– Isso não é verdade, Kero-chan! Muitas vezes o Shaoran me salvou – disse Sakura novamente entrando em devaneios, principalmente depois que terminou de ler a mensagem.


“Ohayou (bom dia!) Sakura. Como estão as coisas em Tomoeda? Estou morrendo de saudades. Não vejo a hora de chegar amanhã para que eu possa estar no meu devido lugar, ao seu lado.



Shaoran Li”



– Ohayou Gozaimasu – disse Sakura ao descer rapidamente as escadas para o primeiro andar de sua casa e entrar na sala de jantar como um trovão. Ela realmente andava muito mais animada nas vésperas de finais de semana do que em qualquer outro dia, e todo mundo já sabia o motivo.


– Ohayou – respondeu seu pai, Fujitaka Kinomoto desfilando pela cozinha

– Ohayou, monstro – respondeu Toya, seu irmão mais velho, com um sorriso maldoso no rosto enquanto bebericava chá em uma caneca azul.

– Onii-chan (irmão mais velho)! – bradou Sakura – Eu não sou um monstro!

– Hum... O monstro nega sua autenticidade? – disse Toya rindo – Que coisa mais inusitada.

– Ohayou, okaasan(mãe) – disse Sakura acenando para uma foto em um porta-retratos sobre o armário. Era preferível ignorar Toya naquele momento, embora fosse uma coisa realmente difícil.

Na foto havia uma linda jovem de cabelos ondulados e acinzentados, olhos verdes e um sorriso radiante, era a falecida mãe de Sakura, que morrera quando ela ainda era pequena. Seu nome era Nadeshiko, assim como a flor, e da mesma maneira ela concedera à sua filha um nome de uma flor, Sakura.

Toya era o único irmão de Sakura, o irmão mais velho. Era um rapaz alto, atlético de cabelos bagunçados e castanhos. Estava no último ano da Escola Superior e se preparava para ir para a faculdade. Sempre fora um rapaz muito prestativo e trabalhador (e como), mas tinha o defeito de adorar implicar com Sakura. Ao menos para ela isso era um enorme defeito.

Fujitaka Kinomoto, o pai de Sakura, era um homem tão alto quanto Toya, mas tinha os cabelos partidos no meio e muito bem arrumados, diferente do seu filho mais velho. Usava óculos e era um excelente modelo de homem, chefe de família, pai e também professor. Fujitaka era professor de arqueologia na faculdade e por este motivo seus filhos revezavam com ele as tarefas domésticas para que todo o peso não ficasse em suas costas.

– Hoje é você quem tem que fazer o jantar, então não se atrase, monstro – disse Toya enquanto lia o jornal sem nem um pingo de interesse pelo mesmo, apenas para fortificar sua indiferença em relação à Sakura. Embora ele a protegesse tanto quanto Fujitaka.

Sakura olhou rapidamente para a lousa branca que ficava pendurada na parede. Toda a família costumava utilizar a lousa como quadro de avisos para informar desde onde cada um estava como as tarefas que deveria exercer naquele dia.

– Eu. Não. Sou. Um. Monstro. Oniiiiiiiii-cha! – disse Sakura praticamente sapateando de fúria – E... Eu havia trocado com você – disse um pouco mais calma – Eu tenho que fazer um trabalho de artes na casa da Rika-chan, não vou poder chegar cedo.

– Eu havia me esquecido desse detalhe – disse Toya – Bem, então vou ter que pedir para o Yuki vir dormir aqui em casa hoje. Fazemos o trabalho aqui. Assim está bom para você?

– O Yukito vai vir dormir aqui?! – perguntou Sakura com os olhos faiscantes.

Embora Sakura não fosse mais apaixonada por Yukito, o melhor amigo de Toya, como era antigamente, ela ainda era fascinada pelo garoto.

Toya não respondeu a irmã. Preferiu não se reportar de maneira alguma. Ela não mudava nunca, para quê ele iria se preocupar.

– Aqui está – disse Fujitaka vindo da cozinha, que era separada da área de jantar apenas por uma meia parede, vestido um avental rosa e segurando em mãos dois pratos com panquecas.

– Arigatou (obrigado) otousan(pai) – disse Sakura – Itadakimasu(agradecimento pela comida).

– Cuidado para não quebrar o prato. Estou ouvindo os gritos da panqueca daqui – disse Toya analisando Sakura comendo enquanto fechava o jornal e se levantava.

– Não seja tão mal, onii-chan. Tenho que comer rápido, ou... Vou chegar atrasada – disse Sakura engolindo mais do que sua boca poderia assimilar.

– Cuidado para não morrer engasgada – disse Toya se retirando – Ittekimasu (estou indo).

– Itterasshai (Vá e volte em segurança) – disse Fujitaka acenando.

– Onii-chan! Me espere! – bradou Sakura engolindo seu café tão rápido que ela esquecera que estava quente e acabou queimando sua língua – Quente! Quente! Quente! Quente!

– Você está bem, Sakura? – perguntou Fujitaka com um olhar de preocupado.

– Sim, otousan, é que eu não quero chegar atrasada, hoje teremos um novo professor – disse Sakura se levantando e correndo para a porta de sua casa. Ela rapidamente se lançou ao chão para tirar seus chinelos de uso exclusivo doméstico e colocar seus tradicionais patins – Ittekimasu.

– Hei, Sakura, espere! O seu lanche – disse Fujitaka surgindo com uma pequena tupperware em mãos enrolada em um lencinho branco.

– Ah, arigatou, otousan – disse Sakura sorrindo enquanto se adiantava para pegar seu lanche.

– Iterrasshai – respondeu-lhe Fujitaka com um sorriso enorme no rosto.



– 2 -





Totalmente equipada e pronta para dominar seus patins, Sakura se apressou pelas tranquilas ruas de sua vizinhança se perguntando onde estaria seu irmão. Era mesmo tão necessário para ele pedalar tão rápido? Por que ele não podia esperá-la nem uma única vez se quer?



A vizinhança de Sakura era tranquila e muito pacata. Havia diversas casas de padrão médio, uma mais encantadora do que a outra. Os vizinhos eram sempre muito bem humorados e acenavam para Sakura quando ela passava.

O dia estava ensolarado, como a previsão do tempo havia alertado. Não havia sinal de nuvens no céu e tudo indicava que as próximas vinte e quatro horas seriam tranquilas, climaticamente falando.

Quando Sakura chegou à rua onde Yukito morava, foi recepcionada por belíssimas cerejeiras que já floresciam naquela época do ano. Não havia vento naquele dia, portanto não haveria a prestigiada chuva de pétalas que Sakura tanto gostava, mas ainda assim era delicioso patinar rapidamente por entre aquelas árvores.

Sakura se lembrou vagamente da vez em que participou deu ma maratona com seus colegas de classe e ficou presa naquela rua graças a uma Carta Clow chamada Laço, que tem a habilidade de criar um espaço infinito e paralelo a realidade.

Logo a frente ela já avistara seu irmão parado em sua bicicleta na frente da casa de Yukito. O belo garoto já saía de sua casa em sua própria bicicleta.

– Yukito-san! – acenou Sakura já de longe.

– Ohayou, Sakura-chan – disse Yukito com um belíssimo sorriso no rosto quando Sakura se aproximou.

Yukito era um pouco mais baixo do que Toya. Estava na mesma turma que ele novamente e parecia muito animado com seu último ano escolar. Era um rapaz bonito de cabelos lisos e acinzentados com um corte bem formal. Usava óculos, mas isso de forma alguma o deixava com um aspecto feio ou sério. Era um garoto muito gentil e bom em quase tudo o que fazia, o que o tornara popular no colégio, juntamente com Toya.

– Você parece bem feliz hoje, Sakura-chan – disse Yukito sorridente.

– Provavelmente é porque o fedelho virá para cá amanhã – disse Toya com um olhar pouco amigável para Sakura.

– Por que você não me esperou, onii-chan, seu mau! – disse Sakura inchando suas bochechas novamente.

– Não fui eu quem acordou atrasado. Por que tenho que me prejudicar por causa de você? Durma mais cedo da próxima vez – disse Toya se virando para a frente e pedalando.

– Vamos indo – disse Yukito, sorridente como sempre, seguindo Toya em sua bicicleta.

“Yukito-san continua encantador, como sempre” – pensou Sakura enquanto patinava atrás do rapaz. Ela o olhava e o analisava às vezes se perguntando o que haveria mudado sua concepção em relação a ele. Continuava achando-o incrível, como sempre, mas muitas coisas haviam mudado dentro do seu coração.

– E como anda o Li-kun, Sakura-chan? – perguntou Yukito no meio do caminho.

Sakura sentiu seu rosto corar de vergonha.

– Ele...

– Ele anda um pé no saco. Não para de ficar ligando e mandando mensagens para a Sakura – disse Toya sem desviar seus olhos do caminho.

– Onii-chan! – esbravejou Sakura – não seja tão mau com ele. Quero dizer – disse se acalmando – Shaoran está muito bem, Yukito-san. Ele me manda mensagens e me liga sempre. Está sempre preocupado comigo.

Yukito apenas sorriu.

– Isso é muito bom, Sakura-chan – disse Yukito.

Quando chegou no portão de sua escola, Sakura parou ao lado de um muro encostando-se no mesmo, apenas para observar Yukito e Toya seguirem o caminho para a escola vizinha, onde estudavam.

– Sakura-chan! – gritou Yukito se virando em sua bicicleta e arremessando na direção da garota algo no ar.

Sakura rapidamente pegou o objeto lançado, já ciente do que se trataria.

Quando ela abriu suas mãos em concha ela se deparou com o que ele havia lhe lançado. Novamente uma bala de goma, que ela guardaria com carinho até que decidisse consumi-la. Yukito tradicionalmente lhe dava balas de despedida, quando a deixava no portão de seu colégio. Talvez essa fosse uma das coisas que Sakura jamais gostaria que acabasse. Era como um pacto de eterna amizade entre os dois que jamais acabaria. Se algum dia Yukito sumisse de sua vida, Sakura certamente não se sentiria nada bem. Até porque isso significaria o desaparecimento de outro alguém muito importante.

Abrir seu armário, guardar seus patins e pegar seus sapatos. Isso fazia com que Sakura pensasse em muitas coisas.

Como seria o seu dia dali pra frente? O que encontraria de novo? E o principal, que a deixara inquieta a noite inteira; Como seria o novo professor?

– Ohayou, Sakura-chan – disse uma garota se aproximando de Sakura enquanto abria seu próprio armário.

– Ohayou, Tomoyo-chan.

Tomoyo Daidouji era a melhor amiga de Sakura desde... Desde sempre? As duas eram um pouco parecidas, já que tinham certa linhagem sanguínea. Tomoyo era filha da prima da mãe da Sakura, o que fazia dela algo como uma prima de terceiro grau ou algo similar. Tinha os cabelos compridos e negros, muito bonitos, que sua mãe, Sonomi, orientava a manter daquela forma, em homenagem a sua prima e mãe de Sakura, Nadeshiko. Seus olhos eram azuis e expressivos e ela tinha a pele um pouco mais branca e pálida do que a de Sakura, que era um pouco mais rosada.

– Está ansiosa para conhecer nosso novo professor, Sakura-cha? – perguntou Tomoyo com sua voz meiga e doce, tão suave que já denunciava um de seus principais talentos; o canto.

– Um pouco – disse Sakura sorrindo.

Na verdade ela estava mesmo era ansiosa pelo dia seguinte, quando poderia ver Shaoran.

– Na verdade, você deve estar ansiosa mesmo é pelo dia seguinte. Por causa do Li-kun, não é mesmo? – perguntou Tomoyo se referindo a Shaoran.

– É-e... É! – disse Sakura ficando levemente corada e envergonhada. Ela ainda era pega desprevenida pela habilidade de Tomoyo de praticamente ler a sua mente. Era algo tão singular que nem mesmo o próprio Shaoran era capaz de fazer. Talvez a única pessoa que conseguisse ler os pensamentos de Sakura também era Eriol, outro amigo seu, mas em relação a ele era fácil desconfiar de que realmente possuía tal habilidade.

– Você não gostaria que ele voltasse a estudar conosco, Sakura-chan? – perguntou Tomoyo fechando seu armário – Seria realmente perfeito poder filmar você em cenas de romance durante o dia.

Tomoyo realmente se encantava com tudo que fosse relacionado à Sakura, e se havia algo que ela não cansava de fazer era de filmar a garota com sua companheira de aventuras, sua câmera digital. Se Kero era fascinado por comida e jogos, Tomoyo era o Kero em relação à Sakura.

O máximo que Sakura conseguiu fazer foi dar uma risada sem graça e um tanto constrangedora. Por mais que Tomoyo fosse íntima sua ela jamais conseguiria se sentir a vontade com a obcessão de sua amiga.

– Ohayou – disse Sakura entrando em sua sala de aula.

– Ohayou – repetiu Tomoyo.

– Ohayou – responderam as amigas de Sakura.

– Prontas para o novo professor? – perguntou Chiharu Mihara, uma garota animada de cabelos castanhos com duas tranças altas jogadas para por cima de seus ombros.

– Tomara que ele seja alguém legal, não é mesmo? – disse Sakura.

– Sim – respondeu Naoko Yanagisawa, a amiga de óculos e cabelos chanel de Sakura que adorava devorar livros tal como Kero devorava comida. Principalmente os de terror – Embora eu ache bem estranho mudarem de professor a essa época do ano, ainda mais em uma sexta-feira.

Rika Sasaki era a terceira amiga de Sakura e Tomoyo. Uma bela e elegante garota de cabelos ruivos, curtos e ondulados, sempre a frente do seu tempo, muito madura para sua idade. Ela não pronunciou absolutamente nada em relação à troca de professores. O último professor que elas tiveram era Yoshiyuki Terada, por quem Rika tinha um amor platônico. Ela jamais iria assumir que não se alegria em nada com a troca de professores, até porque ela nunca havia assumido para suas amigas seu amor pelo professor. Embora desconfiasse que no mínimo Tomoyo já soubesse.

– Vamos nos sentar – disse Sakura se dirigindo para sua carteira, a penúltima da fileira ao lado das janelas.

– Sakura-chan, você tem notícias da Meilin-chan e do Li-kun? – perguntou Chiharu – Da última vez que eles vieram para cá não tive a oportunidade de vê-los. Gostaria de saber como eles estão.

– Eles estão bem – disse Sakura sorridente, enquanto tomava assento – Amanhã eles virão para Tomoeda. Podemos marcar de todos sairmos juntos.

– Poderíamos ir às compras, como fizemos da última vez – disse Naoko.

– Isso seria muito bom. Estou precisando comprar alguns livros novos – disse Naoko indo para sua carteira – Terminei de ler todos os que eu havia pego na biblioteca na segunda-feira.

– Naoko-cha, você não havia pegado pelo menos uns dez livros? – perguntou Sakura com ar de confusa.

– Onze – disse Naoko com um sorriso radiante no rosto.

– E já leu todos? – perguntou Sakura.

– Sim, na terça-feira.

Aquilo foi realmente um impacto muito grande para Sakura.

– O-o que?

– Ohayou – disse um homem alto entrando na sala de aula lentamente e se dirigindo para a mesa do professor.

– Ohayou – disseram os alunos em coro.

Todos os alunos rapidamente se sentaram para, antes de mais nada, analisar o mais novo professor.

– É ele o novo professor? – sussurrou Sakura para Tomoyo, que sentava a sua direita.

– Acredito que sim – respondeu Tomoyo em outro sussurro.

– Eu me chamo Duward Yoshimoto e serei o professor de vocês durante o resto do ano. Fui transferido da Inglaterra e espero poder colaborar com o crescimento educacional de cada um de vocês – disse o professor impressionando cada um dos alunos na sala.

“Eu... Acho que já o vi antes” – pensou Sakura o encarando com curiosidade – “Mas onde?”.


– 3 -



Duward era realmente um homem chamativo. Primeiramente porque ele era muito, muito bonito mesmo. Tinha um ar de elegância acima de qualquer outra pessoa que Sakura tivesse visto em sua vida. Seus cabelos eram pretos e lisos, tão sedosos que deixaria qualquer garota morrendo de inveja. Seus olhos eram frios e enigmáticos, tinham cor de mel. Seu olhar deslizava pela sala analisando todos os alunos, um por um, até que repousou, por um breve momento em Sakura.


Sakura não soube dizer com certeza, mas teve a suave impressão de que o professor sorrira para ela. Não um sorriso meigo ou amigável, mas um sorriso semelhante ao que Eriol utilizava; misterioso e enigmático.

O resto do dia seguiu totalmente normal. A aula fora empolgante e Duward se mostrou um professor sério, mas muito competente.

Sakura conseguiu compreender muito do que não vinha entrando na sua cabeça até então sobre história, enquanto Tomoyo parecia fascinada com o novo professor. Mas o mais intrigante fora Rika, que não desgrudara os olhos do professor em nenhum momento. Era estranho vê-la daquela forma. Sakura notara a maneira como Rika havia se comportado o dia inteiro e ficara um pouco preocupada com a amiga. Estaria tudo bem com ela?

– A Rika-chan está um pouco aérea hoje, não acha Sakura-chan? – sussurrou Tomoyo para Sakura – Parece que é por causa do Yoshimoto-sensei.

Tomoyo lançou à Rika um olhar rápido e preocupado e depois para Sakura, que também sustentava o mesmo olhar. Rika parecia se sentir intimidada por Duward.

– Os furacões são tempestades formadas sobre os oceanos em regiões tropicais – dizia o professor Duward enquanto apontava com seu dedo para a foto de um furacão que havia colocado sobre a lousa através de um retroprojetor, durante a aula – Eles são capazes de atingir uma velocidade de trezentos quilômetros por hora e giram apenas no seu próprio eixo.

– Incrível! – disse Naoko em voz baixa – O que aconteceria se um furacão atingisse Tomoeda?

– E-eu não quero nem pensar nisso – disse Sakura completamente contrária à ideia.

– Se um furacão atingisse Tomoeda, Yanagisawa-san, dependendo de sua magnitude, não sobraria pedra sobre pedra – disse o professor olhando diretamente para Sakura.

– I-incrível. Ele pôde nos ouvir – disse Naoko espantada – Não queremos algo assim, não é mesmo? Professor?

– Acredito que não – disse Duward encarando Sakura novamente – Não queremos algo assim, não é mesmo?

Tomoyo se sentiu um pouco incomodada ao notar que o professor dava atenção demais para Sakura. Ela jamais vira algum professor ser tão atencioso com sua amiga, nem mesmo Kaho Mizuki, uma professora que estava envolvida com os mistérios das Cartas Clows.

– Um furacão, pode-se dizer, que tem um ponto tranquilo, o que é chamado de olho do furacão – disse o professor apontando para o centro do desenho projetado na lousa – Aqui não há chuva e os ventos são mais fracos.

Sakura começou a imaginar se uma coisa como aquela realmente caísse sobre Tomoeda. Ela não iria ficar de mãos atadas. Sabia que era pouco provável que isso acontecesse, afinal, o próprio Yoshimoto havia dito que os furacões são naturais de regiões tropicais, e Tomoeda não era uma cidade tropical. Mas e se alguma coisa estranha acontecesse? Desde que as Cartas Clow surgiram, Tomoeda parecia ser alvo de coisas estranhas.

– Como se para um furacão, Yoshimoto-sensei? – perguntou Sakura com a mão estendida.

O professor pareceu amar a pergunta, pois olhou para Sakura com um enorme sorriso no rosto. Tomoyo continuou achando aquilo muito estranho.

– Até o presente momento não sei te responder tal pergunta, Kinomoto-san, mas quem sabe não haja algo no seu centro, não é mesmo? – disse o professor sorridente.

– O que vocês acharam do novo professor? – perguntou Naoko se aproximando de Sakura e Tomoyo no fim da aula, enquanto elas arrumavam seus materiais em suas mochilas.

– Eu o achei um ótimo professor. Consegui aprender muito do que não entendia sobre furacões. Só os achei um pouco assustadores. Principalmente aqueles que o professor listou – disse Sakura sorridente. Mas um tanto perturbada com a matéria.

– Ele é um professor fascinante – disse Tomoyo olhando para o professor, que parecia entretido com algum livro em sua mesa – Um ótimo professor. E parece que gostou bastante de você, Sakura-chan, não parava de te olhar o tempo todo.

– E-e-eu? – gaguejou Sakura constrangida.

Rika continuava em silêncio. Olhava para o professor com o mesmo olhar de antes. Parecia tão surpresa.

– Legal ele ter vindo da Inglaterra, não é? Isso me fez lembrar do Eriol-kun – disse Chiharu.

– Falando em furacões, vocês sabiam que o primeiro furacão visto foi batizado de O Grande Sopro de Buda? – perguntou um garoto de cabelos arrepiados e olhos puxados se aproximando do grupinho das garotas. Era Takashi Yamazaki, o eterno e divertido mentiroso da turma. Ele adorava pregar peças nas pessoas com suas mentiras absurdas, que muitas vezes realmente eram tão cabeludas que pareciam absurdas a primeira vista.

– Sério? – disse Sakura surpresa.

– Sim, sim – respondeu Yamazaki – As pessoas acreditavam que o próprio Buda havia espirrado e procuraram desenvolver um remédio gigante para lançar em um foguete para o espaço. Assim poderiam curar o resfriado de...

– Sim, sim. Já está mentindo de novo – disse Chiharu puxando Yamazaki pela orelha. Talvez Chiharu fosse à única pessoa que conseguia distinguir as mentiras das verdades de Yamazaki. Provavelmente porque os dois estudaram juntos desde o primário, ou também porque Chiharu gostava de Yamazaki – Você nunca aprende.

– Era mentira? – disse Sakura com uma cara de espanto.

– E quando não é? – disse Tomoyo sorrindo.

– Bem, vamos indo – disse Rika finalmente voltando a si quando se virou para as garotas.

Sakura e Tomoyo se entreolharam sem entender o que havia acontecido com Rika, mas preferiram não falar nada naquele momento.

Quando Sakura estava passando pela mesa do professor, indo para a saída da sala, algo lhe chamou muito a atenção. Ela sentiu como se ele estivesse a olhando. Virou-se para o professor e o pegou fazendo exatamente o que suspeitava. Ele a encarava com seu olhar gélido e dourado. Não parecia tão amável como no decorrer da aula naquele momento.

– Sakura Kinomoto. Correto? – disse Duward.

– S-sim – respondeu Sakura um tanto sem jeito.

O professor continuou olhando nos olhos de Sakura. Era como se mergulhasse no mais profundo do verde dos seus olhos, vasculhando cada pensamento, cada sentimento de Sakura.

Por uma pequena fração de segundos Sakura sentiu-se invadida em seu interior, e teve medo.

– Tenha cuidado – disse o professor sorrindo para ela – O tempo anda uma loucura ultimamente.

– T-tudo bem. Arigatou... Professor – disse Sakura sem compreender muito bem o que aquilo significara.

– Vamos indo, Sakura-cha? – chamou-a Tomoyo da porta.

– Sim! – respondeu Sakura correndo para a amiga.

Sakura não compreendera o que acabara de acontecer. Não entendera o que fora aquela presença estranha que ela sentira. Se é que fora realmente uma presença. Ela sentira uma sensação diferente, como se alguém a observasse e quando se virou foi pega desprevenida por um olhar tão frio como ela jamais havia experimentado anteriormente. Aquilo fora realmente assustador.


– 4 -



Na casa de Rika, todas as garotas se reuniram em volta da mesa de centro na sala para trabalharem duro no dever de artes que tinham para fazer.


Recortes, colagens e pinturas eram essenciais para fazer um trabalho bem feito, mas infelizmente nem todas tinham aptidão para recortes e colagens como Tomoyo.

– Estou quase terminando o meu – disse Tomoyo exibindo uma colagem com recorte de diversas flores em um buquê. Estava realmente impressionante. Parecia uma verdadeira obra de arte.

– Incrível, Tomoyo-chan – disse Naoko mostrando o dela – Eu fiz um fantasma saindo de uma tumba – disse sorridente.

– Fan-fantasma! – assombrou-se Sakura olhando com espanto para o recorte e colagem de Naoko. Sempre tivera pavor de fantasmas. Por outro lado, Sakura estava com colagem até mesmo na sua testa.

– Deixe-me tirar isso de você, Sakura-chan – disse Tomoyo arrancando o pedaço de papel grudado na testa de Sakura.

Todas as garotas riram.

– Aqui está o meu – disse Rika mostrando uma constelação que havia feito com sua colagem e recorte.

– Uau!

– Que lindo!

– Está incrível, Rika-chan.

– Obrigada – disse Rika.

– Agora que eu andei pensando. Você não pareceu muito feliz na aula do Yoshimoto-sensei, Rika-chan – disse Sakura pegando a amiga de surpresa – Aconteceu alguma coisa?

– B-bem – disse Rika um pouco sem graça – Eu já havia o visto uma vez. Um pouco mais cedo.

Todas pareciam prestar muita atenção. Nem ao menos piscavam os olhos.

– Eu havia ido na... – Rika foi corando conforme ia falando e começou a ficar cada vez mais sem graça – Eu havia ido à sala dos professores... Para ver o Terada-sensei e... O Yoshimoto-sensei estava lá. Ele estava sozinho e...

– Não precisa falar se não quiser, Rika-chan – disse Tomoyo ao perceber que estava sendo um verdadeiro sacrifício para Rika falar o que havia visto.

Rika sentiu-se confortável ao ver que não era obrigada a continuar falando. Seria um tremendo alívio para ela. Respirou fundo e se recompôs, sorrindo para Tomoyo em forma de agradecimento.

Mas isso não fora nenhum pouco confortante para Sakura. Rika sabia alguma coisa sobre o Duward Yoshimoto e não estava conseguindo falar. Seria algo realmente grave?


– 5 -



– Tadaima (cheguei) – disse Sakura abrindo a porta de seu quarto, assim que chegou a sua casa mais tarde.


Kero estava muito entretido jogando vídeo game. Apertava os botões violentamente como se realmente lutasse contra uma ameaça de morte a sua frente. Não piscava os olhos, nem os desviava da televisão.

– Hei, Sakura. Não posso me desconcentrar agora. Estou quase batendo o meu record! – disse Kero com tanta firmeza que Sakura não ousou interferi-lo – só mais um pouquinho... Estou quase lá... BANZAI! VENCI! VENCI! EU SOU INDESTRUTÍVEL! NINGUÉM PODE COM O KERO. Viu só, Sakura? Tente bater meu record? Nem o ridículo do Suppie pode comi... Como foi seu dia?

Sakura estava deitada em sua cama, exausta, com o olhar abatido de quem havia corrido uma maratona. A verdade era que seu trabalho de artes lhe exigira muito mais técnica do que ela possuía, mas havia outras coisas com as quais Sakura estava realmente preocupada.

– Estou morta – disse Sakura fechando os olhos – Poderia dormir mil anos, Kero-chan.

– Isso não seria possível. Quem é que testemunharia meus grandes feitos? – perguntou Kero olhando novamente para a televisão, agora com um olhar orgulhoso e radiante – E como foi na escola hoje?

– Foi... – Sakura esta se recordando aos poucos de como fora – Foi estranho.

De repente ela deu um salto de sua cama ao se lembrar de algo.

– O Yukito está aqui! Eu quase me esqueci! – disse Sakura correndo para a porta do seu quarto. Para ela, entrar no mesmo lugar em que Yukito estava sem lhe dar nem um “alô” era quase que um crime.

– Não adianta, ele e o seu irmão acabaram de sair – disse Kero.

– Sair? – indagou Sakura parando a porta de seu quarto – Para onde?

– Não sei – respondeu Kero – Seu irmão não me dá muitas explicações. Embora ele saiba da minha existência ele parece preferir fingir que não sabe de nada, então eu continuo fingindo que não sei que ele sabe. Mas e então. Trouxe algo para mim? Sua amiga, Rika-chan, sempre soube fazer doces maravilhosos. Hein? Hein? HEIN?

– Desculpe, Kero-chan. Não deu para te trazer nada – disse Sakura se lançando novamente em sua cama – Na verdade nem comemos muito.

– QUÊ?! NÃO TROUXE NADA PARA MIM? SAKURA, VOCÊ É MUITO MALVADA! – gritava Kero parecendo uma criança mimada forçando choro.

– Kero-chan, não posso chegar à casa dos outros pegando comida e trazendo para a minha! Estávamos fazendo um trabalho de escola, não estávamos brincando – disse Sakura encarando o pequeno comilão amarelo com asas a sua frente.

– Hum... Tudo bem – disse Kero se virando de costas para Sakura e pegando novamente o controle do videogame – Você disse que teria um novo professor hoje, não é mesmo? E como foi?

“Essa foi fácil” – pensou Sakura pensando em como Kero aceitara repentinamente o fato de que ela não havia lhe trazido nenhuma comida ou aperitivo. Se ele desconfiasse que Rika havia feito brigadeiro iria ter um treco ali mesmo.

Mas logo o professor veio a sua cabeça. Aquele homem de cabelos negros e olhos claros, olhos frios, olhos vazios. Ele não parecia agora ser um homem legal, não depois que Rika quase chorara ao tentar falar o que sabia sobre ele. Sakura estava no mínimo intrigada com aquele homem, o que era realmente alguma coisa, pois raramente Sakura desconfiava de alguém, isso é, se ela desconfiou de alguém alguma vez na vida. Não era do tipo de pessoa que duvidava ou esperava o pior das outras. Foi quando ela pensou pelo outro lado, voltando um pouco a si. Talvez estivesse apenas imaginando coisas. Tudo estava bem agora que ela já havia solucionado todos os problemas da sua vida. Nada de ruim poderia acontecer.

– Foi um pouco... Estranho – disse Sakura encarando o teto.

– Estranho? Como assim? Ele era gordo demais? Alto demais? Ou vesgo?

– Não é nada disso, Kero-chan – disse Sakura com seriedade – Eu meio que... Senti uma presença estranha vindo dele.

Naquele mesmo instante Kero parou de jogar e encarou Sakura com seriedade.

– Presença? – disse ele – Que tipo de presença, Sakura?

– Eu não sei dizer. Era como se eu o sentisse próximo de mim. Não conseguia sentir mais ninguém, mas exclusivamente ele – disse Sakura apreensiva – Houve um momento em que pareceu que ele estava... Lendo meus pensamentos.

– Talvez seja apenas impressão sua – disse Kero com indiferença.

– Impressão... – repetiu Sakura para si mesma – É... – disse fechando os olhos – talvez...

Sakura fechou seus olhos lentamente e adormeceu. Estava tão cansada que da mesma maneira como havia deitado havia caído no sono.


– 6 -



A noite foi chegando. As estrelas surgiram no céu. Mas rapidamente iam desaparecendo. A lua foi misteriosamente coberta por nuvens negras que se formavam aos poucos. Um vento repentino começava a correr por toda a Tomoeda.


O Parque dos Pinguins parecia ser o local mais atingido pela forte ventania. Era um pequeno parque para crianças com diversos pinguins de brinquedo, inclusive o chamado pinguim rei, um imenso escorregador com um pinguim azul e uma coroa dourada.

As ruas estavam desertas e tudo parecia escurecer cada vez mais. Mas parecia que alguém estava no Parque dos Pinguins.

– Conseguiu acessar as memórias dela, Duward? – perguntou um garoto. Sua silhueta era escondida pela noite. Ninguém conseguiria vê-lo, ainda que ele estivesse no topo de uma das mais altas árvores do parque.

– Ainda não, jovem mestre.

– Que equívoco – disse o garoto.

– Mas consegui encontrar a memória relacionada ao início das Cartas Clow. Podemos usar O Vento, para isso – disse Duward, estava prostrado perante a árvore em que o garoto estava, como se fosse um servo se humilhando para seu senhor.

– Ótimo – disse o garoto sorrindo.

O garoto retirou de dentro de sua roupa uma pequena chave no formato de um olho e a estendeu a sua frente.

– Chave que possui os poderes da escuridão, mostre a sua verdadeira forma, eu, Oris, ordeno devido ao nosso contrato. Liberar!

De repente a chave brilhou e cresceu, transformando-se em um báculo dourado com a forma de um olho na sua extremidade. O mais assustador era que o olho parecia vivo, pois se mexia rapidamente para todos os lados.

O garoto pareceu retirar de seu bolso uma carta, lançou-a sobre o ar e apontando seu báculo contra ela disse:

– Vento!

De dentro da carta saíram mais rajadas de vento, subindo cada vez mais para o céu, mergulhando entre as nuvens.


– 7 –



– Sakura, hei, Sakura. Alguma coisa está estranha – disse Kero balançando Sakura em sua cama.


– Kero-chan, me deixe dormir... Eu estou... Cansada – disse Sakura se virando na cama.

Kero voou até a janela do quarto de Sakura observando o céu. As nuvens continuavam a aumentar e o vento parecia a cada momento mais forte, envergando as árvores e balançando os fios dos pontes de luz.

– Essa presença. É uma forte presença mágica – disse Kero olhando pela janela – Isso não está certo. SAKURA! ACORDE!

– O... O que foi? – disse Sakura se sentando na cama. Mas antes que pudesse dizer qualquer outra coisa ela sentiu rapidamente uma presença estranha – O que está acontecendo, Kero-chan? – disse se levantando rapidamente e correndo até a janela de seu quarto.

– Essa ventania – disse Kero olhando fixamente para fora – Não é normal.

– O jornal dizia que o tempo ficaria bom até mesmo de noite – disse Sakura encarando a rua.

O celular de Sakura repentinamente começou a tocar.

– Alô – disse ela atendendo.

– Sakura-chan?

– Tomoyo-chan.

– Você está vendo isso? Está ventando muito lá fora. Eu mal consegui dormir com todo esse barulho – disse Tomoyo. Parecia assustada ao telefone.

– É, eu percebi. E também estou sentindo uma presença estranha – disse Sakura.

– Presença estranha? Como quando você sentia uma Carta Clow? – disse Tomoyo.

– Sim, muito parecida – disse Sakura – Eu vou investigar.

– Me sinto realmente preocupada com isso, Sakura-chan – disse Tomoyo com uma voz de choro.

– Está tudo bem. Eu vou ficar bem – respondeu Sakura com confiança e convicção.

– Não é isso – interrompeu Tomoyo – É que eu não tive tempo de fazer uma roupa nova para você.

– To-Tomoyo-chan – Sakura ficou realmente constrangida. Em um momento como aquele, Tomoyo ainda insistia em querer desenvolver roupas extravagantes para Sakura usar – Me encontre no Parque dos Pinguins. Parece que é de lá que eu sinto melhor essa presença.

Sakura abriu a janela de seu quarto para sair quando ouviu alguém bater a porta. Kero rapidamente fingiu ser um ursinho de pelúcia se jogando ao chão. Quando a porta se abriu surgira um homem muito bonito de longos cabelos brancos, tão brancos quanto suas vestimentas angelicais, olhos incrivelmente azuis e um par de asas.

– Yue-san! – disse Sakura ao vê-lo.

– Estava no quarto ao lado, mas não consegui adormecer. Senti essa presença estranha – respondeu.

Yue era a outra personalidade de Yukito, na verdade a verdadeira. Um dos guardiões do Livro Clow, agora Livro Sakura. Era como alguém equivalente ao Kerberos.

– Desenrola logo, Yue. Não temos tempo a perder – disse Kero levantando voo novamente.

Chegando ao Parque dos Pinguins a situação estava ficando cada vez mais perigosa. Os ventos pareciam cada vez mais fortes e tornava difícil a visibilidade ao redor. As árvores aparentavam se segurar firmemente ao chão para não saírem voando pelo ar, e os fios dos pontes estavam prestes a se soltar.

– Sakura-chan! – era Tomoyo que vinha ao encontro de Sakura carregando em sua mão sua fiel câmera filmadora. Seus cabelos ao vento dificultavam sua visão também, assim como seu vestido florido que rodava em volta do seu corpo pelo ar – O que está acontecendo? Esse vento todo? É uma Carta Clow?

– Eu não sei dizer, Tomoyo-chan – disse Sakura. Ainda estava vestida com seu uniforme escolar, pois fora daquela maneira que pegara no sono.

– Sakura! Olhe aquilo! Lá em cima! – disse Kero voando com dificuldade. O vento estava quase o arrastando.

Sakura olhou para o céu e viu um redemoinho se formando aos poucos nas nuvens. Não era mais possível ver o céu. Havia muitas nuvens o cobrindo como um manto negro.

– É melhor eu assumir minha verdadeira forma, ou não vou conseguir mais vo... VOAR! – Kero foi atingindo por uma rajada de vento tão forte que o arremessou para longe, ao mesmo passo em que praticamente arrastava Sakura, Yue e Tomoyo do chão, de tão forte que estava.

– KERO-CHAN!

Mas antes que Kero pudesse se transformar em sua forma verdadeira ele se chocou contra uma árvore com violência e caiu no chão.

– Kerberos! – gritou Yue.

– Kero-chan!

Sakura correu até onde Kero estava e o pegou em suas mãos. Os seus pequenos olhos rodavam e ele estava totalmente tonto. Embora ainda estivesse acordado, não estava em condições de fazer nada.

– Mamãe – foi a única coisa que Kero conseguiu dizer.

– Sakura-chan! Olhe! – disse Tomoyo.

Assim que Sakura olhou para o céu viu que uma coluna de nuvens começava a descer, era um fuçarão, em Tomoeda.

– Não pode ser! – disse Sakura.

– Um furacão! – disse Tomoyo ligando sua câmera rapidamente para filmar aquilo.

Sakura não iria perder tempo. Se aquilo tocasse no chão tudo poderia começar a ser destruído. Tinha que fazer alguma coisa.

– Yue-san, proteja a Tomoyo-chan e o Kero-chan, por favor – disse Sakura entregando Kero nas mãos do anjo branco.

– Tudo bem – disse Yue – Tome cuidado.

Sakura retirou de dentro de usa roupa um pequeno colar no formato de uma minúscula chave cor de rosa e o segurou em mãos. Repentinamente o colar começou a brilhar e um enorme círculo mágico dourado tomou forma aos pés de Sakura.

– Chave que possui os poderes das estrelas, mostre a sua verdadeira forma, eu, Sakura, ordeno devido ao nosso contrato. LIBERAR! – disse Sakura.

A chave brilhou e cresceu, se tornando um báculo cor de rosa com uma estrela dourada na ponta e asas dos dois lados. Sem hesitar, Sakura retirou de dentro de uma pequena bolsa própria para cartas que havia pego em seu quarto uma carta retangular e rosada com um símbolo de um círculo mágico atrás e o símbolo de uma ave na frente.

– ALADA! – disse ela lançando a carta e a tocando com seu báculo.

A carta brilhou e se materializou na forma de asas nas costas de Sakura, que rapidamente levantou voo.

– Cuidado, Sakura-chan! – disse Tomoyo preocupada.

“O que eu posso fazer para parar um furacão?” – pensava Sakura enquanto levantava voo cada vez mais alto na direção to furacão que se formava nos céus – “Preciso pensar em alguma coisa”.

Sakura não podia ver, mas sobre a mesma árvore de antes, a sombra do garoto que havia conjurado aquele furacão acompanhado de seu servo, Duward, continuavam firmes, assistindo a tudo aquilo com certa curiosidade.

– Vamos ver do que os poderes de Sakura Kinomoto são capazes – disse o garoto – Corte-a, Vento.

Repentinamente diversas rajadas de vento surgiram das nuvens atacando Sakura como se fossem dardos lançados no ar. Ela teve que ter muito cuidado e muita precisão para se desviar de todas elas. Uma chegou a passar raspando em seu braço a cortando. Sakura deu um grito de susto.

– Sakura-chan! – gritou Tomoyo do chão.

– Cuidado! – bradou Yue.

“Esses ventos... Estão me atacando?” – se perguntou Sakura – “Não são ventos normais”.

Novamente as rajadas de vento vieram na direção de Sakura.

– Lá vem ele! – disse Yue observando a cena com impaciência. Ele não gostava de ficar apenas assistindo.

Sakura rodava no ar como uma águia, mergulhava e se erguia rapidamente. Não era nada fácil desviar daquelas rajadas, de vento, mas ela tinha que conseguir. Não podia permitir que aquele furacão chegasse até o chão ou Tomoeda poderia ser totalmente destruída.

“Que carta eu posso usar contra isso?” – disse Sakura pensativa enquanto pairava no ar. Não podia se aproximar mais do furacão, o vento estava realmente muito forte.

Foi então que um súbito pensamento invadiu sua mente. Algo que Sakura ouvira mais cedo sobre furacões:


“Um furacão, pode-se dizer que tem um ponto tranquilo, o que é chamado de olho do furacão. Aqui não há chuva e os ventos são mais fracos. Mas quem sabe não haja algo no seu centro, não é mesmo?”



“É isso!” – pensou Sakura – “Tenho que chegar ao centro do furacão”.


Sakura pegou novamente uma carta de seu bolso, uma que poderia protegê-la daquele vento, que poderia levá-la ao centro do furacão. Lançou-a a o ar e ela se materializou como um campo de força em volta de Sakura com o desenho de um escudo.

– Escudo! – bradou Sakura.

Sakura rapidamente mergulhou para o centro do furacão. Mas ao chegar lá ela se deparou com algo que realmente não esperava.

O centro do furacão era mais tranquilo, realmente, não havia tanto vento ou ataques contra ela, mas havia algo que Sakura não esperava.

“Mas quem sabe não haja algo no seu centro, não é mesmo?”. Foi a primeira coisa que veio a sua cabeça.

– Não pode ser – disse Sakura.

Uma mulher, muito parecida com a carta Vento estava no centro do furacão. Ela era mais escura e tinha os olhos vermelhos e estava controlando aquele furacão. Ao ver Sakura ela sorriu.

– Uma... Carta Clow? – disse Sakura analisando aquilo – Isso não é possível.

Yue, o anjo, continuava a encarar o furacão sem conseguir ver nada agora. Sakura estava em seu interior e isso impossibilitava qualquer tipo de contato com ela. O que estaria acontecendo lá dentro?

– Esse furacão... – disse Yue – É obra de magia.

– Como a Sakura-chan pode vencer isso? – perguntou Tomoyo encarando Yue com preocupação em seus olhos.

– Isso ela vai ter que descobrir sozinha – disse Yue – Ela só conseguiu entrar lá graças ao uso da carta Escudo. A carta Escudo protege algo que você realmente queira de qualquer coisa. Isso impediu Sakura de continuar sofrendo os ataques desse furacão, mas ainda não é o suficiente. Chegou a vez dela atacar.

– Por que você está atacando a minha cidade?! – bradou Sakura contra o que quer que fosse aquela mulher, Carta Clow ou não – Quem é você? E o que você quer?

A mulher, que mais parecia um espírito, apenas sorriu, como se Sakura fosse uma garotinha burra e indefesa, virou-se para ela e estendendo suas mãos lançou-lhe uma rajada de vento violenta, porém Sakura foi mais rápida e conseguiu se desviar voando a tempo.

A mulher atacou novamente, e novamente e mais uma vez, cada vez mais rápido, até que conseguiu acertar Sakura e a empurrou para trás, quase a lançando para fora do interior do furacão.

– Você não pode ser a carta Vento. A carta Vento é minha amiga e ela é uma carta gentil – disse Sakura, mais para si própria do que para a causadora daquele tornado – E se eu utilizar a carta Vento contra ela? Não... As duas provavelmente tem o mesmo nível de força... Seria quase como quando eu lutei contra a carta Fogo. Mas... E se eu... Já sei!

Sakura retirou de sua roupa a carta vento e a analisou. Era idêntica a mulher a sua frente, mas parecia muito mais gentil e bondosa.

Novamente um circulo mágico apareceu em volta de Sakura enquanto ela lançava a carta Vento ao ar e a tocava com seu báculo.

– Contenha o furacão ao meu redor e absorva o poder desta que nos ameaça – disse Sakura – Vento!

De dentro da carta de Sakura surgiu uma mulher semelhante a um espírito, muito parecida com a que ocasionava o furacão. Ela começou a absorver todo o vento ao redor, inclusive todo o poder da causadora do furacão.

– Eu não sei o que você é, mas se for o que eu estou pensando terá que para agora mesmo – disse Sakura voando na direção da mulher a sua frente – Volte a sua forma original, Carta Clow!

Sakura apontou seu báculo contra a mulher e rapidamente ela começou a brilhar e a se desfazer juntamente com todo o vento a sua volta, tomando por fim a forma de uma carta que Sakura pegou em suas mãos antes de aterrissar no chão. O nome da carta foi o que mais deixou Sakura assustada.

– Dark Windy – disse Sakura.

– Sakura-chan, você conseguiu! – disse Tomoyo correndo na direção da amiga com a câmera sempre focada nela.

– Acho que sim – disse Sakura sorrindo para a amiga.

Sakura não pôde ver, mas o garoto que estava escondido na árvore junto com Duwar sorria de maneira radiante para aquela cena. Agora que o céu estava novamente estrelado e não havia mais vento algum ele parecia satisfeito com o resultado daquele episódio.

– Vai mesmo deixar que ela fique com a carta, jovem mestre? – perguntou Duward.

– Por hora sim – respondeu o garoto – Apenas fique de olho nela, Duward. Acho que consegui o que queria. Vai ser divertido.

Yue olhou rapidamente para a direção onde Duward e seu mestre estavam escondidos, mas não viu absolutamente mais nada, mas tinha certeza de que sentira a presença de alguém ali.


– 8 –



– Então quer dizer que era uma Carta Clow – disse Kero analisando a carta que Sakura havia capturado. Estava em seu quarto com um imenso curativo na testa e não parecia estar de bom humor – Isso é estranho, Sakura. Clow Reed só fez 52 cartas, embora ele tenha escondido a existência de uma carta 53. Mas não existe lógica para ele ter feito duas cartas Vento. Embora essa seja um pouco diferente. Ela era agressiva. Vento Negro?


– Eu também não entendi o que aconteceu, Kero-chan – disse Sakura sentada em sua cama com cara de preocupada – O Yue-san disse que sentiu a presença de alguém enquanto eu lutava com essa carta Vento e o Shaoran disse que vai me falar amanhã algo que descobriu a respeito disso. Espero que não seja nada perigoso.

– Sinto lhe dizer Sakura, mas isso está me cheirando a coisas perigosas – disse Kero olhando a carta de cima a baixo. Ela não era rosa como as Cartas Sakura, nem mesmo vermelha como as Cartas Clow, era preta – Não vai colocar seu nome nela?

– Não – disse Sakura – primeiro eu quero saber o que ela é.

– Bem pensado – respondeu Kero – Enquanto isso acho melhor você ir descansar, não acho que seu namoradinho vá gostar de encontrar você sem disposição amanhã.

– É verdade – disse Sakura se jogando na cama com um sorriso – Mas me pergunto de onde veio essa outra carta Vento.

“Eu também, Sakura” – pensou Kero – “Eu também”.


– 9 –



– Jovem Mestre – disse Duward. Estava em uma espécie de escritório repleto de estantes e livros com um símbolo de magia no chão. Olhava atentamente para a silhueta de um garoto sentado em uma cadeira numa escrivania, de costas para ele.


– Sim, Duward – respondeu o garoto.

– Já está tudo pronto para liberarmos a Alada Negra – disse.

– Então... Liberte-a – respondeu o garoto – Vamos medir os poderes da nova mestre das Cartas Clow, Sakura Kinomoto com os do verdadeiro bruxo das trevas, Oris Harris – concluiu se virando em sua cadeira.

Era um garoto loiro dos olhos azuis e sorria patéticamente para Duward.


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Notas finais do capítulo

- Para quem gostou de recordar dos velhos tempos ouvindo Cath You Catch Me, da Gumi, recomendo ouvir Groovy, da Hirose Koumi ao término.



NO PRÓXIMO EPISÓDIO:

— Shaoran e Meilin chegam ao Japão para visitar Sakura e seus amigos. É engraçado como após aproximadamente um ano de namoro, Sakura e Shaoran ainda não tenham experimentado o primeiro beijo e o objetivo de Meilin e Tomoyo será justamente levá-los a experimentar esse momento tão mágico e memorável (até porque Tomoyo adoraria filmar o primeiro beijo de Sakura mais do que qualquer outra coisa). Mas a aparição de um imenso pássaro negro poderá colocar esse plano por água abaixo.
Conseguirá Sakura descobrir o que são essas Cartas Clow Negras? Serão elas realmente Cartas Clow?

Não percam o próximo episódio de Sakura Card Captors!

LIBERTE-SE!



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