POV' Tess

– Tem certeza, Tess? - Tay me perguntou, mais uma vez.

– Acredite, tenho. Nem sei onde estava com a cabeça ainda sofrendo por aquele idiota - Eu disse, jogando minha mochila na cadeira. - Mudando de assunto, que milagre é esse que você chegou cedo?

Taylor é o tipo de menina que mora na frente da escola e chega atrasada todo o santo dia. Era realmente um milagre vê-la ali antes das 7:01– exatamente um minuto depois do começo da aula.

– Minha mãe tinha reunião e me deixou aqui de carro. Mas sério, não fuja do assunto.

O "assunto" ao qual uma das minhas melhores amigas se referia era um garoto da minha sala que tinha ficado comigo meses antes. As pessoas sempre me julgam por isso (idiota, ingênua, infantil, etc), mas sou romântica desde pequena e ficar por ficar definitivamente não é o tipo de coisa a qual estou acostumada. Sei lá, simplesmente não é a minha cara, nunca vi sentido nisso. O cara sabia disso, me enganou, nunca mais nem olhou na minha cara e eu, retardada, passei meses sofrendo pelo canalha. Mas não mais. Já vinha me recuperando há algum tempo e estava curada, tinha certeza. A coisa mais parecida a um sentimento que eu tinha em relação ao dito cujo no momento era uma vontade enorme de me levantar, ir até ele e chutá-lo bem no seu... lugar sensível, digamos assim.

– Não to fugindo, sério. Eu simplesmente superei. Vamos combinar, ja tava mais que na hora de eu me tocar que ele não merece minhas lágrimas, mas sim meu desprezo e um bom tapa na cara!

– Seu tapa na cara? Aut! Agora ele se ferrou bonito!

Porque "meu" tapa na cara? Simples: desde que me entendo por gente, sou uma das mais fortes das minhas amigas. Posso até não aparentar (e realmente não aparento mesmo) mas sim, sou forte pra caramba e, pra piorar, meu avô era policial e me ensinou a me defender (muito bem, diga-se de passagem). E as meninas, ao mesmo tempo que sofrem, também adoram esse meu "dom", principalmente quando precisam me usar como "guarda costas"...

– Nah, não vou fazer isso, não quero suspensão. Além do que, vou fingir que nem sei quem ele é. Mais produtivo e não cansa minha força.

– Como se algum dia cansasse... Mas melhor ficar na sua mesmo. E aí, conte as novas?

– To assistindo uma nova série

– Ai senhor, OUTRA? Sério?

Eu sou um pouquinho viciada em séries. Ou tv shows, como preferirem. As meninas não me aguentam mais ouvir falar no assunto - elas até gostam, mas nenhuma é tão viciada como eu. Vejo vários episódios de vez, me apaixono por personagens e sou super fangirl de todas as séries que assisto. Pra ser sincera, tenho uma lista de séries pra ver... As que já assisti/acompanho são Friends, Doctor Who, Glee, Bones, The Mentalist, Castle, Sherlock, The Big Bang Theory, 2 Broke Girls, House, Greys Anatomy, Lie to me, CSI, Criminal Minds, NCIS, Once Upon a Time e New Girl.

Sim, eu consigo acompanhar todas e ainda arranjar um tempinho pra rever alguns episódios das que já acabaram, como House e Friends.

– Sério. CSI NY

– Você não já assistia essa?

– Não, assistia CSI Miami.

– Nossa, graaande diferença - Ela revirou os olhos.

– Na verdade é sim completamente diferen - Não pude terminar a frase, pois uma Beck pulou nas minhas costas.

– OOOOOOOOOOI MEUS AMORES quais as novas?

– Nem pergunte, você não quer saber.

A pequena Beck, que por acaso é outra das minhas melhores amigas, começou a dar pulinhos no chão - ela é meio... empolgada assim mesmo.

– Quero siiiiiimmmm, me contem tudo!

– Ai senhor - suspirei - Não é nada de mais, Becky

Beck - que na verdade se chama Rebecca - tem vários apelidos. Chamamos ela de Beck, Becky, Becks, Be, Becca, Recks, Bex, lêmure, gnoma... Dentre outros. Ela tem meio metro de altura (ok, mais que isso, mas ela é uma das mais baixas da sala), e é a garota mais empolgada e cheia de energia que conheço.

– Dane-se, quero saber. Fala fala fala por favooooor!

– Tá, calma! Bom, primeiro, eu superei o Johnny de vez. - Eu disse, como se não fosse nada de mais. E realmente não era. Tinha demorado, mas eu tinha conseguido e era isso que importava - E comecei uma nova série.

– PARABÉÉNS BEBÊ! - Ela me abraçou apertado, para me soltar logo depois - Agora, quanto a parte da série: OUTRA?

– É, outra. - Tay revirou os olhos mais uma vez.

– CSI NY - Eu disse, animada.

Beck olhou pra Tay .

– Ela não já...

– Segundo ela, não, a outra é CSI "Miami"

– Ainnn, você é muito complicada pra mim, credo!

Foi a minha vez de revirar os olhos.

– Olha, agora é a época do hiatus tá? Nenhuma das que eu assisto tá lançando episódios, precisava de uma nova série pra assistir!

– Se você for começar 5 séries a cada hiatus, acho que em 2 anos você vai estar acompanhando todas as séries existentes, Tess.

– Hey meninas! - Lou e Clare chegaram, já interessadas na conversa - Qual a boa?

– Tess superou o Johnny, graças a meu bom Deus. E começou a assistir uma nova série aí, mas essa parte não é importante - Beck adiantou.

– Besta - Eu disse, bagunçando os cabelos da baixinha.

– Superou? Awww Tess, tô tão feliz por você! - Lou me abraçou.

– Já contou pra Mack? - Foi a pergunta da Clare.

Bom, como já devem ter percebido, somos um grupo de meninas. Eu, Tay, Beck, Lou, Clare... E, bom, a Mack... Mas a Mack se mudou - Pra LA, vale ressaltar - no ano anterior. Mesmo assim, ainda somos melhores amigas e ela vem nos ver todas as férias. Ela é meio maluquinha - já fez tanta coisa doida que é impossível citar. A última foi pintas as pontas do cabelo de roxo e azul. Ficou até legal, mas isso não vem ao caso. Enfim, eu continuava contando tudo pra ela, e dessa vez não foi diferente.

– Já sim, falei com ela pelo skype ontem de noite. Ela tá toda orgulhosa, dizendo que eu tenho mais é que humilhar o garoto, mas não vou fazer isso. Tipo assim, não sou a Mack.

Mack, além de tudo, tem um gênio forte. Se eu fosse um garoto, COM CERTEZA a última coisa que eu ia querer era deixá-la irada. Ela não é forte como eu, mas sabe ser MUITO má quando quer...

– O que tem a Mack? - Tim perguntou, surgindo atrás de mim.

Tim havia virado meu melhor amigo já há algum tempo. Ele tem os olhos meio puxados, então as vezes o zoamos chamando-o de Japa (ele não tem realmente descendência oriental, por isso não gosta. Mas não, ele não tem nada contra os orientais). O abracei, como de costume, e ele foi cumprimentando o resto das meninas, uma por uma.

– Eu superei o Johnny e a Mack queria que eu... - parei por um segundo, me lembrando as exatas palavras dela - ... eu.. eu não vou repetir o que ela disse.

Todos riram um pouco.

– Claro, só podia ser a Mack... Mas que bom que superou, Tess, to orgulhoso de você - Ele bagunçou meu cabelo, no exato instante em que a professora entrou na sala e todos nos sentamos para assistir a maldita aula de matemática.