The World Can Be Wonderful escrita por Miyuki Yagami


Capítulo 8
Chapter 7


Notas iniciais do capítulo

Capítulo curtinho, mas espero que gostem o/



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Seis meses passaram rápidos.

Seis meses.

Era inacreditável que passou tudo tão depressa.

Agora, todos chegávamos seis e meia e ensaiávamos até as sete e quinze. Gakupo, Luka, Rin, Len, Kaito e eu.

Kaito escrevia nossas canções. Escrevia tão bem.

Eu ficava vermelha em pensar, mas estava chegando a hora de eu me declarar. Já sabia bem quais eram meus sentimentos pelo garoto.

No final de um de nossos ensaios, todos sairam e só sobraram nós dois.

Ficamos arrumando os instrumentos.

Ele dedilhou uma guitarra e eu cantarolei algo sem nexo. Nós dois rimos.

- Miku, acho que agora já posso falar com você. - disse ele por fim.

- O que é, Kaito?

- Você se lembra que, bem, eu disse aquele dia na sorveteria que eu precisava te falar algo importante? - perguntou.

Fui me recordando lentamente.

- Ah... Sim. Mas, antes, eu preciso que veja uma coisa. - falei. Mostrei a ele um papel. Nele estava minha primeira música.

Ele leu atentamente e riu.

- Qual é a graça? - perguntei, emburrada.

- Nada. É que não combina com você. - disse ele. - Bem, certas partes.

- Quais especificamente? - perguntei.

- Aqui olha. - cheguei mais perto, mas tropecei no violão e cai em cima de Kaito. Nossos rostos estavam a centímetros um do outro.

Ele e eu estávamos vermelhos. Demais.

- Hum, acho que você quer sair daqui. - disse ele.

- Tem razão. - falei.

Sentei e ele também.

Ficamos nos olhando.

Ah! Iria enlouquecer. Não podia gostar de alguém, não podia, não podia, não queria, não devia.

- Então, quando é sua competição de nado? - perguntou Kaito.

Eu o encarei.

- Como sabe que eu tenho uma competição?

- Lembra que eu falei que seria seu stalker? Então, estou apenas cumprindo o que disse.

- Não é isso. Já vem desde antes. - comecei me lembrando. - Você sabia tudo o que eu fazia. Sabia que dançava, que eu pintava, que minha agenda é cheia de atividades extracurriculares. Sabia também que sei falar cinco línguas. E que tenho dezesseis anos. E - continuei, a raiva aflorando. - sabia também o dia do meu aniversário, mesmo ninguém da sala ter sequer comentado. Como sabe disso tudo?

Ele ficou me olhando. Estava encurralado e sabia disso.

- Kaito! - gritei.

- Eu só fiquei curioso quando entrei na escola, pois me tratou mal sem motivo algum. - Ele olhou para o chão. - E aquele dia do cemitério, eu, eu encontrei você por engano. Fui ver a minha irmã. Ou melhor, a lápide dela. - Kaito passou a mão no cabelo. - E eu sabia onde você morava, porque todos daqui comentavam sobre sua casa, que é uma mansão. Quando eu te levei, o mordomo me contou do seu aniversário e tudo o que você fazia. Foi isso.

Fiquei com dó de Kaito, pela irmã dele, mas fiquei com muita raiva. Odiava falta de privacidade.

- Minha competição de nada é tantos dias depois do meu concerto. - falei, levantando.

- Esse tantos significa que número? - perguntou ele.

- Você não é meu stalker? Descubra. - retruquei. Toquei a maçaneta da porta quando ele falou novamente.

- Seu pai vai nas suas apresentações?

Olhei para a maçaneta.

- Isso não é da sua conta. - respondi e bati a porta.

Desci as escadarias correndo e fui para o banheiro feminino. Entrei. Não precisava de ninguém conhecido me observando. Eu só precisava que minha mãe me visse, independente do lugar que estava.

Fiquei me olhando no espelho.

Quem era aquela garota?

Ela tinha olheiras. Estava curva devido o cansaço de tanto ensaiar. Respirava com dificuldade.

Bati no espelho.

Estava com raiva de todos.

Escutei alguém vomitando em um dos reservatórios. Será que aquela pensou estava bem? E eu, eu estava?

Me assustei quando vi Meiko saindo. Ela limpou o rosto com um guardanapo e sorriu para ela mesmo no espelho.

- O que está olhando, nanica? - perguntou, passando um batom vermelho-sangue.

- Você está legal?

Meiko olhou pra mim e colocou uma das mãos em minha testa, verificando se estava com febre. Revirei os olhos. Quanta maturidade.

- Não é da sua conta. - respondeu.

Pensei algum tempo e olhei o relógio. Estávamos atrasadas. Ótimo. Obrigada, Kaito.

Meiko sempre chegava atrasada, o que era estranho, pois algumas vezes eu a via antes do horário da aula. Foi ai que tudo fez sentido.

- Você é bulêmica? - questionei.

Meiko me olhou, tinha borrado um pouco do batom.

- Não, tá louca?

- Você é sim. Por que faz isso? É magra, e mesmo se não fosse, não precisava apelar pra isso. - falei. - Isso pode te matar.

Meiko riu debochadamente.

- Então como estou viva?

- Porque você ainda pode parar. - falei. - Você vai parar, não vai?

- Não sei do que está falando. - Meiko revirou os olhos. Parecia entediada.

- Sabe sim, e se não parar, vou contar aos seus. - A ameaça era tão imatura, mas deveria funcionar. Os pais de Meiko trabalhavam para meu pai, eu os conhecia das festas.

- Isso é baixo até mesmo pra você, Hatsune. - Meiko ajeitou o cabelo se olhando no espelho. - Sabia que tenho uma filmagem daquele dia?

Fiquei esperando.

- Seu papai não ficaria contente, né? - Meiko riu.

- Sua suja! - falei.

- Eu? Suja? Quem é que toca e canta escondido de todos com medo do papai? A suja aqui é outra. - disse Meiko, e bagunçou meu cabelo, como se eu fosse uma criança. Depois ela saiu.

Não fui pra aula aquele dia. Fiquei na biblioteca dormindo. Estava muito cansada. E no dia seguinte ainda teria meu concerto.

Não pensei nos passos, no olhar reprovador que eu sei que meu pai daria se errasse um passo. Só pensei em Meiko morrendo. Dormi muito mal na biblioteca e em casa também.


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