Bella

Estava encantada com a surpresa que Edward me fez. Aquela casa era a prova de que ele estava mesmo mudado e que aceitara bem o fato de ser pai. O bairro era bem tranquilo, sem as grandes construções de apartamentos aranha-céu. Nem do burburinho da cidade. Ali nossos filhos poderiam brincar no jardim sem preocupação.

Não era uma casa enorme, mas era maior do que qualquer outra em que já vivi. Nem saberia se poderia me acostumar com tanto espaço. Isso porque nossos filhos ainda não nasceram, dizem que os rebentos preenchem o lar de todas as maneiras.

Estávamos sentados displicentes no chão da sala, olhando a lareira. Imaginando os natais dali para frente. Projetei a cena exata, Edward e eu com gorros de Papai Noel. A lareira com enfeites natalinos pendurados. A grande árvore que fora enfeitada por nós quatro com grande festa. Edward contava histórias para nossos filhos atentos. Seria cedo para imaginar que seriam dois meninos? Os dois com os olhos e o sorriso do pai.

Lembrei-me de Alice e de como gostaria que ela passasse o natal conosco também. Sempre coruja, a minha cunhada colocaria meus filhos a perder. Era uma cena perfeita. Questionei sobre o destino de Alice ao Edward e ele me tranquilizou dizendo que passaria o seu apartamento para o nome da irmã e sempre estaríamos perto dela. O meu celular tocou, vi que era a minha irmã. Atendi prontamente, já sabendo que aquela ligação era referente à confirmação da data da viagem deles para nos visitar.

– Oi Rosie.

– Oi irmãzinha! Estou ligando para dizer que já temos a data. Iremos na sexta-feira. Chegaremos pela manhã. – Seria uma semana antes do meu casamento. Tempo suficiente para a tensão entre eles melhorar.

– Ah que bom!

– Avise a Alice, ela quer nos pegar no aeroporto com você. E saiba que a mamãe levará mesmo o namorado dela, mas não se preocupe, ele é legal. Outra coisa: Não fale ainda para o Edward.

– Entendi. Combinado então. Falamos depois, tudo bem? – Não poderia falar muita coisa já que Edward estava agarrado a mim. Rosie percebeu que não poderia falar e encerrou a conversa.

– Até mais, irmãzinha. Até loguinho! Beijos.

– Beijos. - Desliguei o telefone em expectativa. – Rosie. – Falei e sei que ele não gostou.

– Eu vi. Vamos jantar fora? – Eu sei que foi uma fuga para não tocarmos no assunto “nossos irmãos”, mas adorei a ideia e sorri para ele.

Avisei a Alice sobre o dia que teríamos que ir pegar a parte desgarrada da nossa família no aeroporto e ela vibrou. Tudo corria bem e se mantivéssemos o pensamento positivo tinha certeza de que conseguiríamos reaproximar nossos familiares novamente. Seria maravilhoso.

Na véspera da chegada deles, recebi um telefonema de Jacob. Não tínhamos nos falado mais desde minha volta com Edward. Ele sugeriu tomarmos um café e como eu não tinha clientes até as 10, resolvi passar um tempo com ele. Edward tinha ido visitar um cliente, depois de ter dormido comigo. Iríamos a um café próximo ao estúdio.

– Então... Noiva e grávida? – Jacob perguntou depois de nos cumprimentar calorosamente. Tinha aprendido a gostar e admirar ele.

– Sim... Não é inacreditável?

– Bem, não é inacreditável. Você é uma garota de que olhamos e sabemos que é para formar uma família.

– Ownnn... Você é um amor, Jake.

– Inacreditável é você formar uma família com aquele boçal e prepotente do Edward Cullen.

– Jake, Edward mudou. Você precisa ver como parece outra pessoa. – Ele rolou os olhos.

– Você está feliz, não está? – Jake analisou-me.

– Muito. – Afirmei convicta. - Ele está me fazendo feliz e o estúdio está indo bem. As clientes, amigas e conhecidas da Sarah me recomendam para outras pessoas e estudo a possibilidade de contratar uma pessoa para me ajudar.

– Fico muito feliz por isso. Eu sabia que podia reaver o estúdio e fazer daquilo algo incrível. – Foi a minha vez de fitá-lo. Jake era tão sincero e sempre me apoiou. Ele era um bom homem e talvez se eu não tivesse me apaixonado pelo Ed, teríamos sido felizes. – O que foi? – Perguntou ao notar que eu o olhava.

– Você, você é incrível. Espero que a Leah esteja te fazendo feliz. E que seu trabalho na academia esteja indo bem também.

– Sim, está tudo ótimo. Tive uma proposta para dar aulas e estou vendo se é possível.

– Que maravilha Jake. Acho que as alunas terão um déficit de atenção, mas... – Brinquei.

– Para com isso. – Falou encabulado e fez sinal para alguém nos atender.

Fizemos nossos pedidos e continuamos a conversar sobre nossas vidas.

– Quero que vá ao meu casamento. Você e a Leah.

– Eu não sei... – Ele hesitou.

– Como assim? Por que você não iria? – Quis saber. Nossos pedidos chegaram me forçando a esperar pela resposta dele até a garçonete nos deixar a sós novamente. – Então? Por que você não iria para o meu casamento?

– Primeiro, o Senhor Topete não iria gostar de me ver lá. Ele não vai com a minha cara e eu também não vou com a cara dele. – Jake bebeu seu café fazendo uma cara de que era óbvio o que tinha acabado de me falar.

– E segundo?

– Segundo... – Jacob olhou para mim e depois para a xícara a sua frente. – Bella, eu não sei se isso... – Jacob tocou em minha mão que descansava sobre a mesa. Cobri sua mão com a minha outra lhe fazendo carinho.

– O que há Jake?

– Eu ainda tenho uma grande, imensa, gigantesca, galáctica queda por você. – Bem, aquilo me fez arfar. Pensei que ele tinha me superado. – Eu não superei você. Ainda. – Falou como se lesse a minha mente.

– Jake...

– Não fique assim, não se preocupe. – Ele acariciou o meu rosto com a mão livre. – É que talvez para mim leve um pouco mais de tempo.

– Então, achei a minha noiva. – Edward materializou-se a minha frente. Jacob e eu nos afastamos. – Com o ex. – Ele ressaltou lançando um olhar raivoso nem um pouco contido para Jacob.

– Ed! – A minha surpresa foi notável.

– Oi amor. – Edward puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado beijando-me nos lábios. – Perguntará o que eu faço aqui? – Ele estava irritado e falava com cinismo. Por um momento não soube o que dizer. – Fui visitar um cliente como já tinha lhe dito. Então a conversa foi rápida, mas bastante animadora. Como percebi que ficaria com um tempo livre, pensei em talvez visitar a minha noiva em seu trabalho. Mas não contava que ao passar por este café, a encontrasse com o seu ex. – Ele sorriu ainda cínico.

– Algo proibido aqui? – Jake como sempre não manteve a língua por detrás dos dentes. Edward parecia ainda mais agressivo ao voltar a olhá-lo. Então soltou um riso curto descontrolado.

– Talvez a sua cara de pau devesse ser proibida.

– Assim como seu topete esnobe?

– Vocês vão parar ou terei que jogar água? – Fui ácida, mas parece que eles nem me escutaram.

– Serei claro, Jacob Black. Bella agora é uma mulher comprometida, se unirá em matrimônio comigo e terá um filho meu. Neste caso, seria digno e respeitoso de sua parte que se mantivesse afastado.

– Edward! – Reprovei o que ele dissera.

– Digno e respeitoso? E quando foi que aprendeu sobre essas coisas? Quando contratou a minha namorada para fingir ser a sua noiva enquanto enganava os seus superiores para garantir um cargo na elite da empresa?

– Pra mim chega! – Edward ficou furioso e levantou.

– Ah pra mim chega também! – Jacob também levantou os dois ficaram se encarando. Temi por eles e senti que as pessoas começavam a encarar.

– Por favor, vocês dois sentem-se. Sentem-se! – Exige mais alto e lentamente me obedeceram.

– Vamos embora Bella. – Edward falou para mim.

– Não! – Ele me olhou surpreso. – Não sairei daqui antes de terminar o meu café com o Jake.

– Mas o que?!

– Isso mesmo. Você está exagerando. Estávamos aqui em uma conversa cordial.

– Ah imagino como estava sendo cordial esta conversa. – Falou com esgar.

– Ora, pare com isso Ed.

– Vamos embora. – Repetiu.

– Sabe de uma coisa, eu que vou embora. – Jake decidiu.

– Não vai. Viemos aqui conversar um pouco, saber sobre nós, tomarmos um café.

– Esse era o plano, mas parece que o seu noivo histérico não pode nos ver juntos. Isso é que é insegurança!

– Talvez a mesma que teve enquanto Bella e eu estávamos apenas com assuntos meramente profissionais.

– Aquilo estava longe de ser assunto meramente profissional. Olha só como acabou, essa é a prova!

– Jake você... – Pensei que Jacob também tivesse deixado isso de lado, mas parecia que não estava tão de lado assim.

– Então está com dor de cotovelo? – Edward provocou.

– E você, com medo que ela acorde e veja que tipo de homem é você?

– Agora quem diz chega sou eu! – Falei um pouco mais alto e firme. – Vocês parecem duas mulheres intriguistas. Não suporto isso. Jacob, Edward não agiu premeditadamente, nenhum de nós dois imaginou que nos apaixonaríamos, aconteceu. Ele não me tirou de você. Antes disso você tinha terminado comigo. – Falei olhando para ele que abaixou os olhos levemente. Tornei para o meu noivo ao meu lado. – Edward, Jacob é uma pessoa que confio e nossa amizade é importante. Jacob é respeitador não precisa ficar assim. – Meu noivo sustentou o meu olhar um pouco mais. – Amo vocês dois e mesmo que não sejam amigos terão que manter o nível de convivência melhor do que isso.

Edward encostou-se na cadeira, estava irritado ainda, mas parecia querer manter o controle. Ele olhou nos meus olhos mais uma vez. Não sei o que ele buscava ver neles, talvez a certeza de que nada aconteceria entre Jake e eu, tão pouco sei o que ele encontrou, mas beijou-me na testa com carinho.

– Nos vemos em casa.

– Tudo bem. – Edward se foi sem dizer mais nada. – Você precisava dizer aquelas coisas? – Falei zangada para Jake.

– Hey, ele começou.

– Edward só estava com ciúmes.

– E eu deveria permanecer mansinho enquanto ele falava aquelas coisas?

– Jake isso terá que acabar. – Avisei-o.

Mas tarde quando cheguei em casa, Edward já estava lá e preparava o nosso jantar. Ele não me pareceu mais birrento e nem tocou no assunto. Resolvi também não tocar mais naquele assunto. Não queria chateá-lo, pois logo Rosie e Emmet chegariam e o queria acessível e tranquilo.

No dia seguinte, tive que dizer uma mentirinha a ele. Falei que iria resolver algumas coisas sobre o casamento com Alice e que passaria o dia fora, passeando. Ele não desconfiou, também teria que trabalhar, decidiu voltar para o seu apartamento. Encontrei com Alice onde ficamos de alugar um carro para pegarmos os nossos irmãos e de lá nos encaminhamos para o aeroporto.

A primeira que eu vi foi a Rosie, sempre de salto alto e os cabelos louros que chamavam a atenção. Logo atrás dela Emmet, forte como sempre. Corremos para abraça-los e notei a barriguinha que Rosie já mostrava. Minha mãe chegou logo em seguida, com uma roupa de adolescente, ela não tinha jeito. E depois vi o Phil, também alto e musculoso, de cabelos ruivos espetados. Estávamos todos falando de uma vez e sempre voltávamos a nos abraçar como se nunca fosse o suficiente, estava morrendo de saudades deles.

Passamos o dia juntos visitando alguns lugares, almoçamos num bom restaurante e então seguimos para o hotel onde eles ficariam hospedados. Decidimos que eu falaria com o Edward e que tentaria marcar um encontro com eles o mais breve possível.

– Olá! – Disse ao entrar no apartamento com Alice. – Edward?

– Oi amor. – Ele apareceu logo em seguida. – Demoraram. Resolveram tudo? – Edward me beijou e depois despenteou os cabelos da irmã.

– Sim.

– Bella vou tomar um banho e depois conversamos. – Alice piscou para mim. Ela queria me deixar a sós com o irmão para falar sobre a nossa visita. Assenti sorrindo.

– O que estava fazendo? – Enlacei o e noivo, minhas mãos indo para a sua nuca enquanto as suas deslizavam por toda a extensão das minhas costas.

– Terminei agora algumas ligações. Pegando informações de um novo trabalho, mas que só começarei amanhã.

– Hum, então temos tempo? – Falei maliciosa.

– O tempo que quiser. – Quando ele beijou o meu pescoço, todos os pelos do meu corpo arrepiaram. – Como andam os enjoos?

– Brandos.

– Que bom. – Beijei-o nos lábios, querendo sentir o sabor do amor em minha língua. Colei ainda mais o meu corpo no seu. Queria que ele me tomasse nos braços. – Se for para continuarmos, sugiro ir para o meu quarto. – Sorri para ele. Eu gostaria muito, mas tinha que conversar com ele.

– Tenho que te contar uma coisa.

– Conte. – Edward segurou o meu queixo com deus dedos e cheirou o meus cabelos. Peguei em sua mão e o conduzi para se sentar. – Algo grave? – Ele desconfiou.

– Não. Mas é sério.

– Estou ouvindo. – Ainda estávamos de mãos dadas, eu afaguei sua mão, querendo que ele se mantivesse calmo.

– Ed, minha mãe e o seu namorado estão na cidade. Chegaram hoje.

– Isso é bom você estava morrendo de saudades. – Disse compreensivo.

– Pois é.

– Quando pretende vê-la?

– Eu já a vi. – Falei culpada. – Fui busca-la no aeroporto hoje pela manhã.

– Você disse que iria resolver coisas do casamento com a Alice... – Edward olhou para mim me acusando, pois já desconfiava do resto. – Porque mentiria sobre isso?

– Desculpe...

– Bella?

– Rosie e Emmet também vieram. – Edward respirou fundo.

– Se quer manter contato com eles tudo bem. Mas eu não manterei contato com eles de maneira alguma. E prevendo que irá me pedir algo como encontrar com eles e fazermos as pazes, eu já digo que nunca.

– Mas você nem me escutou. – Lamentei.

– Você que não vem me escutando. Ha 4 anos você não me escuta sobre isso. Meu irmão me traiu. Costumávamos ser companheiros, falávamos sobre tudo, inclusive garotas. Tínhamos essa abertura e mesmo assim ele decidiu agir pelas costas. Ele fugiu com a minha noiva.

– Rosie e Emmet não eram muito maduros. Nunca serão, eu acho. Mas eles sentem muito.

– Para com isso. – Edward levantou-se, se afastando de mim.

– Só falta isso para sermos completamente felizes.

– Não Bella. Eu já sou completamente feliz. Já tenho a minha família, já tenho a Alice, você e terei meus filhos.

– Falta o Emmet.

– Emmet morreu para mim. Emmet morreu há 4 anos! – Edward quase gritou e se dirigiu para o seu quarto.

– Eu sei que se sente traído. – Fui atrás dele. Edward andava de um lado a outro no quarto. – Mas eu quero a Rosei e o Emmet com acesso a nós.

– Lamento, mas as coisas não podem ser sempre como você quer. Somos um casal agora.

– Certo, então vamos entrar em um acordo.

– Não há como ter acordo sobre isso.

– Então faça o que eu peço. Veja o seu irmão, escute o que ele tem a dizer.

– Bella... – Edward parou a sua caminhada nervosa, segurou com suas mãos geladas pelo nervosismo o meu rosto. – Não quero vê-los.

– Sua última palavra? – Ele assentiu. – Vou para casa agora. Você irá pensar sobre isso. E só vamos nos ver novamente quando decidir encontrar com o Emmet.

– Mas isso...

– É uma chantagem. – Falei. – Está em suas mãos. – Sai do seu quarto rumo a porta de saída.

– Bella! – Ele vinha atrás de mim. – Eu te amo, mas não irei atrás de você. Não pode me impor isso.

– Que pena. – Foi a última coisa que falei antes de sair da frente dele. Meu coração aos pulos, achando que talvez tivesse forçado a barra e estragado tudo.