Eternos escrita por ThC


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitor (se é que alguém lerá essa história). Bem, essa foi uma tentativa de expressar meus pensamentos e minha imaginação. Eu já escrevia textos e coisas pequenas, mas essa é minha primeira tentativa de criar algo longo e mais elaborado. Espero que gostem e me perdoem por qualquer coisa. (Postarei o Prólogo e o primeiro capítulo de uma vez, depois postarei os restantes dos capítulos uma vez por semana, se gostarem realmente, postarei com mais frequência). Obrigada.



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"Lamentação: s.f. 1. Ação de lamentar(-se); queixa; lástima; lamúria. 2. Canto fúnebre. L-a-m-e-n-t-a-ç-ã-o. Eu sempre gostei dessa palavra e pode-se dizer que a usei muito. É um meio de pedir desculpas, de sentir muito, de realmente lamentar pelos acontecimentos alheios, principalmente quando era eu quem os causava. Toda vez que destruía o coração de alguém, eu fechava os olhos e dizia com toda a sinceridade que era capaz de obter: “Eu lamento”, a pessoa me olhava com um pesar muito grande porque, mais do que sentir pena dela pelas tragédias, ela sabia que eu sentia pena de mim mesma por ser tão maníaca, tão doente, tão triste, tão destruída.

Eu estou tentando, eu juro que estou tentando não ser tão descontrolada e impulsiva. E eu realmente quero ficar bem, eu realmente quero continuar bem. Mas estou ciente de que há uma grande falha dentro de mim e essa falha pode estar tanto no cérebro quanto na alma. É difícil.

“2. Canto fúnebre.” Refletindo sobre isso, eu tenho a certeza de que lamentação realmente é a minha palavra, porque esse significado tão monótono e frio está presente como trilha sonora da minha vida um tanto de vezes. Veja bem, não estou me referindo à morte alheia, mas sim à minha morte. Esse canto fúnebre ecoou na minha cabeça quando eu morri repentinamente. Era horrível, devastador, perturbador. E só quem já morreu repentinamente sabe do que estou falando. Você até aprende a cantarolar seu canto fúnebre quando não tem nada para fazer.

Mas a tristeza é realmente uma coisa com diversas dimensões: na arte, ela pode ser maravilhosa e até mesmo a matéria prima; numa música, pode ser ela que dê aquele toque especial; mas, na vida, a tristeza te destrói. Na verdade, existem pessoas que gostam da tristeza. Eu, por exemplo, nunca consegui viver sem a melancolia, parece que vêm dentro da gente desde o nascimento ou até mesmo antes, entende? Eu aprendi a apreciar a tristeza de um jeito doce: eu sempre enxerguei o triste como sinônimo de calma, o cinza como sinônimo de bonito, o silêncio como sinônimo da maior paz que pode existir. Mas, chega uma hora em que você não pode ser triste com as pessoas, deixe-me explicar. As pessoas com quem você convive querem ver você feliz e não, elas não entendem que você não é feliz ou infeliz, mas sabe lidar muito bem com isso; então elas começam a dizer a você para tentar ser mais alegre e eu juro, não há pior coisa no mundo do que forçar felicidade. A história é sempre a mesma: a última coisa que você quer é não decepcionar as únicas pessoas que você sabe que realmente te amam e que foi tão difícil encontrá-las, então você começa uma busca interminável dentro de você; você tenta encontrar, a qualquer custo, uma força, um significado, algum maldito motivo pra ter a tão esperada “felicidade”, mas acha que é impossível, e então você começa a fingir, isso mesmo, aquele clássico sorriso no rosto e as frases efusivas e ensaiadas. Todo mundo te julga feliz e pronto, seu trabalho está feito. E muito bem feito. Tão bem feito que você mesmo começa a se enganar, você começa a agir com uma certa naturalidade diante da tal felicidade, mas, no fundo, você sabe que não é nada disso ou daquilo. Você está apenas atuando. Mas daí você me pergunta: e não é bom ser feliz? Não, não é. Não desse jeito, não é bom ser feliz vivendo uma mentira. Você sabe muito bem que esse não é você, você não é frívolo, não é raso, não é efusivo. E não há nada pior do que estar vivendo numa mentira. E aí chega o tão temido e terrível momento:  você enlouquece. E não é o tipo de loucura que faz você ter alucinações ou coisas assim, é uma loucura do tipo consciente. Você enlouquece, mas está ciente dos seus atos mais terríveis e por isso, os pratica sem censura ou pudor. Você usa a loucura para se destruir porque toda sua vida foi uma mentira, você descobre que viver na tristeza seria boa apenas no isolamento e que a felicidade só seria útil se fosse de verdade. O pior monstro de todos não está debaixo da cama ou dentro do armário, o maior monstro está dentro de você. O monstro é você. E descobrir isso é como ter a pele dilacerada por uma navalha sem piedade.

Eu soube que precisava ser salva a partir do momento em que encontrei quem poderia me salvar, mas ninguém – absolutamente ninguém – tem a obrigação de te salvar a não ser você mesmo. E isso é terrível. Lembre-se que você não tem forças e tudo o que você teve até hoje se perdeu dentro de si próprio. Mas, graças a Deus ou a qualquer coisa que aconteceu em minha vida, a minha “possível salvação” realmente quis me salvar. E eu a agradeço eternamente por isso e por todas as coisas que ela fez ou deixou de fazer por mim. Estou ciente de que hoje em dia, eu já não posso viver sozinha. Tudo o que fiz e destruí, de certa forma, consumiu uma parte de mim e já não tenho condições internas e externas de passar por tudo de novo.

Não peço a você para que goste de tudo isso, afinal, não há nada de bonito aqui. Você pode detestar, desprezar, lamentar (como eu sempre faço), mas uma coisa eu lhe garanto: o que você vai encontrar aqui é a pura intensidade. Não há nada mais que isso. Tudo em mim é profundo e maníaco demais e eu realmente lamento por isso. Ou não.

Escrevo este pequeno texto simplesmente porque gostaria de dizer estas palavras, só por dizer. Sem compromisso algum. Quero lhe pedir desculpas e lamentar por tudo o que fiz, se eu te magoar um dia, meu dever já está feito. Toda a minha história contém apenas rabiscos, rascunhos, rasuras. A única coisa de concreto que existe nisso tudo é o amor que recebi e recebo até hoje, seja por compaixão ou pena. Amor ou qualquer coisa que isso seja. Existem tipos diferentes de eternidade: a dor eterna, a felicidade eterna, a melancolia eterna... A eternidade não tem um tempo certo, ela pode durar a vida inteira ou apenas três segundos. Eu tive várias eternidades, de diferentes durações e em diferentes momentos, por isso, de uma coisa eu tenho certeza: uma salvação eterna é a melhor coisa que alguém pode ter.

Um sincero abraço,

                                                                                                                                             Helena.”


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