Sentimentos confusos

“E se é certo, por que então eu estou tão confusa? Por que algo me diz que está errado?”

Hermione puxou o vestido negro das mãos de Gina e seus lábios abriram-se em um perfeito “o”, ela analisou o tecido fino e quase transparente por cima do curto vestido de malha e o cinto dourado que dava um “Q” a ele. Era realmente perfeito. Hermione deixou-o sobre a cama de Gina e segurou as mãos da amiga dando pulinhos junto com ela, como sempre faziam.

_ Meu Deus! Meu Deus! _ Hermione repetiu pela milésima vez desde que havia visto o vestido. Gina riu. _ Que lindo Ginny. _ Ela suspirou, sentando-se na cama ao lado do tecido. _ Já pensou onde você vai usar?

_ Ai Mione, eu ainda não sei. _ Ela deu um sorriso de lado. _ Quando tiver algo interessante para usar, alguma festa... Alguma coisa assim.

_ Isso é muito sexy! _ Hermione deu um sorriso malicioso. _ Quem sabe você deva usar com aquela lingerie da Victoria Secret’s que eu te dei quando descobri que você estava namorando.

_ Hermione! _ Gina ralhou, com o rosto mais vermelhos que os cabelos. Hermione riu.

_ Ok, ok. _ Sorriu._ Vamos comprar outra! Vermelha, o que acha?

_ MIONE!

A castanha somente riu ao ver que o rosto da menina ficava mais vermelho, se fosse possível, então Harry apareceu na porta do quart de braços cruzados e um sorriso de lado ao olhar para elas com a expressão de sempre: “fofocando de novo?”, era a pergunta que seu olhar divertido lhes lançava.

_ Estou atrapalhando alguma coisa? _ Ele perguntou.

_Ih Harry, quando se trata de meninas... Tsc, tsc. Você sempre está atrapalhando. _ Rony comentou divertido atrás do amigo.

_ Rony, por que a gente não vai lá em baixo? _ Hermione sugeriu. _ Olha, eu tenho que te mostrar uma coisa...

_ O que? _ Ele perguntou. _ Você pode me mostrar aqui, não tem problema.

Hermione o lançou um olhar, irritada.

_ Não. _ Ela disse. _ Tem que ser lá.

E ela empurrou o garoto para o corredor fechando a porta do quarto de Gina atrás dela. Mesmo com Rony reclamando que era melhor quando ele ficava de olho na irmã dele, Hermione não dava ouvidos. Ela o empurrava para baixo e ele ia com uma carranca.

_ Agora você vai sentar e ficar quieto. _ Ela disse.

_ Mas Hermione...

_ Sentar e ficar quisto, Ronald Weasley. _ Hermione apertou as mãos na cintura. _ Estamos entendidos?

Rony soltou um muxoxo de reprovação, mas assentiu.

Hermione suspirou se sentando ao seu lado e ligando a TV, zapeou alguns canais. Não estava passando nada de interessante além de comédias românticas, algo que Rony não estava nem um pouco afim de ver. Ele tomou o controle das mãos de Hermione e colocou no jogo de basquete.

Irritada, a castanha pulou em cima do tórax do ruivo para puxar o controle, mas como era baixinha e ele estava esticando a sua mão, o máximo que conseguiu foi ficar centímetros do rosto dele. A mão de Rony soltou o controle que caiu com um baque surdo no carpete.

Ela sabia o que ia acontecer agora e ele dava livre intenção para ela fugir, mas não parecia ser isso que ela queria, aliás, ela não queria isso. Os olhos de Hermione se encontraram com os deles, aquela linda mistura de verde e castanho, ela achava-os lindo, mas por que será que, quando ela os viu, os olhos acinzentados lhe apareceram em mente?

Hermione fechou os olhos a fim de evitar os pensamentos e Rony levou como um incentivo a selar os lábios e foi o que ele fez. Ele a beijava com uma lentidão que era quase agoniante e, por conta disso, as mãos de Hermione foram até a nuca do ruivo o puxando para mais próximo de si. A língua de Rony explorava cada canto da boca da castanha e ela retribuía.

As mãos de Rony apertavam a cintura dela, mas de uma forma protetora. Aquilo fora o que Hermione sempre sonhara, ele era o Romeu que ela procurava. Rony era tudo que isso esperava e todo seu corpo gritava que aquilo era certo, que deveriam continuar e seriam felizes para sempre. Mas apenas uma parte do seu corpo, o coração diga-se de passagem, gritava mais alto que todos os outros. Errado, muito errado. E por isso, ela empurrou o peito do ruivo e passou as mãos por seu rosto.

– Desculpe, desculpe. _ Ela murmurou. _ É só... Isso não era para acontecer.

_ Por quê? _ Rony perguntou. _ Não é errado.

_ Não, não é. _ Ela deu um sorriso pequeno. _ Errado seria se eu iludisse você, Rony.

_ Você não vai me iludir Hermione...

_ Eu sei! _ Ela suspirou. _ E é por isso que vamos parar por aqui.

_ Você tem certeza? - Ele perguntou. _ É isso que você quer?

_ Por agora, é sim. _ Ela o abraçou. _ Eu acabei de te conhecer, Rony, mal tivemos uma conversa decente e...

_ Então é esse o problema? _ Ele perguntou, quase irritado. _ Por que não saímos? Hm? Vou te conhecer melhor e vice-versa.

_ Tudo bem, Rony, saímos qualquer dia. Como amigos. _ Ela explicou. _ Tudo bem?

_ Por agora, sim. _ Ele sorriu irônico.

“Por que esse sorriso se encaixava melhor nos lábios de um certo loiro?” Uma parte da mente de Hermione gritava isso, enquanto ela se repreendia por pensar nesse tipo de coisa. Hermione umedeceu os lábios, nervosa e levantou.

_ Olha, que tal irmos à sorveteria? _ Ela sugeriu. _ Você me encontra lá hoje? As duas?

Rony assentiu.

_ Tudo bem. _ Ele levantou e depositou um selinho nos lábios da castanha. Ela não se afastou ou gritou com ele. _ A duas.

_ Vá com calma. _ Ela sorriu divertida e virou-se. _ Até as duas.

[...]

Hermione abriu a porta da sorveteria e a mesma fez um barulho irritante de sino avisando que ela chegou. Rony olhou para Hermione com um sorriso, ele se encontrava no fim da sorveteria em uma mesa, sozinho e com um copo de água para lhe fazer companhia. Hermione retribuiu ao sorriso caminhando até ele.

Ela percebeu que, Rony não era o único que a encarava, do outro lado da sorveteria estava Draco e Astoria. Ele olhava para ela disfarçadamente e, o olhar dirigia-se as suas pernas, Hermione se xingou mentalmente por ter escolhido aquele vestido em cor de jeans claro e tão curto.

“Sabe o que o torna diferente de Rony? Ele sabe a hora de ser protetor e sabe muito bem do que um ego de uma mulher precisa. ” Sua consciência dizia a ela em um tom quase zombeteiro. Hermione já estava se achando louca por brigar tantas vezes consigo mesma. Então ela tratou de ignorar Draco e se dirigir a quem a esperava, Rony.

_ Oi. _ Hermione sorriu timidamente sentando-se na frente de Rony. _ Demorei?

_ Não muito. _ Ele sorriu. _ Valeu a pena.

O sorriso de Hermione se ampliou.

_ Você quer comer alguma coisa? _ Rony perguntou.

_ Não, obrigada. _ Ela disse rápido. _ Vou querer apenas uma água.

O ruivo fez um gesto para uma das atendentes que estavam atrás do balcão e elas entenderam; minutos depois uma mulher de longos cabelos castanho escuro e um sorriso jovem lhes apareceu com as garrafas de água que haviam pedido.

_ Então... _ Rony coçou a nuca. _ Eu não sou bom em puxar assunto.

Hermione riu.

_ É, eu percebi. _ Ela sorriu, sarcástica. _ Então vamos começar do começo, meu nome é Hermione Granger.

_ Ou sou Ronald. Rony Weasley. _ Ele deu um meio sorriso divertido. _ Temos mesmo que fazer isso?

_ Oi Rony, eu vim de Londres, onde você mora? _ Hermione o ignorou.

_ Então... Eu sou daqui de Miami mesmo, mas meu pai mora em Londres com minha irmã Gina e meus irmãos Fred e Jorge, que coincidência!

_ Que coincidência maior! _ Hermione ironizou. _ Eu conheço sua irmã!

_ Sério? Então, amigas da minha irmã, minhas amigas também...

_ Amigos então? _ Hermione esticou a mão para ele.

_ Amigos. _ Rony apertou a mão dela, rindo.

Então, o sino tocou outra vez e revelou dos garotos ruivos e idênticos que caminhavam em direção a mesa deles. O sorriso de Rony sumiu e ele revirou os olhos mesclados, Hermione olhou para trás com um sorriso aos dois meninos.

_ Oi Ron. _ Um deles, que Hermione achava ser Fred. _ Oi Mione.

_ Oi Fred, oi Jorge. _ Ela disse, sorrindo.

_ Ron, precisamos falar com você. _ Jorge disse.

_ ótimo, eu vou dar uma passadinha lá no banheiro para retocar essa maquiagem. _ Hermione disse. _ Daqui a pouco eu volto.

_ Tudo bem. _ Rony murmurou.

[...]

Hermione entrou pela porta que dizia ser o banheiro feminino, havia uma pia e um enorme espelho que pegava a metade de uma parede grande. Hermione sorriu e colocou a bolsa transversal que ela usava sobre a pia e retirou de lá o gloss cor de cereja e começou a delinear os lábios com eles.

Repetia o movimento sobre os lábios quase entediada quando a porta foi aberta por uma garota de cabelos negros e mechas verdes da cor de seus olhos. Ela sorriu para Hermione amigavelmente e caminhou até seu lado.

_ Você poderia me emprestar seu gloss? _ Ela perguntou docemente a castanha.

_ É claro. _ Hermione sorriu entregando a ela.

_ Obrigada.

A garota os passou pelos lábios já vermelhos e quando terminou, franziu os lábios e fechou o gloss entregando para a garota.

_ Você é Hermione, não é?_ Ela perguntou. _ A garota nova?

_ Ah, sim, e você é...?

_ Pansy. _ Sorriu. _ Pansy Parkinson.

_ Ah, oi Pansy. _ Ela disse.

_ Olha, eu vi você olhando para o Draco... _ A garota disse, sem graça. _ Quero dizer, eu espero que você não pense besteira, mas... Eu já namorei Draco, por favo, não acredite na conversinha dele que vai te mostrar o mundo, é tudo uma mentira. _ Ela suspirou.

_ Ah, não é nada do que você pensa, eu e Draco... Não temos nada. _ Hermione esclareceu.

_ Pode ser. _ Ela deu de ombros. _ Mas eu sei que do modo que vocês se olharam ainda vai acontecer alguma coisa e eu peço que se for para acontecer, não deixe ele te iludir como me iludiu, o Draco é um garoto incrível, mas ele não ama ninguém.

_ Acho que isso eu sei...

_ Que bom que sabe. _ Ela sorriu. _ Espero que ele prefira você que a Astoria, a garota é uma patricinha mimada. _ Ela riu. _ E espero que sejam felizes, caso aconteça. E que ele não te iluda como fez comigo.

_ Mas...

_ Não se preocupe, estou sendo sincera. Você só precisa saber trata-lo como ele trata você. _ Ela sorriu. _ Nos vemos por aí?

_ Ahn, é claro...

_ Obrigada pelo gloss.

E a garota saiu do banheiro, como se não tivessem trocado uma palavra.

[...]

Hermione voltou para a mesa, Fred e Jorge saíram quando ela chegou e se despediram rapidamente, ela voltou a se se sentar onde estava antes e encarou Rony que lhe sorria amarelo.

_ Me desculpe pelos meus irmãos. _ Ele rolou os olhos. _ São dois idiotas.

_ Tudo bem. _ Hermione sorriu. _ Onde a gente estava?

_ Hm, acho que acabamos de nos tornar amigos... _ Ele disse. _ Será que podemos pular essa parte?

Hermione riu.

_ Você é bem engraçado, Ron. _ Ela ironizou. _ Não sabia dessa sua parte.

_ Quer conhecer mais de mim? _ Ele arqueou uma sobrancelha.

_ Ah sim, com certeza. _ Ela deu um meio sorriso.

_ O que você acha de um encontro, sem nada dessa baboseira de amigos? _ Ela riu novamente. _ É sério Mione, o que você acha?

_ Se importa se eu pensar mais um pouco? _ Ela deu um meio sorriso.

_ O tanto que precisar. _ Ele sorriu sincero.

Ela levantou e foi acompanhada por ele, a castanha o abraçou e sorriu.

_ Eu falo com você depois.

Ela pegou a bolsa para retirar o dinheiro, mas ele não deixou. Ela murmurou algo como “machista” e ele apenas riu.

_ Até mais Mione. Vou esperar sua resposta.

_ Respondo em breve Rony. _ Ela sorriu. _ Foi bom conhecer você.

_ Foi bom conhecer você também. _ Ele piscou a fazendo rir.

Hermione saiu da sorveteria sorrindo bobamente, ela sabia que era errado estar fazendo isso com ele que era tão bom com ela, mas ela não estava fazendo nada, estava? Ela apenas deu um chance de conhecê-lo melhor e um encontro, tudo bem, eles não precisavam ir para cama ou se casar só porque teriam um encontro. Era uma forma deles se conhecerem melhor e iriam, era apenas isso. Aliás, o amor vem com a convivência e sim, ela podia amar Rony com o tempo.

O bip de uma mensagem a despertou do transe achava que fosse Zabini e mais de suas falhas investidas. Ela suspirou antes de abrir a mensagem, mas não era Zabini. Era Draco.

“Weasley? Sério, Granger? Espero que ele ainda te deixe ter amigos... Na pedra, a mesma hora? D.M”

E ela não sabia o motivo, mas sorriu para aquelas mensagens.

“Ciúmes Malfoy? Não se preocupe, estarei lá. H. G”

E ela guardou um celular com um suspiro. Aquilo estava confuso, muito confuso.