Flashback E Ecos escrita por Melanie


Capítulo 5
Capítulo Quatro


Notas iniciais do capítulo

James Morrison - I Won't Let You Go



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“E se você sentir as luzes enfraquecerem, e você estiver muito fraca para continuar na luta e todos os seus amigos com quem você conta desaparecerem. Estarei aqui à noite, para sempre aguentando.[...] Eu não vou te deixar ir, não, eu não vou deixar.”

x-x

Noite do Acidente - Avalon, Califórnia

            Quinn revirava inquietamente na cama de casal do pequeno quarto de hotel. Tentava a algumas horas dormir mas o sono não chegava. Uma sensação ruim se alastrava por seu corpo, como se algo terrível fosse acontecer.

            Nunca fora uma pessoa que acreditava em superstições. Sempre fora cética. Acreditava somente no que podia ver, no que podia tocar e sentir. Mas essa sensação era diferente. Começava como um frio na barriga e arrepiava todos os pêlos do seu braço. Era uma sensação de vazio que comprimia seu coração no peito, o fazia bater inquieto, de forma dolorosa.

            Seu telefone começou a tocar repetidamente cortando o silêncio sufocante do quarto e ela deu um pulo assustada. O nome de Jesse brilhava no visor. Quinn franziu a testa e comprimiu o lábio inferior entre os dentes.

Quinn?” A voz grossa e séria do homem paralisou o corpo da loira.

O que foi, Jesse?” Perguntou num suspiro temeroso. Sabia que aquela hora da noite só podia ser uma notícia ruim. “Aconteceu alguma coisa?

Você precisa voltar pra Los Angeles agora.” Ele respondeu seriamente e ela engoliu em seco. “Pegue o primeiro vôo que conseguir e venha.

            Quinn sentiu seu corpo amolecendo e sentou na beirada da cama. “Jesse, o que aconteceu?

Não quero te falar por telefone.” O homem soltou um suspiro estrangulado.

Jesse.” Ela gemeu levemente aborrecida, sabendo que esse era o truque para fazê-lo falar.

            Uma longa pausa se seguiu. Parecia que ele procurava as palavras exatas para amenizar a notícia que queria dar. “Aconteceu um acidente... com a Rachel.

            O mundo de Quinn parou de girar. A respiração ficou suspensa na garganta enquanto a informação começava a ser processada pelo seu subconsciente. Sua cabeça começou a pesar e ela podia jurar não sentir mais nenhuma parte do seu corpo. Seus músculos não mais obedeciam os comandos do seu cérebro e um choro incontido começava a se tornar pronunciado.

            Sua Rachel havia sofrido um acidente e ela estava ali, a milhas de distância da mulher que amava.

O quê?

Você pode só vir pra cá?” Jesse já tinha dificuldade em se manter junto e ouvir sua amiga rachando do outro lado do telefone sem poder fazer nada o matava. “Por favor.

Eu... eu... Jesse.” A voz da loira saia rouca e entrecortada por causa das lágrimas. Tomou uma longa respiração, tentando conter o choro. Levou alguns minutos, mas enfim pode falar claramente. “Vou pegar o primeiro vôo.

Eu te busco no aeroporto, certo?

Certo. Eu... vou desligar.

Me avisa quando chegar.” Ele murmurou e a loira sacudiu a cabeça, mesmo sem que ele pudesse a ver. “Até daqui a pouco. Fica forte, meu anjo.

            As lágrimas voltaram a cair pelo rosto. “Eu vou tentar. Até daqui a pouco.

            A ligação foi encerrada e a linha muda ainda no ouvido de Quinn foi o começo dos que seriam os dias mais difíceis de sua vida.

-x—x-

Los Angeles, Califórnia          

            Pouco mais de duas horas haviam passado desde o telefonema de Jesse e Quinn já desembarcava no aeroporto de Los Angeles. O coração estava comprimido no peito e não foram poucas as vezes que alguém durante o vôo perguntara se ela estava bem. Mal conseguia forçar um sorriso e um aceno de cabeça. Sua mente ainda perdida na notícia dada pelo melhor amigo a impedia de manter uma conversa, por menos que ela fosse.

            Jesse já a esperava na sala de desembarque e a puxou para um necessário abraço assim que a distância entre eles fora fechada. A segurou trêmula em seus braços até que o choro acalmou e ela levantou os olhos avelã em sua direção.

            Eles estavam vermelhos e brilhantes das lágrimas a pouco presentes. A alegria que ele sempre vira presente nas obres tinha apagado e dado lugar a uma tristeza apavorante.

“Vamos pro hospital?” Ela perguntou com a voz fraca e Jesse assentiu levemente.

            Com uma das mãos pegou a bagagem da loira e com a outra amparou o corpo frágil da melhor amiga. Seguiram até o carro estacionado no estacionamento e então ele virou em sua direção.

“Você quer passar no seu apartamento primeiro?” Sua voz estava incerta, assim como sua postura. “Ou prefere ir para o hospital direto?”

“Hospital.” Foi a única coisa que escapou pela voz rouca e Jesse concordou.

            A ida até o hospital foi rápida. O horário avançado dentro da madrugada deixara poucos carros percorrendo as ruas sempre movimentadas de Los Angeles e eles deram a sorte de encontrar todos os sinais de trânsito abertos.

            Jesse estacionou ao lado de um Jeep e os dois desceram do veículo. Quinn sentiu a respiração ficar entrecortada conforme os passos a deixavam cada vez mais perto da imensa construção. Seu coração batia num ritmo descompassado, denunciando o nervosismo e desconforto claro ao qual era submetida.

            Ali dentro – em alguma das salas brancas – estava a mulher da sua vida, e ela não sabia nem dizer como Rachel havia ido parar ali.

“Jesse.” A voz baixa da loira o fez diminuir o ritmo das passadas. “Eu quero perguntar agora. Você sabe como foi o acidente?” Ele deu um aceno com a cabeça. “Pode me contar? Não sei se vou conseguir ouvir quando encontrar os pais da Rachel.”

            Ele respirou fundo uma vez e a puxou para sentar em um dos bancos no lado de fora do hospital. Contemplou o rosto triste da amiga e deu um aperto reconfortante em suas mãos.

“Pelo que a polícia nos falou, a Rachel estava passando um cruzamento a caminho do apartamento de vocês quando um carro que fugia de uma perseguição furou o sinal.” Deu uma pausa mordendo o lábio inferior. A mandíbula de Quinn contraiu. “Foi uma batida violenta e os dois carros giraram inúmeras vezes na pista, só que o da Rachel capotou e o outro acabou batendo na estrutura do viaduto e explodiu.”

“O motorista sobreviveu?”

“Não.” Jesse desviou os olhos para frente. “A Rachel foi trazida para cá e no caminho teve duas paradas cardíacas. Agora ela está em cirurgia. Não sei ao certo se os pais dela tiveram mais informações sobre como ela está.”

            Quinn levou as mãos ao rosto e assim ficou por longos minutos. Jesse ouvia o choro baixo mas nada falou. Sabia que a loira precisava colocar para fora o sofrimento que sentia e se as lágrimas eram o único modo de conseguir alguma paz, que assim fosse. Só a puxou para seus braços novamente, envolvendo o corpo trêmulo apertado e a deixou molhar sua camisa com todas as lágrimas que soltasse.

            Quando ela se sentiu pronta largou a camisa do amigo – que havia apertado em algum momento do choro – e tomou uma longa e calmante respiração. Já estava cansada de derramar lágrimas, mas sabia que elas seriam sua companhia nos próximos momentos. Sabia que elas só secariam quando visse Rachel bem, quando pudesse tocar na pele suave e comprovar por si que a morena estava viva e quente ao seu toque.

“Vamos subir.” Sentenciou por fim secando os resquícios de choro do seu rosto.

“Tem certeza?” O moreno perguntou temeroso.

            Ela assentiu e então eles entraram no hospital. Jesse já sabia onde os pais de Rachel estavam aguardando informações e seguiu direto até lá. Quinn só conseguia focalizar os olhos nas paredes brancas e nas pessoas que passavam apressadas por eles, então se deixou guiar por Jesse.

            Chegaram a uma ala de recepção e então Quinn avistou os pais da morena. A mulher tinha o rosto entre as mãos e ela amparada por um Hiram usado uma expressão tensa na face. Ele encarava fixadamente um ponto da parede a sua frente e se mexia inquieto a cada pessoa usando jaleco que passava por eles.

            Algumas cadeiras mais distantes avistou Santana e Brittany e seus pais. Eles conversavam sobre alguma coisa e a latina foi a primeira a avistar os dois. Chamou seu nome e tanto quem estava com ela quanto Hiram e Shelby viraram em sua direção.

            A mãe de Rachel levantou de supetão da cadeira onde estava sentada e praticamente correu em direção a Quinn. A loira abriu seus braços e aceitou com carinho o abraço que lhe era dado. Sabia que a mulher precisava de algo que a ligasse a Rachel, do mesmo modo que ela própria precisava, e uma encontrava na outra a sustentação para passar por mais esse obstáculo.

-x—x-

            Um copo fumegante de café foi colocado em sua frente. Quinn levantou os olhos cansados e avistou a expressão serena de seu pai. Ela tomou o copo de suas mãos e Russel sentou ao seu lado, fazendo um sinal para que a loira deitasse a cabeça em seu ombro.

            Horas já haviam passado e nenhum médico viera dar notícias sobre o estado de saúde da morena. A falta de informações os deixava cada vez mais temerosos e eles se agarravam a um pequeno fio de esperança para se manterem inteiros.

“Filha.” A voz sempre calma de seu pai sobressaiu acima do silêncio desconfortável que estavam desde a chegada ao hospital. “Você precisa descansar um pouco.”

“Não vou sair daqui, pai.” Ela respondeu decidida, sentindo o corpo tencionar com a simples menção de deixar o hospital.

“Tudo bem.” Ele levantou as mãos em rendição. “Olha, eu sei que esse momento é difícil, mas a Rachel é uma jovem forte e vai sair dessa. Você só tem que acreditar.”

“É difícil, papai.”

“Eu sei que é.” Russel colocou um pequeno beijo na cabeça da filha. “Nós sabemos que o acidente dela foi grave e que as esperanças de todos ficam menores a cada médico que sai por aquela porta e não traz notícias sobre a Rachel. Só que você não pode desistir de acreditar que ela vai ficar bem. Se todos nós mandarmos o nosso amor pra ela, a Rachel vai sair dessa e logo vai estar cantarolando pela casa e enchendo a vida de todo mundo de alegria.”

            Um pequeno sorriso se abriu no rosto de Quinn.

“E você precisa ser forte pra quando ela sair. Precisa ser forte por você e pela Rachel.” Ele continuou. “O amor de vocês é muito bonito para terminar assim, e por mais que eu saiba que as duas são apaixonadas por histórias de amor trágicas, sei que no fundo querem ter a história de romance clichê e ela não vai funcionar se a Rachel for tirada de nós. Então minha filha, acredita que tem alguém lá em cima olhando por você, pela Rachel e por todos nós que nos preocupamos com ela. Esse alguém vai trazer ela de volta. Só confia.”

            E pela primeira vez desde que havia recebido a notícia do acidente, Quinn tinha esperanças de que tudo daria certo. Tinha esperança de que teria sua Rachel de volta.


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Notas finais do capítulo

Mil desculpas pela demora. Nos últimos dias tive que combinar as aulas na faculdade com o estágio e mal tive tempo pra respirar. Mas espero que tenham gostado do capítulo e deixem um feedback sobre ele. Podem me encontrar no ask.fm/singalullaby e deixar perguntas, conversar e o que quiserem.
Beijos ;)



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