“Children don’t grow up
our bodies get bigger but
our hearts get torn up.”

Narrado por Nico di Ângelo:

De tarde, resolvi dar uma treinada. Estava indo para a Arena, esperando encontrar Alex. Ei, não me julgue. O que eu posso fazer se gosto dela?

A boa notícia é que eu encontrei-a. A má notícia é que assim que eu a vi comecei a pirar. Sim, eu disse pirar. Comecei a ter alucinações, ou a ter sonhos acordado, se é que isso é possível.

Eu estava ali, indo falar com ela, quando tudo ao meu redor começou a mudar. De repente, eu estava no corredor de uma escola. Aparentemente eu estava tendo um pesadelo, e não um sonho.

Alex estava perto de mim, pegando algo em seu armário. Ela estava diferente, não tão magra, provavelmente mais nova. Parecia ter uns 12 anos. E mais uma vez, meu sonho/alucinação era no passado.

Tudo estava normal: alunos normais em uma escola normal tendo aulas normais. Até que umas garotas (notavelmente eram patricinhas) dirigiram-se a Alex.

– Vejam se não é a gorda-patética. – disse a Nojenta nº1, fazendo as amigas nojentas rirem.

– E bota gorda nisso. – disse a Nojenta nº 2. – É tão gorda que parece que vai explodir.

– Eca! Eu é que não quero resquícios dessa gorda-solitária em mim. – foi à vez da Nojenta nº 3 se pronunciar.

– Ela é tão tristinha e sozinha! Também, quem é que iria querer ficar perto de uma garota feia e gorda como você?

– Se é que ela é uma garota. – a Nojenta nº 2 abriu a boca novamente – É tão feia que não tenho certeza se ela é uma menina ou um menino. Como alguém pode ser tão horrível assim?

Horrível é você, pensei.

O trio de nojentas ria enquanto Alex fingia que não prestava atenção.

Quem essas nojentas pensavam que eram para falarem assim de Alex? Ela era de longe muito mais bonita que as três juntas. E como assim ela era gorda? Alex era muitas coisas, mas não gorda. Ela apenas não era anoréxica, como as três nojentas.

As patricinhas a empurraram para dentro do armário, e a trancaram lá dentro. Em volta, todos que passavam riram da cara de Alex.

Eu senti uma dor enorme no peito ao ver Alex ser ofendida e humilhada daquele jeito. Comecei a escutar o choro de Alex de dentro. Ela chorava, gritava e esmurrava o armário para que a tirassem de lá, o que só fez os outros rirem mais e mais.

A cena mudou, e de repente eu estava em um banheiro.

Alex entrou no banheiro chorando desesperadamente. Como ela usava as mesmas roupas, deduzi que ocorrera no mesmo dia. Entrou em um dos compartimentos e começou a revirar sua bolsa. Tirou de lá uma lamina afiada, e eu soube o que ia acontecer. Ela ia se cortar.

Retirou o seu casaco, e começou a descer a lâmina pelos braços que já estavam cobertos por cicatrizes. Comecei a sentir meus braços doerem, como se ela estivesse me cortando. E mais uma vez, ela era machucada e eu sentia sua dor também.

Ela chorava e sangrava, chorava e sangrava. Depois de um tempo, percebi que lágrimas escorriam de meus olhos também. Então eram aquelas nojentas que faziam isso com a minha princesa. Como elas poderiam ser tão cruéis? Por que elas faziam as pessoas se sentirem tão mal ao ponto de sangrarem? O que Alex fez pra elas?

Tentei chegar mais perto de Alex, tentei consolá-la, fazê-la parar de se machucar, mas não conseguia tocar nela. Minhas mãos a atravessavam, como se fosse um fantasma. Fiquei desesperado.

– Alex! Por favor, pare! Por mim! – porém eu sabia que ela não me ouvia.

Aquilo me torturou de mais. Mais do que a dor em meus braços. Ver a pessoa que eu amo sofrendo daquele jeito era terrível. Não havia dor pior.

Mais uma vez, a cena começou a mudar, e acordei deitado em minha cama.

*6 REVIEWS PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO*