Narrado por Nico di Ângelo

Assim que acordamos e tomamos café, nos dirigimos ao aeroporto. Dessa vez, Tyson sentou sozinho e eu sentei com Alex. Não ia aguentar ficar mais um pouco do lado dele.

Alex era boa companhia. Ficamos conversando praticamente o voo inteiro. Falamos sobre música (descobri que ela é viciada em Paramore), contei melhor para ela a guerra contra os titãs (sobre Luke, Cronos e etc.), e falamos sobre seriados que ambos gostávamos de assistir. Ela é uma garota... Diferente. Mas diferente de um jeito bom.

Quando aterrissamos e saímos do aeroporto, Argos já nos esperava para nos levar de volta ao acampamento. Chegamos lá bem rápido.

Fomos até a Casa Grande falar com Quíron, que olhou para a irmã de Percy surpreso:

– Oh. Você é a filha de Poseidon? – “Não, Quíron, é o Dumbledore” tive vontade de falar.

– Sim. Prazer em conhecê-lo – ela cumprimentou-o.

– Claro, é um prazer conhecê-la, mas... Você está bem?

– É claro que estou bem. Por quê? Era para eu estar mal?

– Não, não minha jovem. É que eu pensei que você fosse estar machucada, mas aparentemente está muito bem – Quíron olhou para Annabeth, que por sua vez sacudiu a cabeça como se falasse “depois eu te conto” – Bem, Alex, bem-vinda ao Acampamento Meio-Sangue. Pode levar suas coisas até o Chalé de Poseidon. Nós já colocamos uma cama para você lá.

– Ah, muito obrigada. Não precisava se incomodar – a gentileza dela me assustava.

Percy, Tyson e Alex se despediram de nós e foram seguindo até o Chalé 3. Annabeth ficou para contar tudo a Quíron e eu, mais uma vez, fui abandonado. Mas eu já me acostumei de qualquer jeito. Fui para o meu quarto e peguei o MP3 e comecei a escutar Paramore. Desde que Alex tinha falado que a música “Ain’t It Fun” era uma de suas preferidas, eu não conseguia parar de escutá-la.

(Paramore – Ain’t It Fun: http://www.youtube.com/watch?v=fDQt4KLRT4M)

Comecei a pensar na letra da música, e discordava de muitas partes dela.

“Ain’t it fun living in a real world?” “Não é divertido viver no mundo real?”

Eu não achava tão divertido assim. Desde que perdi Bianca, considero o mundo real cada vez mais insuportável.

“Ain’t it good being all alone?” “Não é bom ficar sozinho?”

Eu também não gosto de ficar sozinho. Sinto-me totalmente excluído (e eu sou mesmo) e que ninguém gosta de mim (e não gostam mesmo). Mas, mesmo que não goste de ficar sozinho, gosto ainda menos de ficar ao lado de pessoas idiotas. Isso me faz pensar que ficar sozinho não é tão ruim, mas também não é nada bom.

Não entendia como Alex poderia gostar da letra dessa música. Ela ficava totalmente sozinha, eu sei, mas não significa que gostasse disso. Também não entendo como ela pode ser tão gentil e dócil com as pessoas. Ela já perdeu a mãe, vive sendo perseguida por monstros cruéis e, no avião, quando eu perguntei se ela tinha algum amigo, ela me disse que nunca teve. Não tão diferente de mim. Mas esse conjunto de fatores me fez ser cruel e ignorante. Não entendo como existem pessoas com o coração tão bom apesar da crueldade da vida com elas. É fascinante ela ser tão boa. Ela é fascinante.

*PRÓXIMO CAPÍTULO SÓ SAI COM 4 REVIEWS*