Narração de Nico di Ângelo:

Enquanto Percy, Annabeth e Tyson se despediam de seus amigos e de Quíron, eu arrumava minhas coisas dentro do carro. Não que eu não gostasse dos outros campistas, é que eu ainda me sentia excluído de tudo naquele acampamento. Outro motivo pra não ficar muito aqui.

Quando chegamos ao aeroporto, também nos despedimos de Argos e seguimos para a fila de espera. Eu estava realmente nervoso. Zeus disse que não nos mataria, mas isso não significa que ele não vá fazer com que passemos por uma turbulência violenta. Ah, tudo bem. Talvez eu esteja exagerando. Só talvez.

A viagem foi surpreendentemente tranquila. Percy e Annie sentaram-se juntos em uma fileira, e eu e Tyson em outra. Ele tentava puxar conversa comigo de vez em quando, mas fingia que não escutava ou colocava os fones de ouvido. Não me levem a mal, mas Tyson era meio... Grudento demais pro meu gosto.

Finalmente, aterrissamos em São Francisco. Quíron tinha reservado um hotel para nós lá, e resolvemos almoçar no restaurante do hotel mesmo. Depois que nossos pratos chegaram, ficamos discutindo a nossa mais nova missão estranha. Como se fosse novidade que missões fossem estranhas.

– Isso tudo está realmente muito estranho. Como é que os deuses nunca ficaram sabendo dessa garota? E como ela sobreviveu tanto tempo? Mesmo com treinamento e armamento, é difícil sobreviver sendo filho de um dos Três Grandes – Percy disse o óbvio.

– Todos nós concordamos que isso não faz sentido. Mas isso realmente importa? – perguntei. Todos me olharam incrédulos.

– Como você pode dizer isso? Nico, você tem ideia de tantos sacrifícios que fizemos para evitarmos ser o herói/heroína da profecia? Thalia especialmente. Ela se juntou à caçada de Ártemis por essa profecia.

– É claro que eu sei, Percy. Não foi isso que quis dizer. A guerra já se acabou. A profecia está concluída. Então, esqueçamos – rebato – O Foco agora não é dizer que esta garota não deveria estar viva, mas sim resgatá-la para que a mesma continue viva. Não fazemos a mínima ideia de como ela seja, de como está, e nem onde ela está. O melhor a se fazer é procurá-la, e depois faremos essas perguntas para ela. Afinal, existe alguém melhor para respondê-las do que a própria Alex?

– Hum... – parece que todos ficaram sem-palavras depois do meu discurso – Bom argumento.

Quando terminamos de comer, nos arrumamos e nos preparamos para sair em busca de Alex Bates. O nome dela soa bonito, não? Eu sei que é um comentário totalmente desnecessário, mas eu realmente gostei desse sobrenome ‘-‘.

Sabem aquele meu comentário sobre o Tyson, de eu não gostar muito dele? Pois é, esqueçam. Se não fosse ele, nunca teríamos a encontrado. Graças ao seu olfato de ciclope super aguçado, ele sentiu a áurea da filha de Poseidon, e pudemos chegar até ela mais rápido do que imaginávamos. Ficamos procurando-a por mais ou menos duas horas. Ah, qual é, nem demorou tanto assim.

A irmã de Percy também estava melhor do que esperávamos. Como a missão nos foi ordenada com certa urgência, pensamos que foi caso de vida ou morte. Pelo jeito, foi caso de vida ou vida. Ela estava perfeitamente bem. A não ser pelo fato de ser magra como se não comesse há semanas e por estar meio suja e ensanguentada. Provavelmente resquícios de alguma batalha.

Alex era consideravelmente alta para uma garota de 14 anos, mas baixa comparada a mim e Percy. Como já havia dito antes, era extremamente magra. Tinha cabelos loiros de um tom escuro e olhos também escuros. Seus olhos pareciam-se com os meus. Ela era realmente bonita, não havia como negar.

Quando chegamos perto dela, primeiro ela nos olhou meio assustada. Depois, nos analisou da cabeça aos pés e disse:

– Então são vocês os semideuses que vieram me “salvar”?