-EMMETT COMO VOCÊ PODE SER TÃO BURRO? –eu berrei segurando os restos mortais da minha guitarra.

-CARA, o bicho era ENORME! –ele fez gestos com os braços.

-EU VOU MATAR VOCÊ! TEM NOÇÃO DE QUANTO CUSTOU ESSE BAIXO? –Jasper segurava no peito o baixo quebrado.

-é só comprar outro. –eu revirei os olhos. Não precisávamos comprar outros se não quiséssemos, nós tínhamos outros. Mas era praticamente de estimação.

-VOCÊ MATOU MEU FILHO EMMETT! –eu gargalhei, e Jasper me fuzilou com os olhos.

-não exagera Jasper, vamos pedir outro pela internet. –Jasper fez um bico e olhou para o baixo quebrado novamente.

-vocês só têm que mandar alguém limpar isso aqui de vez em quando. A barata era enorme cara. –eu revirei os olhos e deixei a guitarra quebrada em um canto da sala.

Acho que Emmett era a única pessoa no mundo que era capaz de quebrar quase todos nossos equipamentos por causa de uma barata. Ele deveria ser traumatizado ou alguma coisa assim. Eu teria deixado o bicho em paz, e Jasper... Bem, Jasper teria saído correndo e gritando atrás de alguém para matar a barata. De qual quer forma, Emmett era o único que tentaria matar um pobre animal com uma guitarra e um baixo, e não se contentando ainda jogou todas as partes de sua bateria na tentativa de amassá-la. Agora estávamos assim... Desfalcados de equipamentos e esperando para que nosso produtor tenha uma boa idéia.

Eu me joguei no sofá e fiquei analisando Emmett, enquanto ele batia as baquetas (a única coisa que sobrevivera) nas paredes. Eu fechei os olhos e deixei minha mente voar. Eu precisava dormir, precisava ficar sem fazer nada e para minha sorte, não tínhamos show hoje. Eu suspirei e voltei a olhar para a mula do meu amigo.

-Edward. Como estão as aulas de espanhol? –Eric, nosso produtor, perguntou. Eu dei de ombros.

-está melhorando. –minha mente logo voou para a frase “estoy embarazado”. Cara como eu poderia imaginar que significava que eu estou grávido?

Jasper revirou os olhos, claramente notando minha mentira. Eu tinha que dar um jeito de melhorar nisso logo, assim eu me livraria da louca e mais da chatice que era estudar. Tudo bem, Bella não era louca ela era apenas um pouco estranha, mas eu também seria se fosse obrigada a dar aulas para uma pessoa que não tem noção do que esta fazendo. Tudo bem, não justifica nada.

Eu fui para o meu carro e olhei para o CD que estava no banco ao lado. Bem, mal não ia fazer não é? Eu coloquei o CD para tocar e logo começou uma voz irritante falando o alfabeto. Acredite de alfabeto eu entendia tudo. Tentei repetir o que a voz falava, mas era chato de mais e estava começando a me dar dor de cabeça. Eu tirei o CD e o joguei no fundo do porta-luvas. Fala sério, quem agüenta aquilo?

[Bella]

“E a pouca luz que entrava pela janela, era o suficiente para que ela pudesse ver seus olhos. Ele sorria majestosamente, com os olhos maliciosos prestando atenção em todos seus movimentos.

O coração dela se acelerou, fazendo com que ela mantivesse suas mãos sobre o peito. Ele deu um passo diante, enquanto ela recuava outro. O sorriso dele se alargou, fazendo com que a respiração da menina se descompassasse, fazendo com que ela arfasse. Ele correu em sua direção, tomando sua cintura para si. Ela arregalou os olhos, olhando para os imensos olhos verdes que a fitava. Ela os fechou, como se assim pudesse afastar aquele pesadelo. Pesadelo? Ela repetiu para si mesma. Aquilo não chegava nem perto de ser um pesadelo. Ela não estava apavorada, e não queria se afastar. Ela não pensava em acordar, e ele não a deixaria dormir, não ainda. ”

Eu só parei de escrever quando senti meu celular tocando. Eu corri para atender e nem precisava ver o numero para saber que era Alice. Ela era uma das únicas que me ligava, e como Rosalie estava na Itália...

-oi Alice. –eu falei um pouco mais animada do que o normal.

-está de bom humor hoje. –eu sorri.

-sim, estava escrevendo. –Alice ficou muda.

-você teve uma idéia. –sorri novamente.

-sim, tive uma inspiração ontem de noite e só parei de escrever agora que você ligou. –ela tossiu.

-como assim? Você tem noção que agora é meio dia? –eu olhei no visor do computador.

-na verdade só percebi agora. Preciso tomar um banho e esperar Edward chegar. –suspirei.

-sabia que essas aulas iam te fazer bem. –ela falou confiante. Eu revirei os olhos.

-eu comecei a ler um livro quando ele saiu daqui, deve ter sido isso. –risos.

-está certo, vai se arrumar então. –revirei os olhos novamente.

-me arrumar! –falei com desprezo e Alice gargalhou.

-tchau Bella. –ela falou ainda rindo.

-tchau Alice, te ligo depois. –eu desliguei e corri para o banheiro.

Eu corri para o banheiro, prendendo o cabelo para não molhar, e tomei um banho rápido. Não daria tempo de lavar o cabelo. Eu precisava comer alguma coisa, e ainda arrumar o que Edward fazer. Meu aluno estaria ali no prazo de duas horas e eu não tinha noção do que ele poderia fazer.

Prendi o cabelo em um rabo de cavalo, prometendo a mim mesma que lavaria assim que Edward fosse embora. Coloquei uma camiseta branca lisa, uma calça jeans e meus tênis. Eu normalmente usaria pantufas, mas a ocasião não permitia.

Fui para a cozinha e parei na frente da geladeira para pegar alguma coisa. Tirei um pedaço de frango e algumas batatas, e os coloquei sobre a pia. Comecei a preparar minha comida e só então percebi que estava faminta. Eu realmente ficava bem distraída quando estava escrevendo. O que eu podia fazer? Fazia um bom tempo que eu não escrevia e todos os dias a editora me ligava apressando meu livro.

Coloquei as coisas no forno e fui para meu escritório, atrás de mais livros. Eu não podia mandar Edward ler novamente aquele texto, já tinha sido o suficiente ele ter falado que estava grávido no dia anterior. Subi as escadas e parei na frente dos livros de espanhol. Eu podia mandá-lo ler algum livro de literatura, mas seria mais difícil ainda.

Eu olhei para toda a prateleira e achei um livro que poderia me ser útil. Eu o peguei e comecei a folhá-lo ali mesmo, sem me preocupar em descer. Só quando eu comecei a sentir um cheiro de queimado que eu me lembrei do meu almoço do forno. Eu desci as escadas com pressa e corri para a cozinha.

Meu almoço estava começando a queimar, mas ainda o consegui salvar. Coloquei a travessa na mesa e peguei um prato. Sentei a mesa comendo, e só então percebi a intensidade da minha fome. Eu estava sozinha, era dia de folga da diarista e por isso fiquei sem comida também. Assim que terminei de comer escutei o barulho da campainha tocando. O porteiro nem avisava mais que Edward estava chegando. Coloquei o prato na pia e fui atender a porta.

Edward estava com cara de quem não dormia há dias. Com olheiras fundas, pálido e... Bem, com cara de mal humorado. Eu tentei sorrir, e saí da frente da porta para que ele pudesse entrar. Ele deu um sorriso fraco, já indo em direção ao escritório.

-você está bem? –eu perguntei.

-sim, por quê? –ele falou automaticamente.

-está com a cara de quem não dormiu. –eu ri, e ele fez careta.

-você não está muito diferente. –Droga, o pior é que ele tinha razão.

Ele sentou no lugar de costume e eu no meu, já colocando o livro a sua frente. Eu apontei o que ele deveria fazer e ele fez uma careta, pegando o livro nas mãos. Ele começou a ler com a voz mole, e eu senti minha cabeça pesada, os olhos fechando...

-Bella? –ele falou me sacudindo. Eu dei um pulo.

-desculpe, acho que estou um pouco cansada. –eu falei sacudindo a cabeça.

-é, acho que sim. –ele sorriu fraco novamente e eu fiz o mesmo, com meus olhos quase fechando novamente. –acho que precisamos de café!

-e açúcar. –ele arregalou os olhos. -glicose... –ele gargalhou.

-não estamos bêbados, mas tem uma cafeteria aqui perto, vamos? –ele falou se levantando e eu não achei um jeito de negar aquilo.

Nós descemos o elevador conversando sobre coisas banais. Nós andamos a pé até lá, e eu descobri que tinha uma cafeteria esse tempo todo a duas quadras da minha casa. Entramos e milhares de meninas arregalaram os olhos, vendo Edward entrando ali. Eu revirei os olhos e comecei a andar até o balcão. Fala sério, elas não poderiam ser mais discretas?

-vem. –Edward me puxou pela mão até um lugar fechado, do outro lado da cafeteria. –não quero dar autógrafos hoje. –ele falou dando de ombros.

Pela primeira vez eu não achei que ele estava falando aqui apenas para ser metido ou alguma coisa assim. Parecia sincero, e com certeza ele estava muito cansado. Nós sentamos em uma mesa no canto e eu sentei próxima a janela.

Fizemos os pedidos e em poucos minutos a garçonete voltou com nossos pedidos. Ela olhava para Edward deslumbrada e eu revirei os olhos novamente. No entanto, Edward não parecia prestar atenção na menina que o encarava descaradamente. Assim que ela saiu, ele sorriu para mim.

-o que fez você ficar acordada? –eu sorri franco, mexendo meu café.

-escrevendo, e você? –ele fez uma careta.

-o idiota do Emmett, o baterista, quebrou os equipamentos e... Bem, precisamos providenciar tudo e ainda tivemos uma reunião. –ele deu de ombros.

-por que ele fez isso? –ele riu um pouco, tomando um gole de seu café.

-uma barata apareceu na sala de ensaios e... Bem, Emmett odeia bichos e essas coisas. –ele sacudiu a cabeça, enquanto minha boca se escancarava.

-É... Nossa. –ele riu novamente, enquanto eu achava o que falar.

-e como anda o seu livro? –ele sorriu um pouco.

-agora esta andando realmente. –eu sorri. –mas antes estava meio parado.

-sem inspiração? –eu assenti.

-muita pressão também. –ele assentiu dessa vez.

-entendo.

Nós continuamos ali conversando, até que ficou um pouco tarde e resolvemos voltar para o apartamento. Não tinha jeito nenhum de eu ensinar mais alguma coisa para ele aquele dia. Ele parou na frente de uma loja de CDs, quando ainda estávamos indo para casa. Ele ficou olhando algumas guitarras, enquanto eu olhava os CDs. Quando tempo fazia que eu não ia a um lugar como esse? Ah, claro. Eu nem lembrava se já tinha ido.

-você se importa de entrar um pouco? –ele apontou e eu sacudi a cabeça e sorri.

Nós entramos na loja e Edward correu para as guitarras, conversando com um vendedor, enquanto eu olhava os CDs novamente. Pareci na sessão de musica clássica e fiquei olhando. Peguei um CD e resolvi comprar, não fazia mal mesmo. Comecei a andar pelas sessões, sempre meio de olho em que Edward estava fazendo.

Eu já estava com uns cinco CDs na mão e Edward segurava o que para mim parecia uma guitarra, mas... Um pouco diferente. Ele deve ter notado minha cara de quem não entendia nada, por que ele começou a rir.

-é um baixo. É igual o que Jasper tinha e Emmett quebrou ontem. –ele falou sorrindo e eu estava embasbacada novamente.

-eu... Achei alguns CDs. –ele veio para o meu lado e os pegou da minha mão.

-você está me ajudando bastante, deixa isso comigo. –ele falou sorrindo, fazendo com que eu arregalasse os olhos. Eu precisava lembrá-lo que estava sendo paga para isso? Acho que ele sabia muito bem.

-não precisa Edw... –ele me lançou um olhar estranho e eu engasguei.

-não custa nada Bella, por favor? –ele fez um olhar estranho, quase como se pedisse. Eu franzi a testa. Aquilo não era nada bom. Cinco CDs custavam sim alguma coisa. Por favor.

 -está certo, mas vou dar um jeito de te pagar. –ele revirou os olhos.

-você é mesmo difícil. –eu ri, e ele fez o mesmo.

Ele pagou pelas coisas e me entregou meu pacote. Eu fiz careta novamente e ele revirou os olhos. Nós voltamos a andar, e eu não estava mais tão cansada. Edward não era tão metido a besta quanto eu pensava. Na verdade ele podia ser bem legal quando ele queria.

Nós paramos na frente do prédio e ele sorriu para mim. Eu fiz o mesmo sabendo que ele não subiria e que eu estaria livre para fazer minhas coisas. Ele abriu a boca para dizer alguma coisa, mas desistiu.

-tchau Edward, até amanha. E... Obrigada–eu disse sorrindo.

-tchau Bella. –ele sorriu também e eu virei para entrar. –Bella?

Ele chamou, me fazendo voltar a olhar para ele.

-Sim? –ele franziu a testa e olhou para o chão.

-se você precisar comprar CDs ou tomar um café me ligue. –eu ri alto.

-obrigada Edward. –ele sorriu entrando no carro e eu voltei para a entrada do prédio.

Eu entrei em minha casa e corri para o banheiro para lavar o cabelo. Tomei um banho demorado e relaxante, eu estava mesmo cansada. Assim que terminei o banho me joguei na cama. Eu precisava dormir, mesmo estando com a cabeça cheia de idéias para escrever.

Estava tão cansada que nem ouvi o telefone tocar. Assim que acordei, vi que no meu celular tinha umas nove chamadas não atendidas, todas de Alice. Retornei a ligação e ela atendeu no primeiro toque.

-Bella? –ela falou afobada.

-sim.

-onde você está? –ela perguntou e eu franzi a testa.

-em casa. –ela ficou muda por um tempo.

-ficou sabendo de Rosalie? –meu coração disparou.

-na-não, o que aconteceu? –eu falei gaguejando.

-ela está vindo para Nova Iorque. –franzi a esta novamente.

-como é? –ela riu um pouco.

-problemas na Itália, ela chega daqui algumas semanas. –eu ergui as sobrancelhas em surpresa. Problemas na Itália? Por que eu não me surpreendo com isso?

-ótimo. –ela riu e eu também.

-não quer saber o que aconteceu? –eu suspirei.

-eu vou me arrepender mais tarde? –ela gargalhou.

-depende. –eu suspirei novamente.

-fala.

-ela foi fotografada se agarrando com um modelo menor de idade nos bastidores de um desfile. –eu arregalei os olhos.

-O QUE? –Alice riu novamente.

-ela não sabia que ele era menor de idade, mas... Sabe como é a mídia. –eu sacudi a cabeça. Era realmente a cara da minha irmã.

-processo? -Alice e eu suspiramos juntas.

-é. –eu revirei os olhos.

-minha irmã ainda vai me matar, eu to avisando. –suspiros.

-já pensei nisso também. –nós desligamos o telefone.

Minha irmã me tirava do sério e isso era realmente sério. Eu corri para a cozinha a fim de tomar meu café da manha. Novamente eu tinha pouco tempo até meu aluno chegar. Eu suspirei, sabendo que pelo menos meus planos para a aula de ontem serviriam para a de hoje. Eu terminei de comer e fui para o meu escritório.