A primeira coisa que vejo quando acordo é um resto de luz que parece sair de um candeeiro pendurado no tecto branco.

Olho em volta à procura de Ezra, de Noel, do cemitério, mas não encontro.

Percebo que estou no hospital, deitada numa maca. Também reparo que tenho as mãos ligadas a um tubo, e que tenho uma ligadura em volta da anca.

Começo a perguntar-me como é que cheguei ao hospital? Alguém deve ter visto o que aconteceu. Mas se fosse tarde de mais? E se Ezra já tivesse...

Sobressalto-me de repente e tento arrancar os tubos da minha mão. Levanto-me num pulo. Preciso de saber o que aconteceu, preciso de ver Ezra, preciso de o ver.. preciso...

Quando ponho os pés no chão sinto uma dor muito forte na anca e percebo que não estou totalmente recuperada, mas tento ignora-la e tento chegar à porta.

Saio directamente para outro quarto onde está um Noel deitado numa maca preso por um colete de forças.

Ele está a dormir, mas mesmo assim faz-me tremer de medo.

Tento não chorar, mas é inevitável.

Volto para o meu quarto quase a morrer de dor e deixo-me dormir, em paz.

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Acordo umas horas depois e reparo que Ezra está ao meu lado, vivo, saudável e feliz.

Sento-me e dou-lhe um abraço forte. Ele chora, e diz-me que teve medo, muito medo por mim.

–Desculpa, desculpa...desculpa- murmuro chorando.

Ele faz-me festas no cabelo e repete montes de vezes que me ama.

Separa-mo-nos e eu pergunto o que aconteceu.

Ezra cruza as pernas, olha-me nos olhos e diz:

–Depois de tu caíres eu passei-me e corri para ti. Noel estava no chão agarrado à mão. Segundos depois a ambulância chegou com Spencer.Ela também te seguiu e chamou o 112. Levaram-te a ti e ao Noel para o hospital. Depois dele recuperar da mão vai ser internado num hospicio, e tu nunca mais te vais ter de preocupar com nada nem com ninguém.

Sorrio aliviada e dou-lhe um beijo, um beijo recheado de paixão, de amor, de saudade.

Juntamos as testas e ficamos um tempo assim a sorrir um para o outro.