As aulas foram um saco, parecia que o tempo não passava. Eu já estava quase dormindo na carteira quando o professor de literatura falou:

– Hoje eu irei passar um trabalho em dupla para vocês, e antes que vocês comecem a falar, eu que escolherei as duplas.

A sala foi tomada por gritos de desaprovação.

– Professor, pra que vai servir esse trabalho? – Perguntou um garoto que eu não consegui decifrar quem era e que sentava na primeira carteira.

– O trabalho terá como propósito, fazer vocês se conhecerem melhor – o professor falou – Peço que escrevam seus nomes em algum papel, e quando eu passar por vocês joguem ele dentro da caixinha que eu estarei segurando Okay?

Os alunos disseram sim, e logo escreveram seus nomes e colocaram dentro da caixa.

O professor começou a sortear, e nada do meu nome sair. Eu já estava quase dormindo de novo quando:

– E por fim Emily e Austin – ele disse guardando a caixa.

Meu Santo Cristo!!! eu ouvi errado né? Por favor, falem que sim.

– Agora que já sabem quem vão ser as suas duplas, se juntem pra eu passar o que deverão fazer – Professor disse indo para frente da sala.

Com desgosto eu olhei para o cuspi do diabo (sim, era assim que eu o chamava) que olhava pra mim com um sorriso do tipo “se ferrou, vai ter que me aturar”. Ele se levantou e veio na minha direção se sentando na cadeira atrás de mim que estava vaga, nem olhei para a cara dele. Virei para frente e esperei o professor passar as instruções do trabalho.

– Bom, alunos, para o trabalho vocês terão que passar duas semanas com o seu parceiro e descobrir coisas que ninguém sabe sobre eles – ele continuou – E também terão que gravar o momentos mais alegres que você tiveram e falar tudo que descobriram do seu parceiro no vídeo, só eu verei esses vídeos, então não se preocupem com as coisas que vocês falarem, e devo adicionar que trabalhos gravados em um dia só, levarão a mesma nota de quem não fez o trabalho ou seja, zero.

Meu plano de gravar o trabalho em um dia foi por água abaixo.

Sabe, o Prof. Langdon era o meu professor preferido, sim vocês leram certo. Era. Passado.

Levantei a mão, o professor olhou na minha direção e fez um gesto para que eu falasse.

– E quem não fizer esse trabalho? – Perguntei

– Esse trabalho equivale a 2/3 da nota final, então se você não fizer duvido que consiga fechar o bimestre com uma nota azul – disse ele, olhando na minha direção.

E foi essa hora que eu olhei para a Zoe minha melhor amiga que por coincidência ficou com o melhor amigo do Austin, o James. Nós estávamos pensando a mesma coisa. Ferrou.

Desviei meu olhar para Austin, que agora me encarava:

– Olha vamos terminar esse trabalho logo, quanto mais longe eu ficar de você melhor – Falei, eu estava sendo dura demais com ele? É claro que não

– Calma gatinha, você não ouviu o que o professor disse? Nós não podemos gravar o trabalho em apenas um dia – disse ele sorrindo

– Okay, e o que você sugere gênio? – perguntei, tentando controlar minha raiva.

– Bom, minha família tem uma casa na praia, a gente podia gravar lá – ele disse com um sorriso fofo nos lábios.

Tá agora eu não me segurei e comecei a gargalhar fazendo todos os olhares pararem em nós.

– Tá rindo do quê? – ele disse

– De você – falei tentando controlar o meu ataque de risadas.

– Por que? – ele já estava começando a ficar irritado

– Você acha mesmo que eu vou passar duas semanas sozinha com você? – eu perguntei

Ele não respondeu, então eu levei isso como um sim. Eu não estava surpresa, qualquer garota daria tudo para ficar duas semanas sozinha com ele, mas eu não sou qualquer uma (E além disso, já passei muito mais do que duas semanas com ele).

– Não – fui curta e grossa.

Quando ele ia responder o sinal tocou, a expressão “salva pelo gongo” se aplica perfeitamente aqui.

Sai da sala com pressa, e parece que a Zoe também porque quando eu a vi ela já estava do meu lado.

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Na hora da saída o Austin me parou.

– Olha eu preciso dessa nota, confia em mim se você for comigo eu não vou fazer nada com você. O James convidou a Zoe para ir lá também, você não ficaria totalmente sozinha comigo. Pensa nisso tá? – ele falou seriamente e depois foi embora.

A Zoe veio para o meu lado, ela começou a falar, mas eu a cortei.

– O James te convidou para ir à casa de praia da família do Austin? – perguntei

– Sim – ela respondeu

– E você aceitou?

– Sim

– Okay, eu te conheço e você só aceitaria isso se você estivesse bêbada ou....

– Ou.... – ela olhou para mim esperando eu continuar a frase

– Ou você gosta dele – falei

Ela ficou vermelha, então isso quer dizer que eu tinha acertado, ela gostava dele.

– Mudando de assunto, como você sabe da casa de praia? – ela perguntou

– O Austin me convidou – falei

– Você aceitou né? – ela perguntou olhando nos meus olhos com expectativa

– Não

Okay, ela acabou de estourar os meus tímpanos com aquela gritaria desnecessária.

– PARA DE GRITAR – falei fuzilando ela com o olhar, eu sei que não deveria descontar a minha raiva nela, mas isso foi impulsivo – Desculpa, eu falei sem pensar.

– Tudo bem – ela disse, acho que ela já se acostumou com os meus ataques de fúria.

Depois de um tempo ela perguntou:

– Você aceitaria ir à casa de praia por mim? – ela disse fazendo aquela carinha de cachorro que caiu da mudança.

Ela não muda mesmo.

– Não – eu estava me segurando para não falar que aquela carinha não funcionava comigo

– Por favor, eu gosto mesmo dele, e você como minha melhor amiga tem que me ajudar.

Agora ela pegou pesado, ela sabia que eu sempre sedia quando ela colocava nossa amizade no meio.

– Vou pensar – falei e sai andando.

Amanhã seria um longo dia.