- Você o que?- Louise perguntou assustada com a afirmação que ouvira agora pouco.

- Eu te amo, ta legal? Não sei, parece que eu te conheço há muito tempo...- o garoto respondeu um tanto incomodado.- Amo sua presença, sinto-me outra pessoa quando você está por perto.

- Oh sim, e a melhor maneira de demonstrar seu amor é ficando bêbado e pegando uma biscatinha qualquer por aí. Qual seu problema, Dylan?- a garota respondeu novamente com sarcasmo.

- Qual é Lílith, por que é tão careta?- ele falou um tanto irritado.

- Quer saber garoto. Isso é orgulho, só disse que me ama porque ainda não me “pegou” ou zombou de mim ou do meu corpo pros seus amigos. Aproveita e vai se foder.- cuspiu as palavras e saiu dali antes que o mesmo pudesse segui-la.

  Louise não tinha cabeça e nem paciência para aula agora, muito menos para as perguntas irritantes de Violet. Decidiu ficar em uma pracinha, que ficava mais ou menos escondida na escola. Havia descoberto em seu segundo dia de aula e era um lugar bastante calmo e silencioso, perfeito para pensar e escutar um pouco de música.

  Sentou no banco já velho e desgastado por conta do tempo e colocou seus fones de ouvido já velhinho junto de alguma música melancólica. Sem perceber, deixou as lágrimas insistentes escaparem e logo os soluços por conta do choro já eram inevitáveis. A cada letra da música que era tocada o choro se intensificada mais e mais. Talvez sua vinda para Austrália não tivesse sido uma boa ideia, ela pensou. Muito menos ter revisto Dylan, ele não era mais aquela criança de anos atrás e simplesmente não conseguia mais reconhecê-lo. A cada refrão sua dor crescia mais e mais.

- Então você vem aqui também.- uma voz masculina conhecida, ecoou atrás de si. Ela virou-se e rapidamente deu de cara com Jason.- Quase ninguém conhece esse lugar na escola, parabéns por tê-lo descoberto.

  A ruiva limpou rapidamente as lágrimas com a manga de sua blusa e tentou sorrir de maneira agradável para o garoto. Tirou os fones e fitou o céu límpido e azul, que raras vezes se via em Camberra.

- É um lindo dia, com certeza não foi ele que lhe deixou triste.- começou.- Quer me contar o que aconteceu?- tentou transmitir segurança e calma com sua voz.

- É só que... - a menina tentou falar algo, mas as lágrimas novamente retornaram.

    O loiro simplesmente a envolveu em seus braços e a aconchegou em seu peito. Louise apenas apertou a blusa do menino e chorou por eternos minutos, talvez horas, perdeu a noção de tempo naquele momento. Um silêncio se formou e tudo que se ouvia eram os soluços abafados da garota, por conta de sua face recostado sobre o peitoral definido de Jason.

- Desculpe.- começou após seu breve momento de seu desespero.- Deve estar me achando uma babaca.

- Na verdade, me pareceu bem corajosa.

- Hum... Até parece.- disse enquanto limpava as lágrimas novamente com a manga e retirava a cabeça do peitoral da garota.

- Já pode me dizer o que aconteceu?

- Coisas complicadas, não sei bem se é amor ou ódio.- disse com voz lenta e chorosa.- Isso é complicado.

- Bem, tem haver com Dylan?

- Como sabe?- surpreendeu-se.

- Não há quem não note, Lílith.- o loiro olhou para o céu na esperança de ter algo construtivo para dizer. Mas nada encontrou.

- Eu já devia imaginar.

- Problemas amorosos? Acho que não posso lhe ajudar.- tentou descontrair.

- Ninguém pode.

- Cara, quanto drama. É o Dylan, ele não merece tudo isso.

- Qual seu problema com ele?

- Qual o SEU problema com ele?

  Ambos se encararam e soltaram uma gargalhada gostosa de ouvir. Observaram novamente o céu do banquinho onde estavam sentados, e ficaram em um breve silêncio.

- O que você faria se tivesse que mentir para a pessoa que mais ama?- a ruiva perguntou sem rodeios o olhando insistentemente.

  O loiro surpreendeu-se com a pergunta e engoliu um seco, voltando a olhar novamente para o céu.

- Se eu a amasse o suficiente não teria o porquê mentir, Lílith.

- Belas palavras meu caro, mas é só porque não está em uma situação como essa.

- Já que insiste.- voz desafiante.- Por que tanto mistério?                  

- Jason... E-eu não consigo mais.- levantou-se bruscamente.- Se eu te contar uma coisa jura solenemente não contar para ninguém?

- Bem eu...

- Jason!

- Ok, ok! Conte-me.

- Só devo estar maluca. É isso. Contar algo desse porte para um total estranho está fora de meus pla...

- Lílith!

- Ok, ok.- repetiu a ação do amigo.- Há exatos dez anos atrás perdi uma pessoa muito especial na minha vida. Não, ela não morreu, só... Foi embora. Nós éramos crianças inocentes na época, mesmo assim já nutria um sentimento especial por essa pessoa. O tempo passou, eu mudei... Ele mudou... Nós mudamos! E decidi vir para Austrália procurá-lo.

- Não me diga que...

- Sim, Dylan é essa pessoa, e não, ele não se lembra de mim. Meu nome verdadeiro é Louise e minha única missão é fazer ele se lembrar de mim e se apaixonar-se por quem eu sou. Não pela Lílith.

  Jason abriu a boca para falar algo, mas nada saiu dali. Minutos se passavam, enquanto o rapaz tentava digerir aquelas informações. Em seguida ele continua:

- Líli... Louise. Sabe que isso é loucura não é?

- A mais insana possível. É por isso que não aguento mais, Jason, ajude-me.-as lágrimas novamente voltaram a rolar sobre sua face da jovem.

  O garoto deu uma profunda suspirada e fitou seus pés insistentemente em busca de algo confortador para falar. E mais uma vez, não conseguiu. Jamais se imaginava em uma situação como essas. O mais próximo que já chegou disso foi quando sua irmã pequena perguntou de onde os bebês vêm. E ele ainda ficou envergonhado e logo mudou de assunto.

- Sabe Louise, por que não conta logo a verdade? Todos saberão uma hora ou outra e...

- Ai meu deus ele está vindo.- a ruiva olhou para Dylan que se aproximava do local. - Me beija.

- O que?- o loiro perguntou visivelmente assustado.

  Mal terminou a frase e Louise agarrou seu pescoço e cerrou seus lábios rapidamente contra os deles ali mesmo. Ela tentava arrumar algum espaço ali, mas ele se negava a correspondê-la. Estava assustado, isso era visível. Mesmo assim, a impressão que dava para quem estivesse olhando, era que os dois estavam em uma perfeita sincronia... Sem contar o clima.

  Mas o que Jason não esperava era que Dylan o separasse dali, dando-lhe um soco logo em seguida. Mas ele não deixaria isso passar, Dylan sempre implicara com seu jeito de se vestir e o como ele era nerd. Desceu um novo soco em sua face e logo os dois estavam socando-se e chutando-se violentamente no chão. Lílith só sabia gritar por ajuda. Com certeza eles se matariam ali mesmo.

***