The Past Comes Today escrita por Kurogetsu


Capítulo 5
Chapter 5




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Olhei no relógio e já era noite. Mal tinha notado o tempo que passou desde que eu comecei a contar essa história para o Vic-san, ele era a primeira pessoa pra quem eu conto isso, mesmo que praticamente forçado.

–Está ficando tarde... –Disse sentindo que estava começando a ficar bêbado.

–Tarde? Nem passou da meia-noite ainda Taka-chan. –Dizia com aquele grande sorriso de sempre.



–Já te contei tudo, o que mais quer saber?


–Sério? Esse não me pareceu o final da história. Depois que ele disse aquilo o que aconteceu?

–Ele se levantou e foi embora. A expressão dele naquela hora me deixou meio atordoado então não consegui fazer nada além de ficar lá sentado enquanto ele sumia da minha vista.

–E depois disso? Você foi falar com ele não é?

–Eu quis, mas ele sumiu. Não o achava online nunca, ele não atendia minhas ligações e nem respondia sms’s. Não foi a escola pelo resto da semana, então descobri que ele havia se mudado pra outra cidade. Nunca mais tive noticias dele depois daquilo e nunca soube por que exatamente ele disse aquilo. E agora que o encontrei, fiz ele sumir de novo.

–Eu só não entendi uma coisa. Porque ele não te reconheceu quando foi ao seu consultório? Você mudou tanto assim Taka-chan?

–Bem, provavelmente... Já se passaram uns 10 anos desde aquilo. Eu tinha o cabelo até os ombros, depois que ele sumiu comecei a usar a lente castanha e cresci bastante.

–Ah, entendo. Mas e agora o que pretende fazer? Sabe que ele está na mesma cidade que você, essa pode ser outra chance que o destino te deu.

–Acho que já estraguei essa nova chance.

–Ah deixa de ser bobo, acho que qualquer um se assustaria vendo um “fantasma do passado”, ainda mais atacando igual você fez heheh.

–Ta ta! Eu sei que fiz besteira, mas agora a merda já ta feita.

–Ainda pode procura-lo. Esqueceu que ele é um escritor, pode acha-lo com o nome profissional. Que por acaso você que deu.

–Hã? Como soube disso?

–Eu leio mangás bobo, já li um mangá dele.

–Ah... Por isso...

–Posso encontra-lo se quiser. Cresci nessa cidade, tenho bons contatos.

–Eu não saberia o que dizer a ele...

–Só diga o que tiver vontade. Você é assim desde que te conheço.

–Tsc! Okay faça como quiser. Já que posso resolver isso, melhor resolver de uma vez.

–Pode deixar comigo my sweety.

–Sério, não me chame assim. –disse me levantando e indo em direção à porta– E obrigado Vic-san...

Fui pra casa com certa dificuldade nesse dia, afinal já estava meio tonto pelo álcool, mas cheguei bem. Não consegui dormir, fiquei andando pela casa, fumei um maço de cigarros inteiro aquela noite, apesar de não fumar. – Me pergunto o que aquilo fazia na minha casa, não me lembro de ter comprado–. O dia amanheceu e eu não havia dormido, dei outro dia de folga pra Agatha, meus pacientes já deviam estar começando a pensar em procurar outro psicólogo, mas eu não estava em condições de atender ninguém. Tirei esse dia pra não fazer nada, não me sentia bem, liguei a tv e fiquei passando pelos canais, só levantava do sofá pra comer algo. A única coisa que me passava pela cabeça no meio daquele tédio todo era “Será que o Vic-san vai conseguir acha-lo?”.




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–Encontrou o autor que eu pedi? Já faz dois dias que pedi isso!


–Ia te ligar agora Victor-san. Encontramos o endereço e telefone dele. Já estamos mandando por fax.

–Desculpe a grosseria, é que preciso mesmo falar com ele. Thank you.

Levantei-me pra pegar o fax que chegava. Uma ficha completa daquele autor chamado “Lucchi”.

–Então esse é o grande amor do Taka-chan? Hihi até que escolheu bem, ele é bonito.

Peguei meu carro e me dirigi até o endereço que havia no fax, era o da editora onde ele trabalhava, inventei uma história de que eu era um grande fã e por causa da minha influencia consegui o endereço de onde ele está morando nesse momento e fui até lá. O lugar era simples, uma casa de dois andares num bairro de classe média. Estacionei o carro na frente da casa, sai e toquei a campainha, logo fui atendido por um senhor de cabelos brancos e cara emburrada.

–Desculpe o incomodo, mas é aqui que mora o autor Lucchi?

–Lucchi... –repetiu o nome como quem tinha nojo dele– Infelizmente é meu filho Chizuru, o que quer?

–Sou um fã do primeiro mangá dele, será que posso falar com ele?

–Um momento, vou chama-lo...

Ele entrou na casa e fechou a porta, mas pude ouvi-lo dizer - Hey moleque tem uma bixa enorme na porta querendo falar com você, some daqui com ela! – Por mais ofensivo que eu tenha achado preferi não dizer nada a respeito. Quem abriu a porta dessa vez foi um homem baixinho de óculos que mais parecia um adolescente, mas deduzi que fosse Lucchi.

–Lucchi-san?

Ele teve que olhar pra cima pra me encarar.

–Ah... P-prazer, eu sou Lucchi, autor de mangás.

–Eu sei, sou fã da sua primeira obra. Prazer em conhecê-lo, sou Victor McQueen.

–McQueen?! Você é famoso!

–Fico feliz que me conheça! Bem, se eu não estiver atrapalhando será que posso falar com você em particular? –Disse olhando pra janela onde aquele senhor me observava.

–A-ah, tudo bem. –Disse ele depois de ver pra onde eu estava olhando.

Entramos no meu carro e demos umas voltas até eu achar um bom lugar pra conversar, ele parecia um pouco receoso por não me conhecer então fiquei jogando conversa fora enquanto estávamos no carro. Estacionei no cais que havia perto dali, saímos do carro, mas fiquei encostado no carro mesmo. Ele ainda parecia estar com um pé atrás comigo.

–E-então, o que queria falar comigo em particular?

–Ah! Eu tinha até esquecido, me desculpe.

–E então?

–Bem, eu estou aqui por causa de outra pessoa. Uma pessoa do seu passado...

–O Que quer dizer com isso? –Dizia ele com um tom levemente mais agressivo.

–Kohama Takao...

Vi sua expressão mudar na mesma hora da agressividade iminente ao um misto de tristeza e saudade, mas continuei falando, adotando uma postura mais séria.

–... Ele é meu amigo e me contou sobre o que aconteceu na casa dele e também sobre vocês na época de ensino médio. Conheço o Takao há três anos ele sempre foi uma pessoa fechada e na dele, mas sempre teve olhos sinceros e eu nunca vi aquela expressão nos olhos dele. Não até ele falar de vocês dois. Ele ficou muito triste por você ter sumido e vim aqui saber de você o porquê disso.

–Porque eu contaria? N-nem te conheço! –Dizia ele começando a se afastar pra ir embora.

–Takao pensou em você por esses 10 anos! –Ele parou ao ouvir isso.

–Isso... É sério?

–Sim. Provavelmente ele deve ter saído com outras pessoas, mas eu nunca o vi namorando ou coisa do tipo. Chizuru-san, eu só quero entender o porquê de você ter sumido, na verdade isso é o que o Takao quer, ele passou esses 10 anos provavelmente se culpando por você ter sumido e querendo entender porque disso.

–M-mas eu ia parecer meio covarde contando isso pra você pra você contar a ele...

–Então conte você mesmo!

–M-mas o-o que?!

–Oras você não disse que seria covarde eu falar, então fale você mesmo!

–N-n-não foi isso que eu quis dizer!

–Então... O que foi?

–N-não sei, isso já faz 10 anos. Eu não saberia como explicar e nem como olhar pra ele depois desse tempo todo.

–Bem vocês se encontraram faz pouco tempo, não?

–É-é, mas eu não sabia que era ele.

–Olha, depois de amanhã, vá até esse local no horário que está escrito aqui. - Disse pegando um bloco de notas dentro do carro, anotando o endereço e horário e o entregando.

–M-mas...

–Tudo bem, a decisão é sua. Mas eu vou te pedir uma coisa, caso não apareça lá no horário marcado nunca mais apareça na vida do Taka-chan, ele é meu amigo e não quero vê-lo triste de novo daquele jeito. Vamos, eu te levo em casa.

Entramos no carro em silêncio e assim fomos até a casa dele, estacionei o carro na frente da casa.

–Hey Lucchi-san! Pense bem no que te disse, é a ultima coisa que vou te pedir. Tenha um bom dia!

Cheguei em casa, tomei um banho e resolvi ligar pro Takao.

–Taaka-chaan!

–Oi...

–Tenho boas noticias, deve estar chegando no seu fax um endereço e um horário que eu te mandei.

–Chegou pouco antes de você ligar, o que é isso?

–Se-gre-do. Mas você vai querer estar lá, tenho certeza.

–Fala logo o que é! Sabe que meu humor não anda muito bom.

–Ai, ta bom seu chato, queria fazer uma surpresa. Consegui achar o Lucchi.

–E então?!

–Dei o mesmo endereço e horário pra ele, ele mesmo vai se explicar com você...

–Obrigado Vic-san...

–... Porém Takao, ele não estava certo se ia ou não. Eu disse a ele que se não fosse lá que era pra ele nunca mais aparecer na sua frente outra vez

–Porque fez isso?!

–Não quero te ver sofrendo Taka-chan. Se ele não for mesmo depois de tudo o que eu disse é melhor você esquecê-lo também. O destino de vocês dois será decidido depois de amanhã, não fique triste comigo, só não quero ver meu amigo sofrendo.

–... Tudo bem Vic-san, acho que você está certo. Vou esperar lá então, se ele não aparecer... Bem não garanto que eu vá esquecê-lo, mas dessa vez eu desisto.

–Sei que praticamente te forcei a uma decisão difícil, mas...

–Tudo bem Vic-san – Disse ele me interrompendo– E mais uma vez, obrigado. –disse logo desligando o telefone.


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