The Past Comes Today escrita por Kurogetsu


Capítulo 6
Chapter 6




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Cheguei as 7:30h, meia hora antes do combinado, o local era o prédio mais alto que ficava no centro da cidade olhei no papel e era pra ir pro ultimo andar. Era um prédio comercial, cheio de seguranças que pareceram me ignorar quando eu passei e fui direto ao elevador, esperei batendo o pé, enquanto o elevador subia lentamente todos os 20 andares e aquela musica irritante parecia cada vez mais alta a cada andar. Sai do elevador logo que abriu a porta; o 20° andar era apenas um corredor pequeno com uma porta no final. Passei pela porta, que estava destrancada, e me vi num Heliporto. Eu podia ver a cidade toda dali, fechei a porta as minhas costas e fui me debruçar nos pequenos muros de proteção. Fiquei admirando as luzes noturnas da cidade e quando dei por mim já eram oito horas, o horário combinado, mesmo assim nenhum sinal de que eu teria companhia. Decidi esperar mais um pouco, oito e quinze; oito e meia; quando eram oito e quarenta eu me virei pra ir embora, mas nesse momento vi a porta se abrindo abruptamente e alguém entrando ali em disparada.

– Takao!

Foi a única palavra que ele disse antes de cair de joelhos. Parecia cansado, seu rosto estava vermelho e ele ofegava, devia ter corrido até aqui. Continuei em silencio, mas fui até ele e o ajudei a se levantar.

– Desculpe a demora, fiquei preso no trabalho...

– Tudo bem, pelo menos chegou antes de eu ir embora.

– É heheh.

– Hey!

– Que houve?

– Seus olhos... Porque usa essa lente ainda?

– Ah isso? Virou hábito... Esse meu olho me fazia lembrar de você.

– De mim? – disse com ar de surpreso.

– Sim, você foi o único que disse que era bonito.

– Ahh... Por isso.

– Não vou precisar mais disso.

Tirei a lente do olho e a joguei por cima do muro de proteção. Ficamos em silêncio por algum tempo, até que ele mesmo o quebrou.

– E-er... Seu amigo, Victor-san... Veio falar comigo e me pediu pra vir aqui...

– Eu sei, ele também me mandou vir, é típico dele armar coisas assim. Então já sabe o que eu quero saber, certo?

– S-sim... – respondeu com certa vergonha – Mas antes, eu quero te perguntar uma coisa!

– Pergunte.

– Bem... É verdade isso que o Victor-san me falou... De você ter... Passado esses dez anos se culpando por eu ter sumido?

– Sim, é a mais pura verdade, apesar de ter sido dedução dele. Nunca comentei disso com ninguém. – Queria ter negado, mas acabei falando mais rápido do que pude pensar.

– Ah... Me desculpe... Não foi culpa sua... – dizia ele olhando os próprios pés.

– E então, não vai me contar o por quê?

–Bem... Você se lembra daquela ultima vez que você foi à minha casa? Logo depois de você ir embora, meu pai recebeu uma ligação e logo depois de ter desligado, ele veio direto ao meu quarto.

– Então você anda ficando com esse tal de Takao?! Bem que eu estranhei que vocês dois andavam juntos até demais! – Dizia meu pai aos berros.

– Hã? Quem te falou isso?! – disse assustado.

– A mãe dele!

Meu pai me surrou como nunca tinha feito antes, gritava coisas como “você não é mais meu filho!”, “eu não criei filho viado!”, “você deveria morrer por ser assim!”. Minha mãe chegou no meio da briga e nos separou, eu não conseguia fazer nada além de chorar. Meu pai explicou tudo pra minha mãe aos berros e ela só disse “continue, ele merece”. Meu pai me bateu até cansar, com tudo que pode.

– Agora é esse Takao, você está assim por culpa dele! – o vi indo até o armário onde guardava a arma quando disse isso.

Minha mãe ficou no quarto o tempo todo, mesmo que o som dele engatilhando a arma fosse alto o suficiente pra ela ouvir.

– NÃO PAI! – Eu gritei me levantando com dificuldade.

– Não?! Se não fosse por esse garoto você não teria levado essa surra e ainda quer defende-lo?

– Por favor, pai eu vou mudar, prometo, nunca mais verei ele de novo. Eu prometo, só não faz isso!

– Tsc! Eu só ganharia um belo de um processo mesmo. Vou deixar ele em paz, mas se você não mudar isso é melhor sumir da minha vista e avisar o seu amiguinho pra sumir também.

– Tudo bem...

“– Se tem algo a me dizer, fale de uma vez Chizuru!”

“–Desculpe Taka... Mas eu não posso mais continuar com isso.”

Não demorou muito e minha mãe teve a ideia de se mudar e dali iniciei uma nova vida.

– Então foi isso o que aconteceu?... – disse indignado com a história que acabara de ouvir. – Porque não me contou?!

– Eu tive medo Takao! Tive medo por você! Eu não queria que nada de mau te acontecesse!

– Me desculpe... Eu só te causei problemas.

– Não precisa se desculpar...

– Como não? Se eu não fosse idiota de te levar pra minha casa nada disso teria acontecido!

– Mas também se não fosse por você, eu teria sido espancado por aquela gangue, eu não teria melhorado em Matemática e nem me divertido tanto.

– E só isso valeu a pena por tudo que passou depois?

– Bem... São as melhores lembranças que eu tenho.

Me surpreendi ouvindo aquelas palavras e mais ainda com o que ele fez logo depois. Chizuru me abraçou escondendo o rosto em meu peito, senti algo quente me molhando a camisa e percebi que ele chorava e abracei-o de volta.

– Não precisa chorar Chizuru...

– Você passou todos esses anos, sofrendo achando que a culpa era sua... Só porque eu tive medo de falar a verdade...

– Tudo bem, não precisa se preocupar com isso. Eu estou bem.

Ele se pôs a chorar mais ainda, apertando o abraço. Tive que fazer alguma força pra levantar seu rosto, ele se negava a me olhar. Quando consegui faze-lo me encarar o beijei, ele retribuiu o beijo com uma intensidade que eu não esperava, ficamos alguns minutos nos beijando até que ele me soltou e se afastou um pouco.

– Chizuru...

– Eu te amo Taka-san!

Me surpreendi ao ouvir aquilo do nada e só olhei pra ele como quem não acredita no que ouviu.

– Não quero mais me separar de você, vim aqui dizer isso. Eu pensei esse tempo todo em você, tentei te esquecer, mas não consegui. Acho que o destino nos deu outra chance e quero aproveita-la com você!

Ele ficou extremamente corado ao terminar de falar e seus olhos se encheram de lágrimas. Eu fiquei por alguns momentos apenas olhando pra ele sem conseguir falar e o abracei novamente.

– Ta-taka-san, eu... Eu não consigo respirar...

– Eu te amo Chizuru. Nunca se esqueça disso.

– Não vou. Eu também te amo Taka-san.


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