Por mais que já fosse em torno de oito da manhã, tudo ainda estava escuro. As nuvens escuras cobriam o céu e impediam o sol de brilhar. Um vento frio e forte se movimentava pela cidade, fazendo as pessoas abraçarem a si mesmas e as árvores balançarem. Aquele dia poderia parecer um dia de frio normal, mas isso não era verdade.

Um movimento estranho acontecia na floresta naquela manhã. Vultos escuros dominavam por completo a floresta, alguns uivos baixos também eram ouvidos por lá. Não restam dúvidas que eram lobisomens. Um grupo de cinco lobos surgiu detrás de algumas árvores caídas e secas da parte da floresta que ficava mais afastada da cidade, e alguns minutos depois outro grupo – desta vez com três lobos e três híbridos – surgiu da mesma parte da floresta em direção a cidade. Não precisa ser crânio para descobrir o que, ou melhor, quem eles estavam procurando.

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Kathleen estava acordada, mas não ainda não tinha se levantado. Ela estava deitada em sua cama, olhando para o teto pensando no pesadelo que teve esta noite.

Nele, Kathleen estava em uma grande festa, um baile talvez, vestindo um belo vestido negro tomara que caia digno de uma princesa, com vários babados em vermelho na saia e um decote nas costas. Estava usando uma máscara negra com detalhes em vermelho e desfilava pelo salão. Tudo parecia bom, até que as luzes se apagaram e gritos de medo e pavor foram ouvidos. Quando as luzes se acenderam, a maioria dos convidados estavam mortos, deitados em suas próprias poças de sangue, e Kathleen estava com o vestido sujo de sangue e um grande corte em suas cosas espirrava sangue para todo lado.

E foi assim que o sonho terminou, Kathleen machucada a beira da morte.

Depois que teve esse sonho, Kathleen não tinha mais forças para sair da cama e ficou pensando no objetivo daquele pesadelo horrível. Ela reuniu todas suas forças e conseguiu levantar-se para ir ao banheiro fazer sua higiene matinal e depois desceu para tomar café.

- Bom dia, flor do dia! – Damon a cumprimentou com um sorriso no rosto que derreteria qualquer uma, mas Kathleen estava abalada demais para se deixar levar aos encantos de Damon.

- Bom dia, Damon. Rachel. – Disse friamente enquanto sentava-se a mesa e se servia de um pedaço pequeno de bolo.

- Bom dia, Van Gould. – Rachel respondeu, também friamente.

- Dormiu bem? – Damon perguntou.

- Claro. – Mentiu.

- Olha só esses convites que recebemos hoje. – Rachel colocou dois convites na mesa. Os convites estavam em um envelope vermelho com uma fita preta e exalavam um estranho cheiro de sangue. – São de um baile de máscaras que será promovido pelos Sanguinários e acontecerá amanhã à noite.

- Nós vamos! – Exclamou Damon. – Ok?

- Sim, mas Kathleen não pode ir. Não me perguntem o porquê, vocês sabem e ponto. – Rachel disse e se retirou.

- Se é assim, vou procurar uma acompanhante e uma roupa de festa. – Damon se levantou da mesa e saiu da casa.

Kathleen terminou o café e subiu para o seu quarto. Ela estava sozinha na casa e não estava nem um pouco a fim de ficar naquela mansão enorme solitária. Era uma ótima oportunidade para dar uma volta por ai.

Colocou sua capa e cobriu o rosto com o capuz, de modo que ninguém a reconhecesse. Ficou um tempo olhando-se no espelho com a capa, pensando no beijo que Jack lhe roubou na noite passada, e de como ela queria que tivesse durado mais. Depois de tanto se olhar, saiu da casa e foi dar uma volta pela cidade.

 Ela caminhava devagar pelas ruas, observando as casas e as pessoas que ali moravam, mesmo sabendo que seus pensamentos estavam todos concentrados em certo garoto de olhos castanhos que a transmitia segurança. Algumas lágrimas brotaram em seus olhos quando ela percebeu o quanto ele fazia falta.

 Como queria pensar em algumas coisas e não sabia para onde ir, foi caminhando em direção a floresta de Hillwood. Sim, ela sabia que era perigoso, mas depois de tudo que passou nada mais lhe assustava. Então adentrou a floresta sombria que exalava cheio de morte.

A floresta não era muito diferente da floresta de Rosewood, o que a fez pensar que talvez Hillwood e Rosewood fossem próximos e ela pudesse voltar para a casa de Elisabeth e voltar a sua vida normal. Mas à medida que avançava a floresta, ela percebia que aquele lugar era bem mais perigoso e sombrio do que a Floresta Negra. A começar pelas árvores tortas com suas folhas mortas, mas que mesmo assim tapam o sol, e as flores podres que exalavam um cheiro seco e azedo.

Um uivo ecoou pela floresta e Kathleen parou de andar. Cobriu o rosto com o capuz da capa e ficou na defensiva, esperando qualquer ataque. O uivo se repetiu e então um híbrido e dois lobisomens atacaram Kathleen.

Um deles golpeou o braço de Kathleen que estava descoberto da capa, fazendo-o sangrar. Sangrar. Vampiros não sangravam, pelo menos não Kathleen. Ela nunca sangrou. Mas isso não poderia ser nada grave, certo?

- Ah, fala sério! – Kathleen gritou, colocando as mãos na cintura. – Vocês não cansam não?

- Até você morrer não. - Um deles disse.

Kathleen cerrou os olhos e cobriu o braço machucado com a capa. Nisso, um híbrido golpeou as costas de Kathleen, que com o golpe, caiu no chão. Um lobisomem se aproveitou do estalo vulnerável de Kathleen e avançou para cima dela, fazendo-a dar um grito e criando um enorme corte em sua perna.

O híbrido estava com suas garras prontas para desfigurar toda a face de Kathleen, mas uma faca foi arremessada em direção ao braço da fera e fez um enorme ferimento na cabeça da fera. Os lobisomens se afastaram e o híbrido cambaleou para trás. Assustados os dois lobos fugiram e a fera caiu provavelmente morta. Então ele surgiu. Foi em direção a Kathleen que estava caída no chão e ajudou a vampira a se levantar.

- Obrigada. – agradeceu. Sua voz saiu fraca, devido aos seus ferimentos recentes.

- Não precisa agradecer. Mas você sabe que Rachel irá ficar uma fera, e eu também estou um pouco irritado.

- Desculpe...

- Não se preu... Que machucados são esses? – Ele passou os dedos nos braços ensangüentados de Kathleen e percebeu que aquele sangue era humano.

- Não foi nada, Damon. – Mentiu. Kathleen estava sentindo muita dor e quase não conseguia caminhar com o enorme corte na perna.

Damon ajudou Kathleen a caminhar e a levou para sua casa, lugar onde a deixou no quarto da mesma e saiu de novo, com o intuito de achar uma acompanhante para o baile de amanhã.

Kathleen estava sentada na cama e passava uma pomada estranha que Damon havia lhe dado em suas feridas. A pomada fez seus machucados ficarem mais confortáveis e, se o que Damon lhe disse for verdade, as feridas iriam estar menos aparentes a noite. Depois de terminar de remediar os cortes, deitou-se e começou a pensar nos acontecimentos do dia.

Primeiro, teve um sonho bizarro com um ataque misterioso, provavelmente foram os Sanguinários ou lobos. Logo depois, foi convidada e proibida de ir ao grande baile dos Sanguinários. Poucos segundos após o convite, sai da casa, se mete na floresta e é atacada por lobisomens. Eles estavam meio sumidos, provavelmente os Sanguinários os avisaram que Kathleen estava morta e eles acreditaram. Mas, se foi assim, porque eles a atacaram na floresta e disseram que só iriam parar depois que ela morresse? Como eles descobriram que ela estava morta?

Mas nada disso a deixava tão assustada quanto o fato de ter sangrado. Kathleen nunca sangrou. Quando era pequena, vivia se ralando nos lugares, às vezes alguns cortes, mas nada muito profundo. Então, obviamente, não estava acostumada com sangue. Kathleen se lembrou de quando sofreu o primeiro ataque, que foi em seu primeiro dia em Rosewood, e foi ferida no braço. Não se lembrava de ter sangrado, mas depois sua capa estava sua de sangue e seu machucado estava com sangue seco envolta. Como não percebeu isto antes? Claro, não percebeu porque estava com a cabeça conturbada. Ser atacada por um lobisomem e no dia seguinte ir caçar bruxas não é fácil

Estava tão cansada que acabou dormindo e tendo novamente aquele sonho bizarro. Por mais que não quisesse acreditar, ela sabia que tinha que ir ao tal baile de máscaras porque algo de ruim estava para acontecer.