– Não se mexa. - pediu Caroline enquanto segurava a estaca cravada no peito de Stefan.

Ele assentiu e permaneceu imóvel deitado no chão da biblioteca. Então a vampira puxou o objeto para cima devagar enquanto ele gritava de dor a medida que a madeira encostava em seu coração.

– Desculpe... - lamentou ela tirando a estaca completamente e a jogando bem longe deles.

Stefan respirou ofegante por algum tempo até se recuperar um pouco. Em seguida ele tentou se sentar mantendo uma das mãos contra o peito e a outra apoiada no chão. Caroline o ajudou e o escorou contra a parede do final do corredor, onde havia o encontrado momentos antes, quando ela voltou a si.

E quando o encontrou daquele jeito, ela teve muito medo. Pensou que ele estava mesmo morto e chorou involuntariamente sem conseguir conter o desespero. Mas, em seguida, ficou aliviada porque Stefan tossiu e segurou a sua mão indicando que estava bem. Mostrando que estava vivo.

– Obrigado. - agradeceu ele.

– Silas passou muito perto desta vez. Eu não acredito que ele quase te matou, Stefan! Eu não sei o que faria se... - desesperou-se a loira.

– Ei! Eu não morri. - lembrou ele dando um leve sorriso e mostrando que o ferimento causado pela estaca estava cicatrizando - Não se preocupe, você não vai se livrar de mim assim tão fácil.

Caroline riu e enxugou o rosto. Estava feliz por Stefan estar bem, mas sentia-se uma completa idiota por ter acreditado em Silas. Como pôde não reconhecer o seu melhor amigo? Nunca se perdoaria por isso.

– Não foi sua culpa. - tranquilizou ele percebendo que Caroline estava se sentindo péssima com tudo aquilo.

– Você lê pensamentos agora, é? - brincou a vampira sorrindo e em seguida disse num tom mais sério - Stefan, eu sinto muito. Eu devia ter desconfiado que aquele não era você. Eu conheço você, droga... Sabe, lembrando agora, eu percebo que estava na cara que aquele não era você. Me desculpe. Eu estraguei tudo. Agora além de Castiel, ele levou a Mia sabe-se lá pra onde e pra quê...

Stefan segurou a mão da loira e disse com determinação:

– Olha, nós vamos encontrar Mia e Castiel, e nós vamos derrotar o Silas esta noite. Agora é uma questão de honra. E é só isso que importa. - e sorrindo, ele brincou - Vamos esquecer, pelo menos por enquanto, que você me confundiu com um psicopata. Aliás, é melhor não contarmos isso pra ninguém. Vai ficar muito feio pra você...

Caroline riu de volta e bateu no ombro dele. Mas com isso, Stefan se encolheu de dor e ela lamentou dizendo:

– Desculpe! Eu te machuquei?!

– Não. Tudo bem... Já está passando. - tranquilizou ele.

Caroline o observou por alguns instantes e perguntou um tanto sem graça:

– Você já aguenta um abraço?

Stefan a olhou com carinho percebendo que Caroline havia mesmo ficado preocupada com ele. Apesar de tudo, era bom saber que alguém se importava com ele, além de seu irmão e de Mia. Talvez até Elena ainda se importasse com ele, mas não como antes, é claro. Não entendia porque estava pensando nessas coisas. É claro que Caroline se importava com ele. Eles eram amigos. Então afastou aqueles pensamentos e respondeu abrindo um dos braços:

– Acho que sim.

Ao ouvir isso, Caroline se aproximou e o abraçou forte. Ele fez uma careta de dor, mas não disse nada e a abraçou de volta com certa dificuldade. Então ela fechou os olhos e desabafou:

– Por um momento, eu achei que tinha perdido você.

– Eu estou bem aqui. - respondeu Stefan fechando os olhos também.

– Eu senti tanto medo. - confessou ela.

– Eu não vou a lugar algum. Eu estou bem aqui, Caroline. - tranquilizou Stefan novamente.

– Nem pense em fazer isso de novo, entendeu? - ordenou ela.

– Só depende de você. Você sabe... Não me confundir com Silas de novo. - brincou ele fazendo a vampira rir de si mesma.

E sem razão aparente, Stefan prestou atenção no som da risada de Caroline e começou a lembrar do que Lexi falou sobre ela.

Da última vez que ele viu a amiga fantasma, Lexi disse que gostava da loira e que ela era uma fofa. E Stefan lembrou de ter respondido "Não comece." porque sabia que Lexi não estava dizendo aquilo à toa. Sim, Caroline era mesmo adorável, mas Lexi estava insinuando algo além disso.

E sem razão aparente, Caroline lembrou de quando conheceu Stefan. E de ter dado em cima dele descaradamente. E lembrou que o vampiro deixou bem claro que nada aconteceria entre eles e aquilo a magoou.

Naquela época, Stefan estava completamente apaixonado por Elena, e Caroline, se sentindo rejeitada, acabou se envolvendo com Damon, e sendo compelida por ele por semanas.

Era engraçado lembrar disso tudo e se dar conta de que muitas coisas aconteceram desde aquela época. Como ela e Stefan terem construído uma amizade com o passar do tempo. Uma linda e verdadeira amizade. E Elena e Damon agora estavam apaixonados.

Caroline se perguntava por que estava pensando nessas coisas? Devia ser porque pensou que tinha perdido o melhor amigo. E teve medo, muito medo quando o viu desacordado com aquela estaca no peito. Sentiu como se não pudesse mais viver sem ele...

Caroline abriu os olhos e olhou para Stefan sem entender direito o que estava acontecendo ou mesmo se estava acontecendo alguma coisa. Ele também parecia confuso. Como se estivesse pensando nas mesmas coisas que ela. O que estava acontecendo com eles exatamente? Será que estavam apenas aliviados por estarem vivos depois do ataque de Silas? Sim. Devia ser isso...

Mas sem razão aparente, Caroline começou a questionar a sua relação com Tyler. Ela gostava dele, claro que gostava. Mais do que isso, ela era apaixonada por Tyler. Mas, ao mesmo tempo, depois de tanto tempo longe um do outro por causa de Klaus alguma coisa havia mudado entre eles. Tyler estava diferente desde que voltou para Mystic Falls e, às vezes, Caroline se perguntava o que ele viveu durante o tempo em que ficaram separados. Durante o tempo em que ela se aproximou ainda mais de Stefan e ficou ao lado do amigo quando o namoro dele com Elena chegou ao fim.

E sem razão aparente, Stefan lembrou de uma conversa que teve com Mia, há algumas semanas, no Mystic Grill. Pouco antes dos Winchesters aparecerem no restaurante. Ele lembrou de Mia dizer enquanto lhe servia uísque:

"Talvez o grande amor da sua vida ainda nem tenha aparecido ou... Talvez ela esteja mais perto do que você imagina."

E com isso, ele acabou lembrando que depois que Mia disse isso, Caroline se aproximou do balcão, colocou a mão no ombro dele e concordou dizendo:

"Mia está certa."

Mia está certa? Stefan piscou algumas vezes enquanto voltava a si e em seguida olhou para Caroline. Ela o olhava como se estivesse pensando nas mesmas coisas que ele.

E só então perceberam que estavam muito próximos um do outro. E sem razão aparente se olharam nos olhos de um jeito diferente, como se estivessem se olhando pela primeira vez ou como se só então estivessem prestando atenção um no outro. Estavam confusos, mas ao mesmo tempo estavam enxergando algo que não perceberam antes. Aquilo que estavam sentindo não podia ser errado. E não podia ser só amizade. Mas por que demoraram tanto tempo para perceber?

Stefan precisou quase morrer e Caroline precisou pensar que ele tinha morrido para que eles finalmente entendessem e finalmente percebessem que... O quê?

Pararam de pensar e simplesmente se aproximaram mais um do outro. Caroline podia sentir a respiração de Stefan em seu rosto. Ela fechou os olhos e ele tocou o seu rosto com uma das mãos antes de fechar os olhos também. E seus lábios ficaram mais próximos. E mais próximos. Até que alguém acendeu a luz da biblioteca antes que eles pudessem finalmente se tocar.

Caroline e Stefan se olharam constrangidos e ela se afastou imediatamente. Mas logo o constrangimento inicial foi substituído pelo receio de imaginar quem havia entrado na biblioteca. Será que Silas havia voltado?

– Uau! Parece que o Katrina passou por aqui. - murmurou Dean enquanto olhava o cenário de destruição em volta.

Caroline e Stefan respiraram aliviados ao reconhecer aquela voz e logo o Winchester encontrou o casal no corredor. Dean sentiu um clima estranho no ar. Achou que os dois estavam meio próximos demais e com umas expressões um tanto suspeitas. Caroline estava até um pouco corada.

– Interrompi alguma coisa? - perguntou Dean sem graça.

– Claro que não. Não seja estúpido. - respondeu a loira.

– Caroline! - murmurou Tyler aliviado aparecendo no corredor e vendo a namorada - O que aconteceu aqui?

A loira levantou e o abraçou forte sob o olhar um tanto decepcionado de Stefan que era observado pelo olhar intrigado de Dean. Havia alguma coisa muito estranha acontecendo ali. O Winchester tinha quase certeza que estava rolando um clima entre Stefan e a vampira pouco antes dele chegar. Mas, ao mesmo tempo, Caroline tem namorado e ele tinha acabado de chegar. Aquilo era embaraçoso e poderia ter sido pior se Dean não tivesse interrompido. Se não fosse ele, provavelmente Tyler teria visto os dois primeiro. E do jeito que o híbrido é esquentadinho, aquilo não ia acabar bem.

– Silas. - respondeu Caroline - Ele me enganou e quase matou o Stefan.

– Eu estou bem. Não foi nada. - tranquilizou o Salvatore enquanto tentava levantar.

Então Tyler se afastou da vampira e se aproximou de Stefan. Lhe estendeu a mão e o ajudou a ficar de pé. E com isso Stefan e Caroline se olharam como se tivessem cometido um crime. Perceberam que não podiam fazer aquilo. Tyler não merecia ser traído daquela forma. Onde estavam com a cabeça? Deviam ter imaginado aquilo que achavam que estavam sentindo. Não tinha sido real. Estavam apenas felizes e aliviados depois de um baita momento de tensão arquitetado por Silas, mas era só isso, certo?

A verdade é que os dois estavam confusos e não entendiam direito porque tinham quase se beijado, mas sabiam que aquele não era o lugar e nem o momento ideal para pensarem nisso. Na verdade, talvez fosse melhor esquecer aquilo. Afinal, não aconteceu nada, certo? É. Não aconteceu nada. Melhor assim. Melhor Dean ter interrompido do que Tyler ter flagrado os dois. Seria um desastre. Além disso, tinham coisas mais importantes para se preocupar naquele momento. Precisavam parar Silas, encontrar Mia e Castiel e impedir o que quer que fosse que o vampiro estava planejando.

– Cadê a Mia? - estranhou Dean olhando em volta e depois para Caroline e Stefan enquanto começava a adivinhar a resposta.

– Silas a levou para algum lugar misterioso. - respondeu a loira.

– Ótimo! - resmungou Dean preocupado.

Em seguida ele ouviu passos e se virou apontando a Colt para o outro lado do corredor de onde vinha o barulho. Stefan, Caroline e Tyler ficaram apreensivos, mas logo o Winchester abaixou a arma ao reconhecer o irmão de Elena.

– Ótimo! Exatamente quem eu queria ver neste momento. - ironizou Dean.

Jeremy se aproximou e respondeu um tanto ríspido:

– Olha, eu sei que você não gosta muito de mim e acredite, eu também não vou com a sua cara, mas nós temos uma missão esta noite e pra que isso dê certo precisamos colocar as nossas diferenças de lado. Só esta noite. Você consegue fazer isso, Winchester?

Dean desviou o olhar para o fantasma de Bonnie ao lado de Jeremy e ficou um tanto incomodado com isso. Odiava admitir, mas Jeremy estava certo. Precisavam colocar as diferenças de lado se quisessem vencer Silas. Mas também percebeu que havia se enganado ao pensar que poderia fazer o ritual com Jeremy e Bonnie. Não, ele não conseguia ter todo esse sangue frio.

Stefan, Caroline e Tyler observaram o clima tenso entre os dois até que Dean pediu:

– Posso falar com você um minuto, Lázaro? - e olhando para Bonnie, esclareceu - A sós.

Jeremy assentiu e seguiu o Winchester até um dos corredores da biblioteca que não estava tão destruído enquanto os outros aguardavam apreensivos. Assim como Bonnie, invisível aos olhos deles.

Então Dean se virou para ele e começou a falar:

– Ok. Você está certo. Nós temos que esquecer nossas diferenças por esta noite. O problema é que a única diferença entre a gente é que eu sou mais velho, mais esperto e mais bonito do que você.

– Como é? - não entendeu Jeremy.

Dean revirou os olhos e tentou explicar:

– Não são as nossas diferenças que impedem que a gente... Que a gente... Tenha uma relação relativamente saudável sem querer nos matar a cada cinco minutos. O problema é algo que nós temos em comum. Nós dois gostamos da mesma garota. E isso é um saco porque além de tudo ela está morta! E o pior é que, honestamente, eu não sei mais como lidar com tudo isso.

– Onde você está querendo chegar exatamente? - quis entender Jeremy.

– Eu tenho que te pedir uma coisa. - anunciou Dean.

– O quê? - indagou Jeremy surpreso com as coisas que Dean havia dito e se perguntando qual seria o tal pedido.

– Sobre o ritual que a Bonnie nos ensinou para transformar o desgraçado do Silas em pedra, você acha que consegue fazer sozinho? Eu adoraria participar, mas a verdade é que eu sou bem melhor com armas do que com bruxaria, acredite. Além disso, ver Bonnie ao seu lado... Como eu disse, é um saco. - disse o Winchester.

Jeremy pensou um pouco e respondeu, surpreso consigo mesmo por entender o lado de Dean:

– Tudo bem. Você tenta a Colt e se não funcionar, eu faço o ritual.

A verdade é que se os dois não gostassem da mesma garota, talvez eles até pudessem ter se tornado amigos, mas aquela situação era mesmo um saco.

Dean assentiu e começou a se afastar, mas parou e se virou novamente antes de dizer:

– Só mais uma coisa. Se você descobrir alguma forma de trazer a Bonnie de volta, faça.

Jeremy o olhou ainda intrigado e indagou:

– Você está desistindo dela? Você vai embora de Mystic Falls quando isso tudo acabar, não é?

– Eu só estou dizendo para você cuidar dela, cara. Porque quando você precisou, ela estava lá por você. Então... Retribua. Não desista dela e faça o que for preciso para ajudá-la, ok? Me prometa que vai cuidar da Bonnie. - disse Dean com certo pesar.

Jeremy pensou um pouco e prometeu:

– Você tem a minha palavra.

– Ótimo. Agora vamos cuidar do monstro que causou tudo isso antes que os convidados percebam alguma coisa. - encerrou Dean saindo do corredor.

Ele passou pelo fantasma de Bonnie e a observou por poucos instantes antes de olhar para o chão. Aquela era uma decisão difícil. Deixar Bonnie. Mas Sam estava certo quando dizia que ele ia acabar enlouquecendo se continuasse com aquilo. Tinha tomado a decisão certa. Precisava deixar aquela cidade o mais rápido possível e pra sempre.

Jeremy veio logo atrás de Dean e viu a bruxa seguindo o Winchester com o olhar. Só depois ela se virou para ele e Jeremy voltou a caminhar em sua direção.

Antes que chegasse no corredor onde Tyler, Caroline e Stefan estavam, Dean viu Elena e Damon virem na direção oposta olhando a bagunça em volta.

– O que aconteceu aqui? O Katrina? - indagou Damon fazendo Dean parar e pensar no que Mia disse sobre eles serem parecidos.

– Onde está a Mia? - quis saber Elena preocupada enquanto todos se reuniam no centro da biblioteca.

– Silas a levou. - respondeu Dean - E adivinha? Nós não temos ideia para onde.

Após passado o choque inicial, Elena indagou:

– Então... O que fazemos agora?

Dean ia responder, mas desistiu e todos perceberam aquela estranha atitude. Só que não entenderam porque o caçador havia se calado. Ele parecia desconfiado até que Damon quebrou o silêncio perguntando:

– Qual o problema, Van Helsing?

Dean observou todos aqueles rostos antes de explicar:

– O problema é que nós podemos estar conversando com o inimigo neste exato momento. Um de nós pode ser o Silas.

– Inclusive você. - sugeriu Damon.

– Inclusive eu. - concordou Dean - A questão é: vocês vão querer arriscar?

– Então o que você sugere? - indagou Tyler confuso assim como os outros.

– Seguir com o plano como se nada tivesse acontecido. - respondeu Dean, mas como eles pareceram não entender, resolveu ser mais claro - Olha, eu adoraria me juntar a vocês, mas o melhor é nos separarmos. Estaremos mais seguros assim.

– Isso é ridículo. Eu não sou o Silas. - resmungou Elena.

– Ele diria exatamente isso. - observou o Winchester.

Jeremy pensou um pouco e concordou com ele:

– Dean está certo. Silas pode estar por aí, mas também pode estar bem aqui, se passando por qualquer um de nós. Não podemos ficar juntos. É arriscado. Temos que nos espalhar e procurar Mia e Castiel por conta própria.

Dean olhou o irmão de Elena um tanto surpreso. Era estranho que eles concordassem em alguma coisa. E então Dean começou a se dar conta de que Jeremy não era tão idiota quanto ele havia julgado. Só torcia para que aquele fosse mesmo Jeremy. Seria constrangedor descobrir que ele falou sobre Bonnie com um impostor. E sobre o ritual, a Colt... Droga. Aquilo ia ser mais difícil do que eles haviam imaginado.

– O problema é que se encontrarmos Mia e Castiel provavelmente encontraremos Silas também. E então o que faremos com ele? - ponderou Damon já que a Colt estava com Dean, Jeremy faria o feitiço e, portanto, os outros ficariam vulneráveis diante de Silas.

– Distraiam ele. - sugeriu Dean.

– Distrair? - repetiu Stefan lembrando que tinha sido atacado pelo seu Doppelgänger momentos antes - Ok... Pode deixar comigo.

– Isso não tem graça, Stefan. - repreendeu Caroline também lembrando do que Silas havia feito com o amigo.

– Eu e o The Walking Dead estaremos logo atrás de vocês. - garantiu Dean.

– Estarão é? - duvidou Damon - Essa escola é enorme e, se comparados à nós, vocês dois são bem lentos.

– Ok, nós não temos super velocidade, mas qual é? Usem a tecnologia a nosso favor, amigos. - continuou Dean com um leve sorriso - Eu acho que nos dias de hoje todo vampiro que se preze tem um smartphone, não? Mandem uma mensagem e nós estaremos lá o mais rápido que pudermos.

– E eu devo enviar o SMS antes ou depois do Silas tentar cravar uma estaca no meu coração de novo? - ironizou Stefan sob o olhar reprovador de Caroline.

– Quer saber? Nós não deveríamos estar conversando sobre isso. Esqueceram que algum de nós pode ser o Conde Drácula? - lembrou Dean.

– Quer saber? Nenhum de nós é o Silas. - afirmou Damon cansado daquela conversa esquisita e daquele plano péssimo.

– E eu deveria acreditar nisso porque...? - indagou Dean.

Damon lhe deu um sorriso sarcástico e respondeu enquanto o encarava:

– Porque se eu fosse Silas, eu já teria bebido todo o seu sangue, idiota...

Dean deu um passo a frente e devolveu com o mesmo sarcasmo:

– E se eu fosse Silas, já teria partido a sua cara de vampiro galã em duas há muito tempo.

Elena se posicionou entre os dois e colocou uma mão no ombro de cada um evitando que eles se aproximassem demais e esclareceu tentando acalmá-los:

– Ok, então nem um dos dois é o Silas. Ótimo!

– Não, não é ótimo. É uma pena porque eu ia adorar... - começou a dizer Dean.

– É! Eu também! - interrompeu Damon.

Stefan, Tyler, Jeremy e Caroline se olharam e tentaram não rir da cena. Era engraçado ver os dois discutindo porque no fundo Damon e Dean tinham se tornado amigos, só não conseguiam admitir porque era dois teimosos. Até nisso eram parecidos.

Depois se encarar o vampiro, Dean olhou para Elena desconfiado e Damon a defendeu prontamente:

– Ela também não é o Silas.

– Como você pode ter tanta certeza? - duvidou Dean.

– Porque ela estava comigo o tempo todo. - explicou o vampiro.

– Claro que estava. Vocês são o casal mais grudento de Mystic Falls. - provocou Dean com um sorriso debochado.

– Algum problema com isso, amigo? - irritou-se o Damon.

– Não! Não! Nenhum problema. Não precisa ficar com ciúme. Elena não faz muito o meu tipo. Muito disputada pro meu gosto. - provocou Dean novamente.

– Chega! - ordenou Elena com firmeza fazendo os dois a olharem um tanto assustados - Vocês parecem duas crianças brigando. Nós estamos perdendo tempo com essa discussão, vocês não percebem?

– Foi ele que começou! Ele disse que ia drenar todo o meu sangue! - lembrou o Winchester revoltado.

– Acredite, Dean, se você não calar a boca, eu mesma vou acabar com você. - garantiu Elena enquanto seus olhos mudavam de cor, assim como a pele em volta deles.

– O quê? - indagou Dean surpreso enquanto Damon ria.

– Ela só está brincando. - interveio Caroline - Mas também está certa.

– O quê? Você também quer o meu sangue, Bella? - temeu Dean dando um passo para trás.

– Não. Mas nós estamos perdendo tempo aqui. - explicou Caroline - Temos que encontrar a Mia e o Castiel, lembram?

– Ei! Espera um pouco... - pediu Jeremy e olhando para Dean, perguntou - Por falar em pessoas desaparecidas, cadê o seu irmão?

– Sammy... - murmurou Dean lembrando que não via o irmão desde que eles se separaram há meia hora. - Ele é esperto. Silas não vai conseguir enganá-lo. Ele e Meredith devem estar bem. - afirmou ele.

– É... Geralmente um dos irmãos sempre é esperto. - provocou Damon.

– Stefan que o diga. - devolveu Dean com um sorriso.

Elena revirou os olhos e começou a sair da biblioteca. Os outros a seguiram enquanto Dean e Damon se olharam mais uma vez com desdém antes de também saírem do lugar. E logo todos já haviam se espalhado pela escola novamente.

Enquanto isso Sam e Meredith entraram em uma das quadras da escola, depois de terem checado o lado de fora e não terem encontrado nem sinal de Castiel. Eles ainda não sabiam que Mia havia desaparecido também, mas logo Dean enviou uma mensagem para o celular do irmão informando o ocorrido. Meredith leu o SMS junto com ele e Sam refletiu:

– Silas é mais perigoso do que nós tínhamos pensado.

– Você não imagina o quanto. - disse uma vez feminina vinda da arquibancada.

Sam e Meredith olharam com certa dificuldade para a mulher em pé e parada ali os observando. O lugar estava mal iluminado, mas Sam conseguiu reconhecer o seu rosto. Era familiar. Um rosto que ele não via há muito tempo, há muitos anos na verdade, e que lhe trazia lembranças dolorosas de uma época que ele preferia esquecer. Uma época em que tudo o que ele mais queria era ter uma vira normal, estudar Direito, se formar em Stanford e esquecer a vida de caçador que levava antes de sair de casa na noite em que brigou com o seu pai. Naquela época, Sam só queria esquecer a vida na qual foi criado com seu irmão Dean.

Meredith olhava para a mulher a alguns metrôs dos dois sem entender porque Sam não dizia nada. Ele parecia em choque e mantinha um olhar triste sobre aquela garota. Uma bela garota, aliás. Tinha um rosto delicado, longos cabelos loiros e levemente cacheados. Vestia um longo vestido branco.

Logo Meredith percebeu que não era um vestido, mas sim um tipo de camisola. Sam também parecia prestar atenção no traje que a garota usava. Também lhe era familiar.

Meredith sabia muito bem o que estava acontecendo ali. Não era uma garota que estava diante deles. Mas Sam parecia abalado demais para conseguir raciocinar direito diante da imagem de sua ex-namorada Jessica.

– Olá, Sam. - disse ela com certo pesar.

A surpresa e a lembrança dolorosa pelo que aconteceu com Jessica, depois que Dean o reencontrou em Stanford, deram lugar a raiva quando Sam finalmente percebeu que não estava diante do fantasma de sua ex-namorada.

– Silas... - deduziu o Winchester.

Enquanto isso, todos procuravam Castiel e Mia em alguma parte da escola enquanto os convidados apenas aproveitavam o evento completamente alheios ao que estava acontecendo nos bastidores.

– Já faz muito tempo, não? Mas eu achei que você ia gostar de revê-la. Você tem pensado muito nela ultimamente, não é, Sam? - disse Silas.

– Como você sabia? - indagou o Winchester ainda confuso diante da imagem de Jess.

– Eu consigo ver o que se passa na mente das pessoas, Sam. E quando você entrou aqui eu percebi que Jessica ainda é um fantasma que te atormenta. O único fantasma que você não pode vencer. - explicou o vampiro calmamente e olhando para Meredith, continuou - E você tem medo que aconteça o mesmo com ela.

– Quem é Jessica? - indagou a médica intrigada enquanto Sam a protegia atrás dele.

Silas percebeu o gesto do Winchester e esclareceu:

– Não se preocupe, Sam. Eu não vou machucá-la. Você vai. Esse é o seu trabalho. Você sempre machuca as pessoas à sua volta. Mais cedo ou mais tarde. Foi assim com Jessica, com Madison, com o seu pai... Dean então, nem se fala.

– Cala a boca. - ordenou Sam começando a ficar irritado com o jogo de Silas.

– Quantas vezes o seu irmão se sacrificou por você, Sam? Provavelmente o mesmo número de vezes que você o decepcionou. Muitas. - provocou o vampiro.

– Eu disse cala a boca! - gritou Sam enquanto Silas dava um leve sorriso.

Em seguida o vampiro deu alguns passos até a escada lateral da arquibancada e desceu alguns degraus enquanto observava atentamente o casal.

– Mas Dean sempre dá um jeito de voltar, não é? Ele sempre dá um jeito de consertar as coisas. - prosseguiu o vampiro parando de andar - Inferno, Purgatório... Ele voltou de todos esses lugares, não foi? Mas Jessica... Ela não teve a mesma sorte.

– Do que ele está falando? - quis saber Meredith.

– Por que você não mostra o seu verdadeiro rosto? - desafiou Sam.

– Acredite, você ficaria ainda mais surpreso. Todos vocês, aliás. Stefan ficou. Além disso, eu pensei que você ficaria feliz em rever sua falecida namorada. - explicou Silas observando a reação de Meredith.

A médica olhou novamente para Sam com certo espanto e repetiu confusa:

– Falecida namorada?

– Eu posso explicar... - garantiu Sam - Mas não agora.

– Por que não? - provocou Silas - Meredith tem o direito de saber com quem ela está se envolvendo.

– Eu sei muito bem, Silas. - esclareceu ela olhando o vampiro com ódio.

– Sabe? - duvidou o vampiro - Bem, você pode saber de muitas coisas sobre Sam Winchester, mas eu aposto que ele não te contou por que ele virou caçador. Além, é claro, do fato da mãe dele ter sido morta por um demônio e ele e o irmão terem sido criados assim. Triste, não? Eu acho até que isso daria um filme.

– Não fale da minha mãe, desgraçado. - irritou-se Sam.

– Mas eu duvido que ele tenha te contado qual a motivação que o fez voltar a caçar quando tudo que ele queria era ter uma vida normal. - continuou Silas sem se intimidar e olhando para Meredith, revelou - Eu aposto que Sam não te contou sobre a morte da namorada Jessica... Em chamas. No teto do quarto. Morta por um demônio. E onde Sam estava quando isso aconteceu? Com o irmão, na estrada... Deixando Jessica completamente sozinha sem nem ao menos ter falado com ela sobre as atividades extracurriculares que ele costumava fazer com o irmão. Pobre Jessica.

– Não toque no nome dela! - gritou Sam enquanto Meredith tentava assimilar aquela revelação - Você não sabe absolutamente nada sobre ela, sobre mim ou sobre a minha família.

– Ah! Eu sei sim, Sam. Eu vejo toda a confusão infernal na sua cabeça e é por isso que eu sei que lá no fundo você nunca se perdoou pelo que aconteceu com Jessica. - afirmou Silas e descendo os degraus lentamente, continuou - Mas é curioso que você não tenha aprendido nada com os seus erros. Eu quero dizer, aqui está você de novo, ao lado de uma bela garota, tentando parecer normal. Mas você não é normal, Sam. Você é o monstro, não eu ou as coisas que você costuma caçar. Pobre Meredith...

– Sam... - tentou dizer a médica.

– Corra. - ordenou o Winchester com medo de que Silas a machucasse.

– O quê?! Não... Eu não vou te deixar sozinho com ele. Não importa se você não me contou essas coisas e nada do que ele disse importa... Eu ainda te amo, Sam. - tranquilizou Meredith.

Silas deu mais alguns passos e Sam repetiu para ela ainda mais preocupado:

– Corra! Por favor...

– Confie em mim, eu posso ajudar... - relutou ela.

– Meredith, eu sinto muito, mas eu não posso perder você também. Por favor, vá! - insistiu Sam enquanto Silas se aproximava.

A médica olhou para o Winchester hesitante por alguns instantes, mas o obedeceu por fim, correu e saiu daquela quadra o mais rápido que pôde. Silas parou e olhou para Sam.

– Eu estou impressionado. - confessou o vampiro - Você realmente gosta dela e se sacrificaria para salvá-la. É tocante. Talvez você tenha apreendido alguma coisa no fim das contas, Sam. Mas não se preocupe. Nunca foi minha intenção machucá-la. Aliás, nem você.

Sam o olhou sem entender e indagou:

– Então você não vai me matar?

– Claro que não. No fundo, eu te entendo, Sam. Você só quer fazer o seu trabalho. Você só quer caçar o monstro e é por isso que eu vou te dar um monstro para caçar. - insinuou Silas.

Sam o olhou ainda mais confuso e franziu a testa. Além de tudo, era torturante ver a imagem de Jessica ali bem diante dos seus olhos, mas dizendo coisas que a garota nunca falaria se estivesse viva. Silas percebeu o quanto Sam estava incomodado com aquilo e se divertiu internamente.

– Do que diabos você está falando? - quis entender Sam enquanto tentava pegar uma arma carregada de balas de madeira.

No entanto, Silas percebeu o movimento e se moveu rapidamente na direção do Winchester o empurrando violentamente. Sam foi parar do outro lado da quadra, bateu a cabeça e desmaiou deixando cair o celular e a arma no caminho.

Silas andou devagar em sua direção enquanto assumia a sua verdadeira forma e guardou os objetos com ele. Em seguida se abaixou ao lado de Sam e revelou enquanto o caçador começava a abrir os olhos:

– Eu tenho um trabalho para você, Sam. E para o seu irmão.

Sam viu a imagem desfocada na sua frente e indagou confuso:

– Stefan?

Silas sorriu e bateu com força na cabeça de Sam o fazendo desmaiar novamente e encerrou:

– Tente de novo!

Enquanto isso, Caroline checava o refeitório da escola. Nada de Castiel ou Mia. Aquilo estava a deixando cada vez mais nervosa. O que Silas havia feito com os dois? O que ele estava planejando, afinal?

Todos continuaram procurando e algum tempo depois Dean encontrou a quadra onde Sam e Meredith haviam estado momentos antes.

Dean tentava ligar para o irmão e o som do celular tocando o levou até lá. Mas então Dean parou ao ver Sam de costas e completamente imóvel enquanto o aparelho continuava tocando.

– Sammy? - chamou Dean.

Então ele se virou e encarou Dean com um sorriso diferente, macabro e sonso e disse:

– Eu estava esperando por você, Dean. Eu sabia que viria socorrer o seu irmãozinho. Você sempre vem, não é? E esse é o seu erro.

– Não é o Sammy... - deduziu Dean tentando pegar a Colt.

Mas, antes que conseguisse fazer isso, Silas se moveu rapidamente e bateu no rosto de Dean com força.

O caçador caiu no chão a alguns metrôs do vampiro e a arma foi parar embaixo da arquibancada. Mas pelo menos desta vez, Silas não prestou atenção. Ele andou rapidamente até Dean, se abaixou e lhe deu outro soco com mais força.

Dean o encarou com desdém e provocou:

– Você bate como uma garotinha. E esse corte de cabelo não fica bem em você, Silas.

O vampiro o olhou com mais raiva, fechou a mão e o golpeou novamente. O nariz de Dean começou a sangrar e os olhos Silas mudaram imediatamente ao ver o sangue.

– O quê? Você vai me morder agora? Não vai nem me pagar um drink antes? - debochou Dean enquanto olhava em volta à procura da Colt.

Ele viu a arma do outro lado, mas não tinha como pegá-la. Estava muito longe. E Silas estava o segurando com muita força contra o chão. Então ele olhou para o vampiro novamente e zombou:

– Dizem que eu sou uma delícia.

Silas lhe deu um sorriso maligno e controlou o instinto de atacá-lo.

– É por isso que eu vou te poupar para outra pessoa. - insinuou o vampiro.

Dean o olhou confuso e perguntou:

– Quem?

Mas o caçador não teve resposta. Ao invés disso, Silas o golpeou mais uma vez e Dean desmaiou.

– Mia. - revelou Silas antes de arrastar Dean para longe dali.

Algum tempo depois, quando a quadra estava vazia, alguém entrou, caminhou em direção a arquibancada, se abaixou, esticou o braço e pegou a Colt.