Wesen Para Matar escrita por GhostOne


Capítulo 28
Segundos antes da explosão


Notas iniciais do capítulo

Últimos capítulos da fic... Não vejo como poderíamos nos estender mais! :...(
Enfim, fiquei muito feliz com os acessos, acompanhamentos e (poucos) reviews de vocês. E ATÉ RECOMENDAÇÃO! Gente isso é coisa linda de Deus S2
Vou deixar todos os obrigadas para o último capítulo, faria mais sentido. Acho que esse é o antepenúltimo. :(
Vocês saberão quando tocar a música Put That Record On, do Hinder. ;) Uma substitura é From Yesterday, do 30 Seconds To Mars. :D
Segundo fontes, nossa frase de abertura hoje é do Johnny Depp. Oquei.
Enfim, boa leitura!



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“Se você ama duas pessoas, escolha a segunda. Se realmente amasse a primeira, nunca teria começado a amar a segunda.”

*

− Ele sabe. Ele contou a Alicia. – Os lábios da mulher crisparam com força, tamanha que, se ela fosse de porcelana, ela teria se desmanchado em minúsculos cacos.

− Eu achei que o bastardo não fosse mais um problema. – Ela se virou. – O que ela sabe?

− Sobre Maya.

− Maya está morta. Eles não têm nada. Achei que fosse sério...

− Mas, se Alicia perguntar a Mikah se ele sabe sobre Maya e ele disser que não... – Ela entendeu.

− Achei que tinha sido clara quanto a matar o bastardo, Naomi.

− Isso atrairia atenção indevida... Seria muito problema. – Ela esfregou a ponta do pé na sua frente, fazendo meias-luas na poeira. – Sinto muito, mas se quisermos ficar anônimos, era melhor daquela maneira. E quem saberia que ele tinha um backup?

− É verdade... Enfim, o que temos para contornar a situação? – Ela se virou e começou a sair do quarto, o vestido preto erguendo-se a cada passo. – Mande todos virem aqui. Eu quero saber o que podemos fazer.

*

− Você é um imprestável. Se tivesse feito Alicia te amar, instantaneamente e com força, ela nunca voltaria para ele e não teríamos esse problema!

− O bastardo iria me fuçar de qualquer jeito. Ele não gostou de mim assim como eu não gostei dele. – Mikhail limpou as unhas com o canivete. – Qual é nosso problema mesmo?

− Foco, Mikhail – Blade o repreendeu. – Precisamos contornar a situação, como disse milady.

− Bom, agora Alicia sabe sobre Maya. O que fazemos? Fora você dizer que Maya pegou carona com você pra cá e depois vocês tomaram seus caminhos?

− O bastardo deve morrer – Scheila defendeu. – Por que não?

− Isso seria um escândalo e colocaria todos no nosso caminho. – Naomi disse. – É melhor evitar isso. Além do mais, agora é muito tarde, já que Alicia sabe sobre Maya. Se ela hackear os sistemas internacionais, vai descobrir que...

− Maya. Está. Morta. – A chefe proclamou, com ênfases. – Ela não será problema para nós.

− Será pra você. – Todos olharam a loira. – O que é? Não seria? Se ela descobrir o que aconteceu com Alsbrook...

− Aí seria. Scheila, limpe os arquivos de Maya do sistema. Fora isso?

− O fato de que Michael não sabe fazer seu papel – Blade acusou. – Devemos pegá-la logo.

− Não, Blade. Muito cedo. – Ela olhou para o amante. – Você deve fazer seu trabalho o mais lindamente possível. Amá-la com todas as suas forças e fazer com que ela sinta o mesmo. E com intensidade.

− Devo transar com ela? – Todos o encararam, surpreso. – Que é?

− Você ainda nem transou com ela? – Naomi gritou. – Que diabo? Seu frouxo!

− Você gostou do frouxo aqui outro dia – Ela revirou os olhos.

− Em resumo, sim. Você deve. – A superior levantou. – O que mais?

Ela queria tanto pôr as mãos em Alicia, sentir a pele dela, macia e bonita, e então arrancá-la da carne e a carne dos ossos. Queria cada grito que saísse da boca dela. Queria marcá-la e deformá-la até que ela ficasse com vergonha e chorasse até a sua morte.

Então ela a traria de volta e faria tudo de novo.

− Bom... Acho que nada. – E uma ideia surgiu na mente dela.

− Na verdade, nós temos. – Ela voltou-se para o grupo, sorrindo. – E se fizermos o bastardo odiá-la?

− Duvido. – Michael disse, apoiando os pés na mesinha de centro. – Ele mesmo falou que não vai largar essa briga.

− Mas se Alicia fizer algo ruim o suficiente... – Ela olhou para o moreno. – Acha que consegue um fio de cabelo dela?

− Claro. Mas para quê?

− Para fazer aqueles dois se virarem um contra o outro. – Nira ajeitou o cabelo. – Daqui pra frente, eu assumo. E juro por Deus, ele vai odiá-la, talvez tanto que ele virá entregar Alicia para mim em pessoa.

*Alicia*

Quem era Maya?

Eu não podia evitar essa pergunta enquanto voltava para casa, quer dizer, a casa da Emily. De lá, eu iria falar com Nick (saber como é que tinha ido as coisinhas proibidas para menores de 18), tomar um banho, comer e DORMIR. Imperativo, porque já fazia dias que eu não conseguia respirar direito. E porque comer e dormir são as coisas mais úteis que seres humanos fazem. (Dormir emagrece.)

Enfim, mal estava eu chegando e refletindo quando usei minha máster audição para entender o que estava ouvindo. Eram... Gemidos... Fungadinhas...

Era um choro?

Acelerei o passo, entrando rapidamente na casa e subindo as escadas na direção do choro. Era fácil pra mim, mesmo que o choro tivesse diminuído assim que a porta da frente abriu.

Mas eu não estava destinada a ter paz, mesmo?

Enfim, quando entrei, era Barbie. Ela estava encolhida perto da cama, a cabeça enfiada entre os braços e com as pernas dobradas.

− Bárbara... – Ajoelhei-me perto dela. – O que foi, amiga? – Ela fungava descontroladamente, e seu corpo todo tremia.

Ela levantou os olhos, e parecia que ela estava chorando fazia um tempão. Seu rosto estava todo amassado e vermelho, o cabelo estava uma zona, os olhos e nariz super vermelhos.

− Eu... – Ela enxugou o rosto. – Fiz algo horrível...

− Pode me contar, querida, eu não vou te julgar. – Peguei-a pelos braços e levantei-a, guiando Barbie até a cama.

− Eu beijei o namorado da Emily. – Fiquei besta. – E eu gostei, mas eu sei que foi completamente errado. – Ela mordeu o lábio. – E tô me sentindo horrível.

Fiquei calada, porque não havia defesa no que ela tinha feito. Poxa, era meio que uma lei. Você respeita o namorado da sua melhor amiga, ou o crush, ou o marido, o que quer que seja, mas respeita, no mínimo até que ela o largue, se você não aguentar.

− Mas foi você que procurou? – Questionei, porque eu não acreditava que aquela era Barbie. A Boneca não faria aquilo.

− Claro que não! Ele veio aqui no meu quarto. Duas vezes. – Meu queixo caiu ainda mais. – E me beijou. E eu... O beijei de volta, por uns três segundos.

− Mas, Barbie, isso é tipo um pecado da melhor amizade! – Eu ergui a voz. – Mesmo que você não tenha buscado... Sei lá, apesar das circunstâncias, isso é super mega errado.

− E pegar o chefe do irmão é o quê? – Engoli em seco. – O cheiro do híbrido, do bastardo, passa tanto tempo em você que parece que é o seu. E você tem namorado.

− É bem mais complicado...

− Talvez seja. Mas nós duas estamos enrascadas.

− O que você planeja fazer?

− Eu não sei... Vou enfrentar o namorado dela e então dizer a verdade. Emy tem que acreditar mais em mim que num cara que ela não conhece nem há um terço do tempo que nos conhecemos. – Ela ajeitou o cabelo. – Tenho que me recompor.

− Amiga... – Balancei a cabeça. – É tão óbvio minha... Coisa com o Renard?

− Apenas óbvia. É mais fácil as pessoas acharem que o capitão é seu namorado. – Ela ajeitou uma mechinha do seu cabelo. – Ally...

− Oi.

− Percebeu que nós três caímos aos pedaços? – Ela sorriu. – Alicia, Emily e Bárbara não existem mais. – Ela falou nossos nomes e ergueu apenas um dedo. – Agora são Alicia... – Um dedo. – Emily... – Outro dedo. – E Bárbara. – O último dedo. – Nós não somos mais o que nós fomos.

E eu senti que era verdade.

− Verdade. Mas quem sabe fosse hora de seguirmos caminho. – Suspiramos, e só pra honrar a amizade...

Nos abraçamos.

− Desculpa por tudo. – Pedi a ela.

− Me desculpa, também.

Sorrimos uma pra outra.

− Vou tentar te ajudar, amiga. Prometo.

*

Fui pro meu quarto, como planejado, com um copo de água e um sono surgindo. Eu tomei um banho bem rápido, ignorando ao máximo os pensamentos que me vinham, e deitei na cama.

Eu não sabia o que fazer, como aquela história terminaria, não sabia como lidar com tanta coisa. Michael, Renard, Maya... Quem era Maya?

Maya. O nome ficaria na minha mente por um longo tempo. Eu não tinha certeza se pesquisaria sobre ela; talvez fosse mais fácil jogar a isca no Michael. Se ele negasse, então eu pesquisaria para ver quem era essa tal fulana.

Mas eu acreditava nele. Não achava que Michael tivesse motivos para mentir para mim, poxa, estávamos namorando.

E o Renard?

Eu acreditava nele TAMBÉM, mas eu não entendia qual a coisa do Renard em ter que derrubar o Michael. Orgulho de macho? Não dava pra entender.

Na verdade, eu tinha minhas ideias, mas eu me recusava a acreditar que aquilo era uma briga por mim. Por mim? Gente, Renard e Michael eram meus únicos homens em termos sexuais. Será que eu era... Desejada? Eu era uma garota comum, normal...

E eu gostava de ser desejada. Eu gostava de como Renard me beijava e me tocava e de como o Michael me carregava como se eu fosse a mulher mais preciosa do mundo. Eu gostava dos dois. Da energia do Sean e do calor do Michael.

Que diabos eu ia fazer? Uma hora eu teria que abrir mão de um deles, mas eu não queria. E eu tinha que tomar cuidado para não começar a vê-los como algo garantido para mim, porque isso levaria ao fim. Você não pode achar que as pessoas esperarão sempre pela sua pessoa lá, para fazê-las felizes e te fazer feliz. Pessoas são temporárias.

Mas quem eu queria mais e de quem eu abriria mão?

Sean...

Eu não conseguia abrir mão dele, não conseguia. Ele me dava um calor, uma energia, beijos, algo que eu precisava, que eu sentia que não poderia abrir mão, mas nem morta. Não adiantava mais negar, mas dizer também seria ruim demais.

Eu precisava de conselhos urgentes. Mais um assunto para discutir com meu irmão mais velho: quem eu escolho?

Claro que eu não era nem louca de comentar quem seriam os dois caras (ou melhor, o segundo cara) para meu irmão, ou eu iria começar a Terceira Guerra Mundial totalmente sem intenção.

Enfim, eu fiquei lá, pensando na vida, refletindo, mas sem nunca chegar a uma conclusão de nada fora o fato que eu estava com preguiça.

Liguei pro Nick, mesmo.

− Oi, irmão. – Quando ele falou, quase senti o sorriso dele... Tava felizinho, é?

− Oi, irmãzinha. Como você tá?

− Corta o papo, eu quero saber como você está! Sinto seu sorriso pela linha! – Ele riu.

Olha, me desculpa pela babaquice de antes. É que... Bom, você sabe, Musai e tal. E quanto à minha alegria, eu e a Juliette vamos jantar. E nos beijamos.

AiDeus.

Eu não sabia o que pensar nem o que sentir direito. Mas ouvir aquilo, meu Deus... Foi bom, por um lado, e foi ruim, do outro.

Bom porque fazia o Nick feliz e eu estava começando a gostar de Juliette.

Ruim porque eu tinha medo dele se magoar, de novo, e eu ter que caçar a Juliette, de novo.

− Mana?

− Nada, tava pensando. Parabéns, vai tê-la de volta assim. – Estalei os dedos.

Você não soa como se estivesse feliz por mim.

− É que... – Suspirei. – Nick, olha, eu te amo demais, você é meu irmão mais velho, tem todo o direito de ser feliz. Mas e se ela te magoar de novo?

Ele ficou calado, como eu esperava.

É um risco de todo relacionamento, Ally. Eu amo a Juliette e acho que ela me ama também. Então, o que nos custa?

− Custa que eu não quero você mal de novo! – Bati o pé. – Mas, antes que a gente discuta, dá pra você sair agora?

Por quê?

− O que eu quero conversar com você é melhor pessoalmente.

*

− E é isso. – Fiquei calada enquanto esperava a resposta de Nick. Eu havia contado tudo, desde a parte que eu havia conhecido outro cara até a parte em que nós meio que “ficamos”, mesmo depois de eu ter começado a namorar.

− Olha, você está enrascada.

− Eu sei. – Abaixei a cabeça, sentindo-me culpada.

− E o que você fez foi muito errado. – Ele virou o corpo para me encarar. – Não se trai um namorado ou namorada.

− Eu sei, Nick... Mas eu não consigo me afastar daquele cara. O que eu sinto por ele é muito forte, parece gravidade... Eu falei, prometi a mim mesma que não ia passar da primeira noite, mas não deu. Eu não consegui. E preciso voltar pra ele, se não... Parece que meu corpo... Dói.

− Você ama o cara, oras. – Olhei pro Nick, espantada. – Não quer ficar sem ele.

− Como?

− Ally, isso é tão óbvio! – Ele riu. – O jeito que você fala, como se você não pudesse viver sem quem quer que seja. Você ainda tinha dúvidas?

Fiquei caladinha... Então era isso. Ele tinha acabado de tornar aquilo que eu não queria sentir, viver, saber, verdade. O que eu, nós, tínhamos fugido por tanto tempo agora era verdade.

Eu amava o Capitão.

− Quer dizer que eu o amo? Mesmo?

− Alicia, se você ama alguém, mas não consegue de parar naquela outra pessoa, então você ama mais aquela outra pessoa. Isso não te perdoa totalmente, mas eu sei como é não poder fugir. Por que você simplesmente não larga seu namorado e fica com esse cara, que você não me conta quem é?

− E nem vou. Mas, Nick... Eu não posso ficar com esse cara. Ia ser muito, muito ruim.

− Ally, desde que o cara não seja drogado nem bandido, se ele te fizer feliz, então ele é bem-vindo e eu o aceito.

− Eu duvido. – Recostei-me no banco. – Nick, é tudo tão complicado, eu e ele... Tem mais de uma coisa que nos impede.

− Essas coisas são...?

− Nick, não posso te falar. Você não iria gostar dele.

− Quais são suas garantias? Ele é seu chefe. – Vai lá, larga seu namorado, fica com o cara que você ama.

− Como tem tanta certeza?

− Qual deles você conheceu primeiro?

− O Michael.

− E quem você sente que não consegue viver sem? – Eu entendi.

− O outro cara.

− Então qual a dúvida?

Nick tinha razão, droga, droga, droga. Era tudo tão errado e complicado, eu sabia direitinho quais seriam as complicações daquilo, mas, puta merda...

Eu amava Sean Renard.

− Me dá três dias, aí eu te digo. – Ele fez cara feia. – Como você sabe sobre essas coisas de amar duas pessoas? Você... Ama alguém além da Juliette?

− Não, não. Eu... – Ele passou a mão pelo cabelo. – Eu tinha uma melhor amiga em Seattle, ela era... Bem legal, irada, e no pior termo, gostosa. Então, a gente começou a ficar. Só que eu não morava em Seattle. Enfim, eu achei uma outra garota em outra cidade, e eu esqueci totalmente essa amiga. E minha paixonite nem era tão bonita ou gostosa, mas uau, eu a amei demais enquanto durou. E a Vanessa ficou pra trás.

− Nossa. E onde está essa namorada agora?

− Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. – Eu ri. – Vai por mim, se você ama esse outro cara, então fica com ele. O resto é resto, o resto não vai influenciar na sua vida nem te fazer tão feliz quanto ficar com esse cara desconhecido.

− Esqueça. Você não vai descobrir quem é.

E eu tomei minha decisão. Em três dias, eu ficaria, de vez e pra sempre, com o Renard.

Qual seria a ironia caso Nick descobrisse que foi ele que me fez tomar a decisão de ir namorar o chefe odiado dele?

*

Mas eu ainda amava o Michael. Será que só trocar de homem bastava para esquecer o anterior? Será que eu me sentiria culpada? Será que ele iria aceitar?

Eu precisava ser sincera, precisava pedir desculpa a ele, precisava admitir que gostava de outro e que deveríamos terminar porque eu amava mais outro cara e só estava buscando minha felicidade.

Então, fui ao quarto de hotel dele, tensa, nervosa, culpada, mas sabia que estava fazendo o certo.

− Oi, gata. Meio tarde pra vir aqui, né? – Ele se inclinou pra gente se beijar, mas eu me inclinei. – Ué, gata. Tudo bem?

− Tudo, amor... Entra aí, vamos conversar. – Entramos e sentamos na cama. – Olha... Eu tô apaixonada por um outro cara. – Michael permaneceu calado. – E eu acho que nós não vamos dar certo com ele na parada. – E continuou calado. – Mas eu ainda quero tentar uns três dias, ver quem eu realmente amo.

− Como assim? – Ele nem me olhou na cara quando falou.

− Eu te amo, nunca menti sobre isso. Realmente te amo. Mas eu não sei o quanto eu te amo... Só sei que acho que amo o outro cara mais. E não posso ficar com você porque vou ter vontade de ficar voltando pra ele e isso não seria justo com você.

Continuamos quietos. Até ele falar algo que me gelou a espinha.

− É aquele capitão, não é? – Senti todos os meus músculos contraírem de surpresa e medo. Ele sabia? Como ele sabia? – Eu vi vocês, antes da gente namorar. Isso me magoa um pouco, eu admito... Me deu um ciúme tão forte...

− Desculpa, amor. Mas, eu vim aqui pra te dizer isso e pra pedir mais três dias... Pra gente ficar junto direto, pra gente realmente se amar, pra eu saber quem eu quero mais. Podemos? – Ele sorriu, fraquinho.

− Acho que vai ter que me bastar, né. – E nos beijamos, e eu senti aquele fogo delicioso entre nós, mas não era tão bom quanto os beijos de Renard. Nunca seria.

Ele se inclinou sobre mim, e sua língua passeou pela minha boca, enquanto eu arranhava as costas dele e mordia seu lábio. Senti suas mãos deslizando pelas laterais do meu corpo, arrepiando, agoniando, e eu me contorci contra ele, porque seu toque era tão delicado que me fazia contrair a barriga involuntariamente.

Ele beijou o meu pescoço, e eu senti meu coração batendo enquanto me concentrava nos lábios dele, me beijando, e de repente ele tirava a minha calça. Até aí eu não via muito problema.

Ele também tirou suas roupas, e voltamos a nos deitar, com beijos e carinhos. Eu não via problema, e me segurava nas costas dele, e o beijava e eu o amava, era verdade e eu não tinha mentido. Nem um pouco.

Só que aí eu senti ele tentar abaixar um pouco minha calcinha.

− Ei... – Chamei, e ele me olhou. – Michael... Não.

− Ué, por que não? – Ele me olhou e meu rosto queimou de vergonha e súbita timidez, e virei meu rosto pro lado.

− Eu sou virgem. – Sussurrei, e não precisaria repetir, por causa da audição de híbrido. Eu sabia que ele tinha escutado.

− E você quer perder com o amor da sua vida. – Michael disse, soando claramente magoado, e saiu do meio de minhas pernas. – Tudo bem.

− Não, não é isso... É que eu ainda não me sinto confortável para perder, com quem quer que seja. – Eu não queria que ele se sentisse mal. Não queria.

− Bom, eu não sou virgem e seria uma honra tirar a sua inocência. – Ele se virou pra mim. – Nunca, nunca menti quando disse que gostava de você, Alicia. Eu te amo, mas se você não vai ficar comigo, bom, isso não vai mudar nada. Eu vim te proteger do tal plano malvado de sei lá quem, e é isso que vou fazer. – Eu sorri.

Ele ainda se sentir no dever de me salvar dos apuros, que fofo... E eu nem lembrava mais daquilo. Michael obviamente se preocupava comigo, o suficiente para ficar do meu lado mesmo quando não fosse meu namorado.

− Sortuda a garota que ficar com você.

− Por enquanto, essa garota é você. E por mim, seria a única. – Eu me apoiei no peito dele e relaxei, sentindo seus cafunés delicados no meu cabelo.

Aquilo era bom. Van Healm era como um porto seguro para mim, e eu gostava de estar com ele, da tranquilidade e familiaridade que nós tínhamos um com o outro. Eu gostava dele.

Gostava? Amava?

Ai, como tudo isso é confuso...

Senti um puxão delicado na minha nuca e me assustei.

− Ai. O que foi... – Eu vi ele segurando um fio de cabelo meu.

− Um pouco de você pra mim. – Ele sorriu. – Que tal?

− Tudo bem. – Aquilo era estranho, mas eu não o negaria um pouco de mim, como ele próprio havia dito. E me lembrei de uma coisa. – Amor, você conhece Maya Alsbrook? – Michael inclinou a cabeça.

− Sim. Ela fugiu comigo, quando escapamos do asilo. Loira, bonita, não tanto quanto você. – Eu sorri, com o charmezinho dele. – Por quê?

− Uns assuntos. – Ele inclinou a cabeça. – Ok. Renard estava procurando quem poderia ter atirado nele, e achou que seria algum híbrido.

− Ah, seu namorado.

− Ele não é meu namorado. Você é meu namorado, amor.

− Olha, posso te admitir uma coisa? – Assenti. – Eu previa que isso ia acontecer, desde o começo. A primeira vez que eu vi aquele cara, eu soube que era o fim pra mim, porque eu nunca poderia competir com ele. E estava certo.

− Não é uma competição.

− Mesmo assim, eu perdi o prêmio, a coisa mais importante pra mim. Você. – Seus dedos fizeram carinhos na minha bochecha. – Eu vou procurar Maya, ver o que ela sabe sobre algum atentado ao seu namorado. Prometo que não vou falhar.

− Obrigada. Sei o quanto isso deve ser chato pra você.

− Se te fizer feliz, eu atiro no meu próprio pé.

*

Nossa, quanto drama estava rolando na minha vida. Estava na hora de viver um pouco ao som de Put That Record On.

Peguei minha moto e dei a partida, ouvindo o ronco da moto. Coloquei o capacete e subi a viseira, para sentir o vento no meu rosto.

E acelerei.

Pilotei sem ver para onde, nem porquê, mas acelerei e amei a sensação do vento no meu rosto, da liberdade. Parecia que cada metro deixado para trás era um problema ficando, até que só havia eu e a moto.

Acelerei, indo para a estrada que deixava Portland, sabendo que lá seria uma área mais limpa para empinar a moto e fazer loucuras. Eu não era híbrida, não era Grimm, não era nada. Era Alicia.

Eu tinha tirado todo o peso da indecisão, dos problemas, do medo, da vida dos meus ombros. Eu me sentia leve e livre enquanto parecia que tudo ia flutuando no vento como folhas secas. Eu não queria mais nada daquilo.

Eu queria ser livre.

Sim, eu amava minha nova família, minhas amigas, e (ainda era difícil admitir isso) Sean. Mas ultimamente tudo estava parecendo mais do que eu conseguia suportar. Eu estava carregando o peso do mundo nos ombros e queria me livrar dele.

Minha velocidade estava quase me deixando pra trás; com coragem, empinei um pouquinho a moto e senti a adrenalina correndo pelas minhas veias, misturada ao sangue. Minha respiração acelerou, meu coração bateu mais forte, e eu ergui mais o pneu dianteiro. Ao me sentir inclinada, quase no limite, gritei.

E ri. Ri porque fazia muito tempo que eu não me sentia livre.

*Emily*

E havia uma reunião na empresa!

Dei tchau a Adam e eu e Jaline fomos juntas, cada uma vestida em roupas bem apropriadas. Mesmo que, segundo o testamento de mamãe, eu não pudesse tomar posse da empresa e blá-blá-blá, não havia mais ninguém pra fazer aquilo. Então, quem sobrava? Eu e Line.

Tá, tinha a Emilia, mas ela não era da família. Eu e Line éramos da família, filhas de nossa mãe, nós tínhamos o sangue dela e poderíamos levar o negócio para frente como ninguém.

− O que nós vamos ver? – Perguntei, porque, apesar de ser filha da Abigail Cooper, não significava que eu soubesse tudo sobre o negócio. Gente, quando eu sumi tinha treze anos, nem sabia o que eram putarias ainda.

− Estatísticas, vendas, preços, negócios, possível terceirização, coisas chatas. Se aguente. – Ela ajeitou o cabelo impecável. – Vamos?

E foi, realmente, MUITO chato. Algumas partes (os slides com as joias, hehe) até me deixaram alegrinha. Fora isso, eu tive que fazer um esforço de Hércules pra prestar atenção por DUAS MALDITAS HORAS tentando não ficar fantasiando com o momento que voltaria pra casa para ver Adam.

Ah, Adam. Ele era um namorado super atencioso, lindo, e como ainda não tinha trabalho, sempre estava lá por mim. Eu queria o resto da vida com ele, e poderia parecer apressado ou sem sentido, mas era o que eu queria.

Eu o amava e sabia que ele me amava de volta.

Então, quando acabou a reunião, eu e Jaline fomos deixar uns esboços na sala da Emilia pra ela analisar, nós descemos as escadas e fomos tomar um café antes de nós realmente irmos pra casa.

Lá, começou a escurecer o céu da minha vida.

− Emy... – Jaline ficou misturando seu capucchino com vagareza. – Tenho que te falar uma coisa sobre esse seu namorado.

− O Adam? – Senti meu coração bater suavemente à menção dele. – Ele é perfeito, não é?

− Não. – Murchei. – Ele é um cara muito bacana, e tal, mas... Eu acho que você deveria se afastar dele o mais rápido possível.

− Ué, por quê? Não vou fazer isso! – Protestei. – Por que eu faria?

− Porque, apesar das brincadeiras e do jeito malandro, quando nós fomos conversar ele meio que me jogou umas cantadas. – Ela me contou. – E, bom, ele me parece... Impróprio. Ruim pra você.

− Jaline, você está louca. – Rebati, e sentei-me ereta, querendo passar mais confiança pela voz. – O Adam não é assim.

− Mas você não pode ver claramente, está apaixonada, isso torna seu julgamento... Incerto.

− Eu estou vendo perfeitamente bem e meu julgamento também está intacto. – Fiz minha cara bravinha pra ela. – Pode parar. O Adam não é malandro, não é do mal, e nem vai me trair. Nós nos amamos. Aliás, estou planejando viajar com ele no próximo fim de semana, no depois desse... Quero, sabe, dar aquele passo a mais. Eu ia te perguntar o que acha, mas como já vi que você não nos aprova, então...

− Se algo der errado, eu serei a primeira a falar “eu te avisei”.

− Espere sentada.

Terminamos nossos cafés, nós duas, meio que com raiva uma da outra, mas reprimindo, só porque ainda voltaríamos pra casa juntas.

O caminho foi quieto, porque eu me recusava a acreditar que Adam não me amava tão absolutamente quanto eu amava ele. Nós ainda seríamos um casal eterno, eu tinha sonhado com isso!

Não, não seríamos.

Porque mal eu cheguei em casa para ter a visão dos infernos.

Jaline pediu para eu ficar, que ela iria comprar umas roupas e dar um pulinho na Desirée do shopping, e mal eu abri a porta com todo o cuidado, querendo surpreender o Adam, eu escuto umas vozes.

− Você não pode fazer isso.

− Não é como se você não quisesse. Vamos lá, só um pouquinho...

− Mesmo que eu queira, não torna isso menos traição do que se eu não quisse... – As vozes de Bárbara e Adam cessaram, e eu subi as escadas rapidinho (já tendo tirado os saltos), desesperada para entender, esperando que não fosse o que eu vi.

Era.

Minha melhor amiga e meu namorado aos beijos, totalmente ignorando que eu existia.

Uns dias atrás, Adam tinha ido comprar um bracelete pra mim, que custou, tipo, uns 150 dólares. Eu tinha amado, embora 150 dólares, pra quem não tinha trabalho, fosse uma dinheirama (eu falava como uma pessoa que já tinha sido uma fugitiva sem cartão de crédito).

Quando eu vi a cena, gritei e atirei o bracelete nele.

− Como vocês podem? – E saí correndo, fugindo de Barbie.

Eu não conseguiria olhar pro rosto deles, nem pro dela, minha melhor amiga, aquela que havia estado do meu lado há tanto tempo, beijou o meu namorado. MEU. Droga, era tipo, pior que o Adam ter beijado ela, porque ela o beijou de volta.

Merda.

Eu me sentia um lixo.

Eu conhecia aqueles jardins como ninguém, e minha mãe gostava daqueles labirintos de arbustos, então nós tínhamos um mini-labirinto ali. Eu o conhecia como ninguém, e me escondi por ali.

Corri, corri, até dar num beco sem saída, e me encolhi, até que Barbie me achasse, porque ela me acharia de qualquer jeito, mas eu queria dificultar o máximo para ela.

Eu não queria vê-la nunca mais.

Mas, claro, não demorou para ela me achar, e logo Bárbara foi se aproximando de mim, devagarinho, devagarinho...

− Emily...

− Sai daqui! – Gritei pra ela. – Sua traidora!

− Mas, Emy, eu juro que nunca foi minha intenção, eu nunca quis seu namorado.

− Eu ouvi você dizer “Se eu não quisesse”. Isso dá a entender que você já quer. – Afundei a cabeça nas coxas de novo. – Vai embora.

− Mas eu sou a sua melhor amiga! Nada nunca existiria entre nós!

− Então por que o beijou de volta? Por que não o afastou, como uma verdadeira amiga faria? – Fiquei de pé. – Quantas vezes isso aconteceu?

− Com eu querendo? Nenhuma!

− Fala a verdade! – Rebati, com ódio, e ela ficou calada. – Eu sabia.

− Ele sempre me procurou, Emily, eu juro!

− Mentira. – Adam surgiu, na entrada daquele corredor, e nós duas olhamos para ele. – Eu posso ter ido até você, mas você queria tanto quanto eu que eu fosse...

− NÃO! Mentira! Sai daqui! – Ela meio que fez movimentos com as mãos, como se fosse espantá-lo. – Você é a culpa de tudo isso!

− Se ele fosse sozinho. – Acusei, veladamente, e os olhares se voltaram para mim. – Traidores. Os dois. Vão sair da minha casa o mais rápido que puderem.

Adam ficou me encarando.

− Baby...

− Acabou de admitir que me trai e me chama de baby! – Gritei com ele. – Vai pro inferno! – Fui até ele em instantes e o empurrei com todas as minhas forças, jogando-o além dos muros de grama. – Agora você vai pegar seu amantezinho traidor e os dois vão dar o fora da minha casa.

− Mas, Emy... – Barbie tentou pedir, mas eu a cortei:

− VAI SAIR! – Dei um tapa na cara dela, e ela caiu de joelhos. – Nunca mais quero ver sua carinha de traidora, porque da próxima vez, será pior que um tapa.

Eles ficaram parados por ali, mas Bárbara foi a primeira a se levantar e ir embora, sem sequer mais uma palavra. Adam continuou caído, sem se mover.

Então, eu decidi ir embora daquela casa, em algum lugar escondido para chorar, porque eu não aguentaria as perguntas.

Alicia sabia também? Quantas vezes aquilo teria acontecido? Jaline sabia daquilo?

Eu tinha sido cega e idiota desde o começo?

*Alicia*

Quando voltei, estava tudo vazio. Empty. Lacunas no lugar de minhas melhores amigas. Blank Space. Tipo assim.

− Carla? – Ela surgiu, parecendo meio afobada. – Que diabos aconteceu aqui?

− Um dramalhão. – Inclinei a cabeça. – Emily descobriu que Bárbara tinha um affair com o namorado de Senhorita Cooper, e enxotou os dois pra longe daqui. – Meu queixo caiu.

Eu saio por meia hora e desce A Usurpadora aqui? Mas gente, que diabos?

− Ela não pode! Se Emily surtar, ela não vai pensar direito e... Deixa só essa piração passar até... – Meu celular tocou, assim que eu ia subir as escadas.

− É a Emily?

− É a Barbie. – Atendi. – Ei, que história louca é essa?

− Ela chegou em casa e nos viu aos beijos. – Barbie explicou com sua voz mais controlada. – Não pude fazer nada. Ela perdeu o controle.

− Se Emily acabar tendo um acesso de disforia, ela pode apagar no meio da rua, e quem sabe o que pode fazer quando acordar?

Ela estava tomando os remédios... Ela me disse, antes dessa merda toda rolar.

− E pra onde você vai? – Porque, bem, o nosso único lugar era a casa de Emily. Barbie não a tinha levado a sério, tinha? Ela não tinha empacotado tudo e ido embora de verdade verdadeira, tinha?

Tinha. Seu quarto estava arrumado e impecável.

Eu tenho que achar um lugar, pelo menos até conseguir uma grana para me mudar de vez.

− Ei... Você vai... Pra Espanha? – Meu corpo foi trespassado por um calafrio ao pensar naquilo.

O que me resta?

Meus lábios tremeram.

− Onde você está? Tô indo te pegar. – Abracei Carla e fui fazendo outra ligação. – Alô, amor? Daria pra você me quebrar um galho?

*

Barbie estava num banco de praça, parecendo desolada, com cara de choro, e sua mochila cheia. Abracei-a assim que a vi.

− Ai, Barbie, por que não empurrou aquele cara?

− Porque ele era gostoso e eu sou fraca. – Ela fungou contra meu pescoço. − A culpa é toda minha, eu sei disso.

− Nem toda. E o Adam?

− Ainda apagado no labirinto de grama da Emily. – Ergui as sobrancelhas. – Ela surtou.

− Normal, normal. Enfim, te arranjei um lugar pra ficar. Junto com o Michael, num quarto de hotel, só até a gente ajeitar tudo e a Emy te perdoar...

− Alicia, eu vou pra Espanha de qualquer jeito. – Ela me cortou. – Minha família está lá. Além do mais, logo todas nós vamos ter seguido em frente, e eu não vou esquecer nossa amizade, nunca, vou até voltar pra cá. Mas eu tenho uma família, e eles sentem a minha falta como eu sinto a deles.

− Você já comprou passagens?

− Não.

− Então que tal reconsiderar? – Ela fez uma carinha pensativa.

− Tá, vou pensar.

− Eba! – Abracei-a. – Vamos, Michael está te esperando.

E fomos, ela na minha garupa, mais ou menos como quando chegamos em Portland. E era emocionante, era dolorido, a situação toda era muito confusa, era triste.

Barbie tinha razão, nós estávamos nos separando, e era muito triste. Deprimente.

Quando chegamos lá, meu namorado estava com suas roupas de sempre, e eu me senti feliz em vê-lo, meu coração bateu forte.

Droga, eu o amava também. Eu o amava demais.

E Sean? O quanto eu o amava?

− Barbie, eu sinto muito por toda essa bagunça – Ele disse quando a abraçou. – Sei que um quarto de hotel não é lá grande coisa, mas espero que dê pra quebrar o galho.

− Muito obrigada, Michael. Mesmo. – Ela deu uma bitoca no rosto dele. – E não precisa se sentir mal. A culpa não foi sua.

− Vamos entrar... Parece que vai chover. – Eu encarei o céu, que tinha fechado bastante desde a última vez que reparei naquilo. (No mesmo dia, vinte minutos mais cedo.)

Ela colocou a mochila ao lado da porta, e nos sentamos.

− Então, o que aconteceu, exatamente? – Ele perguntou, e Barbie começou a explicar, enquanto eu sentia outro calafrio pelo meu corpo, e parecia que o tempo estava começando a brincar, e não passar direito...

Forcei-me a prestar atenção, mas não deu. Pelo menos, não dava por longos períodos de tempo (mais que quinze segundos). Aí, de repente, eu comecei a sentir frio... E calor... E meu coração...

Caí da cama, enquanto meu corpo começava a convulsionar em um ataque de pânico.

*Mihaela*

− Scheila? – Naomi surgiu na porta. – Posso entrar?

− Pode. Só não respira muito esse vapor... – A própria Scheila usava uma máscara para não ficar respirando aquilo direto. – E aí, como estão as coisas?

− Nira está morrendo de impaciência. Quando vai ficar pronta?

− Assim que eu esquentar bem. O máximo de DNA precisa ser tirado do fio que Michael arrancou, e pra ficar bem misturado, demora um tempo. – Ela bateu com a unha no vidro. – Vamos mesmo fazer isso?

− Vamos, Schei. Você está mudando de ideia?

− Não, claro que não! Eu estou totalmente disposta. – A loira ajeitou o cabelo. – Só estou meio incrédula que Nira se disponha a fazer isso... Bom, acho que deu.

− Eu vou. – A voz de víbora deslizou até elas desde a porta. – Ainda vai demorar?

− Não. Está pronto. – Ela tirou do suporte e colocou um saquinho na ponta do vidro. – Ok, três inspirações profundas, tá? Mais que isso e você vira a Alicia de vez. Vai surtir efeito de duas a três horas, mas com tão pouco DNA... Não sei...

− Mas vai funcionar?

− Sim, vai sim. Só inspire. – A rival da Grimm pegou o vidro nas mãos e fez como lhe foi ordenado.

Primeira inspiração, o cabelo deu uma leve ondulada e o castanho das íris clareou.

Segunda inspiração, a cor do cabelo tornou-se preta, os cachos se formaram, e as íris viraram cinza.

Na terceira, ela inspirou tudo o que pode, mas assim que tirou a boca do saquinho para canalizar a fumaça, ela tossiu, um som muito feio, como tosse de fumante, e caiu no chão. Sua pele se deformava e borbulhava, e cada osso dela quebrava no processo. E Nira gritava, gritava.

Mas, ao fim da tortura, havia uma cópia perfeita de Alicia Burkhardt caída no chão, e inconsciente.

− Mila... – Blade apareceu na porta. – Que diabos?

− É a poção Doppelgänger, Lâmina. Ela está bem. – Scheila afirmou. – Alguma coisa?

− Alicia teve um ataque e está apagada no quarto do Conquistador. Se milady Nira quiser agir, agora é a melhor hora.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o penúltimo... SAD! :((((((((((((
Nos vemos na finalização da história de Alicia... Beijinhos! :*



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