Wesen Para Matar escrita por GhostOne


Capítulo 27
Beijos e vícios, parte 2


Notas iniciais do capítulo

E voltamos com a saga do Nick FDP! (Balões~)
Espero que gostem!



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Eu estava quase entrando num bar para beber e aliviar a minha mente quando me ligaram.

Será que eu não teria paz? A única coisa que me animava era a chance de ser Khloe, mas não era. Era Hank.

− Sim?

Acabei de chegar à delegacia, cadê você?

− No Bent Brick.

− Tudo o que o médico não receitou. Me pega uma cerveja, estou indo praí.

Ele demorou a chegar, e enquanto enrolava, eu peguei um papel do bar e comecei a desenhar a Khloe em sua forma Wesen. Fui, passo a passo, retratando-a, embora no fim tivesse ficado diferente, mas eu não me surpreendi. Nenhum Wesen tão perfeito como ela seria representado à risca; era impossível.

Quando ele chegou, já começou a irritar.

− Viu um desses? – Eu assenti, querendo que ele calasse a boca, mas não. – Quando?

− Há algumas horas.

− Algo que eu deva saber? – Até me preparei um pouco para retornar grosseiramente pra ele, mas desisti.

− Não sei o que ela é.

− Alguém que conheço?

− Sim, a testemunha. – Respondi, sem paciência. E eu não disse o nome de Khloe porque sabia que aquilo soaria estranho para Hank, mas sabia que soaria como uma melodia, um nome lindo como o dela.

− Espere, Khloe Sedgwick? Foi vê-la de novo? – Contive-me para não esmurrá-lo por profanar o nome dela, mas aí surgiu um outro idiota. Eu não teria paz.

− Isto é incrível. – E ele com certeza estava bêbado. Ah, mas eu não tinha tempo para idiotas. – O que é isso, um elfo? Você é artista de HQs? Você é famoso? – Hank estava se divertindo com a minha desgraça, pelo jeito, mas eu não. – É alguém que eu deveria conhecer? Aposto que é. Cara, minha namorada pira com essas coisas sci-fi. Deixa só eu mostrar pra ela...

E ele estendeu a mão pro desenho.

− Ei! – Bradei, erguendo a mão e batendo o braço dele pra longe. Não, ele não tocaria no desenho da minha Khloe. – Deixa isso, cara.

E, como se não tivesse bastado, ele continuou.

− Uou... Tudo bem. Eu não vou estragar. Só vou mostrar a ela, ela está bem ali, não vai nem amassar... – E ele fez de novo.

Mais do que cansado de aturar aquele imbecil, e pra mostrar pra ele que o desenho não era nenhuma das drogas que ele ou sua namorada viam por aí, eu pulei e o soquei no estômago. Hank ficou de pé e eu comecei a me afastar, sem papo pra briga.

− Ei, ei, cara – Ele estendeu uma mão e colocou a mão na cintura, mostrando o distintivo. Toma, otário. – Não vamos cometer um erro aqui. Acalme-se.

Eu senti que aquilo também valia pra mim, mas a culpa não era minha se ele era um idiota.

− Eu estou calmo. Aquele cara me deu um soco por nada.

− Nick, por que não vai pra casa? – Suspirei e passei por eles, fazendo questão de bater no ombro do outro só pra mostrar a ele o verdadeiro “cara”. Eu não dei a mínima pro resto da conversa, mas tinha aturado demais pra ficar sem ir ver Khloe.

*Alicia*

− Eu não reconheço isso. – Rosalee estava analisando o desenho que a versão estúpida do meu irmão havia feito de um Wesen. – Nick bateu um cara num bar por isso?

− Eu também nunca vi um. – Monroe adicionou. – E pergunto a mesma coisa que ela; ele bateu em um cara... Por isso mesmo?

− Verdade, olha... Que Wesenzinho feio. – Pelo menos no desenho, aquele troço era horroroso, com aquelas olhos roxos de quem tinha apanhado do Slade com Mirakuru*. (Pra quem não pegou a referência: olho roxo de quem apanhou do Mike Tyson.)

− Também não acreditei. Quer dizer, o cara estava bêbado, e Nick mandou ele se afastar, mas mesmo assim foi... Além do limite.

− Assim que ele estava aqui. No limite.

− Eu definiria como “no limite da babaquice”, mas já que vocês estão sendo bonzinhos, fico com vocês. – Enrolei uma mechinha de cabelo no dedo.

− Se nenhum de vocês sabe o que é isso, como vamos saber com o que estamos lidando?

Monroe parou de repente e olhou para o Hank. Depois, olhou pra mim. E eu olhei pros dois.

− O quê? – Rosalee perguntou.

*

E lá fomos nós, os Três (na verdade, Quatro) Mosqueteiros em busca de que diabo era aquele Wesen Elfo que o Nick tinha desenhado e que estava por trás de sua imbecilidade recém-adquirida.

− Então, este é o trailer da tia Marie? – Rosalee perguntou, enquanto pulava pra dentro do trailer, meio animadinha demais.

− Sim, é este. – Monroe me deixou passar e fechou a porta atrás de nós.

Foi engraçadinho ver como ela estava boquiaberta.

− Uou... – Ela deslizava as mãos brevemente pelo lugar e analisava as misturas da estante, e dava uma breve olhada em tudo. – Essas coisas são bem raras.

− É, tem coisa rara aqui, mas temos que começar por aqui. – Eu tive muito que conter o meu riso quando tudo que a Rosalee fez foi dar uma olhada nos livros na mão do Monroe.

− Ah, é daqui que vem os livros! – E ela se virou.

− Entre outras coisas – Hank comentou, vendo que ela ia pro armário das armas.

− Vácuo – Falei pro Monroe, peguei um deles e me sentei no pseudo-trono da mesa dos livros sagrados do trailer.

Ela ficou toda “OHMYGOD” vendo as várias armas da minha família que até ignorei o livro por alguns segundos para observar.

− É, este é um autêntico museu da Wesenlogia... – Ele foi até ela, se preparando pra fechar o armário enquanto ela pegava uma kanabo e uma estrela da manhã e outros penduricalhos. (Hm, ela gosta de BDSM? É zoeira, Rosalee, ZOEIRA) – Contando a tradição orgulhosa dos Grimm de caçar e decapitar pessoas como nós.

Isso a fez cair em si.

− Ow. – Ela fechou o armário rapidinho. – Bom saber. – E ela aceitou o livro. – Estamos procurando por...

− Um elfo que não dorme há anos – Brinquei.

− Qualquer coisa parecida com isso. – Hank nos mostrou o desenho.

− Coisa feia – Sussurrei, enquanto começava a folhear minhas páginas.

Eu, de tanto estudar os livros, estava meio que sabendo-os de cor, mas ainda não tinha chegado naquela parte. Tanto estudo pra, na prática, não achar é um banho de água fria em você, juro por Deus...

Enfim, ficamos naquilo até Rosalee comentar:

− Meu Deus, isso é horrível. – Ela analisava um desenho de um Siegbarste sendo estraçalhado por quatro cavalos.

− Hm, é sim, mas pense bem, é um Siegbarste, então... Consideremos necessário. – Defendi, e ela me deu uma olhada.

− Tinha que ser Grimm. – Eu sorri, junto com ela.

Depois disso, demos uns segundos até Monroe avisar:

− Musai.

− Quem sai? – Perguntei, despertando do meu transe em ler o relato de algum Wesen que tinha feito sabe-se lá o quê.

− O quê? – Hank perguntou, e Monroe virou o livro, com o desenho do lado para comparação.

− É o que ela é. Não é?

− Sim. – Rosalee concordou, só pra fechar a votação, e Hank assentiu. Nomezinho sugestivo.

− Está em alemão, claro... Foi escrito em 1888. – Ele começou a traduzir para nós, me revelando o fato de que ele sabia alemão e que me fez gostar ainda mais dele. – “Fui chamado por um artista, que era meu amigo, cujo nome é Gauguin.” – Ergui as sobrancelhas ao ouvir o nome do artista. – “Ontem à noite, ele foi atacado por um outro artista, também seu amigo, chamado...” – Ele parou, dramaticamente. – “Van Gogh.”

− Ai, gente, não creio – Ajeitei-me. – Estamos lidando com pintores célebres aqui?

− Hum-rum. “Gauguin estava preocupado que seu amigo estivesse sob a influência perniciosa de uma prostituta. Ele me deu a tarefa de descobrir que tipo de bruxa essa Rachel era. Eu fiquei surpreso ao descobrir que essa mulher não era uma Hexenbiest, mas sim uma Musai. Mesmo tendo sido a grande inspiração de Van Gogh por algum tempo, sua influência começava a cobrar seu custo, levando-o a cortar a própria orelha.” – Nos entreolhamos, e eu de repente imaginei o Nick desorelhado. – “Eu devolvi o favor, e ao invés de tirar suas roupas, é claro, cortei fora sua cabeça.” – Rosalee fez uma carinha e mexeu a cabeça com quem diz “faz sentido”.

− Van Gogh, huh? – Hank provocou.

− Só estou lendo o que está aqui, mas... – Ele fez um som de surpresa. – “O beijo da Musai é tão viciante e eufórico quanto qualquer droga conhecida pelo homem. E uma vez começado, o relacionamento...” – Eu esperava, piamente, que a frase não terminasse do jeito que terminou: − “Sempre termina em loucura, destruição e morte.” – Suspiramos. – Ok, ok, esperem, talvez tenha uma luz... “Nada disso acontecerá se ela não o tiver beijado.”

− Ufa. – Exclamei. – E eu achando que ia ter que arrumar um funeral.

Mas aí o Hank suspirou e vimos ele fazer uma cara de quem se desculpa.

− Comemorei cedo demais. – Choraminguei.

− O quê? – Monroe inquiriu.

− Eu a vi beijar a mão dele e... Quem sabe o que aconteceu quando ele foi lá hoje à noite?

− Aliás, alguém sabe onde o Nick foi? – Rosalee adicionou.

Nos entreolhamos. Ninguém fazia nem ideia.

− Eu posso tentar rastreá-lo... – Ofereci-me. – Farejá-lo a partir do último ponto onde ele esteve...

− Não, Alicia, melhor não – Rosalee disse. – Vamos esperar até a manhã.

− Meu irmão pode estar louco pela manhã!

− Hora ou outra, o Nick vai ter que voltar pra casa e dormir – Hank me consolou. – Ele não pode persegui-la para sempre.

− Eu sei como é estar louco por alguém, Hank. Ele não vai ligar pra sono!

− Mas não podemos fazer nada por enquanto.

*Nick*

Eu bati à porta de Khloe, esperando que ela me atendesse. Já era de manhã, então, de qualquer maneira, eu entrei.

Ela estava se admirando na frente de um espelho, linda e gloriosa como sempre foi. Ela sorriu para mim, e eu a puxei e a beijei, uma mão deslizando para dentro do seu roupão e não encontrando nenhum pano a mais...

E eu acordei com um cara batendo na minha janela, me pedindo pra sair.

Contive um palavrão e dirigi pro distrito, porque a droga do trabalho me perseguia. Pelo menos ainda era o caso da Khloe e eu poderia usá-lo como desculpa para vê-la de novo.

− Mesma roupa de ontem à noite. Conseguiu chegar em casa? – Hank me perguntou, ou seja, já começamos o dia com imbecis me enchendo o saco.

− Aquela não é minha casa.

− Conseguiu ir pra cama?

− A noite passada está meio borrada.

− Você está bem?

− Ficaria se você parasse de me interrogar. – Rebati secamente, esperando ser deixado em paz.

− Está certo. – Ele ergueu as mãos como quem se rende. – Escute, Nick, fiz algumas pesquisas sobre o desenho que fez da Khloe. Acho que descobri o que ela é.

Quer dizer que aquele imprestável tinha pegado o meu desenho da minha musa?

− É, o quê? – Dei um olhar de diabo pra ele pra ver se o botava na linha.

− Musai.

− E agora você acha que é um Grimm? – Joguei os papéis entre nós, terminando a conversa.

Ele ficou calado por alguns segundos, e eu agradeci até ele abrir a boca de novo.

− Bom, tenho algo a te mostrar. Aconteceu ontem à noite. Capitão – Hank chamou o nosso chefe, mais um idiota, pra me encher o saco.

− Sim?

− Isso é de 21:30 de ontem à noite. Quando os policiais responderam ao alarme, ele já estava longe. Mas é nosso atirador, Anton Cole. – Ao ouvir o nome do cara, avancei para onde eles estavam, querendo vê-lo.

Ele queria Khloe, mas não a teria. Ela era minha agora, e eu não tinha culpa se o perdedor a tinha deixado ir.

− Então ele está vivo?

− Não há dúvidas.

− Por que a loja de tintas? – Renard questionou, e eu quis socá-lo por se preocupar com algo tão idiota que não fosse Khloe. Mas eu não podia culpá-lo, ele estava cego porque ela não o havia tocado ainda. Nem iria.

− Acho que tem algo a ver com Khloe Sedgwick. – Mais uma vez, quase soquei Hank por profanar o nome dela.

− Por quê?

− Só uma suposição. Sabe o que eles são... – Ele me deu uma olhada, e eu quis ser o Superman pra fritá-lo com olhar de raio laser. Ele passou uma ficha pro capitão. – Relatório da polícia de três anos atrás. Um compositor de nome Max Fisher foi para um hospital psiquiátrico depois de um colapso mental. Foi depois de atacar um escultor, jogando ácido em seu rosto. Adivinhem com quem ele saía na época.

− Khloe Sedgwick. – Ao ouvir o nome da minha musa, olhei para a ficha, querendo ver o nome dela e querendo socá-lo por fazer o que Hank ficava fazendo só de propósito. – De acordo com isto, ela saia com o escultor também.

− Suicídio, cinco anos atrás. Um novelista, Ellis Harlan, se enforcou depois que a namorada o deixou.

− E a namorada era...

− Khloe Sedgwick. – De novo? Peguei a outra ficha, também.

Todos estavam mortos ou longe, pelo menos. Era uma concorrência menor pela minha mulher, então.

− Ela deve ser uma mulher e tanto.

− Recebemos uma queixa de vandalismo no centro. Acho que sei o que nosso atirador fez com toda a tinta. – Olhei para Wu. Anton tinha feito o quê, agora? – Vai querer vir conosco desta vez, senhor.

Eu não queria saber de ir trabalhar. Queria Khloe, queria tomá-la para mim assim que possível, para evitar que ela, por algum motivo, não me achasse suficiente e ficasse com o Anton, que era inferior.

Eu não podia deixar.

*Alicia*

− Os lábios da Musai secretam uma substância psicotrópica... – Rosalee deu uma pausa na leitura, e eu fiquei ansiosa. – Para a qual não há antídoto conhecido.

− Ah, só piora a cada minuto. – Abaixei a cabeça, jogando meu cabelo por cima da mesa. – Só falta ele ter engravidado ela magicamente.

− Magicamente? – Monroe sugeriu, e eu dei meu pior olhar pra ele.

− Se lasque, colega.

− E tem que haver algo, certo? – Ele olhou o livro.

− Espera, espera... Hm, nada. – Ela nos olhou com carinha de “desculpe”.

− Então é o proverbial beijo da morte?

− Desejo obsessivo pode ser confundido com amor. – Rosalee defendeu.

− Desculpe, mas eu acho que há uma diferença bem clara entre os dois, que é a sanidade. – Comentei. – Pessoas que amam ainda são mais sãs que pessoas obcecadas.

− O que quer que isso seja, não é amor. – Ele disse.

− É, mas deve parecer. – Ela olhou pra cima, como quem procurava uma solução. – Acho que a única maneira de quebrar uma obsessão assim, é com amor de verdade.

E falando no diabo, Juliette apareceu.

No meu primeiro dia de trabalho, ela tinha ido ali e perguntado se poderia ir ao trailer de novo, mas não estava disposta ainda para ir. Ela queria se preparar, ou coisa parecida. E minha chefe ficou do lado dela, e eu também, o que fez o Monroe ceder e prometer que daria a chave a ela.

− Oi, eu vim pegar a chave. – Ela sorriu. – Oi, Alicia.

− Oi, Juliette. Boa sorte na sua ida ao seu futuro inferno pessoal. – Sorri pra ela e os três me olharam feio. – É brincadeirinha!

Monroe tirou a chave do bolso e a estendeu para Juliette, que sorriu alegre e vitoriosa.

− Desejem-me sorte! – Ela olhou pro metal. – Ou qualquer coisa do gênero.

É, boa sorte.

*Nick*

Anton havia desenhado uma Khloe gigante no chão. A cabeça, na verdade.

Eram sentimentos diferentes. De um lado, Khloe era linda, até mesmo sendo só sua cabeça pintada no chão; de outro, eu queria matar o Anton por ficar perseguindo a ideia de ficar com Khloe.

− Nosso assassino deve ser um psicopata e tanto. Não estou dizendo que sou um fã, mas temos que admitir, Anton tem talento. – Wu comentou, e eu quase revirei os olhos. Ele continuava sendo desmerecedor de Khloe.

Saí dali, tentando chamar o mínimo de atenção para mim mesmo, e decidi que iria a pé para a casa de Khloe, que não ficava perto dali, mas também não me importava com distâncias. Eu precisava ir até ela, e não estava com meu carro, nem poderia pegar o carro do Hank, e estava sem dinheiro pra táxis. Então, fui a pé mesmo.*

Demorou mais do que o decente, mas mesmo assim eu cheguei lá, passando direto pela viatura na porta da frente e batendo com o punho fechado. Eu estava respirando fundo, ouvi o celular do policial tocar, mas não liguei. Eu não ligava pra nada a não ser ela.

Khloe abriu a porta, com o mesmo roupão de antes, e eu entrei sem dizer uma palavra, empurrando-a contra a parede e beijando-a, empurrando o roupão azul pra fora dos ombros dela, revelando a camisa que ela usava, e ela era linda e perfeita e seus lábios eram macios e quentes.

− Eu preciso de você. – E então inclinei-me para beijar o pescoço dela, sentindo o corpo dela enrijecer.

− Você é um Grimm.

− Não importa! – E eu a beijei de novo e de novo e de novo.

− Vai ter que provar. – Afastei-me e olhei pra ela, esperando que ela dissesse o que eu teria que fazer, porque eu faria. – O Anton está aqui.

Meu sangue ferveu e meu interior explodiu em cólera.

− Onde? – Sua linda cabeça fez um movimento para o lado, indicando a porta, e eu avancei, entrando no cômodo e procurando o meu rival. Olhei pela janela, mas nem sinal dele.

Continuei a procurar, até que ouvi um grito:

− Ela é minha! – Mal deu tempo de olhar na direção de onde o grito veio e fui derrubado pelo Anton, quebrando o vaso e mandando nós dois pro chão, não sem antes rolarmos por cima da mesa.

Empurrei-o de cima de mim e empurrei sua cabeça contra uma das pinturas, o vidro quebrando, e o puxei para que ficasse de pé, e soquei seu estômago repetidas vezes antes de um golpe na garganta.

Ele se inclinou e eu só fiz erguer o pé e chutar o peito dele, fazendo ele virar por cima da mesma mesa e cair, incapacitado.

Sorri pra minha mulher e fui até ela, para clamá-la pra mim, meu prêmio, minha musa, meu tudo.

Mas ela se afastou de mim com um sorrisinho brincalhão e disse, baixinho: − Não posso... Não enquanto ele estiver vivo.

Então o meu objetivo mudou.

Peguei-o pela gola e empurrei-o com todo o peso do meu corpo para a parede, em uma das pinturas, mais um vidro quebrado se estilhaçando pelo chão. Usei toda a minha força e joguei-o pra longe, vendo-o girar e bater contra a escultura do gatinho e então cair no chão.

O policial, que tinha chegado em algum momento da briga, foi algemar o Anton, colocando-o de joelhos, e eu vi o capitão com o canto do olho. Aproveitei que ele estava impossibilitado de revidar e me aproximei dele, porque havia sido uma ordem da minha musa que eu o matasse e assim eu faria.

− Khloe...

− Senhor, ele está algemado. – Não dei ouvidos e dei um soco no rosto dele com toda a minha força.

− Nick! – O capitão me segurou, e eu lutei contra ele o máximo que pude, porque eu tinha que matar Anton para finalmente ter Khloe para mim.

− Ela é minha!

− Vamos, chega! Nós o pegamos. – Ele me girou, ficando entre eu e meu inimigo.

− Você acha que pode tê-la? Não pode tê-la! Ela é minha! – Anton gritou e choramingou, e eu tentei novamente avançar para matá-lo e calar sua boca, mas novamente fui impedido.

− Nick! Nick! Chega! – Ele me deu um empurrão e eu desisti de fazer algo enquanto eles estivessem perto de mim.

− Vamos embora daqui. – Ele me empurrou e eu decidi que iria. – Vai logo.

E eu decidi que iria esperar que ele chegasse na delegacia, porque lá eu poderia matá-lo. Então, não esperei pelo capitão e saí.

*Alicia*

Eu e Rosalee estávamos nos lamentando por saber que Nick morreria em um dia ou dois quando Juliette reapareceu.

Mentira, nós só estávamos esperando que nosso antídoto andante, AKA Juliette, voltasse mesmo. E voltou.

Todos nós (na verdade, só eu e Rosalee, Monroe já estava de pé) ficamos de pé, e foi como se fôssemos receber o presidente ou coisa parecida. Hehehe.

− Você está bem? – Rosalee perguntou.

− Não sei, eu me sinto... – Juliette fez uns movimentos bonitinhos com as mãos, e só aí que me caiu a ficha: ela estava a dois terços de saber de tudo sobre nós. Na verdade, ela já sabia, mas era como uma criança do sexto ano lendo os assuntos do Ensino Médio. Ela pode compreender a maior parte das palavras e até as figuras, mas não sabe o que elas querem dizer. – Diferente. As coisas que eu vi, e as coisas que eu lembrei.

− Então, você se lembrou do que aconteceu na noite em que ele te levou lá? – Mordi os lábios.

− Acho que sim. Eu não acreditei nele... – A voz dela estava doída, e me machucava. − Ele me disse tudo, mas eu não acreditei nele.

Ficamos todos calados, e Monroe nos olhou. Estava aí, ela sabia. Sabia mesmo, e nós poderíamos estar... Eu não sei o jeito de dizer. Balançando na boca do leão?

Não, era ela que estava. Se ela acreditava em Nick e aceitava tudo o que ele tinha dito, ia ser uma mudança muito grande pra ela. Aliás, ela estava com o cheiro dela mais forte pela agitação que estava sentindo, e por isso o ácido nela estava meio que querendo me fazer espirrar.

− E agora? – Monroe perguntou. Ao invés de responder, ela nos perguntou:

− Você acredita nele, não? – E ele virou pra gente com cara de “ei, vocês duas, socorro”. – E vocês também.

− Acreditamos. – Rosalee estava bem segura.

− Um: você respondeu uma pergunta com outra, e isso é feio. Dois: sim. Lembra de quanto eu te falei que era um caminho difícil, o nosso? – Ela assentiu. – Isso que eu queria dizer. Eu acredito.

− Porque eu... Eu achei que ele estava louco.

− Algumas coisas não são tão loucas quanto parecem quando você começa a conhecê-las. – Monroe defendeu.

Nós sorrimos, confirmando o que ele disse.

− Preciso vê-lo, preciso dizer que acredito nele! – E ela virou para a porta, mas se voltou para nós... De novo. – Mas cadê ele?

− Ahn... – E aí ficava a parte ruim da história.

*

− Então, resumindo, parece que a razão para Nick não ter sido ele mesmo com você ou comigo ou com qualquer um de nós é... – Porque uma vadia beijou ele e agora ele virou um cachorrinho leal.

− Porque ele está sobre a influência de outra mulher. – Juliette pareceu surpresa e meio cabisbaixa. – Mas não é necessariamente culpa dele. Ela é, bem...

Qual era a palavra mesmo?

− Wesen? − Juliette perguntou, e nós a encaramos como se ela tivesse dito “Game Of Thrones é pra criancinha” ou coisa parecida e igualmente chocante. – Que foi? Era isso que Nick estava tentando me dizer ano passado.

− Sim. – Dissemos juntos. – E achamos que ele pode estar bem encrencado agora. – O Blutbad continuou.

− Isso é parecido de alguma maneira com o que aconteceu comigo?

− É, sim – Monroe confirmou.

− Exceto que o antídoto não está na prateleira. – Rosalee avisou. Suspirei.

− Onde está? – Estalei os dedos pra chamar a atenção delas.

− Sabe qual uma das coisas mais clássicas dos contos de fadas? – Ela me olhou. – Amor verdadeiro. Você é o antídoto.

Ela se ajeitou e mordeu os lábios.

− Então vamos procurá-lo. – Ela ficou de pé. – Onde ele está?

− Tem um negócio chamado telefone... Vou ligar pro chefe dele e ver onde ele está. Vamos? – Chamei a Juliette. – Vocês vão?

− Eu vou ficar por aqui. Quatro pessoas são demais. – Ela sorriu. – Podem ir, vou arrumar as coisas por aqui.

Monroe nos guiou pra fora da loja enquanto eu ouvia a voz do capitão no celular.

Renard.

− Olá, capitão. O Nick tá aí?

− Da última vez que o vi, ele estava sentado na mesa dele. Estamos indo interrogar a mulher que o deixou obcecado. Você sabe da história?

− Fiquei sabendo. Segura o Nick aí, estamos levando a “cura”. – Desliguei e entramos no carro. Enquanto Monroe dirigia, eu perguntei a Juliette:

− E como você se sente quanto ao meu irmão? – Ela virou pra mim com um sorriso e disse:

− Você vai ver. Se isso não te satisfazer, depois eu te digo.

*Renard*

− Sabemos o que você é. – Hank informou a Khloe, que sentava, toda confiante e exibida, na mesa.

− Sério? E o que eu sou? – Ela se inclinou um pouco, e ela me parecia enjoada e irritante.

Já não gostava dela.

− Musai. – Disse a ela.

− Se sabem disso, então sabem que está fora do meu controle. Eu não peço pela atenção que os homens me dão. – Ela soava falsamente inocente, e a cada segundo a mais só me fazia querer trancá-la numa cela para apodrecer.

− Você também não tenta recusar.

− Por que eu faria isso? – Ela disse, como se fosse óbvio. – Sem mim, eles não seriam nada?

− Sem você, eles estariam vivos.

− O que quer que você tenha feito com o meu detetive, deve parar. – Ameacei.

− Não posso ajudar. Eu nasci assim. Veja, o verdadeiro problema com seu detetive é que ele é um Grimm, e tudo isso está sendo tão mais rápido por causa do que ele é. O Nick é mais poderoso que qualquer coisa que eu já experimentei... E eu sou boa para ele.

− Você vai parar isso agora.

− Eu nunca soube como parar, e não vou saber agora. – Ela piscou, inocente, e sorriu.

− Talvez um tempo trancada te ajude a descobrir. – Eu fui até a porta, e Hank me seguiu enquanto saíamos da sala de interrogação.

− Ela não nos deu muitas opções.

− Sim, mas uma coisa é certa. Não podemos deixá-la perto dele.

− E o que vamos fazer? Prendê-lo?

− Se precisarmos. E pra onde ele foi? – Olhei para a mesa, que estava vazia. Havia um desenho sobre ela: Anton morto, a cabeça sangrando sobre o chão da cela.

− Premeditação – Hank disse, e então Alicia e Juliette surgiram, acompanhadas de Monroe.

− Cadê aquele imbecil? – Alicia parecia furiosa, os cachos sacudindo a cada pisada forte.

− O que estão fazendo aqui? – Perguntei. – Meu precinto virou festa?

− Querido, a irmã, o motorista, e a cura. – Ela apontou pra Juliette.

− Como ela é a cura? – Hank perguntou.

− Pra quebrar uma obsessão que parece amor, vamos jogá-la na balança com o sentimento verdadeiro. Cadê ele?

− Venham comigo – Chamei. – Hank, mantenha um olho na Khloe.

− Sim, senhor.

*Nick*

− Senhor, você queria saber quando o suspeito tivesse sido fichado? Ele está na cela. – A voz de Khloe não saia de minha cabeça.

Eu não posso... Não com ele vivo.

Eu quase sentia os lábios suaves e deliciosos dela próximos ao meu ouvido.

Vai ter que provar. O Anton está aqui.

Eu tirei a arma do coldre e engatilhei, um dedo pronto pra atirar. Eu iria matá-lo, sair dali, ir até a casa de Khloe e ficaríamos juntos, como eu queria, porque éramos perfeitos um pro outro. Eu a teria, e a única coisa entre nós era o imbecil do Anton, achando que valia alguma coisa.

Eu amava a Khloe e ela me amaria de volta.

Tem algo profundamente poderoso em você.

Não é algo que possa ser controlado.

Ela estava certa. E aquele algo era o meu desejo, o meu amor por ela.

Ergui a minha arma e encolhi os ombros, tenso, pronto pra puxar o gatilho. E naquela hora, alguém invadiu a área.

− Não! Nick!

Não posso.

As vozes eram todas fracas e impotentes; se estavam gritando, chegavam a mim como sussurros, idiotas e indiferentes.

− Nick, não posso te proteger disso.

− Nick, acorda pra vida!

Eu não poderia perder o foco. Eu precisava me concentrar, Khloe tinha me mandado matá-lo para que ficássemos juntos, eu precisava obedecer...

Não enquanto ele estiver vivo.

− Nick, para. Por favor, me escuta. – Mas essa voz foi clara e límpida. Eu sabia de quem ela era.

Juliette.

Alguém mais disse que ela estava ali, ou coisa parecida, mas eu não ouvi. Havia só duas vozes distintas para mim: Khloe e Juliette.

Isso te assusta?

− Olhe pra mim.

Eu tenho uma queda por quem vê o mundo de forma diferente.

− Pense no que está fazendo.

Muitos jovens artistas morreram jovens e violentamente, meio loucos. Mas duvido que qualquer um deles...

Olhei pra Juliette, ainda firme com a arma na mão e cada músculo do meu corpo contraído.

− Nick, olha pra mim. – Senti o toque frio e suave de sua mão subir pelo meu peito e toar meu rosto, suas duas mãos.

Trocasse a fama por banalidade e vida longa.

Eu não queria morrer jovem, nem violentamente, e muito menos louco. A voz de Khloe perdia a força e se misturava a gemidos, como uma tentativa de se manter ali...

Mas começava a sumir. Uma dor despontou bem no meio da minha cabeça, irradiando para o resto, uma pulsação leve no começo, mas quanto mais a voz da musa sumia, mais a dor ficava forte.

Nunca me imponho a eles. Eu os inspiro...

− Nick, olha pra mim.

E a dor explodiu.

Larguei a arma enquanto alguma coisa em mim era soltada, como uma corda que era puxada há muito tempo. Minha cabeça parecia que ia explodir de dor, mas as mãos dela, Juliette, afastavam o suplício.

− Abra os olhos, Nick. Olha pra mim, você precisa me ver, eu quero que você me veja.

Quando a dor foi aliviando, eu a obedeci e olhei pros olhos dela.

Com eu poderia sequer achar que Khloe era mais bonita ou melhor que ela, ou que nós dois tínhamos sido feitos um para o outro ou coisa parecida?

Olhei pro Anton por dois segundos, ou menos; me bastou aquilo. Eu não queria terminar como ele nem como qualquer outro homem que ela tivesse enfeitiçado.

E olhei ao redor. O capitão e minha irmã e o Monroe estavam ali, e todo o ambiente parecia mais leve, mais fresco.

− Juliette.

− Sim?

− O que está fazendo aqui?

Ela sorriu, e foi a coisa mais naturalmente bonita que eu veria na vida.

− Estou aqui por você, assim como você esteve lá por mim. – Eu estava com o peito doendo, pelo jantar e por ter me esquecido quanto eu a amava. Aproximei meu rosto do dela.

− Obrigado. – E a abracei, mantendo-a junto ao meu peito por um longo tempo, prometendo a mim mesmo e a ela que nunca, nunca mais outra mulher ficaria entre nós.

Eu a amava, de verdade e puramente. Aquilo que importava.

*Alicia*

− E eles viveram felizes para sempre. – Acompanhei o Renard saindo daquela sala, porque eu e o Monroe e ele parados lá, observando o abraço inocente-mas-sexual daqueles dois, estávamos mais parecendo um Menorah* de tanta vela que estávamos segurando.

Ele permaneceu calado, e eu sabia que era por causa da semi tensão sexual entre nós dois. De repente, ele ergueu o olhar e eu o acompanhei até uma porta.

− Vem comigo? – Meus primeiros pensamentos eram que ele queria me levar praquela sala pra tirar minha inocência na frente de todo mundo, mas aí eu lembrei que eles tinham pegado a Musai que tinha feito o que fez com o Nick.

− Claro. Quero me apresentar.

Ele abriu a porta assim que chegamos e me deixou passar, fechando-a atrás de sim.

− Bem, hoje é seu dia de sorte. – Ele se sentou no cantinho da mesa e eu decidi que me sentaria do outro, pra cercá-la.

− A propósito, oi. – Sorri bem falsamente pra ela.

− Eu vou te deixar ir embora. – Ela se voltou para o Renard e sorriu. – E quando você for, vai sair de Portland e não vai mais voltar. – O sorriso se desmanchou, ou melhor, passou pro meu rosto. – Porque, se voltar, tem uma parte de mim que não usa distintivo, e ela também não. E não tem como dizer o que nós vamos fazer.

E nós nos transformamos.

Cara, juro que não deu pra parar de sorrir quando eu vi o medo no rosto dela. Quando ela olhou pra mim, quase gritou, e eu fiz a linguinha de cobra deslizar por entre as presas e sibilar pra ela.

Quando voltamos ao normal, ele pulou da mesa e abriu a porta pra ela, que mais do que rapidinho saiu da cadeira e apressou o passo pra ir embora. Eu ia segui-la, mas Sean fechou a porta.

− Onde pensa que vai?

− Você pode ter terminado, mas eu não. Vou segui-la até onde ela está e a) fazê-la acreditar na ameaça e b) fazê-la pagar desde já.

− Ainda não. – Ele se aproximou de mim e, quando tentei fugir, ele me puxou pelo braço e me beijou.

Foi como todas as vezes, só que nenhuma vez era igual a anterior, sempre havia um algo a mais. Aqui, era o medo de nos pegarem, mais minha vontade de recusar, mais a sensação da mão dele na minha cintura enquanto me empurrava contra a parede.

Eu correspondi, minhas duas mãos em seu cabelo enquanto ele me segurava praticamente só com a cintura, usando as mãos para tocar a pele acima da barra da minha calça.

Então, ouvi alguém passar falando com outro alguém ali fora e nos separei.

− Eu não vou desistir – Renard me disse. – Eu te quero.

− Mas não podemos! E se quer me beijar, pelo menos vamos fazer isso onde ninguém vai nos flagrar. – Ele me ignorou e beijou o meu colo, os lábios tocando perto da gola de minha blusa. – Para...

− Ok. – Ele se afastou de mim, e se eu não tivesse espírito de gata, eu teria caído. – A propósito, meu computador sumiu da lixeira. Teve algo a ver com isso?

− Nunca nem pisei na sua sala.

− Não quer dizer que o Nick não tenha pegado. – Aff, policiais de pensamento rápido.

Suspirei.

− Tá, eu peguei.

− Com quem está?

− Com a pessoa que vai recuperar as informações. Meu namorado. – Algo nele pareceu desligar. – Se quiser, eu venho trazer as coisas que tinha...

Ele ficou calado por um longo tempo.

− Traga.

E eu fui. Mas fiquei me perguntando o que tinha no computador, então, depois de Khloe, a parada era o meu namorado.

*

Ela morava em um lugar bacaninha, bem decente e legal, e que seria o palco de uma festa.

Uma das janelas tinha sido quebrada, o que facilitava tanto meu trabalho que tornava até as coisas sem graça. Entrei por ali e me guiei pelo cheiro dela, porque tinha um rastro fresco por ali. Eu ainda pegava o cheiro do meu irmão e de mais um cara, provavelmente quem ele queria matar.

− Olá – Disse a ela, assim que cheguei no quarto dela, e a vadia estava jogando suas roupas na mala.

− O que você quer? – Ela disse, toda autoritária, depois de um grito muito engraçado.

− Bom, você conseguiu quase deixar meu irmãozinho louco... – Ela ergueu as sobrancelhas pra mim. – Vim retribuir o favor.

− O Nick é seu irmão? – Ela perguntou, parecendo meio descrente. – Mas...

− Tá, eu sei, woge e tudo o mais. Enfim, vamos parar de falar e começar a fazer, né? – E eu corri até ela, cobrindo o pequeno espaço entre nós e batendo a cabeça dela na parede mais próxima, com força o suficiente pra apagá-la.

Para quem está se perguntando quais eram os meus planos: eu iria extrair a secreção da boca dela, e, de algum jeito, estudar pra desenvolver um antídoto. OOOOOU, então, simplesmente mergulhar o rosto dela em água quente quase fervendo pra fazê-la sofrer.

Quando ela acordou, eu estava colocando a água quente praticamente fervendo em uma tigelinha de porcelana.

− O que vai... – Belisquei os lábios dela, forçando-a a fazer um biquinho por dois segundos antes de soltar e agarrar o cabelo dela.

− Vou te fazer sofrer. – E agarrei o cabelo dela, guiando o rosto na direção da água e contendo todos os movimentos dela.

*

Eu havia pegado parte do líquido que havia extraído em um vidrinho que havia conseguido rapidinho na loja; terminei as malas de Khloe e falei pra ela passar logo uma pomada nos lábios, quase queimados.

Enfim, cheguei na loja e entreguei o vidrinho à Rosalee.

− Talvez tenha ficado muito diluído... – Me desculpei.

− Que crueldade – Rosalee me olhou, com um sorriso no rosto e nos olhos. – Deve ter sido horrível.

− Ela entendeu o recado. Se um dia ela ver o Nick de novo, vai morder a língua... Ou os lábios? – Sorri maleficamente. – Vamos começar?

E meu celular tocou.

− Alô?

Amor, sou eu. Consegui recuperar as informações que você queria.

− Ai, obrigada, amor. Vou só fazer umas coisas aqui com a chefe e já tô indo te ver. – Mandei um beijo pra ele pelo telefone e desliguei, indo ajudar a chefe com nossas experiências para desenvolver uma cura.

*

− Oi, baby. – Ele me pegou no colo e nos beijamos apaixonadamente, sem ligar se teria alguém olhando. (E tinha, uma velhinha conservadora que meio que fez um som de indignação com nossa libido explícita.) – Entra.

− E então, amor, o que conseguiu?

− A garota mais linda e perfeita que a Terra já sustentou. – Eu revirei os olhos. – Mas é!

− Sobre o notebook.

− Ah, nada de muito interessante, só relatórios, pesquisas, maaas! – Olhei para ele. – Ele pesquisou sobre você.

− Como assim?

− Ele jogou seu nome no site de pesquisas... Não achou nada, fora sua documentação recente. Ele chegou a abrir o registro de Alicia Kessler, e eu fiquei “hã?”, mas ok, fora isso, não tem nada.

O que ele queria comigo? Com meus registros?

− Ok, obrigada. Tem como colocar tudo isso num... – Ele abriu a mão, me entregando um pendrive. – Você é rápido. Por isso que eu te amo. – Puxei-o pra mais um beijo.

− Mas só por isso? – Eu ri e nos joguei na cama.

*

Então eu estava com o pendrive na mão e fui enfrentar/dar a coisa para o capitão. Seria bom falar com ele quanto a uma possível desconfiança depositada em mim.

− Estava sentindo saudades das suas visitas insolentes – Ele disse calmamente quando eu entrei normalmente (AKA igual um furacão) no seu apartamento.

− Eu tenho as informações que tinha no seu notebook.

Ele me olhou, levantando os olhos do seu copo de uísque. Estava em pé, apoiando o quadril naquela bancada de cozinha, a camisa que tinha usado no trabalho, a calça (sem o cinto) do trabalho, mas os pés (medonhamente enormes) descalços.

− E você chegou a ver o que tinha lá?

− Sim. Por quê? – Ele abaixou o rosto, mas ainda vi sua língua deslizar lentamente pelos lábios pressionados um contra o outro. Parecia que ele estava tentando se controlar...

− Reconheceu algum dos nomes lá?

Aquilo era um jogo? É claro que eu...

− Quem é que não reconhece o próprio nome? – Ele me olhou estranho. – Achei que nós dois tínhamos chegado a um acordo. Aliados. E só. De repente, você tem desconfianças?

− Mas eu não pesquisei sobre você. – Ele me deu as costas assim que passou por mim e catou um notebook. – Nunca. Eu te provo, aqui e agora.

− Ei, pera... Você tinha um backup? – Perguntei, incrédula. – Então por que me mandar pegar os arquivos?

− Porque poderia faltar algo, e assim você veria com seus olhos. Pelo menos, eu tinha pensado, mas assim que soube que meu computador tinha ido parar nas mãos dele, eu deveria ter te impedido. – Ele balançou a cabeça. – Vem cá ver.

Sentei ao lado dele enquanto ele abria os arquivos.

− Esse é o Michael... – Olhei para a tela, mas lá o nome dele não era Michael, era Mikhail. – Ele... Trocou de nome?

− Só mudou para uma versão anglicana*. Quando eu dei uma olhada em Mikhail, descobri que ele sumiu aos treze anos de idade, então decidi procurar outras pessoas que tivessem viajado no mesmo avião que ele e depois joguei os nomes em uma lista de pessoas desaparecidas, para procurar aproximações. Achei um compatível.

− Quem? – Virei-me para ele. – Outra híbrida?

− Maya Alsbrook. Já ouviu esse nome? – Franzi as sobrancelhas.

− Tinha uma Maya no asilo, mas não sei se esse era o sobrenome dela. Esse é o nome real?

− Sim.

− Estranho... Tem fotos dela? – Ele abriu algo e me mostrou a tela. Era uma loira, incrivelmente bonita, com as maçãs do rosto altas e o queixo fino. – Não, não reconheço... Mas algo nela me parece familiar... – Esfreguei o rosto. – Olha, o nome pode não ser nada. Muitos de nós mudam o nome quando vamos para lá. Eu não mudei porque meu nome era só o que me restava da minha família. E até a aparência muda, mas nada drástico, super raro, e muitas vezes demora a aparecer.

− Você mudou?

− Não. Amém. Meu sangue resistiu.

− Enfim, isso foi o que eu achei. Quando eu pesquisei sobre alguma Maya ter dado entrada em hotéis, não achei nada, e seu Michael está em um hotel de estrada...

− Disso eu sabia. Quem mais você achou?

− Ninguém. Só ele e Maya.

− Então nossa Zé-Ninguém pode ter sido a atiradora... Se ela foi pro asilo e sobreviveu, pode ter mudado o nome, então não temos nada. Só ela. – Olhei para a tela. – Vou ver o que posso fazer.

− Sabe que seu Romeu não dirá nada.

− Então saberemos que ele é suspeito. – Renard franziu as sobrancelhas, antes de fazer uma carinha de compreensão.

− Porque ele mentiria sobre quem veio com ele.

− Nosso palpite é bem afiado. – Ergui-me. – Bom, obrigada pelas informações, querido.

− Alicia. – Ele se ergueu e puxou-me pelo braço; mas antes que ele me beijasse, coloquei meus dedos entre nossos lábios. Eu vi a fúria lentamente tomá-lo por dentro. – Que...

− Não podemos.

− Já fizemos isso três vezes, qual o problema agora? – Eu não sabia. Eu queria, mesmo, eu sentia meu corpo, meu ser, ansiando por ele, pelos seus beijos. Parecia que doía, cada célula minha doía por ele.

− Não sei, eu... – Mordi a boca. – Uma dessas vezes alguém me viu. E se tiver a ver com o tiro?

− Duvido muito. – Ele inclinou o rosto e beijou meu pescoço, sua mão tocando a parte mais baixa de meu ventre. – Meu Deus, eu preciso tanto de você... Eu...

Nós dois congelamos. Nós imaginávamos o que ele iria dizer, e nós sabíamos que ele não poderia dizer. Nem eu poderia.

Senti meu coração tremendo no meu peito, ansiando por algo que eu não poderia nem deveria ouvir.

Eu esperava que meu irmão tivesse mais sorte que eu.

*Bem mais cedo*Nick*

Eu tinha dado carona à Juliette pra ela ir pra casa, porque ela não podia voltar: de carona que ela tinha ido.

− Obrigado. – Virei-me para ela quando encostei. – Por ter ido lá por mim.

− Eu iria pra qualquer lugar. – Ela se ajeitou. – Nick, desculpe.

− Não... Não precisa, eu entendo.

− Precisa sim, então me escuta. – Ela colocou a mão sobre a minha. – Desculpa. Por tudo que eu te disse quando eu não lembrava de você. Eu sei como deve ter sido pra você ouvir aquelas coisas, e agora eu me lembrei. De você, de nós, de como eu te amava. – Ela sorriu.

− Eu nunca me esqueci. – Ela mordeu os lábios, mas não conteve o sorriso.

Então a mão delicada dela puxava minha nuca e seus lábios tocavam os meus de novo.

Parecia que, quanto mais Juliette me tocava, mais a influência de Khloe virava coisa de criança. Sabe a criança que ama um brinquedo e que não pode abrir mão dele? Assim eu via toda aquela situação.

Então eu segurei o cabelo dela e aprofundava o beijo, e parecia que eu ia morrer com o coração quebrando meu peito. Eu empurrava meu corpo contra ela, e tocava a cintura dela, e a língua dela pressionava a minha e vice-versa, e eu senti um puxão na minha camisa e nossa.

Quando nos separamos, eu me senti tonto e ofegava.

− Nossa. – Ela sussurrou. – Você vem aqui, amanhã? Tentar de novo aquele jantar?

− Claro. Sempre. – Ela deu um beijinho na minha bochecha. – Boa noite.

Observei enquanto Juliette saía do carro, me dava tchau, o sorriso mais lindo do mundo, e ia embora.

Amém, Deus. Obrigado!

*Barbie*

Eu estava lendo, como sempre, vivendo, de boas, e Emily tinha saído, e praticamente todo mundo tinha saído, e ficar perto de Emily ultimamente só me fazia me sentir mal.

Então, eu evitava, mas tentava agir normal, também.

Meu celular apitou, e quando olhei, era uma mensagem do meu irmão. Nós tínhamos trocado números, e conversávamos bastante ultimamente, falando sobre família e sobre como sentíamos saudade um do outro, e então...

Adam entrou.

− Olá, Bárbara. – Ele sorriu pra mim e fechou a porta atrás de si. – Saudades?

− Nunca. – Sentei-me mais reta. – Sai daqui.

− Mas nós tivemos algo tão intenso... – Decidi que não iria mostrar medo dele, e fiquei de pé, batendo o pé.

− Não tivemos nada. Você veio e me beijou, e você foi um traidor da minha amiga. – Cruzei os braços. – Eu nunca terei nada com você.

− Nunca?

Uma coisa eu tenho que admirar: ele era rápido no beijo. Muito rápido.

Por isso, quando percebi, ele estava me beijando, e por mais que eu soubesse que aquilo fosse tão errado que chegava a ser punível com morte, os lábios dele eram... Suaves. Deliciosos.

E eu correspondi por dois segundos, até forçá-lo a se separar de mim.

− SAI DAQUI! – Empurrei-o. – Sai!

Eu não podia mais ficar perto dele, porque agora que eu sabia como era seu beijo, eu iria querer mais. E eu não podia fazer aquilo com Emy.


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Notas finais do capítulo

Monumentalmente ruim... Mas, well.
Slade com Mirakuru: Em Arrow, Mirakuru é um soro que transforma homens em super armas fo*as. Quando ele socou o Oliver, ele ficou com uma bola roxa no lugar de um olho.
Ir a pé: O tempo que demora, bem, me pareceu mais certo, encaixava melhor. LOL
Menorah: O castiçal para oito velas dos judeus.



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