Wesen Para Matar escrita por GhostOne


Capítulo 22
De família, parte 2


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI com a conclusão de muita coisa! AMÉM
No último capítulo eu já abri algumas pontas pra nossa finale (que não será o fim... LEMBREM-SE DISSO!) e aqui abrirei outras, talvez as essenciais. Quem for bem ninja consegue adivinhar o que vai rolar bem bonitinho.
Acho que é só.
BOA LEITURA MOZÕES!
Trechinho de abertura de hoje, graças a Deus achei um, vem de The Originals, o episódio piloto (Always and Forever).



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“[...] Passei a acreditar que estamos ligados eternamente a aqueles com quem compartilhamos sangue. E como não podemos escolher nossa família, esse laço pode ser nossa maior força. Ou nosso maior arrependimento.”

*

− Obstetra? – Eu não estava conseguindo relacionar nada com nada.

− Jonathan pagou uma soma enorme de dinheiro pro doutor Robert Parker há 24 anos. O motivo, não sabemos, mas isso aqui é suficiente pra fazer uma visita a Jonathan. Eu tenho minhas suspeitas, mas vou me deixar ser surpreendido de novo...

*

Jonathan já mostrava as feições de quem estava cansado de cadeia, mesmo com o pouco tempo de cárcere. A barba, o cabelo bagunçado, as olheiras, a palidez. Se a prisão não ajeitava as pessoas, pelo menos acabava com a cara delas.

− Jonathan Bertinolli. – Chamei, e os olhos dele deram uma espécie de flash, como se de repente ele tivesse despertado. – Precisamos fazer algumas perguntas.

− Ah, sim, a morte do guarda. As notícias correm mesmo na prisão. – Ele suspirou. – O que desejam? Eu já não tenho nada a perder mesmo.

− Estávamos fazendo nossa investigação, e achamos duas coisas curiosas. – Lembrei-me do conteúdo das pastas que tínhamos. – Primeiro: sua mulher deu início ao divórcio bem antes do esquema da lavagem de dinheiro ser descoberto. Segundo: você pagou, há 24 anos atrás, uma soma de dinheiro exorbitante pro obstetra Robert Parker. – Eu relaxei na cadeira. – Por que eu sinto que as duas coisas estão relacionadas?

Jonathan estava ainda mais pálido do que quando entramos. Ele parecia assustado, petrificado. Bingo. Eu sabia, eu estava sentindo.

− Como vocês descobriram? – Ele sentou-se o mais reto possível. – Ele tinha...

− Vamos, Jonathan, você mesmo disse que não tinha nada a perder. Por que tanto dinheiro? Elena e Harry tem quase trinta anos, os dois. E o que fez sua mulher se separar de você tão cedo? Ela descobriu? O que aconteceu, Bertinolli?

Ele continuou calado, mesmo depois da pressão de Hank. Esperamos, vendo se ele mostrava algo, alguma reação. Qualquer coisa.

− Eu não tenho nada a perder, mas também não tenho a ganhar. – Jonathan se endireitou, ganhando uma vividez súbita. – Não vou falar nada.

− Não podemos negociar sua condicional sem a sua colaboração, Jonathan. E se quem quer que tenha levado a joia acabe indo atrás dos seus filhos? – Eu sabia que estava tocando num ponto fraco, e era aquilo que eu queria. Botar o dedo na ferida, esfregar sal, mas fazer o homem perceber que a sua maior ajuda para nós era nos dizer qual a relação entre as duas coisas.

Ele ficou calado por mais um tempo. Nós esperamos seu raciocínio. E ele finalmente disse:

− Eu paguei o Parker pra fazer o parto e pra ficar calado sobre meu filho. − Eu e Hank ficamos confusos, por dois segundos, até ele completar: − Meu filho bastardo.

...

Baixa o resto do arquivo que o download vai corromper.

− Eu tive um caso, há muito tempo. Eu e Karina estávamos no pior do nosso relacionamento, e a mulher acabou engravidando. E quando o menino nasceu, a mulher me disse que não queria que eu ficasse perto dele, nem ajudasse, porque ela não queria se meter em escândalo. E eu obedeci. Mas Parker, ele seria diferente, e eu não poderia me arriscar a deixar que ele abrisse a boca, então eu o paguei.

Ficamos calados.

− Sua mulher sabia?

− Sabia, mas me perdoou, depois de um tempo... – Ele suspirou. – Ela só se separou de mim antes não só porque estava cansada de escândalo, mas também tinha outro motivo... Acho que ela foi juntando todos os meus erros até perceber que não os aguentava mais. E nós nos separamos.

As coisas estavam se encaixando.

− Quem é a mulher? Jonathan, quanto mais você falar mais vamos poder te ajudar. – Incentivei.

− Você tem que vai pegar Steve antes que ele toque nos meus filhos. – Jonathan abaixou a cabeça, e quando olhou de volta pra mim, ele estava em woge. Mas ele não era o Stängebar. – Grimm. Não preciso sair daqui, só os quero seguros.

Eu tinha enfiado uma faca na ferida dele. Estava tão, tão claro que ele estava desesperado.

− A mulher era a meio-irmã de minha ex.

Agora estava tudo lascado.

− Steve deve estar fazendo isso por raiva. Raiva de mim. – Ele suspirou. – Não sei quando, nem como, ele veio pra Portland. Mas ele é meu filho, e como tal, eu sei que ele não vai parar.

Eu sabia. A chave estava ali.

− Muito obrigado.

*

− Estava na nossa cara o tempo todo – Hank reclamou. – Vou mandar o Wu procurar alguma coisa sobre Steve Estiel.

− Karina não mostrou sinal de ser o tipo de Wesen que procuramos, e Jonathan também não é. – Suspirei. – A irmã dela tem que ser. Temos que procurar por ela também.

Suspirei e fiquei calado, processando. Steve estava aqui, havia roubado uma joia da tia e matado um segurança. Que diabos ele queria? Sujar o nome do pai? Vingança? Possivelmente.

− Acho que temos que descansar um pouco com as informações que temos. – Sugeri. – Vou tentar processar um pouco o que descobri. Já são quase cinco da tarde.

− Vá lá, pequeno, vá ver sua irmã – Hank brincou. – Cuidado pra ela não te matar. Enquanto isso eu vou tomar um drink.

− Vá lá, pequeno, aproveite sua bebida – Rebati. – Vou pensar nisso, quando tivermos algo a mais te digo no que der.

Fui dar uma volta, por enquanto, e mandei um “Oi” pra Alicia esperando que algo animasse a minha tarde. Se fosse um dia diferente eu iria pra casa, encontraria Juliette, ficaria com ela. Ela se enrolaria no meu peito, e eu ficaria fazendo carinho em seu cabelo, no seu braço, no seu quadril. E ela faria carinho no meu braço ou iria colocar a mão sobre a minha. E iríamos assim, pelo menos até cansarmos ou até as coisas esquentarem. Ou simplesmente ficaríamos daquele jeito.

Como é ruim ser solteiro.

Depois de estacionar perto de uma praça, recebi uma resposta. Era Alicia.

“Estou ocupada. Respondo já já.”

*Alicia*

Algo entre eufórica, animada, surpresa e levemente assustada definia Juliette. Ela estava agitada, gesticulava muito, e eu parecendo uma boneca de cera só sentada lhe observando.

− Eu me lembrei dele, de quando ele veio pra cá, como ele agiu comigo, como a gente se... – Ela suspirou. – Eu consegui.

− 1% de 100% baixados. – Brinquei. – Quanta interação com o ar foi necessária pra fazer isso?

Ela me olhou e fez um biquinho brincalhão.

− Eu só... Um fantasma a menos. E todos os outros sumiram. – Ela sentou, finalmente parecendo calma. – Finalmente.

− Sumiram todos? – Questionei. – Como você vai chamá-los para ter o resto das suas memórias?

− Eu sinto todos eles aqui. – Ela apontou pra própria cabeça. – Se eu me concentrar, eu consigo me focar neles e então lembro tudo. Eu... – Inclinei a cabeça. – Obrigada.

− Pelo quê, ter ficado sentada por aí enquanto você fazia bebês com o ghost!Nick*? – Ela me encarou feio. – Brincadeira. Mas eu realmente não sei o que fiz.

− Não me matou. Isso já é suficiente. – Ela sorriu pra mim, e por aqueles segundos, tivemos uma camaradagem mútua. – E foi o suficiente pra colocar algumas fotos no lugar.

− Está mais bonitinho. – Olhei pra ela, que sorria mais com os olhos do que com os lábios. Ela parecia bem satisfeita. – Como está se sentindo em relação a ele?

Juliette ficou um pouco calada, olhando pra uma foto que estava em cima da mesa. Era, obviamente, ela e o Nick, abraçados, fofinhos. Ele estava beijando a cabeça dela.

− Curiosa, primeiramente. – Ela confessou. – Ele foi parte da minha vida, e eu não me lembro disso, e eu quero muito saber como. Quero muito lembrar dele comigo. E culpada. – Olhei para ela. – Eu o tratei tão mal quando não lembrava dele. Quer dizer... Eu sinto algo por ele, esse é meu terceiro sentimento, e só a ideia de tê-lo afastado de mim pra sempre me deixa com uma raiva de mim mesma. Quer dizer, como eu pude?

− Me pergunto isso todo santo dia. – Ela me olhou feio. – Mas relaxa, eu acho que isso não aconteceu. – Fiquei de pé. – Já volto, moça. – Subi as escadas antes que ela pudesse dizer algo e peguei o porta-retrato que, supunha eu, corretamente, ela não colocaria pelo vidro estar quebrado. Eu voltei e achei a Juliette a meio caminho da escada. – Levando isso, ‘kay?

− Ué, por quê?

− Vou mandar trocar o vidro por você, relaxa. Um presentinho. – Sorri amigavelmente e a abracei. – Obrigada por estar lembrando do meu irmão. – E saí da casa dela, subindo em minha moto. Ela apareceu na porta, quase tão rápida quanto eu. – Lembre-se de lembrar!

Acelerei minha queridinha até estar fora do campo de visão dela. Uma vez que isso tinha sido feito, puxei meu celular do bolso e respondi meu irmão.

“Livre agora, bro. Onde te encontro?”

A resposta veio segundos depois, e não demorei a seguir as instruções.

O porta-retratos estava firme dentro da jaqueta.

*

Nick estava sentado em um banco de praça, com a cabeça inclinada, respirando o ar puro.

− Olá, irmãzinha. – Ele me encarou por alguns segundos. – Bom te ver de novo. – Ele se levantou e me abraçou, me saudando. Abracei-o, com cuidado pra não deixar a foto cair.

− Olá, irmão. – Sentei. – Da última vez que estivemos assim, nos atacaram. Medo.

− Pelo menos ainda estamos vivos. – Sorri. Disso eu não tinha dúvida. – Eu fui bem?

− Impressionantemente bem pra quem estava em um versus quase impossível de ganhar. – Ele cobriu o rosto, como se tivesse vergonha. – Como vai indo a vida?

− Ah, vai bem. Um tédio de vez em quando, nada pra fazer, o caso chegou num ponto estático... E você?

− Ocupada, ocupada, ocupada... – Torci a boca de um jeito fofo. Ficamos calados, pensando.

Eu deveria perguntar algo sobre a Juliette? Ele ficaria mal, mas eram assim os corações partidos, principalmente quando se lembrava a dor deles. Suspirei.

Eu estava mesmo sendo a Cupido? Carrie Cutter tinha mais estilo, manha e fofura.

− Mano... – Ele me olhou. – Como você se sente sobre a Juliette?

Ele ficou caladinho, pensando, e eu me arrependi na hora de ter perguntado o que perguntei.

− Como sempre. Eu a amo. E dói, sim. Mas eu aprendi a lidar com a dor. – Ele voltou a refletir. – E eu não consigo deixar de amá-la nem um pouco. Eu gostaria, mas não consigo. Eu fui rejeitado e isso não mudou nada. Só piorou. Ridículo, não?

− Não para um de nós. Você é um Grimm, nossas emoções são diferentes. E um Grimm impressionantemente forte. – E uma ideia surgiu na minha mente, brotando que nem uma florzinha. – Forte...

− Que foi? – Ele me olhou. – Alicia... – Seu tom era de alerta, mas já era tarde.

− Tive uma ideia, irmão. – Fiquei de pé, me sentindo animada. – Você já luta bem, conseguiu quase vencer um de nós. E... Bem, você precisa de uma distração. Lutar descarrega bem todo o tipo de emoção, vai por mim, eu entendo muito disso. Então... – Esperei que ele completasse.

− Quer que eu lute com você? Aqui? Agora? – O rosto dele mostrava a mais clara descrença no meu plano.

− Não aqui e agora, sua anta, mas eu vou arrumar as coisas. – Eu estava animada com minha ideia; era um jeito de passarmos mais tempo juntos, descarregar as emoções e de treinar Nick. Se ele ia ficar do meu lado, uma hora ele teria que lutar com híbridos, como já tinha acontecido, e nunca jamais eu deixaria meu irmãozinho desprotegido se eu pudesse protegê-lo. – Deixe comigo. – Abracei-o de novo, mas dessa vez ele deslizou a mão por dentro da minha jaqueta.

E achou o porta-retrato.

Nick olhou a foto, enquanto eu travava. Minha intenção era ou mandar o capitão trocar o vidro (já que eu tinha certeza que tinha sido ele quem o quebrara) ou então trocá-lo eu mesma para então dá-lo de presente ao meu irmão. Mas ele tinha sido mais rápido.

− É, não era pra você ter metido a mão lá – Comentei.

Ele começou a piscar rapidamente, como se quisesse controlar as lágrimas, e suspirou.

− Como você conseguiu... Isso? – Ele mordeu o lábio, e antes que ele perdesse o controle de vez, tomei a foto de volta.

− Do meu jeito. – Tracei um dedo pelo vidro. – Nick, eu vou...

− Quero ficar com ela. – Ele me estendeu a mão. – Por favor.

− Eu ia mandar trocar o vidro...

− Tudo bem. – Ele me tomou o retrato, que estava agindo como uma bola de pingue pongue entre nós. – Eu quero ficar com ele assim. Vai me ajudar.

− Certeza? – Ele anuiu e guardou o objeto consigo. – Tá bom então.

− Ah, e hoje eu não te levei pra se registrar porque estava no trabalho. Desculpe. – Eu o abracei, perdoando-o.

− Tá tudo bem. Me ligue quando puder me levar, ok? E eu vou te ligar assim que meu plano estiver pronto. – E aí ele me surpreendeu.

Se abaixou e beijou minha testa.

− Se cuida, pequena. Eu te amo. – Um sorriso floresceu instantaneamente em meu rosto e não quis sair.

− Se cuida você também, macho. – Eu o abracei, mais forte dessa vez, sentindo o cheiro ácido, mas que eu adorava, do meu irmão, meu novo melhor amigo.

− Que lindo. – A voz de Michael soou por ali perto. – Ele que é seu irmão?

Nos soltamos e viramos para Michael. Ele estava na sua roupa normal, uma blusa verde escura (Michael era um homem de tons escuros) uma jaqueta preta (não, não era de couro e isso eu estranhei demais) e suas calças jeans.

− Oi, moço, sou Michael. – Ele se aproximou e estendeu a mão pro meu irmão. – Sua irmã é linda, por falar nisso.

Nick ficou parado, processando a mão do Michael ali, e quando o híbrido estava para abaixá-la, Nick a pegou e apertou.

− Sou Nick. E sim, é de família. – Eu ri internamente. Os dois estavam sem jeito, embora meu híbrido disfarçasse mais.

− Hã... Michael, Nick, Nick, Michael, o que você tá fazendo aqui?

− Bom, eu juro que não sou um perseguidor. Pelo menos não tanto. Enfim, estava dando só uma volta pra espairecer e senti seu cheiro. – Michael deu de ombros. – Parece até forçado, mas um terço dos nossos encontros pela rua é assim. Heh.

Ficamos calados. Aquele não era o jeito que eu esperava que Nick e ele se encontrassem, mas já que tinha ido assim, que fosse assim.

− Enfim – Nick finalmente nos despertou do transe. – Eu já ia indo, né? Tchau, irmãzinha. – Ele bagunçou de leve meu cabelo e se afastou, rindo um pouco quando reclamei.

− Bom... Só nós agora. – Ele alisou meu cabelo. − Então, linda, vamos dar uma volta. – Ele estendeu o braço pra mim, e eu, meio besta, engatei o meu no dele. – Obrigado. Minha tarde estava uma droga.

− De nada. E por quê?

− Porque eu estava sozinho sem a companhia da garota mais linda do mundo. Agora eu estou com. – Ele sorriu pra mim, e tudo em mim derreteu. Eu quase derreti. – E, ok, vou mandar numa tacada e essa pode ser a besteira mais idiota que eu vou fazer na minha vida acelerando tudo, mas... Ok, ok.

Paramos, assim, de repente, e ficamos um de frente pro outro. Os olhos dele pareciam brilhar, e eu quis tanto abraçá-lo e segurar seu rosto e, MEU DEUS, de repente sua boca era tão beijável...

− Vamos sair. – Ele me pediu. – Amanhã, depois de amanhã, quando você quiser. Mas, por favor, vamos sair. – Ele pegou minhas duas mãos e as segurou entre as suas. – Só me diz se você quer e eu tento ajeitar todo o resto, juro juro. Eu só não sei se vamos jantar ou damos uma volta por aí como sempre, porque...

− Sim, vamos sair – Eu disse, involuntariamente sorrindo com a fofura e sem-jeitice dele. – E podemos só ir no shopping e pegar um self-service que já tá ótimo. – Eu beijei o rosto dele, pra acalmá-lo. – Obrigada por me chamar. Amanhã.

Ele sorriu, e, já sem pudor nenhum, ele se inclinou e tocou os lábios nos meus, logo puxando-me pra perto, colando nossos corpos e aprofundando o beijo.

BV de língua: strike um, strike dois, strike três, fora, meu amigo!

O gosto dele era mesmo inconfundível. Algo amargo com toques de doce e refinado, que tinha reentrâncias ácidas, e uma totalidade animal. O gosto de um híbrido, com certeza.

− Amanhã, às sete, então. Aqui mesmo.

*Nick*

Há uns minutos atrás, eu estava falando com minha irmã; no momento, eu estava me ajoelhando sobre o corpo de Harry Bertinolli.

− Morreu do mesmo jeito que o guarda. – Empurrei a cabeça de Harry pro lado, vendo um espinho longo que havia penetrado bem fundo na jugular. – Por que ele?

Eu ouvi os gritos de Elena de longe.

− Sai! Me deixa passar! HARRY! – Ela estava se descabelando e se debatendo, e eu via a maquiagem correr pelo seu rosto, mostrando a figura total do desespero.

E, por um segundo, eu imaginei como seria Alicia me vendo ali, morto, e não poder se aproximar de mim.

− Deixem-na passar! – Ordenei, e eles me obedeceram, e ela correu pra perto, tropeçando no salto.

− Harry! Harry! – Ela caiu no chão ao lado dele, os joelhos batendo em cima de uma poça de sangue, provavelmente feita quando as veias foram atingidas. – Irmãozinho... – As lágrimas caíram no sangue. Hank me olhou feio, vendo a bagunça e cena que ela estava fazendo, mas eu não pude evitar. Ajoelhei-me ao lado dela.

− Eu sinto muitíssimo que não pude pegar o cara antes de ele fazer isso. – Ela assentiu e me abraçou. – Eu tenho uma irmã também, e não sei como ficaria se a perdesse assim. Então, eu juro, em nome dela, eu mesmo prendo esse cara, nem que eu tenha que terminar assim também.

Ouvi Elena fungar.

− Precisamos conversar, detetive.

*

Elena trocou de roupas, ajeitou o rosto, e assim que terminamos com a cena, fomos junto com ela andar nos jardins da família. Segundo ela, era onde ela e Harry passavam o tempo livre.

− Tem muito de nós dois aqui. – Ela pegou uma rosa e a cheirou. – Ok, o que eu tenho a dizer é que eu acho que sei quem fez isso.

− Steve Estiel? – Os olhos dela se arregalaram, e eu vi ódio, um ódio intrínseco e amargo ali.

− Sim! Ele apareceu pra mim no trabalho, aquela pessoinha de baixo nível. – Ela fez uma careta que tirou toda a beleza dela. – No mesmo dia que vocês vieram aqui pela primeira vez. Ele queria que eu mostrasse o testamento do papai e provavelmente queria entrar com recursos pro meu pai incluí-lo se ele já não estivesse. Claro que eu o chutei. Acho que errei. – Ela fez carinhos nas flores.

− Sabe onde podemos encontrá-lo? – Ela negou e suspirou. – Bom, é arriscado pra você aqui, agora. Arrume suas coisas. – Hank aconselhou.

− Pra quê?

− Vamos te colocar em um esconderijo – Expliquei. – Onde ele não possa te encontrar.

Ela assentiu e saiu dali, enquanto eu e Hank ficávamos.

− Nick, você não deveria tê-la deixado entrar na cena – Meu parceiro me repreendeu. – Sabe muito bem disso.

− Eu me vi ali, Hank. Me vi caído no chão, sangrando enquanto Alicia era proibida de me ver. Eu não pude fazer isso com Elena.

− Sua irmã está mexendo com sua cabeça, Nick. Lembra de quando eu disse que ela podia ser uma garota da Verrat se infiltrando em você? – Ele continuou. – Claro que não é o que eu quero, mas eu gostaria de te deixar alerta, Nick, você é meu amigo.

− Obrigado pela preocupação, mas eu ainda consigo me virar. – Começamos a sair dali, enquanto Hank ligava pro capitão para que este começasse a organizar as coisas para protegermos Elena.

De nenhuma maneira Alicia seria uma Verrater. Nunca. Eu me recusava e estava certo.

*

Era estranho estar na companhia de uma moça tão linda na delegacia.

− Elena, sou o capitão Renard. Aquele policial vai te levar. Nos dê licença. – Ela agradeceu e se foi, enquanto nós o seguimos até a sua sala. – O que descobriram?

− Steve é mesmo o que está por trás dos assassinatos. Tenho certeza. Mas por que a joia? – Levantei o ponto. – Será que ele quer vendê-la?

− Deve ser. Elena disse que ele foi querer abrir um recurso contra o pai, ele talvez esteja procurando dinheiro pra isso e pra se manter.

− Faz sentido. – Renard comentou. – Procurem o testamento de Jonathan Bertinolli, precisamos ver o quanto ele vai deixar uma vez que ele e Elena estejam mortos. E fiquem de olho em leilões ou em caçadores ou colecionadores desse tipo de joia. – Ele se sentou. – Ah, Nick.

− Sim? – Virei pra ele, os nervos alertas.

Ele ficou calado, parecia refletir sobre o que ia dizer.

− Nada, um lapso meu. Desculpe. – Estranhei isso, porque o capitão não era do tipo que tinha lapsos, mas eu decidi ignorar e fazer o que me tinha sido dito.

E eu estava começando a ficar com sono, e foi então que lembrei do que tinha pegado com minha irmã mais cedo.

Tirei o retrato do casaco e encarei a foto por alguns segundos.

− Eu espero. – Prometi. – Eu vou esperar, Juliette.

Coloquei-a no lugar e me dediquei ao trabalho, pesquisando leilões em Portland que teriam datas próximas e pesquisando sobre Steve Estiel, Karina, e sua irmã.

Não achei muito. A irmã de Karina era Kate; essa era médica, Karina era integrante de uma empresa local. Kate havia se mudado para a Suíça há 25 anos atrás, tinha alguns registros dela voltando para Portland e passando uns meses por aqui. As duas tinham raízes suecas

Já Steve tinha pouca coisa. Nenhuma ficha, tinha nacionalidade sueco-americana, havia estudado lá, tinha se formado com honra em Engenharia Civil. Tinha um registo de voo dele para Portland, que era recente. Quando terminei, estávamos passando das seis da tarde, quase sete.

− Oi, consegui o que vocês queriam, e Elena já está segura. O testamento tá aqui, consegui puxar o arquivo no meio de tantos processos. – Ele nos entregou a folha, e começamos a ler. Estava tudo, mas tudo, dividido entre Harry e Elena; se nenhum dos dois estivesse ali, o dinheiro deveria ser doado para caridade. Mas Steve não estava ali, não era nem citado.

− Isso nos daria motivo, mas, ele é engenheiro civil. Só que não temos nada melhor. – Fechei o arquivo e o entreguei a Hank. – Agora, onde vamos achá-lo?

− Boa pergunta. – Hank virou-se pra tela do computador, como se a resposta pudesse sair dali. – Steve vai ter que aparecer.

− Ele deve estar querendo se livrar de Elena o mais rápido possível. – A minha ideia era louca, por isso não a falei. – Eu prometi a Elena que a salvaria.

− E qual ideia temos pra isso? E se Steve não aparecer logo, explicitamente? E se algum leilão não revelar quem doou a joia, e se a joia nem aparecer?

Parecia incrível como, na hora em que mais precisávamos, aparecia algo ou alguém querendo ajudar. Naquele momento, o meu telefone tocou.

Era o policial que ia ficar de vigia na casa de Elena.

Ela insiste que precisa falar com vocês.

*

− Ele quer a mim! – Ela jogou a bolsa na cama. – Ele quer me pegar, e só assim ele vai sair da toquinha dele. Vocês precisam me usar como isca.

− Não vamos arriscar ninguém aqui, Elena. – Justifiquei. – Agora o melhor pra você é ficar aqui, a salvo, enquanto procuramos Steve.

− Mas isso seria encontrá-lo! Sem precisar mais procurar! – Ela rebateu. Parecia a beira do choro, mais uma vez, toda de preto. – Será que nenhum de vocês entende que eu vou fazer o que for preciso pra pegá-lo e matá-lo eu mesma? – No calor do momento, a pele de Elena se retorceu e vibrou, e de repente eu estava olhando para uma mulher com traços de jaguar. Balam.

Suspirei. Eles não eram mesmo parentes.

− Elena, me escuta. Por mais que Steve apareça no segundo que você pisar fora daqui, isso seria arriscar alguém inocente e isso nós não fazemos. Se precisarmos usar uma isca, vai ser alguém semelhante a você, mas não você.

Ela franziu os lábios.

− Mas eu quero ter o prazer de botar aquele filho da... – Ela trincou os dentes, repreendendo o palavrão. – Na cadeia.

− Você vai poder julgá-lo assim que o prendermos. – Consolei-a, querendo, tentando, quebrar um pouquinho o gelo. – Agora, se acalme e vá descansar. Foi um dia difícil pra você, principalmente.

Ela, finalmente reconhecendo que nós não íamos dar pra trás, assentiu e se virou, tirando o casaco. Demos uns tchaus meio tristes pra ela e saímos, orientando o policial a ficar bem alerta em qualquer movimento suspeito, em especial se pudesse ser Elena se esgueirando pra ir embora.

− Ela quer porque quer prender o cara sozinha. Se duvidar ela nocauteia um de nós e usa nosso distintivo – Hank fechou a porta. – E sua promessa a ela?

− Eu vou mantê-la, mas agora não tenho como. Pior que ela está certa em um ponto: Steve vai aparecer no segundo que ela ficar vulnerável. Poderíamos usar uma outra pessoa...

− Enquanto não tivermos nada concreto, fora o depoimento dela e o registro de voo dele, não há provas concretas de que ele seja o assassino. Desculpe, Nick.

− Mas isso lhe dá motivo, e o coloca mais perto do local. Além do mais, ele foi procurar Elena pra ver se ele estava dentro do testamento, e não está. Ao matar os dois irmãos, ele só precisaria de um teste de DNA pra provar que é filho dele e assim, com um bom advogado, ganhar a causa e todos os bens do pai.

Ficamos calados.

− Só mais uma coisinha, e podemos prender Steve. – Hank deu partida no carro. – Por hoje, nós dois vamos pra casa, bebemos, e dormimos. Amanhã deve aparecer algo novo.

− Tem que aparecer. – Passei as mãos pelo cabelo, tentando relaxar. A noite era tempo suficiente para que Steve avançasse em Elena, se ele tivesse observado nossos movimentos.

*

Hank estava certo. O dia seguinte tinha trazido uma coisa, uma surpresa: Elena tinha fugido durante a noite, mas todas as coisas dela estavam ali, ou pelo menos, algumas roupas, jogadas pelo quarto inteiro. E só ficamos sabendo de tarde.

− Você não a viu sair? – Eu estava furioso; por algum motivo, o fato do cara não ter prestado atenção e não ter cuidado de Elena me irritava, irritava muito. Talvez fosse o fato de projetar Alicia em Elena. – Como assim?

− Ela me nocauteou! – O policial gritou em defesa. – Ela gritou e eu fui lá pra vê-la e ela bateu com um vaso na minha cabeça.

− Está tudo bem, mas mande um alerta pra Central; precisamos da maior quantidade de policiais rondando o perímetro. – Eu já tinha me afastado um pouco, e Hank foi atrás de mim. – Controle seu temperamento, Nick, por favor. Chega de ver sua irmã na Elena. Ela é nossa protegida e não nossa irmãzinha.

− Eu não consigo! – Esbravejei. – Elena não parece com Alicia, nem um pouco, mas eu não consigo separar as duas. Precisamos achá-la.

− Ótimo, porque eu descobri hoje de manhã, antes do Senhor Protetor da Irmã Mais Nova chegar, que Elena tem porte de arma e uma Walther P99, arma pra mulheres. Se ela achar Steve, provavelmente, os dois estarão mortos quando chegarmos. Vamos pra Central, precisamos achá-la.

− Ela deve ter pegado um táxi até em casa, já que veio em uma viatura até aqui e o carro seria trazido hoje. – Voltamos para o carro, e peguei o celular. – Manda o Wu tentar rastrear o celular da Elena, vou ligar pra ela.

Discou, discou, discou, depois de um tempo, ela atendeu.

O que é, Detetive?

− Elena, você não precisa fazer isso, esse não é o seu trabalho. Volta e fica em segurança, que você vai estar me fazendo um favor e me deixar mais calmo.

Você não entenderia. Eu e o Harry fizemos uma promessa. Nunca abandonaríamos um ao outro, vingaríamos o sangue um do outro. Eu estou cumprindo a minha promessa.

Sim, eu entenderia! – Suspirei. Ia ter que apelar pro emocional de novo. – Eu faria a mesma coisa por ela, mas ela não iria querer que eu passasse o resto da minha vida preso, e nem Harry iria querer que você passe!

Harry está morto. O que ele quer ou não, infelizmente, deixou de ser válido. Eu sou o que resta dos Bertinolli, a única livre, e vou ficar com meu pai na prisão; e lá nós vamos ficar.

− Elena... − O celular de Hank, por sua vez, tocou, aquela musiquinha havaiana enchendo os espaços vazios entre minhas falas e as dela. – Escuta, agora, mais do que nunca, é arriscado que você fique andando por aí. Ainda é muito cedo pra isso.

Não, não. A verdade é que agora é muito tarde. – E ela desligou.

− Temos que ir pro distrito, Nick. – Hank disse. – Agora. E se você não se controlar até lá, o capitão vai te afastar desse caso.

− Que afaste, eu não posso deixar a Elena fazer isso.

*

Quando chegamos lá, a notícia que Elena tinha fugido estava correndo louca por ali. Quer dizer, LOUCA.

− Mandei uma viatura ir observar a casa da Elena, e outra pro trabalho – Renard informou. – E temos um empecilho. Mesmo que Steve mate Elena, ainda tem o pai dele, que está em perpétua, e não há informação real fora a confissão de Jonathan, que Steve não tem.

− Steve não pode chegar perto de nenhum dos dois – Esbravejei. – Pelo menos não tem como ele matar Jonathan.

− Nick, acho que você está emocionalmente envolvido nesse caso. – Renard virou-se pra mim. – Não me faça ter que te afastar.

− Você não vai, estamos quase no fim disso. – Eu só precisava pegar Steve, era só aquilo. – Ele quer o dinheiro do pai, acabou. Temos o motivo. Ele vai procurar Elena onde sabe que ela está, temos um possível local. Só temos que segui-la.

− E é isso que vamos fazer, em um nível menor. – Renard me aconselhou. – Acalme-se, Detetive. Ela vai ficar bem.

E então meu celular tocou. Era ela, de novo, e minhas mãos tremiam. Mas, quando ia atender, Wu me acenou.

− Vem cá, deixa eu triangular o sinal do aparelho dela. – Eu deixei que ele o conectasse ao computador, coloquei os fones de ouvido, e atendi.

− E agora? Mudou de ideia?

Não, minha mente está bem clara quanto ao que farei. – Ela sussurrou, a voz calma e clara. – Seu policial deve ter demorado pra acordar. Durante esse tempo, eu fui à firma, achei o número de Steve. Vamos nos encontrar, e eu vou dar um fim nisso. Quero que você ouça.

− Elena, isso é arriscado demais. – Olhei pro Wu, que fez um sinalzinho me mandando esperar e prolongar a conversa. Não era eu que precisava esperar. – Me escuta, vem aqui, me dá o número do Steve, que a gente vai achar ele, eu prometo.

Nem todas as suas promessas podem me fazer desistir. Me desculpe, Detetive... Mas ele merece ter um fim. O Harry está contando comigo, eu sei disso. – Ela nem me deixou protestar, quando completou: − Eu e ele éramos gêmeos. Muito próximos. Agora que Harry morreu, estou sozinha, e falta uma parte de mim. E essa parte não vai descansar em paz até que consigamos, nós dois, matar o Steve.

− Achei o endereço – Wu avisou, e eu não desconectei meu celular até que estivesse com o endereço. Era uma praça. Elena não podia estar pensando em fazer aquilo com inocentes e testemunhas em volta.

Voamos para o carro e Hank não poderia ter acelerado mais ou quebraríamos as regras. No caminho, eu tentava convencer Elena a sair daquela loucura. Mas ela se recusava. Em certo ponto, parou até de responder, deixando o celular no viva-voz para que eu escutasse sua odisseia de vingança.

Estávamos perto quando eu finalmente ouvi a voz de Elena falando com alguém.

É você mesmo. Depois de tanto tempo.

− A escolha de local foi ótima. Me lembro até hoje do papai correndo com vocês por aqui, enquanto tudo que eu podia fazer era olhar, de longe.

− Steve, nada vai te fazer ganhar a herança do meu pai. É simplesmente impossível.

Eu ouvi a risada dele, e estacionamos o carro, pulando pra fora dele e correndo.

Nós tínhamos descoberto o parque, mas não onde no parque. Comecei a usar minha audição, tentando focar na ligação, tentando definir qualquer ruído que nos desse uma localização mais exata. Nada.

− Vai por ali – Hank me indicou, e eu fui. O bom de ser um parque era a área plana, que permitia a nós dois ver mais facilmente, até quando o outro achasse o suspeito.

Que fui eu.

− Como assim? – Ela perguntou.

− O dinheiro seria uma consequência. Mas eu não preciso de dinheiro; eu faço o meu próprio. Mas eu preciso destruir tudo o que nosso pai ama. Harry. Você. Preciso tirar dele tudo o que importa pra ele porque EU nunca importei.

− E a joia? A que você roubou?

− Ela era da minha tia, sua mãe. Não me interessasse que ela tivesse devolvido, era dela. O que pertence à minha família fica com a minha família.

− Ela devolveu.

− Já disse que não interessa! – Ele gritou, e Elena levou a mão à cintura, puxando de lá a arma. Todos gritaram e se afastaram. – Isso não vai me matar antes que você morra, irmã.

− Ah, vai sim – Ela engatilhou. – Vou vingar o Harry.

− Ah, não, não – Steve balançou a cabeça, e notei mais claramente sua semelhança com Karina. – Você vai revê-lo. Veja como o lado bom de morrer.

Saí do meu estado de meio choque e entrei.

− Parado! – Apontei minha arma pra ele. – Você está preso.

− Ah, a polícia. – Ele virou pra mim. – Desculpe, detetive. Fiz uma bagunça, não foi? – Ele se transformou, os espinhos saindo da pele e cobrindo-o. Ele devia ter ficado com raiva, porque ninguém viu. – Não se preocupe, eu conserto.

E os espinhos vieram.

Empurrei Elena para o lado, derrubando a nós dois, e mesmo assim um espinho pegou meu braço de raspão.

Foi tudo muito rápido. Levantei, ouvi o grito de Hank, as pessoas se separando, três tiros. O de Hank pegou no ombro, o meu, no braço.

O de Elena pegou na cabeça. Ou melhor, quase pegou na cabeça.

E assim prendemos Estiel. Ele foi levado em uma viatura, que chegou lá quase que imediatamente. E ela foi junto.

Elena virou para nós.

− Olha, obrigada por prenderem ele. E eu sei que sou a próxima.

− Como foi uma tentativa de assassinato, você vai passar pouco tempo. – Consolei-a. – Duas semanas, um mês. Mas vamos. – A porta fechou-se, e Elena também se foi.

− É, tudo terminou bem. Que clássico. – Hank me disse, enquanto sentávamos pra descansar. – Feliz?

− Pelo menos Elena está viva. – Suspirei. Eu não tive como impedir que ela atirasse mas eu tive como impedir que ela morresse. Pra mim, tinha sido o que realmente importava. – Prendemos Steve. É o que importa. Vamos.

A volta pro distrito foi vaga e quieta. Eu não sabia o que dizer. Elena, Alicia, as duas eram totalmente, ou nem tanto, diferentes. Mas as duas lidavam com as coisas do seu jeito, pelas suas mãos, ou então a justiça não era feita.

Alicia. Eu tinha feito uma promessa à bichinha. Hank já estava irritado comigo pelo meu protecionismo à Elena, mas ele ia ter que aguentar mais essa.

Quando chegamos, Hank se sentou à mesinha e eu peguei as chaves do meu carro.

− Onde você vai?

− Preciso levar a Alicia, eu prometi...

− Ah. Tá. Olha, Nick, você é um cara adorável. Muito legal da sua parte querer levar sua irmãzinha pra ela se registrar, mas eu já não tenho paciência pra isso. Desde que a Elena viu o irmão morto você ficou projetando a Alicia nela e você quase foi afastado por causa disso. Não acha que tem que dar uma pausa?

− Promessa é promessa. – Ele não disse mais nada, simplesmente fez um sinal com a mão, como se me dispensasse.

*Renard*

Ouvi uma batida na minha porta.

− Entre – Eu disse pra quem quer que fosse. E era Hank.

− Capitão, tem um minuto?

− Claro. – Ele entrou e fechou a porta atrás de si.

− Então, é aquela garota. Alicia. – Ele se encostou no balcão, e eu fiquei alerta. Mas até ele ia começar a falar dela? – Não acha que o Nick ficou apegado à ela de repente?

Fiquei calado por uns segundos.

− Por que acha isso?

− Ele nem a conhece direito, e hoje com esse caso dos Bertinolli, ele ficou meio afetado. Quer dizer, muito afetado. Ele disse que enxergava a irmã na Elena...

− E isso é necessariamente preocupante? Ele encontrou alguém supostamente da família.

− Bem dito: supostamente. Eu tenho dito a ele que ela pode ser da Verrat, mas sei lá, ele não escuta.

− O Nick já é adulto pra lidar com as consequências do que faz. Os avisos foram bem dados, eu concordo com você, embora eu também ache que ela não seja da Verrat. A menina se mostrou de confiança até agora.

− Ela pode estar fingindo. – Hank parecia ficar cada vez mais alerta. − Só uma sugestão, claro.

− Sim, ela pode. E se estiver, então ela vai ter que lidar conosco. Você se inclui nisso?

− Mas é claro. – Ele fez um som de escárnio. – Enfim, só me ajude a manter um olho nele.

− Claro. – E ele saiu.

Não, Alicia não era, de maneira nenhuma, da Verrat, daquilo eu tinha certeza. Que ela podia ter outras intenções? Sim, a chance era pouca, mas existia. Mesmo que me parecesse que Alicia estava muito protetora do Nick, o que diminuía e muito as estatísticas de ela ser uma golpista procurando proteção.

Era... Bonitinho como Hank protegia Nick. Embora eu não tivesse tempo pra pensar em coisas bonitinhas da vida, era mesmo. Eu já havia dito a Nick e Hank sobre o homem que tentou explodir o café onde eu e Sebastian e Alicia estávamos; eles pareceram se conformar. Ainda bem.

Mas eu não tinha tempo pra pensar naquilo. Parte de mim também não deveria estar pensando em como eu estava com a Alicia, mas não dava pra evitar. Eu reconhecia que tinha estragado um pouco (muito) as coisas: era o primeiro beijo da garota. Mas o desespero dela estava me desesperando e um beijo era o jeito que eu tinha achado de acalmá-la.

Enfim, eu estava com a cabeça sempre voltando àquilo e eu não sabia como falar com ela pra me desculpar... Ou coisa parecida. Nem quando ela estaria disponível. Era esperar a menina aparecer.

*Alicia*

− OBRIGADAAAA! – Pulei em cima do meu irmão, não me contendo de emoção. – Obrigada obrigada obrigadaaaaa!

− Ei, ei, calma – Ele riu e me pegou. – Tudo por você, irmãzinha.

Eu queria pular e pular e pular e sair correndo e beijar todo mundo que eu encontrasse na rua e gritar e rolar na grama e surtar até entrar em coma. Eu existia! Pelo menos estava prestes a, só ia demorar até pegar meus documentos e então eu estaria registrada.

− O que acha que eu devo fazer assim que estiver registrada? Beber, comprar uma casa, surtar loucamente, levar uma multa?

− Ficar quieta. – Ele falou com a voz firme e, ao mesmo tempo, cômica. – E não matar ninguém, por favor. A partir de hoje, quem você matar, se houver digitais, você vai presa.

− Legítima defesa. Perseguição de garotinhas inocentes e sofridas. – Ele inclinou uma sobrancelha pra mim.

− Tão inocente que arranca cabeças.

− E é por isso que eu disse inocente, e não indefesa. – Ri comigo mesma. – Enfim, você tem razão, mas eu já aprendi a limpar uma cena de crime. Yay.

− Espero. Realmente; seria muito chato perder o que resta da minha família pra uma perpétua. – Dei de ombros.

− Sabe, estou pensando em procurar sustento próprio. Trabalhar, sei lá. Não quero passar o resto da minha vida à parte, observando.

− E onde você acha que pode trabalhar? – Fiquei calada, pensando.

− É... Não tem muitas opções, né... – Suspirei. – Affe. Mas vou ter que achar algo. – Enrolei uma mecha do cabelo, medindo minhas opções. – Quem sabe faço uma faculdade. Alguma coisa, meu Deus! Não posso ficar à beira do nada assim.

− Faculdade de quê? Você...

− É, no asilo nos davam aula, várias coisas, eu aprendi muito. Eles nos preparavam pra qualquer situação. Por exemplo, imagine que eu tenho que me infiltrar num negócio de gente rica e bem instruída. Eu teria que me passar por um deles.

− E como você faria? – Aprumei-me, ajeitei a postura, alisei os cabelos e comecei:

− Olá, sou Christine. Ouvi dizer que sua empresa está oferecendo um contrato pra utilizar a divisão de Ciências Aplicadas de alguém, e estou inclinada a lhe oferecer a minha. Desde que eu tenha 40% dos lucros do seu negócio para compensar o meu pessoal, temos um negócio. Ah, e a política está horrível, pelo menos os números do dólar estão em uma faixa estável e de lucro.

Ele arregalou os olhos enquanto eu continuava com minha fidalguisse:

− E sim, estou achando muito estranho essa estagnação, mas é bom aproveitar... Ah, sim, estamos recuperando um pouco as ações. Aquela queda me deixou muito nervosa...

− Alicia, para que você tá me dando medo. – Eu ri da cara dele. – É sério, você incorpora muito. Taí, atriz.

− Ah não, não tenho vontade pra isso. Acho que nem jeito...

− Como? – Ele fez a melhor cara de incrédulo que eu já tinha visto. – Cara, por dois segundos eu te vi de cabelo loiro, curto, e com terninho.

− É, mas eu não tenho interesse, então não adianta. – Dei de ombros e sorri. – Mas tenho que começar a me organizar. Acho que vou trabalhar mesmo... Ganhar minha grana, aí vou guardando, mais tarde faço faculdade. É, pode ser. – Alisei o cabelo. – Alguma hora eu resolvo algo. Maaaas, de novo, obrigada, maninho. Eternamente grata.

− Pense nisso. E qualquer coisa, estou aqui. – E foi só me virar que eu lembrei de uma coisa. – Ah, sabe onde eu posso arranjar... Um galpão?

− Hm? – Nick se virou pra mim, confuso. – Galpão?

− Um lugar grande, vazio. Que dê pra colocar equipamentos. Sabe onde? – Ele ficou calado, procurando na memória onde tivesse um lugar como o que eu tivesse lhe descrito.

− Que eu esteja lembrando agora, não. Pra quê? Quer fazer um depósito de corpos? – Eu ri com a pergunta dele.

− Que falta de fé, irmão. Relaxe. Enfim, se souber, tem como arrumar pra gente? − Ele ficou me encarando com uma carinha estranha, mas deu de ombros e fez que sim. – Valeu, querido.

E fui embora.

Ah, meu Deus, ainda tinha o encontro com Michael. Naquele dia. Jesus amado, que horas eram?

Segundo meu celular, eram onze da manhã, onze e meia. Meu deuso, o tempo estava passando rápido, mas devagar...

Ok, planejamento. Eu tinha que procurar logo o galpão, ou algum lugar vazio que pudesse ser usado para meus objetivos. Tá, e depois? Eu teria que comprar alguns equipamentos. Arrow estava me deixando muito obcecada com aquela escada salmão em que o Oliver ficava subindo e descendo, mas ai... Ô homem perfeito. Tomara que nos desse os mesmos resultados.

Enfim, eu teria que arranjar os equipamentos. Depois, iria levar meu irmão pra descarregarmos as energias... Yay? Yay!

Enfim, eu estava era com problemas na parte de conseguir o local. Será que o capitão não podia me ajudar?

Ai, ai, capitão pra lá, capitão pra cá. Eu estava virando o encosto dele, será possível? Tá, eu já tinha admitido: a presença dele, o cheiro dele, ele me fazia algo. Eu já tinha reconhecido: tudo nele fazia eu querer me entregar, ser dominada e possuída por aquele demônio do sexo. Fiquei imaginando como seria...

CONTROLE-SE! Meu grito mental foi alto o suficiente pra me chicotear de volta ao mundo real. O calor e aquela agonia de algo se revirando no fundo da minha barriga, no meu baixo ventre, se amainaram. Ah, pronto.

Eu tinha que tirá-lo da cabeça. Eu tinha um encontro com Michael, às sete, e precisava urgentemente organizar as coisas. Michael, Michael...

Ele era gentil, divertido, versátil. Ele me entendia, era como eu. Jovens, livres, rebeldes, roqueiros (?). Nosso estilo, nossas vidas, Michael era como gasolina pro meu fogo e eu queria incendiá-lo. Nós poderíamos ser a dupla perfeita. Nós éramos a dupla perfeita.

Tinha que ser ele.

Até porque, suponhamos que eu amasse o Renard. Ok, eu estaria entre os dois. Mas, até racionalmente tudo me diz pra ficar com o Michael. O Michael não tinha problemas com meu irmão, nem era chefe do meu irmão. E ele me faria pegar ainda mais fogo. O capitão era gelo; nós iríamos nos destruir mutualmente. E quando não sobrasse mais nada de nós além de fumaça, nós nos arrependeríamos.

Era o Michael. Meu Mehisntinkte, eu precisava que fosse ele. Pelo bem de nós três.

*

Foi-se o almoço, as quatro sem fazer nada, fomos embora pro shopping. As meninas estavam eletrificadas e pimponas com meu encontro, e elas queriam comprar mil e uma coisas, mas eu as controlei um pouquinho. Só umas novas peças de roupa, maquiagem, manicure, uma pausa pra comida (porque comida é necessidade e requisito básico) e aproveitamos pra trocar conversinhas.

− Então, meu namorado chega no fim de semana. Ele vai provavelmente dormir no mesmo quarto que eu... – Emily tomou um gole do seu milk shake. – Jaline, como estão as coisas?

− Ruins. – Nós olhamos pra ela. – Eles se recusam a vir.

A cara de Emily teria sido a melhor, não fosse a mini explosão deles depois.

− Como assim? Eles estão em perigo!

− Alguns deles vêm. Mas o resto disse que não, que não vão se esconder. Não querem fazer isso. – Emily suspirou e enfiou o rosto nas mãos.

− Tá, que seja, não podemos forçá-los. – Ela sugou mais um gole furioso do shake. – Mas avise que o convite está sempre aberto.

− Ok. Vou mandar os caras de volta pra França pra eles poderem guardar o pessoal de lá. – Ela estava tomando um suco, rica, magra e fina que só ela. – Ai, meu Deus, eles só me dão trabalho...

− Relaxa. Os alvos deles são nós, não você. – Consolei-a. – Por que estão te procurando mesmo?

− Eles devem ter descoberto minha... “Aliança dupla”.­­­­

Fiquei imaginando. Jaline estava repleta de pontos fracos, muito mais do que nós. Ela tinha amigos, família, ela não sabia lutar. Aliás, família era o que a tinha colocado ali.

Família estava constituindo uma parte dos nossos problemas ultimamente.

− Ei, agora que caiu a ficha – Bárbara voltou à realidade. – Você já viu esse cara pessoalmente?

− Claro que sim! Foi breve mas foi o suficiente. – Ela suspirou. – Sei que pode parecer besteira, mas foi como um namoro pela internet, sabe? Eu me apaixonei pelo jeito dele, o que vier é resto.

Eu faltava revirar os olhos quando ela começava a falar do namorado. Emily estava quase ficando manjada de tanto que falava do cara, que, bem, nós todas já sabíamos quem era. Todas, menos Jaline.

Enfim, Emily teria começado a discursar sobre como o namorado dela era maaaaravilhoso se Jaline não tivesse começado a tirar sarro, fingindo que se engasgava, e se eu não tivesse me engasgado de verdade com o meu sorvete.

Bom, as coisas foram bem, embora quanto mais Emily falasse, mais ela botasse pilha até em quem não namorava o cara. Estava me enchendo. E me deixando ansiosa pro meu próprio encontro com o cara que seria possivelmente meu futuro namorado.

Será?

Fiquei encarando (só que discretamente) um casal ali na praça. Eles riam e se abraçavam de lado e em um momento os dois trocaram um beijinho.

Como eu seria quando estivesse namorando? Será que eu ia ficar toda melosa? Será que eu ia ficar absorta, como o Nick? Como será que Juliette era com meu irmão?

Ah, falando na mulher, eu nem tinha ido ver como ela estava. Mas também não precisava de um check-up diário, eu não era babá dela. Só poderia dar um pulinho lá pra ver como estava indo.

É, podia ser. Mas depois do lanche.

Então, demos mais uns rolês, Jaline e Emily aproveitaram pra dar um oi numa de suas lojinhas que estava instalado ali no shopping, eu e Barbie nos matamos do coração ao ver cada joia linda. Ai, que bom ter uma amiga rica.

Quando chegamos, pelas cinco e meia, Barbie correu pro meu quarto porque queria arrumar o que eu fosse vestir no meu encontro. (Estavam todas mais animadas até que eu.)

− Se divirta!

− Ué, você não vai ajudar? – Ela perguntou, cheia de blusas entalando os braços.

− Tenho uma visita a fazer. Desculpa. – Dei um beijinho no rosto dela. – Juro que volto à tempo!

Então eu fui pra casa da Juliette.

Vou pular toda a viagem de ida até pipocar na casa da moça do cabelo vermelho (está mais pra auburn, mas ok) até a parte em que eu surgi na frente da porta dela.

Bom, daquela janelinha não dava pra ver muito, então eu não tinha ideia de que estaria interrompendo um momento “em busca da memória” quando irrompi na sala dela, como era meu costume de fazer na casa das amiguinhas.

Ok, isso não é uma total mentira, eu invadia na cara de pau mesmo. Mas, bem, geralmente com um nível um pouco menor de cara de pau, o que incluía checar se tinha alguém na casa, coisa que eu não tinha feita.

− Olá, amiguinhaaaa! – Fechei a porta e ouvi um gritinho. – Calma, não vim matar ninguém...

− Não é isso. – Ela ficou de pé. – É que você meio que me interrompeu.

Eu ainda nem tinha visto ela direito até o fim da frase, então meu cérebro presumiu o pior sobre “interrupção”.

− AI MEU DEUS! Desculpa, eu nem imaginava que você estava... Bem, fazia... – Escaneei-a de cima a baixo pra dar a entender o que eu quis dizer. – Bem...

− Ah, não, não é nada disso. – Ela riu. – Eu estava me lembrando. – Ela me mostrou um anel.

Opa.

− Ahn... Então eu interrompi mesmo, desculpe. – Encarei a joia. Ela era toda prateada, com um belo brilhante em cima, e pedras filhinhas descendo pelo círculo; o anel era belamente talhado. De repente, me caiu a ficha.

Era um anel de noivado.

− Não, eu já estava no fim. – Ela tirou o anel da caixinha. – Eu me lembrei de quando ele me pediu em casamento. E eu disse não. – Um brilhinho triste surgiu nos olhos dela e ela sorriu. – Mas ele foi tão... Eu lembrei de como o amava, eu senti.

− E então, acha que é o suficiente pra reconsiderar-se a mulher da vida dele? – Cruzei os braços. – Só lamento, mas só deixo você descer o corredor* com seu pai assim que se lembrar de tudo e pedir perdão. Tenho um irmão a zelar.

− Relaxe, eu tenho meus próprios planos. – Inclinei uma sobrancelha, curiosa. – Alguma coisa aconteceu naquele trailer, e ninguém quer me dizer o que é. – Meu alarme “Kerhseite perigosamente perto da insanidade” começou a piscar. – Eu vou lembrar o que aconteceu naquela noite e descobrir o que ninguém quer que eu saiba. Acabou.

− Ahn... – O desespero me bateu.

Foi só juntar os pontinhos. Nick disse que uma Hexenbiest colocou Juliette em coma. Se ela estava lembrando de coisas no trailer, e viu Nicks fantasmas falando coisas pra ela no trailer, coisas que ela estranhou, então ele deveria ter tentado explicar a ela a situação para que ela pudesse deixá-lo salvá-la.

A doida queria lembrar do Nick falando sobre algo que a deixaria ainda mais louca?

Tá que ela não sabia que era aquilo, maaaas...

Bom, se ela acabasse descobrindo, ou ela se adaptava, ou ela enlouquecia de vez. A verdade era essa. E, por sabe-se qual motivo, humanos tendiam muito mais pro lado de dentro do manicômio. Então eu deveria, por bem do cérebro da minha amiguinha, e do meu irmão, evitar que os planos dela sucedessem.

É cada uma que eu entro por causa do Nick...

− Eu não acho que seja uma boa ideia. – Falei, com uma voz hesitante e meio agudinha.

− Ué, por que não? – Sua anta, se você lembrar do que o Nick te disse, você vai achá-lo louco, vai achar todos loucos, vai ficar ainda mais louca, e bau bau namoro, ok? Então não. – Pelo menos eu entendo o que aconteceu antes de apagar.

− Mas se está todo mundo escondendo, não acha que seria uma questão de bom senso confiar neles? São seus amigos, né...

− É, mas diga-se de passagem que eu perdi meu bom senso, eu vou descobrir o que é. – Ela me apontou um dedinho.

Ok, hora de falar com o reforço, vulgo Força Tática Anti-Revelação do Mundo Wesen.

...

Depois do meu encontro, melhor.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu tive que terminar aqui porque o capítulo estava ficando GIGANTE. (Só que eu não estou achando que três páginas façam a diferença...)
Enfim, eu espero que tenha ficado bom! (Não ficou) Estou dando trancos na cachola pra poder forçar o próximo capítulo, que VAI TER COISA! Prometo!
Descer o corredor: tradução literal de "walking down the aisle", ou coisa parecida, porque não achei o correspondente, que significa se casar.
Beijos e até já!
PS: Alguma chance de que eu poste o outro hoje mesmo. Beijoks!



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