Um Destino A Dois escrita por Laura Marie


Capítulo 7
Esclarecimentos e segredos


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo possui alguns relatos que se referem ao filme "X-Men Origins: Wolverine"



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Já era manhã de sexta-feira. Vampira acordava lentamente e já podia sentir o quanto que seu corpo estava dolorido. Ao perceber que não estava em seu quarto, ela se assustou, abrindo os olhos e se levantando rapidamente. No entanto, ela voltou a se deitar, pois ainda não conseguia se mover bruscamente. Ela mal conseguia se lembrar como foi parar naquele estranho quarto, já que além de estar sonolenta, a sua cabeça doía.

Era um quarto simples e arrumado. Havia uma cama de casal, onde Vampira estava deitada, uma cômoda com espelho, um guarda-roupa, e também havia um banheiro. A vista da janela não era grandes coisas, pois dava direto para o prédio ao lado. Era uma janela grande, com cortinas brancas, permitindo que os raios solares iluminassem bem o quarto.

Aos poucos, Vampira foi se lembrando sobre o que havia acontecido na noite passada. Ela tentou impedir um roubo e lutou contra o ladrão. A luta tinha sido muito difícil e seus poderes não funcionaram, até que ela descobriu que o criminoso era o Gambit. A última coisa que se lembrava era de ter sido atingida por uma carta. “Mas onde eu estou?”, ela pensava. As suas últimas lembranças não respondiam a sua dúvida principal.

- Bonjour, chérie!

Ao ouvir a voz, Vampira se virou e viu Gambit encostado na porta do quarto.

- VOCÊ !? – Vampira não acreditava no que estava vendo. Por ironia do destino, eles finalmente conseguiram se reencontrar.

- Sim, sou eu, chérie – Gambit começou a se aproximar da cama – Por favor, não tenha medo. Eu posso explicar o que aconteceu.

- Seu canalha nojento !!! – Vampira se levantou bruscamente, mas o seu corpo começou a doer novamente, e ela recuou.

- Fique calma, Vampira! Por favor! – Gambit já imaginava que ela ficaria furiosa quando acordasse. Talvez ela não quisesse vê-lo nunca mais. Mas ele jamais a deixaria sozinha naquele estado.

Ele pegou um copo d’água e um comprimido, que estavam em cima da cômoda, e o levaram até ela.

- O que é isso?  

- É um analgésico. Vai te fazer se sentir melhor, chérie.

Vampira não confiava em Gambit, mas o seu corpo doía muito. Então, ela não pensou duas vezes para tomar aquele remédio. Naquele momento, o que ela mais queria era se livrar daquela dor infernal e ir embora logo dali.

- Agora podemos conversar? – Gambit se sentou na cama e Vampira se afastou.

- Onde é que eu estou? – Vampira tinha um olhar raivoso.

- Está em meu apartamento, chérie.

Vampira começou a se envergonhar. Obviamente havia dormido na cama de Remy.

- Vampira, eu não queria te machucar. Se soubesse que era você, eu jamais teria lutado – Gambit realmente dizia a verdade, e Vampira pôde sentir isto, mas ela preferiu não ceder.

- E mesmo se eu soubesse que era você, eu ainda teria atacado e dado um jeito de te impedir!

- Eu entendo que esteja furiosa comigo, mas me desculpe, chérie. Eu sinto muito mesmo por isso.

Na verdade, Vampira não estava zangada só pelo fato de ter sido nocauteada e por ter descoberto que ele era um ladrão. Ela ainda estava magoada pelo infeliz ocorrido naquele bar.

- E por que me trouxe aqui?

- Chérie, eu jamais poderia ter te deixado lá.

Vampira também ficou surpresa ao descobrir que ele se importava com ela. Inicialmente, ela já tinha se surpreendido ao saber que ele ainda se lembrava de seu nome, já que aquela cena de domingo dizia o contrário sobre isso.

- Eu deveria ir embora agora e te entregar à polícia! Aiii!! – Vampira tentou se levantar novamente, mas não conseguiu.

- Chérie, por favor, se acalme! Eu prometo que vou lhe explicar tudo depois, mas acho melhor você comer alguma coisa agora.

- Eu só quero dar o fora daqui!

Gambit notou que aquela era uma Vampira diferente da que tinha conhecido. Quando a conheceu, era tímida e delicada. Agora, zangada e impaciente. Ele realmente sentia falta da Vampira meiga agora.

- Eu vou à cozinha buscar o seu café da manhã. Já volto, chérie.

Ao mesmo tempo em que Vampira sentia raiva, ela também sentia o seu coração bater por ele. Apesar de todos os infelizes acontecimentos, ela ainda gostava dele.

Não demorou muito e Gambit voltou ao seu quarto carregando uma bandeja com o café da manhã. Delicadamente, ele a colocou em cima da cama, ao lado de Vampira. Ela parecia faminta. Apesar de seu protesto, ela se atirou na bandeja.

Enquanto Vampira comia, Gambit foi até a cômoda, abriu uma gaveta e tirou algo de lá de dentro.

- Eu acho que isto lhe pertence, chérie – Disse Gambit, segurando o lenço que ela tinha esquecido naquela noite.

- O meu lenço! – Vampira pausou o seu café e pegou o lenço – Pensei que eu nunca mais o veria de novo.

- Então você pensou que nunca mais me veria também, chérie? – Gambit sorriu e se sentou novamente ao lado dela.

O rosto de Vampira começou a se avermelhar e ela não o respondeu. Pelo visto, a Vampira tímida estava de volta.

- Chérie, por que você não voltou?

Vampira não queria mentir para ele. Mas também preferiu não dizer a verdade.

- Eu fiquei te esperando por um tempo, ma chérie! – Gambit sorriu, imaginando que ela ficaria feliz ao saber disto. No entanto, Vampira voltou a ficar furiosa.

- O quê? Como você consegue ser tão sínico !?

- O que você está dizendo, chérie? Eu realmente havia te esperado, mas você não foi.

- Você não estava me esperando! – Vampira ficava zangada cada vez mais.

- Sim, eu estava! Eu fiquei te esperando naquele mesmo balcão. Mas você não apareceu. Então imaginei que você não voltaria mais, e decidi ir fazer outra coisa.

De repente Vampira caiu em si. Naquela noite, ela tinha se atrasado. Ela havia saído de casa mais tarde, comparada com a noite anterior. Quando ela finalmente chegou ao bar, Gambit já tinha perdido as esperanças. Ao chegar a esta conclusão, Vampira sentiu certo alívio dentro de si. Ela descobriu que ele queria tê-la visto novamente.

Também naquele momento, Gambit pensou em algo que lhe deixou confuso.

- Mas espere um pouco! Como você pode afirmar com tanta certeza que eu não estava te esperando, chérie?

- Bem... eu... – O rosto de Vampira começou a corar ainda mais. Ela não conseguia esconder nada.

- Você tinha ido lá depois?

- Sim, eu fui! – Vampira finalmente tomou coragem, mas preferiu distorcer um pouco os fatos – Eu tinha voltado lá para buscar o meu lenço. Mas quando cheguei, eu vi que você estava “ocupado”, então não quis atrapalhar...

- Sei... – Gambit riu. Ele sabia que ela diria esta desculpa do lenço.

- É verdade! Este lenço possui um valor sentimental para mim – Disse ela, mostrando o lenço – Mas, eu vi que você estava acompanhado, então... deixei isso pra lá!

Gambit se lembrou do que aconteceu naquela noite. Ele tinha saído com outra mulher, e certamente Vampira os tinha visto juntos.

- Pardon, chérie. Eu não queria te magoar.

- E quem disse que eu fiquei magoada? – Vampira queria preservar o seu orgulho. Ela jamais poderia deixá-lo saber que tinha ficado extremamente triste– Você não me deve nenhuma satisfação!

Mas Gambit era esperto, sabia perfeitamente que ela estava mentindo. Ele se aproximou ainda mais dela, e pegou em uma de suas mãos.

- Eu jamais ficaria com outra mulher sabendo que você voltaria, chérie. Eu também fiquei pensando em você.

O coração de Vampira começou a acelerar e os seus olhos arregalaram. Aquilo era tudo o que ela queria ouvir. Mas ela não poderia ceder, pois não queria se decepcionar mais, já que não agüentaria sofrer de novo.

- O que quer dizer com “também”? Quem disse que eu fiquei pensando em você? – Vampira se recuou, soltando a sua mão da dele – Esse é o seu problema! Você se acha irresistível, não é mesmo?

- De certa forma, sim – Disse Gambit sorrindo e vendo que Vampira voltava a ficar brava.

- Você apenas queria se aproveitar de mim usando aquele papo-furado sobre seus poderes anularem os meus! Como você ousa pensar que eu iria para cama com o primeiro cara que viesse com esta história? – Vampira começou a dizer o que sentia. Ela passou muito tempo sofrendo com esta dúvida.

- Isto não é verdade, Vampira! – Gambit começou a ficar sério – No início, quando te vi sozinha, eu fiquei interessado em você. Os meus poderes ou seus não me influenciaram em nada.

- Então está me dizendo que você me tratou como se eu fosse “uma qualquer”? Que dormiria com o cara que eu mal tinha acabado de conhecer?

Vampira estava relativamente certa. Gambit tinha imaginado que ela fosse como as outras mulheres, e que não resistiria aos seus encantos.

- Pardon, chérie! Eu realmente não queria te ofender. Posso sim ter pensando em algo do tipo, mas depois senti que eu tinha... – Gambit também não queria revelar agora para Vampira que ele tinha gostado dela de verdade.

- Tinha o quê? – retrucou Vampira.

- Que eu tinha te assustado, e depois percebi que você era diferente– Gambit falou em uma voz baixa, e abaixou a cabeça em seguida, decepcionado por ter mentido – Eu não sabia que você ficaria chateada, chérie.

Vampira percebeu que Gambit ficou estranho, parecendo um pouco magoado. Ela também não queria o magoar.

- Tudo bem... Acho que peguei meio pesado com você também. Desculpe-me... – Vampira voltou a ficar calma e acanhada, desviando o seu olhar.

Gambit levantou a cabeça e deu um leve sorriso. Ele segurou delicadamente o rosto de Vampira, fazendo-a olhar diretamente em seus olhos.

- Então estou perdoado, chérie?

- Ok, está bem. Mas não vai achando que isto muda as coisas entre nós! – Vampira retirou a mão de seu rosto. Ela se fazia de difícil, mas mal sabia que Gambit adorava isso.

Gambit sorriu novamente. Aliás, este seu desafio estava ficando cada vez mais interessante.

- Você me deu uma bela surra ontem, chérie. Se não fosse pelos meus poderes, você realmente teria me matado – Gambit dizia isso com humor e ficou alegre ao ver que Vampira finalmente sorriu para ele – Nunca desconfiaria que fosse uma mulher naquela escuridão.

- Mas qual o problema? Uma mulher não pode ser melhor do que um homem numa luta? – Vampira retrucava também humoradamente.

- Não é isso, chérie. Eu nunca tinha lutado com uma mulher assim. Aliás, lutar é uma coisa que eu não costumo fazer com uma mulher – Gambit reparou que Vampira tinha ficado sem jeito ao ouvir esta sua última fala – Mas onde você aprendeu a lutar deste jeito?

Devido a esta pergunta, Vampira, de repente, se lembrou de algo importante e também preocupante.

- Ai meu Deus! – Apesar de Vampira ainda sentir dor, desta vez ela se levantou imediatamente.

- O que foi, chérie?

- Eu não voltei para casa ontem! – Disse Vampira enquanto procurava pelos seus sapatos – E eu avisei que só daria uma volta, que não iria muito longe. Todo mundo deve estar me procurando agora. Ai meu deus, o Logan vai me matar!

- Logan !? – Gambit imediatamente reconheceu o nome que Vampira acabara de dizer sem querer.

- Sim, o Logan! – Vampira também se lembrou da conversa que havia tido com Wolverine a respeito de um “cheiro familiar” contido nela – Vocês se conhecem?

- Há alguns anos, eu conheci um homem chamado Logan – Gambit tentava se lembrar dos detalhes – ele tinha garras de metal, ou algo assim, e parece que tinha perdido a memória.

- Sim, é ele! É o Wolverine! Mas como vocês se conheceram?

- Eu ajudei a levá-lo até a ilha de um homem chamado Striker. Mas depois disto ele não fazia idéia de quem eu era. É uma longa história – De repente, foi Gambit quem começou a ficar curioso – E como você o conhece, chérie?

- Eu também o conheço há anos. Ele tomou conta de mim por um bom tempo. Nós dois entramos juntos no Instituto Xavier – Sem querer, Vampira revelou algo que não queria dizer agora.

- Instituto Xavier? Você é uma X-Men? – Gambit ficou surpreso.

- Ééé... sim! – Vampira não sabia se tinha feito certo em lhe contar isto.

- Agora eu entendo porque você luta bem. Imagino que o Logan tenha lhe treinado – Gambit sorriu quando se lembrou de seu primeiro contato com Wolverine.

- Por que você acha isso? Ele também já te deu alguma surra? 

Gambit não respondeu, apenas preferiu sorrir. E finalmente ele e Vampira estavam tendo uma conversa tranqüila, até que ela se lembrou de que tinha que terminar de se arrumar logo.

- Você não pode ficar mais um pouco, chérie? – Gambit se levantou da cama.

- Sinto muito, Gambit. Mas eu tenho que ir agora. E onde está a minha bolsa?

- Está na mesa da sala, chérie.

- Eu espero que tudo esteja lá, viu! – Disse Vampira enquanto ia em direção à sala.

- Você não confia em mim?

- Só acho que bolsas e ladrões não se combinam muito – Vampira vasculhava a sua bolsa, conferindo se tudo estava lá.

Gambit apenas a encarava sorrindo.

- Já que não pode ficar mais tempo, chérie, eu posso te dar uma carona até em casa?

Vampira definitivamente não achou que esta proposta seria uma boa idéia. Ela não queria que os outros X-Men a vissem com Gambit, principalmente Logan.

- Eu não sei, Gambit...

- Acha que também não é seguro levar um ladrão até a sua casa? – Gambit dizia em tom de brincadeira.

- Não é isso... é que eu não passei a noite em casa. E as pessoas lá poderão imaginar outra coisa se me virem voltando com um homem. Apesar de que os meus poderes não colaboram muito nisso...

- Mas como um cavalheiro, eu não posso permitir que você vá sozinha, chérie. Você ainda não está bem.

Gambit tinha razão. Vampira mal conseguia andar direito, sem falar que ela não fazia idéia de onde estava.

- É verdade – Vampira sentiu uma leve dor em suas costas – Mas o que eu vou dizer a eles? Todos devem estar muito preocupados comigo, eu devo uma explicação a eles.

- Chérie, eu acho que se eles imaginarem que você passou a noite com um homem deve ser melhor do que descobrirem que você se arriscou lutando contra um ladrão em uma joalheria.

Gambit era sarcástico, e Vampira não gostava nada disso. Mas desta vez, ela teve que concordar com ele.

Sendo assim, Gambit conseguiu convencer Vampira em aceitar a sua carona. Ao chegar à garagem do prédio, ele retirou uma longa lona que cobria a sua moto. Vampira ficou encantada pela sua motocicleta, pois realmente era linda.

- A sua moto é legal!

- Você gosta? – Gambit ficou curioso ao ouvir o comentário de Vampira.

- Sim, eu também tenho uma. Mas ela nem se compara à sua.

- Chérie, você é realmente uma caixinha de surpresas – Disse Gambit enquanto a entregava um capacete.

- O que tem de errado com as mulheres que gostam de andar de moto?

- Absolutamente nada, chérie. Muito pelo contrário, eu até acho...muito sexy! – Gambit já tinha subido na moto e observou que tinha intimidado Vampira novamente.

Ela apenas sorriu timidamente, e em seguida, colocou o capacete.

- Pode segurar em mim. Será um prazer! – Disse Gambit ao ver Vampira subindo na moto.

- Tudo bem...

E assim que ficaram prontos, eles partiram rumo à mansão Xavier.


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