Nicest Thing escrita por Nina Spim


Capítulo 13
Chapter Thirteen


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente linda!
Só pra avisar que minhas aulas vão começar amanhã e talvez (um grande talvez) na quarta eu não consiga postar o Chapter Fourteen à tempo. Caso não haja atualização no meio da semana, fiquem tranquilos, porque sempre haverá no fim de semana! Beijos e obrigada!



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– Já faz uma semana.

Kurt, que está na minha frente saboreando um espaguete ao molho vermelho, limpa os lábios com o guardanapo de papel antes de me responder:

– Dê um tempo, Rachel. Você vai surtar por isso?

– Não estou surtando! – alego na defensiva – Só estou constatando o fato. Não é um fato relevante?

– Se você acha – Kurt dá de ombros, distraído.

– Acho, sim. Eu quero dizer, não há motivos para que isso não esteja ocorrendo. Estou certa, não estou?

Blaine, para meu alívio, vem ao meu socorro. Kurt com sua apatia diante o assunto apenas está me deixando ainda mais impaciente.

– É estranho, realmente. Não me recordo de ela estar tão... Ausente. Veja bem, cadê ela agora?

– É a terceira noite – meu tom está enfático como se esta informação decidisse toda a discussão – Não é esquisito, considerando que ela disse que não iria se apaixonar?

– E se ela se apaixonar? E se ela estiver apaixonada, Rachel? O que você tem a ver com isso? – Kurt é um pouco categórico, indicando que ele está tão impaciente quanto eu.

– Não se trata de mim! – exclamo, rolando os olhos. Caramba, por que Kurt sempre encontra um jeito de virar a conversa para mim? – Estou apenas...

– Não me venha com essa! – ele me corta sem piedade – Você está transformando um peixinho dourado em um tubarão sanguinário! Está vendo isso acontecer? Não, não está. Sabe por quê? Por que está confusa e está falando coisas sem nem mesmo refletir direito – quando faço menção de mencionar algo, Kurt logo dispara na frente – Ok, ela está ausente e distante. Está encontrando uma vida fora deste loft. Quem pode culpá-la?

Balanço a cabeça, inconformada com a avaliação dele. Não é este o ponto. Por que apenas eu estou enxergando o âmago da situação? Bem, talvez porque eu esteja usando o meu sexto sentido feminino aguçado para tentar entender e explicar a mim mesma tudo isso. Ou talvez apenas porque... Porque é tão óbvio que se torna estúpido demais e incapacita que os olhos e mentes alheias compreenda a situação.

É, é isso. Todo mundo está ignorando o que vem acontecendo. Eu não consigo fazê-lo, pois estou envolvida. Pensando conscientemente, eu mesma ocasionei tudo isso. Os rápidos cumprimentos e os intermináveis silêncios. Eu é que a afugentei. Por isso, agora, Lucy prefere passar suas noites com o seu quase namorado. Ou, quem sabe, com outra pessoa. Não com Santana e Brittany, já que tenho certeza que Santana me ligaria no mesmo segundo para berrar comigo e me culpar por o que quer que tenha certeza que eu deva levar a culpa.

– Volte aos velhos tempos – Blaine diz.

– O quê? – faço uma careta perdida.

Antes de responder ele me lança um sorrisinho e dá de ombros, como se não soubesse que gesto fazer.

– Nós cantávamos sobre tudo.

– Você quer... Que eu cante sobre isso?

– Deve existir alguma canção boa o bastante para revelar o que você está pensando. Posso ajudá-la a encontrá-la, se preferir. Faz tanto tempo que não nos dedicamos a este tipo de coisa.

– Não vou cantar sobre isso! É insano e esquisito. Ela vai me achar uma louca.

– Você já é louca, Rachel – Kurt pontua. Ignoro o comentário.

Minha cabeça para por alguns segundos. Na verdade, ela fica em branco. E me recordo, quase no mesmo instante com surpresa, os primeiros versos de Home For Fall.

Não, não quero cantá-la. Não quero resgatar os momentos Glee. Quero seguir em frente, não cantar sobre tudo. Porque cantar significa... Significa que me importo o suficiente para ter a necessidade.

– Não vou cantar sobre isso – deixo claro num tom decidido.

A quem estou querendo enganar? É claro que me importo. É claro que não quero que Lucy volte a me tratar como uma completa estranha. Porque é nisso que, às vezes, acho que ela pensa agora. Que somos estranhas uma para a outra, muito embora o que sinta seja justamente o contrário. Lucy se tornou uma das minhas melhores amigas – senão a melhor de todas, devido à nossa aproximação meteórica depois que vencemos as nossas adversidades. Não quero vê-la partir, não quero ter a ciência de que ela não está mais certa sobre nossa amizade, não quero dizer adeus. Ela vem preenchendo o espaço oco que Finn cavou no meu coração depois da nossa separação. Com ela por tempo é muito mais fácil aceitar que fui rejeitada pelo meu primeiro amor.

– Você reclama da Lucy, mas você está se fechando também – Blaine declara.

– Não estou, não! – ataco a resposta de imediato, indignada.

– Está – ele confirma – Você acabou de apresentar mais uma prova. Antigamente, você não se esgueiraria dos seus sentimentos, muito menos os deixaria morrer sem ao menos expressá-los artisticamente.

Comprimo os lábios, lutando contra mim mesma e contra as palavras dele. Não posso declarar alto que, sim, ele está correto.

– Certo. Vou trabalhar nisso.

– Oh, Deus – Kurt está abismado – Você vai cantar? Vai ser tão bizarro...

– Vou arrumar outro jeito.

– Ah, Rachel... – Blaine está decepcionado.

– Não posso, simplesmente, dizer a ela “Ok, sente-se aqui, porque agora vou cantar para você”. A situação será extremamente mal interpretada.

– Então a interprete corretamente a ela. Que mal tem?

Tem muito mal, sim. Mas não posso explicar agora a eles. Porque, mesmo que Lucy não tenha me esclarecido o porquê as consequências da noite de seu aniversário tenham sido tão importantes, eu tenho ciência dele.

– Já disse, vou trabalhar nisso.

Mas não trabalho, porque Lucy não retorna durante a madrugada. Não que eu tenha ficado acordada esperando-a. Mas, quando acordo no dia seguinte, não a encontro no loft e sua cama está intacta.

~*~

Minha chave escorrega da minha mão.

– Hey – digo para Kurt, que está atacando um pedaço de torta doce.

– Bella Notte? – ele me inquire, elevando as sobrancelhas sugestivamente.

– Não diga nada.

– Parece que foi, você está sorrindo.

– Eu sempre sorrio.

– Às oito e cinquenta da manhã, num domingo?

Rolo os olhos. Kurt precisa urgentemente parar de andar com Santana. Ainda bem, ao menos, que ela não foi a primeira quem encontrei.

– Não enche – acabo dizendo, por falta de alternativas.

Rachel não está mais na cama, também. Presumo que esteja no banheiro.

– Cadê o pessoal?

– Blaine está tomando banho, e Rachel saiu.

Algo me acerta. Correção: algo esquisito me acerta. Meu bom-humor, repentinamente, sai rolando ladeira abaixo.

– Aonde vocês vão? – foco nele e em Blaine, porque é mais fácil manter a conversa assim.

– Central Park. Está acontecendo um festival de dança perto da ponte Bow. Venha conosco! Ou você vai voltar para o seu namorado apenas para fins sexuais?

– Não é nada disso, só para você saber. E ele sabe que não deve ansiar por amor.

– Você disse a ele que apenas o está usando para sexo? Meu Deus, em que mundo estamos?

– Não disse isso, exatamente. Mas ele... Sabe. Espero que saiba – finalizo falando comigo mesma enquanto procura alguma coisa calórica para comer, porque não desfrutei de um brunch com Finn, nem nada assim – Então, cadê Rachel? Foi antes para o Central Park?

– Não, foi se encontrar com o Ken. Parece que eles precisam trabalhar num projeto musical sobre glam rock, e ele vai ajudá-la.

– Entendi. Nesse caso, preciso dizer que já tenho planos.

– Precisa de mais sexo?

– Kurt, cala a boca. Sinceramente, não se meta, ok?

– Sabe, é tão estranho. Rachel deve estar certa.

Minha ânsia extravasa com rapidez. Minha face está transparecendo a minha curiosidade.

– Por quê? Sobre o quê?

– Não se preocupe, você vai saber. Ela “está trabalhando nisso”.

– Trabalhando em quê?

Estou confusa, porém meu coração está tão assustado e desesperado que não consigo me conter.

– Em alguma coisa. Na hora certa, você vai descobrir. Eu espero.

– Mas...

– Não sei, ok? – Kurt perde a paciência – Não faça mais perguntas sobre as quais não vai receber respostas – e então anda até o banheiro e bate na porta – Blaine, quinze minutos. Se por acaso se afogou fique sabendo que não chamarei a ambulância, porque a primeira apresentação começa em meia hora.

Blaine berra algo de dentro do banheiro, mas não consigo interpretar nada.

Agora, estou muito inquieta. Não consigo fingir que estou calma e que não estou me importando com o que quer que Kurt tenha se referido. O que quis dizer com “Rachel está trabalhando nisso”? Trabalhando em quê, precisamente? Não tenho o menor indício do que isso signifique. Por isso, recupero minhas chaves e, sem ter ingerido nada e sem dar atenção ao questionamento de Kurt, saio porta afora.

Dirijo até o pequeno apartamento conjugado de Finn. Quando aciono meu celular para discar para ele, pedindo que desça e me encontre na calçada, recebo uma notificação da minha caixa de e-mails. Rapidamente, a confiro.

E aí, Fabray?

Fiquei sabendo que você ficou um ano mais velha! Quem sabe, da próxima vez que eu aparecer aí, lhe presenteie com uma caixa de bombons com o dobro do chocolate para que isso açucare a sua vida um pouco mais e especialmente o seu humor, ou com um cartão o qual diz “Muito obrigado pelo tempo que perdi namorando você, agora caia fora da minha vida”. Mesmo assim, meus parabéns. Não vá machucar mais ninguém, viu?

Sam.

Ótimo. Mais um problema. Mas não tenho tempo para isso agora. E não me importo com o que quer que ele queira me presentear. Pode ser uma bomba nuclear, ou um suéter de coraçõezinhos. Tanto faz. Minha mente não se importa mais com Sam. Ela se livrou dele e está seguindo em frente. Gostaria que ela reagisse da mesma forma com as outras pessoas, também.

“Hey, você”, Finn diz. Seu tom de voz delata sua animação.

– Preciso conversar com você. Pode descer por dez minutos?

“Uma conversa sobre término? Por que você terminaria algo que nem mesmo começou? Não sou seu namorado, você nem mesmo me deixou comprar um presente inútil para celebrar seu aniversário! Nós apenas estamos nos divertindo, por enquanto. Ótimos relacionamentos começam com este tipo diversão, fique sabendo”.

– É justamente isso. Não quero ter um relacionamento contigo. Você sabe disso. Soube desde o começo.

“Hey, não estou cobrando nada. Minhas noites têm sido ótimas com você por perto, e as coisas estão agradáveis até agora. Por que quer estragar isso?”

Mordo o lábio inferior. Não consigo parar de bater na mesma tecla: que houve um divisor de águas entre tudo o que eu era e sentia. Houve aquele segundo que mudou tudo. Que deixou o antes irrelevante. Resfolego silenciosamente para depois perder as forças.

– Eu sempre estrago tudo – sussurro pelo celular.

“Então pare de se exigir tanto. Ceda um pouco, ok? Não pense que pode estragar tudo. Deixe que tudo se encaixe no seu devido tempo”, Finn diz.

É impressionante a maneira como me sinto acalentada pelas suas palavras, as quais ele profere com calma. Ele é tão calmo, tão despreocupado com tudo! Quem me dera ser assim!

– Posso subir?

“Deve”, ele responde enfático, “Acabei de preparar panquecas. Você saiu daqui sem nada no estômago, precisa de comida, acertei?”.

– É assim que acha que vai me ganhar? – não posso evitar que minha risada escape – Com panquecas?

“E com as minhas outras habilidades, também. Você parece satisfeita com elas, nem adianta negar, Fabray”, Finn usa seu tom convencido e divertido. Quero rir de novo, mas me contenho, apenas dizendo:

– Cala a boca. Estou subindo.

Não gasto nem um minuto para estar defronte à sua porta. Quando faço menção de anunciar minha chegada, parece que ele já está me aguardando, pois, de imediato, a abre. Noto que ele está do mesmo modo que o deixei, à exceção do short preto.

– Mais alguns minutos e vamos poder comer – Finn me informa, me deixando passar para o lado de dentro. O apartamento ainda está bagunçado. Gosto disso; gosto de saber que ele não finge ser outra pessoa para me agradar. Se tudo está desordenado, ele não tem a paranoia de recolocar tudo no seu devido lugar. Ele apenas deixa tudo como está. – E aí, o que fez enquanto estava fora daqui? Aliás, por que voltou?

Dou de ombros, sentando-me na bancada da pia depois de deixar minha bolsa jogada em uma das cadeiras.

– Se tudo isso for saudade, por favor, repita-a várias vezes – Finn fala, olhando para mim com um sorriso.

Deus, ele é tão idiota. Mas um tipo de idiota legal. É bom saber que não me importo mais com as indiretas dele. Elas, na verdade, agora, são o que me mantém tão confortável na presença dele. Elas me revigoram.

– Não consegui ficar lá. Todo mundo saiu. Não queria ficar sozinha.

– Então... – ele aperta os olhos para mim, mostrando-se provocativo – Eu sou a sua primeira opção agora?

– Quem disse?

– Você está aqui, não junto às suas amigas.

– Santana e Brittany? – pergunto e constato que nem mesmo cogitei procurá-las.

Entrei no automático e o caminho encontrado foi Finn. Vim para Finn, não para Santana. Isso é um giro de 380 graus, pode ter certeza. Por que fiz isso? Por que não fiquei no loft e esperei por Rachel? Por que não liguei para Sant e lhe pedi para se encontrar comigo em algum Starbucks?

– Você não se sentiu culpada, sentiu?

– Sobre o quê? – não entendo a que ele aponta e sou obrigada a lhe perguntar. Estou confusa, inconformada e irremediavelmente atormentada. Não consigo chegar a nenhum consenso na minha mente. Estou lutando contra mim mesma à procura de alguma validação. Porém, não encontro nada. Minha mente está vazia.

– Sobre essa situação – ele abrange seu apartamento com um gesto com as mãos – Você e eu. Você sabe, diversão sem amor.

– Eu não sei que passo tomar. Não sei qual é o próximo passo, entendeu? Eu acho que me perdi – tenho ciência de que minha expressão está sôfrega, pois reflete exatamente o meu interior.

– Vamos descobrir juntos, então – ele me assegura.

– Não acho que eu esteja me referindo a você, especificamente.

– Então a quem?

Não posso dizer. Engulo o nome junto com a minha saliva.

– Vamos só... Podemos apenas nos deitar e ficar em silêncio? Sem conversa, sem nada.

Finn desliga o fogão. O cheiro da panqueca inebria meu estômago, que está louco por comida, mas ignoro sua reclamação. Preciso bem mais do silêncio, do conforto que sei que vou encontrar na cama de Finn do que de panquecas.

Nós nos dirigimos para seu quarto e nos deitamos na cama, de roupas. Ele não investe em nenhum artifício para retirá-las, e eu fico agradecida por isso. Ele me abraça por trás, e eu forço meus olhos a se fecharem. Eles não resistem, pois a sensação é boa, me acalma. A respiração lenta e calma dele na minha nuca, seus braço ao redor do meu tronco, o silêncio reinando no cômodo. Sinto-me aconchegada.

– Estou completamente apaixonado por você – Finn declara perto da minha orelha.

Meu coração acelera. Estou em pânico. Não, de novo não.

No entanto, nada profiro. Cedo ao ímpeto de adormecer e, quando desperto uma hora depois, ainda estamos na mesma posição.

Recordo-me da noite na qual Rachel me confessou sobre o pé na bunda que recebeu do ex. “Eu me senti tão desvalorizada, tão... Impotente diante do término. E é por isso que ainda dói, e que vai doer para sempre. Ele foi o meu primeiro amor, meu primeiro beijo, minha primeira transa. É difícil abandonar tudo isso”, Rachel me disse. Lembro-me da sensação que ainda me assalta quando essas palavras retornam a ecoar na minha mente. Nunca me senti tão solidária a alguém, nunca tive a vontade de chorar por conta dos sentimentos de outra pessoa. Porque doía em mim também.

Se eu abandonar Finn, ele nunca mais será capaz de abandonar as lembranças que criamos juntos.

Vai doer em mim, caso doa nele.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram desse capítulo? Mereço Reviews? Beijos e obrigada por lerem a minha fanfic! :)



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