Querido Diário,

Hoje foi a grande chegada a Londres, uma cidade encantadora que sempre desejei conhecer. Não nestas circunstâncias, mas sempre tive curiosidade de ver com os meus próprios olhos a beldade que todas as pessoas diziam ser esta cidade. Ainda não tive grandes possibilidades de ver tudo com grande pormenor, mas do pouco que vi posso afirmar que as pessoas falam com uma razão de ser.

Não estou nem um pouco entusiasmada com a mudança radical que a minha vida tomou, mas tenho consciência que vou ter de me adaptar a esta nova realidade. Não podia esperar outra coisa, afinal de contas sou apenas uma adolescente de dezassete anos que ficou órfã juntamente com o seu irmão de quinze anos. Tanto eu como Jeremy somos menores de idade e precisávamos de ficar sobre a guarda de alguém. Não foi muito difícil escolher alguém da nossa família para desempenhar esse papel visto que não temos quase família a não ser o nosso tio Alaric. Ele não é propriamente a pessoa mais rica e organizada, sempre viveu toda a sua vida sozinho desde que a sua segunda mulher o abandonou. Nunca teve filhos e deixou de procurar por uma mulher que o amasse verdadeiramente, preocupando-se somente com o seu trabalho como professor na escola onde eu e o Jeremy fomos matriculados. Para além de estudar vou também trabalhar no Grill perto do apartamento onde vivemos, é um sítio bastante acolhedor e não muito movimentado, o ideal para uma garota da minha idade ganhar algum dinheiro e ajudar o tio nas despesas da casa.

Sinceramente estou ansiosa para o dia de amanhã, será o meu primeiro dia na nova escola e também o meu primeiro dia de trabalho no Grill. Não sei o que me espera na nova escola, os novos colegas, os novos professores, o novo ambiente… Tudo será totalmente diferente, e admito que estou com algum receio e talvez medo de não me conseguir adaptar, pois não sou propriamente a pessoa mais social e extrovertida. Mas não vale a pena estar a pensar no dia de amanhã, quando chegar a hora de recomeçar terei de erguer a cabeça e acreditar que sou capaz de atingir os meus objetivos. Os maus momentos não duram para sempre, e acredito que os meus tenham terminado no dia em que perdi os meus pais. Vamos ver o que o futuro me reserva, espero que felicidade, finalmente.

Elena Gilbert

Quando terminei de escrever no meu diário, oferecido pela minha mãe poucos dias antes dela morrer, fui colocá-lo na caixa de recordações onde tinha as fotos mais importantes da minha vida em Mystic Falls. Maioria delas eram dos meus pais, minhas e do Jeremy, uma família que sempre foi feliz mas que acabou por ser separada por um terrível acidente. Não se sabe propriamente o que aconteceu, ou talvez se saiba mas não queiram partilhar connosco por acharem que somos crianças e estamos completamente traumatizadas. Não posso dizer que estou feliz, que estou bem e que adoro respirar e ver o luz do dia, porque a verdade é que odeio continuar neste mundo sabendo que nunca mais verei os meus pais. Mas quero muito ser forte, demonstrar que está tudo bem e ajudar o meu irmão a ultrapassar esta fase difícil da nossa vida. Sei que o Jeremy precisa de maior apoio psicológico do que eu, e por isso não posso demonstrar as minhas fraquezas e largar a mão dele para me segurar. Um dia tudo valerá a pena novamente, por mais que esse dia possa demorar a chegar, ele vai chegar.

Suspirei pesadamente e fui guardar a caixa numa das gavetas do armário onde guardo a roupa, que ainda não estava completamente ocupado visto que maior parte das minhas roupas ainda estavam dentro das malas. Caminhei novamente até à cama, e como já tinha o pijama vestido, foi só colocar-me por baixo dos cobertores e aconchegar-me até que o sono chegasse. Por incrível que pareça o nervosismo que sentia relativamente ao dia seguinte não incomodou o meu sono, e pouco tempo depois de ter fechado os olhos já estava a dormir tranquilamente.