Stranger escrita por Okay


Capítulo 47
Escolha.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 19/11/2020



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Capítulo 47 — Escolha.

Lucas só precisava ficar sozinho com os seus pensamentos, não dizendo nada durante todo o caminho de volta ao hotel. Marcus respeitava a vontade dele, não diria nada enquanto ele não perguntasse. O loiro não se despediu, descendo do carro com pressa, não sendo impedido e não ouvindo nada do motorista entristecido. 

Marcus levou o carro de volta à locadora, tentando não dar atenção aos pensamentos horríveis que lhe invadiam, sendo torturado por sua própria consciência. Mesmo que soubesse que tinha feito o certo, não podia prever a reação de Lucas, sabia que não era fácil pra qualquer pessoa ouvir aquele tipo de coisa. 

O loiro chegava em seu quarto, indo tomar um banho para tentar aliviar a cabeça daquela tensão. Apesar de sentir que precisava desabafar com os amigos, sabia que não podia fazer aquilo. Já tinha envolvido Rachel em suas últimas conversas e agora sentia que estava por si.

Refletiu debaixo do chuveiro no que havia acontecido há pouco tempo, lembrando não só dos artefatos que viu, como da sinceridade de Marcus. Não era como se já não soubesse que ele fazia coisas daquele tipo para continuar sobrevivendo.

Mesmo assim, ver tudo escancarado lhe assustou, fazendo-o voltar para a realidade bruscamente. Se antes estavam começando a desenvolver um possível relacionamento, passando o dia juntos, andando como um casal e conversando sobre sentimentos, então aceitar aquelas coisas seria o próximo passo.

Lucas se encolhia debaixo da água quente, estava com medo de enfrentar aquelas sensações tão ruins, tentando tirar Marcus da cabeça, mas não conseguindo, ele parecia impregnado em sua mente e em sua pele. 

O perfume dele estava presente em sua memória, fazendo com que esfregasse o corpo todo com raiva, não só para se livrar do protetor solar, como também, para tentar tirar a tristeza e a sensação dos braços dele lhe envolvendo. Sua pele queimava de tanto que esfregava, ainda sendo difícil esquecer de como era ser tocado por ele. 

Se enxaguou, passando as mãos pelo rosto, numa tentativa frustrada de tentar conter seu queixo de tremer, com um choro desesperado surgindo. Encostou o antebraço na parede gelada em sua frente, apoiando a cabeça nele enquanto soluçava, deixando parte do corpo para dentro da água. 

Precisava amadurecer e entender que não era mais um adolescente, não podia querer continuar vivendo coisas como aquela pela simples sensação de bem-estar. Estava agindo impulsivamente, com seu coração teimoso lhe dominando como se tivesse dezessete anos.

Era doloroso demais e aquela angústia só crescia, fazendo com que respirasse fundo e deixasse as lágrimas correrem em sua bochecha. Parecia doer mais do que quando foi abandonado por Marcus no ano passado e não era apenas impressão sua.

Queria entender o que sentia, tentava dizer para si mesmo que era a melhor opção e agora era ele quem precisava ir e deixá-lo para trás. Mas por que aquilo machucava tanto?

Quinta-feira, dia 18 de julho de 2013.

Lucas foi despertado pelo celular, desligando o alarme e deixando o aparelho ao lado. Esfregou os olhos, sentindo-os doloridos de tanto ter chorado na noite anterior. Não sentia fome, então não tomaria o café da manhã, também estando sem ânimo para descer, provavelmente só comeria uma barrinha de proteína que sempre tinha por perto. 

Respirou fundo, sentando-se na beirada da cama, sabendo que precisava começar a arrumar as coisas para ir embora, aquele seria seu último dia completo em Cancún, amanhã estaria deixando o hotel ao meio-dia. 

Após escovar os dentes e se arrumar, trocou-se e deixou duas mudas de roupa separadas, o resto das peças dobraria para colocar dentro das malas. Foi assim que começou a reunir tudo o que arrumaria, colocando as coisas em cima da cama, sentindo um aperto ruim invadir seu peito. 

Parou para pegar uma garrafinha de água, dando um gole, andando pelo quarto, tentando conter aquela ansiedade que crescia. Precisou controlar a respiração, não queria ter nenhuma crise asmática, nem nada do tipo. 

Continuou a pegar as peças, segurando um moletom específico que havia sido lhe emprestado, entendendo naquele momento que o mal-estar que sentia não era físico e, sim, emocional. Não estava pronto para ir embora, não estava feliz em como as coisas estavam indo. 

Agiu mais uma vez por impulso, sabendo que precisava ver alguém. 

Olhou-se ao espelho, conferindo a roupa que usava e os cabelos, passando uma única borrifada de perfume. Saiu e já dentro do elevador, apertou o botão do último andar, sentindo seu coração acelerar por aquele ato, não sabendo no que aquela visita significaria. 

Foi até a porta, dando algumas batidinhas com o punho fechado, não demorando muito para ver a porta sendo aberta por Marcus. Seus batimentos se intensificaram ao vê-lo, percebendo que ele parecia surpreso, sendo o primeiro a se pronunciar:

— Oi. 

— Ah, oi. — Lucas falou timidamente, reparando no inchaço e vermelhidão nas pálpebras dele, sem saber se era apenas sono ou outro motivo. — Eu te acordei?

— Não, acordei tem um tempinho. — Respondeu, ajeitando o robe que cobria o pijama que usava. 

— Eu estou me sentindo um idiota agora… — O loiro iniciou. — Eu vim te entregar a sua blusa de moletom, aquela que você me emprestou. E eu acabei de perceber que eu não trouxe. 

— Tá tudo bem. — Marcus abriu um sorriso discreto, reparando que ele parecia querer dizer algo mais.

— Na verdade… eu precisava vir te ver. — Revelou. — Eu queria falar com você.

— Quer entrar? — Ofereceu. 

— Não, não… eu só… — Suspirou, desviando o olhar do dele. — É sobre ontem.

— Quer falar do que aconteceu? — Marcus indagou, vendo-o assentir com a cabeça. — Nós podemos. Não quer almoçar comigo daqui a pouco?

— Pode ser. — Desviou o olhar para baixo.

— Então me encontra no saguão daqui uma hora. — Indicou, vendo o loiro subir o olhar, totalmente envergonhado. — Eu só vou tomar um banho e me trocar. 

Lucas aceitou, não conseguindo continuar o assunto, forçando outro sorriso, sentindo-se constrangido e infantil por não ter coragem de continuar a falar. Foi de volta ao quarto e não conseguiu se concentrar nas malas, apenas pensando que dali a pouco tempo, conversariam cara a cara. 

O loiro rodopiava os calcanhares pelo quarto toda vez que andava de um lado para outro, não parando de pensar no que lhe diria. Não sabia como o piso que estava abaixo de si ainda não estava gasto, estava tão tenso para aquele almoço que até cogitou a ideia de não ir.

Como não era o tipo de pessoa que descumpria promessas, sabia que teria que enfrentá-lo e ao estar quase completando uma hora para o combinado, ficou pronto para descer. Já tinha pensado tanto nas coisas que conversariam, que algumas frases vinham inteiras em sua mente, torcendo para que conseguisse botar todos aquele sentimentos para fora. 

Se encaminhou ao saguão, não demorando para notar o homem alto ali o esperando, lhe recebendo com aquele sorriso elegante de sempre, caminhando em sua direção. Lucas sentia suas pernas formigarem, quase dormentes com o arrepio que o olhar dele causava. 

Foram juntos a um dos restaurantes do hotel que mais estavam gostando, ficando em uma mesa para dois lugares, escolhendo a região menos movimentada, onde sabiam que poderiam conversar melhor. 

— E então? — Marcus iniciou, vendo o loiro passar os olhos pelo cardápio. 

— Ah, ainda não escolhi…

— Isso não, Lucas. — Rebateu. — Eu tô curioso pra saber o que você tem pra me dizer. 

— Já? — Abaixou o menu, parecendo perdido. 

— Por quê? — Quis entender. 

— Eu só achei que teria mais tempo pra formular o que eu diria… — O loiro forçou um sorriso, colocando as mãos sobre a mesa. — Eu só... queria falar que eu me excedi. 

— Não foi o que pareceu, você parecia surpreso, sim, mas não parecia exaltado. Você só disse que precisava ir embora e tudo bem. Não fiquei chateado por isso, se quer saber.

— Você disse “por isso”, então ficou chateado por outra coisa. — Lucas observou. 

— Isso é meio óbvio, né? — Marcus afirmou, honestamente. — Eu não posso negar que eu estava feliz com a possibilidade de você estar confortável comigo e que a gente tava se dando bem, então estaria mentindo se dissesse que não fiquei mal por saber que você mudou de ideia. 

— Eu não mudei de ideia. 

— Como assim?

— Eu só precisava assimilar as coisas. — O loiro falou, mordendo o próprio lábio em receio. — Você tem que ter paciência comigo. 

— E qual conclusão você chegou? 

— Que não importa o quanto eu tente me convencer do contrário, eu quero ficar com você. 

Marcus não conseguiu reagir imediatamente, vendo Lucas totalmente envergonhado com o que disse, levando as mãos para o rosto, passando-a por sua testa e suspirando, voltando a dizer:

— Você ganhou, tá? Conseguiu me abalar, me seduzir… Eu não sou tão forte assim e aí você vem pra cima de mim com seus dois metros e esse seu sorriso convencido, eu simplesmente não resisto. 

— Você quer mesmo ficar comigo? — Marcus abriu um sorriso, totalmente derretido com aquela declaração. 

— Quero muito. — Olhou para baixo, antes de encará-lo e sentir seu coração se agitar com a expressão que ele devolvia. 

— Eu tô feliz. — Assumiu, vendo o loiro desviar o olhar outra vez pela vergonha, chamando sua atenção. — Olha aqui pra mim… Eu também quero muito ficar com você. 

Lucas sorriu, encarando a mesa pela timidez, simplesmente não conseguindo tirar o sorriso apaixonado do rosto. Viu a mão de Marcus pousar sobre a sua, sabendo que tinha tomado a decisão certa.

Apenas depois de rirem como duas crianças envergonhadas, que conseguiram finalmente chamar o garçom para fazer o pedido, onde voltaram a falar assim que ficaram a sós.

— Eu gosto da música daqui. — O loiro elogiou os sons românticos dos anos cinquenta que tocava por todo o ambiente. 

— Lucas. — Marcus chamou-o, acariciando uma das mãos dele. 

— Oi? 

— Você podia mesmo ficar mais um pouco… — Voltou o assunto do dia anterior. — Eu não quero pensar que você vai embora amanhã. 

— É justamente por isso que a gente devia tornar mais especial. — Deu um sorriso travesso. — Se eu ficar, vou facilitar demais pra você.

— Facilitar? — Riu, querendo entender.

— É, qual é a graça assim? Eu quero ver se você realmente vai querer ir atrás de mim… 

— Sem nem pensar duas vezes. — Sorriu com o canto dos lábios. — Eu só não sei quando vou poder fazer isso… Mas eu vou dar o meu melhor hoje, prometo.  

— Ah, é? No que você tá pensando? — O loiro encarou-o, demonstrando toda sua curiosidade. 

— Você tem algum compromisso?

— Eu tenho que terminar de arrumar as malas, mas só. 

— Vem jantar comigo hoje. — Marcus pediu, entrelaçando seus dedos com os dele. 

— Um jantar romântico? — Lucas sorriu sugestivamente. — Eu gostei disso. 

— Eu vou cuidar de tudo. — Confirmou, com uma expressão apaixonada estampada em seu rosto. — Tem algum pedido especial? Alguma coisa que não pode faltar?

— Velas? — O loiro sugeriu.

— Isso é óbvio. 

— Espumante?

— Também. — Riu com as perguntas. — Você tá pensando baixo, hein. 

— Ah, espera então. Vou pensar… — Torceu o lábio. — Já sei.

— O quê?

— Eu quero que você reserve um restaurante todinho só pra nós dois e que tenha fogos de artifício. — Afirmou, tentando segurar a risada enquanto o outro erguia as duas sobrancelhas em surpresa. — Brincadeira! Mas eu realmente não me importo muito com nada chique, tendo chocolate na sobremesa, eu tô dentro. Eu sou fácil de agradar.

— Pode deixar, que vou pensar em alguma coisa pra gente. — Puxou os dedos que acariciava, dando um beijo nas costas de sua mão. — Me encontra na minha porta às oito. 

Lucas havia passado a tarde distraído, depois daquele almoço não conseguia se concentrar em mais nada. Mesmo assim, se esforçou para terminar de arrumar as malas, conseguindo fechar as bagagens, deixando-as num canto do quarto. 

Quando estava próximo do horário combinado que iria se encontrar com Marcus, tomou um banho mais do que caprichado e se arrumou. Escolheu uma camisa social rosa claro e um blazer escuro combinando com a calça, não sabia para onde iriam, mas torcia para que tivesse formal o suficiente. 

Ouviu toques em sua porta e ainda estava arrumando os cabelos, conferindo o horário antes de ir ver de quem se tratava. Não estava atrasado, ainda eram sete e quarenta, então não devia ser Marcus. 

— Oi, Rach. — Lucas abriu a porta, sorrindo. 

— Pra onde você vai todo gato assim? — Ela elogiou, sorrindo sugestivamente. — Vai sair com o Mark, é?

— Acertou. — Respondeu, envergonhado. — Vamos jantar daqui a pouco. 

— Eu ia te falar que a gente tá indo pra Coco Bongo e queria saber se você quer ir, mas já tem planos melhores, pelo visto. — Ela deu uma piscadela, rindo. 

— Ah, é aquela boate que você comentou, né? 

— Sim! Eu tava doida pra ir desde que a gente chegou, na verdade. Queria muito que a gente pudesse ir junto. — Ela fez biquinho.

— Relaxa, Rach… eu também não sou muito fã de casas noturnas, se quer saber.

— Eu não tinha parado pra pensar nisso antes. — Ela franziu o cenho. — Olha a minha cabeça! 

— Calma, tá tudo bem. — Riu com o desespero da amiga. — Aproveita a sua noite e depois me conta tudo.

— Tá bom. O mesmo pra você. — Ela deu-lhe um beijo na bochecha. — Desculpa te atrapalhar, Luke. 

— Não atrapalhou, tô quase pronto. 

— Vai, vai lá. E não esquece de usar camisinha, hein? — Ela riu, dando-lhe as costas.

— Você não presta! — Riu da ousadia dela, voltando a pensar que realmente poderiam ir pra cama naquela noite. 

Fechou a porta ainda pensando naquilo, começando a se deixar levar pela criatividade. Marcus provavelmente estava esperando uma boa despedida e não seria mal algum aproveitar totalmente aquela noite com ele, já não o tirava da cabeça há dias e seu próprio corpo também queria aquilo. 

Terminou de arrumar os cabelos, pensando nas atitudes reservadas que Mark estava tendo com ele. Gostava de vê-lo todo cauteloso, agindo como um verdadeiro cavalheiro, mas também gostava do lado impulsivo e safado dele, começando a pensar que foi exatamente por esse motivo que tomou todas as iniciativas nas últimas vezes que se beijaram. 

Não sabia se naquela noite seria assim, mas precisava mostrar para Marcus que já estava na hora de ele agir como bem quisesse consigo quando estivessem sozinhos. Tinha que pensar em um sinal que servisse de alerta para ele, algo que abrisse o caminho, pois não teria coragem de falar em alto e bom tom “faz o que quiser de mim”, porque já ria de vergonha só de imaginar. 

Aquele homem sabia exatamente como fazer para lhe render completamente, bastava um olhar e ele já tinha o controle de seus movimentos e seu coração. E era para lá que estava indo enquanto imaginava como seria a noite.

— Oi! — Marcus abriu a porta, abrindo um sorriso encantado ao vê-lo. — Você tá de tirar o fôlego… espera que eu não… socorro... você trouxe sua bombinha de asma pra me emprestar? 

— Idiota! — Deu-lhe um tapa leve no ombro.  

— Só tô falando a verdade. 

— E você também tá lindo. — Passou a mão do ombro dele ao tórax, passando os dedos suavemente pelo tecido da camisa vinho que ele usava. 

— Tá pronto pra ir? — Aproveitou a proximidade e roubou um selinho. 

— Tô sim. Pra onde a gente vai? 

— Talvez não seja o que você queria, mas… — Abriu totalmente a porta atrás de si. — Aqui está o nosso restaurante particular.

Lucas pôde ver o quarto com uma luz fraca de velas, sorrindo com aquilo, era melhor que qualquer coisa que pudesse ter imaginado, indo com ele para dentro. 

— Ficou lindo… — O loiro falou, ouvindo uma música suave ao fundo. — Me lembra as músicas que estavam tocando no restaurante hoje de tarde. 

— Eu sei. — Sorriu, pegando em sua mão e o levando até o centro da sala. — Eu ouvi você falando que tinha gostado, então já sabia qual playlist colocar nessa noite. 

— Eu achei que você nem tinha prestado atenção nisso. — Lucas riu baixinho, tendo suas mãos tomadas por ele.

— E eu me lembrei de uma coisa... — Marcus beijou ambas as mãos dele, encarando-o de perto. — Eu me lembrei do quanto eu queria ter dançado com você no noivado e não pude. Então… me concede essa dança? 

Lucas sorriu acanhado, sentindo seu coração se aquecer, sem conseguir negar aquele pedido meigo. Respondeu soltando uma de suas mãos, pousando-a sobre o ombro dele, fazendo-o entender. Marcus deslizou um de seus braços para trás do quadril do loiro, segurando a outra mão dele no alto, enquanto “I can’t help falling in love” de Elvis Presley tocava baixinho no som estéreo. 

Sorriu ao ter os olhos azuis lhe encarando, dando passos lentos e ritmados junto aos seus, de um lado para o outro. Lucas sentia seu coração pulsar, era gostosa a sensação de estar naquela dança calma e romântica; mas sentia que a letra estava mexendo com seus sentimentos, fazendo seus olhos marejarem, com uma vontade súbita de abraçá-lo. 

O loiro lhe encarou mais uma vez, deslizando a mão do ombro dele para suas costas, recuando a outra que ele segurava, abraçando Marcus completamente enquanto continuavam com os passos lentos, ainda dançando, agora colados. 

O mais alto acariciou as costas de Lucas, acompanhando-o no ritmo da música com os pés, sentindo seu peito queimar de tanta alegria. Beijou o topo da cabeça do loiro, quase ao final da música, alisando suas costas mais uma vez.

Abaixou-se o suficiente para roubar um selinho, indo para o pescoço dele em seguida, cheirando e beijando sua pele até a beirada do colarinho, vendo ali a corrente que lhe deu. Aproveitou que já estava inclinado e sussurrou em sua orelha:

— Eu amo você. 

Lucas encarou-o sorrindo, unindo seus lábios em resposta, subindo as mãos para o pescoço dele. Era tudo o que Marcus precisava, sentindo-se confiante, não tendo se arrependido nem um pouco de se expor, mesmo que ele não respondesse da mesma forma, ele lhe retribuiu de outra.

Lucas deixou os hashis de lado ao terminar de comer o último hossomaki de salmão. Pegou o guardanapo de tecido e passou sobre a boca, dizendo:

— Isso me lembra de quando você foi lá em casa e pediu comida japonesa pra gente. Acho que eu nunca comi tanto na vida que nem naquele dia.

— Eu também me lembrei desse dia, foi por isso que eu pedi esse menu pra hoje. 

— Que bonitinho. — O loiro falou, vendo-o exibir um sorriso envergonhado. — Me deixar bem alimentado é o primeiro passo pra ganhar meu coração.

— E falando nisso, os doces estão lá fora. — Marcus anunciou, fazendo-o rir baixinho. — E eu não esqueci do chocolate. 

— Então é pra lá que eu vou. — Lucas arrastou a cadeira para trás, levando sua taça consigo.

— Pode ir, eu vou pegar o chantilly no frigobar enquanto isso. — Também levantou-se, vendo o loiro ir à varanda. 

Marcus tirou o celular do bolso, mandando uma mensagem rápida de confirmação, para depois pegar o que queria no pequeno refrigerador e ir para onde o loiro estava.

— Quer mais espumante? Tenho o com álcool também, você sabe. — Perguntou, deixando o chantilly ao lado das frutas picadas e do chocolate sobre a mesa exterior. 

— O sem álcool tá ótimo e não quero mais por enquanto, ainda tem aqui. — Lucas respondeu, dando mais um gole em sua taça, antes de deixá-la de lado e roubar um pedaço de morango. 

— Vem cá. — Marcus chamou-o, indo até o parapeito de vidro do terraço. 

— É uma vista linda. — O loiro se aproximou, mordendo a fruta, dando a outra metade na boca dele. 

— Vai ficar melhor. — Afirmou após abocanhar o morango, abraçando-o pelas costas, distribuindo beijos em sua nuca. 

— O quê? — Lucas perguntou, mas antes que ele pudesse responder, um som agudo de lançamento ecoou, com as faíscas resultando em uma explosão de cores no céu. — Eu não acredito nisso…

— Você pediu fogos de artifício. — Marcus olhou para a expressão maravilhada dele, que voltava a encarar os próximos estouros. 

— Como assim?! — O loiro riu abobalhado, tampando a boca, encarando o céu noturno totalmente iluminado por aquele show. — Você fez isso mesmo?! 

— Eu faria qualquer coisa por você. — Beijou o topo de sua cabeça, olhando os fogos com ele. 

Lucas olhava fascinado ao céu, com seu coração acelerando a cada nova cor que via, sem acreditar que aquilo tudo era para si. Sentia vontade de rir, chorar e de cantar de felicidade, tudo ao mesmo tempo. 

Virou-se para Marcus depois de alguns minutos, ao perceber que o show tinha acabado. Agarrando-o pelo pescoço e o trazendo para perto em um beijo apaixonado. Roubou a boca dele com pressa, sentindo o sabor do morango que haviam acabado de compartilhar.

Ainda colado a ele, o loiro segurou as mãos dele em seu quadril, dando passos até o sofá ao lado da mesinha que estavam as sobremesas, apenas se afastando para empurrá-lo, fazendo-o cair sentado ali. 

Marcus riu com o gesto, se ajeitando, vendo-o tirar o blazer que usava, deixando-o ao lado. Lucas pensou por poucos segundos antes de colocar uma perna em cada lado do corpo dele, sentando-se de frente, em seu colo. Não tinha sinal mais claro que aquele de que podiam ficar mais íntimos, mas queria que não restasse dúvidas. 

O loiro abriu um sorriso travesso quando se deparou com a expressão rendida do outro, se esticando, sem sair de seu colo, para pegar o chantilly ao lado, despejando-o sobre as frutas. Marcus roubou um morango com a cobertura, mordendo e estendendo a mão até ele, lhe oferecendo. 

Lucas abocanhou o restante, deixando Mark totalmente embasbacado ao vê-lo lamber o restante de chantilly de seu dedo, sorrindo atrevidamente em seguida, enquanto terminava de engolir o que estava em sua boca. 

Marcus puxou-o para outro beijo, querendo aqueles lábios imediatamente, saboreando sua língua, notando que ele deslizava o quadril um pouco mais para cima, sentando em cima da região que já demonstrava o quanto estava animado. 

— Me passa o chocolate. — O loiro pediu, sentindo os beijos subirem por sua bochecha. 

— Aqui. — Esticou o braço, trazendo um bombom da mesa.

Marcus observou Lucas abrir a embalagem sorrindo, dando uma mordida no doce, lhe oferecendo a outra metade. Pegou-a com a boca, ao mesmo tempo que levava suas duas mãos às coxas dele, subindo delicadamente seus dedos sobre a calça social que ele usava, controlando a vontade de apalpar a região carnuda logo atrás. 

O loiro deixou o plástico da embalagem no sofá, com sua atenção voltando à próxima coisa que queria fazer, não pensando muito pra levar suas duas mãos até a camisa dele. Subiu com seus dedos, brincando com os botões, começando a abrir o primeiro, vendo-o sorrir em resposta, gostando do rumo que as coisas estavam tomando.

Lucas já podia vislumbrar o peitoral enquanto quase terminava, puxando a barra da camisa para fora da calça, abrindo os últimos botões. Deixou a peça no corpo dele, apenas afastando-a aos lados para poder lhe tocar, descendo sua mão por cada relevo de seu abdômen definido, sentindo um arrepio tomar conta de seu quadril. 

— Posso? — Marcus indagou, também subindo com as mãos para os botões de sua camisa, vendo-o gesticular afirmativamente com expressão safada mais linda que se lembrava de ter visto. 

O loiro observou-o enquanto ele abria casa por casa, também puxando sua camisa de dentro da calça para finalizar. 

— Pode tirar o meu cinto também. — Lucas sugeriu, vendo-o parecer surpreso, mas obedecendo. — Na verdade, você pode fazer o que você bem entender… 

— É sério? — Marcus encarou-o, após abrir a fivela e livrá-lo do acessório. 

— Uhum. — Assentiu, se inclinando para beijá-lo outra vez, roubando um gemido dele ao friccionar no volume em sua calça. 

Viu o colar que lhe deu de presente, não resistindo ao impulso de roubar o pescoço do loiro para si, beijando, mordendo-o, se empolgando e chupando a região com força, ouvindo um grunhido manhoso. Se sentia como um predador atacando um pobre coelhinho, deixando mais marcas naquela pele branca que tanto estava com saudade. 

Finalmente se sentia confortável para subir com as mãos para o bumbum que queria apertar há meses. Fincando seus dedos com força sobre a calça dele, vendo-o rir baixinho enquanto roubava sua boca outra vez. Beijava-o com vontade, ainda sem tirar as mãos da região musculosa e farta, queria se livrar de todo aquele tecido que estava impedindo de sentir a pele dele.

Lucas saiu de seu colo para acabar com o conteúdo da taça de espumante que estava sobre a mesa, se a bebida dele não fosse sem álcool, Marcus não acreditaria no que estava vendo. O loiro sentou-se ao seu lado, parecendo ter ouvido seus pensamentos, se livrando da camisa já aberta, agora retirando os sapatos e meias, prestes a abrir o zíper da calça, deixando apenas o elástico da cueca à mostra. 

— Vai ficar só olhando? — Lucas perguntou, mordendo o lábio inferior. 

Marcus queria poder se deitar sobre ele e enchê-lo de beijos e realizar tudo o que bem pretendia ali mesmo, mas pelo pouco espaço que o sofá permitia, pensou rápido, levando um braço para debaixo das pernas dele e outro em suas costas, puxando-o e levantando-o dali. 

Ouviu-o gargalhar enquanto iam de volta ao quarto, pousando-o delicadamente no meio da cama. Jogou-se sobre o loiro, com ele deitando e levando as mãos para seu pescoço, aproximando-o para um beijo gostoso. 

Tocou todo o abdômen branquelo que amava, aproveitando que o zíper da calça dele já estava aberto, terminando o que ele começou. Puxou a peça para baixo, deslizando-a enquanto revelava as coxas definidas e largas, com medo de que estivesse babando pelo canto dos lábios quando disse:

— Seu corpo tá incrível… 

— Isso porque você nem viu a minha bunda, ainda. — Lucas afirmou, rindo com a expressão safada no rosto dele. 

Marcus paralisou-se, vendo-o abrir espaço entre os dois para que deitasse debruçado, agora apoiando os braços na cama enquanto arrebitava a parte detrás de seu corpo. 

— Só pra constar, isso foi um convite pra você tirar o que tá faltando. — O loiro riu, esfregando sua bunda empinada sobre o volume da calça dele, sentindo as mãos geladas dele sobre o elástico da sua cueca. 

Lucas não viu o sorriso satisfeito se formar no rosto de Marcus, que agora libertava toda aquela região carnuda da roupa íntima, não se contendo em apenas tirar a peça. Abaixou o rosto, mordendo-o na primeira oportunidade, ouvindo um “ai” em surpresa, do loiro. 

— Gostoso! — Mark exclamou, deixando a marca da sua mão pelo tapa que lhe deu no bumbum. 

— Quer ir tomar um banho? — Marcus indagou, acariciando os cabelos loiros apoiados em seu peito. 

— Quero… Mas que horas são? 

— Já passou da meia noite. 

— Não acredito que a gente passou mais de duas horas na cama. 

— Eu acredito, ele tá todo esfolado. — Marcus riu baixinho. 

— Coitadinho de você, né… — Lucas falou, debochado. 

— Não, não fica com dó de mim, eu tô ótimo. — Tocou seu queixo, puxando-o para um beijo rápido. — Vem, vamos pro chuveiro. 

O loiro seguiu-o até o banheiro maior, entrando com ele no box de vidro, sendo abraçado ao mesmo tempo que a água morna os envolvia. 

— Você fica lindo com o cabelo molhado. — Marcus tirou os cabelos grudados da testa de Lucas, descendo seus dedos ao pescoço dele, observando a corrente que lhe deu e acariciando as manchas que deixou em sua pele. — Isso vai demorar um tempinho pra sair, acho que por isso você devia ficar mais uns dias aqui comigo. 

— Bela tentativa. Mas não. — Falou, roubando uma risada dele. 

— Eu vou sentir saudade… 

— Eu também. — O loiro sorriu, sentindo os braços dele descerem pelas suas costas.

— Não, você não entendeu. Eu vou sentir muita, muita saudade. 

— É só ir comigo. 

— Por enquanto eu não posso, mas pode deixar que eu vou fazer tudo que tiver ao meu alcance pra poder pisar em Nova York com segurança. 

— E quanto tempo isso vai levar?

— Eu ainda não sei. — Marcus forçou um sorriso não muito convincente. 

Lucas tentou não se preocupar com aquela resposta e se esforçou para curtir o banho com ele, mas tinha algo que lhe incomodava. Era ruim a sensação de saber que iria embora na tarde seguinte, queria manter tudo como estava, queria ter mais tempo. 

Saíram do chuveiro e escovaram os dentes, indo ao quarto enrolados na toalha. 

— Quer uma roupa emprestada? — Marcus indagou, acordando-o de seus devaneios. 

— Acho que já vou vestir minhas roupas e aí no meu quarto eu me troco. 

— Se você tá achando que eu vou te deixar passar a noite no seu quarto, tá enganado. Você só sai daqui comigo agarrado no teu pé e vai ser difícil me arrastar, eu sou pesado. — Brincou, fazendo-o rir baixinho. — Ou você dorme aqui, ou eu durmo lá com você, o que prefere?

— Vai, me dá uma roupa, logo. — Aceitou rindo. 

— Boa resposta. — Declarou, próximo do guarda-roupa, pegando uma roupa íntima e uma camiseta, entregando a ele. — Vê se fica bom.

Lucas experimentou, ao mesmo tempo que ele também se trocava. 

— Tudo ficou meio largo, mas tá confortável. — Se sentou na beirada da cama. 

— Por que minhas roupas sempre ficam melhores em você?  — Beijou-o, tocando-o em seus cabelos úmidos.

— É só impressão sua, eu adoro como você fica nas suas roupas. — Soltou uma risada, vendo-o envergonhado. — Vem, vamos deitar… Tá ficando tarde. 

Lucas analisou a expressão desapontada de Marcus assim que falou que precisavam ir dormir, sabendo que ele provavelmente estava sofrendo com sua ida do dia seguinte e aquilo só significava que o dia maravilhoso que tiveram, tinha acabado.  

O loiro estava certo, mas não sabia que além daquilo, ele passaria a primeira hora da noite vigiando seu sono, numa tentativa de prolongar a sua estadia, não queria que a hora de se despedir dele chegasse. 

Marcus sentia o sono se manifestar enquanto olhava-o respirar profundamente, admirando a expressão serena dele, não conseguindo lutar contra as suas pálpebras pesadas. Tentou não se render ao sono também e quando não conseguiu mais, alisou os cabelos de Lucas uma última vez antes de finalmente ir dormir. 

O despertador assustou-os, fazendo com que acordassem ao mesmo tempo, um com mais sono que o outro, por ter ficado mais tempo acordado na noite anterior. O loiro esfregou os olhos e voltou a repousar a cabeça no travesseiro, com preguiça.

Marcus riu com o gesto dele, abraçando-o pela cintura, dizendo:

— Bom dia, gatinho. 

Lucas não esperava que seu coração se surpreendesse tanto ao ser chamado daquele jeito, percebendo que seus batimentos aceleraram, era nostálgico e fofo. Abriu um sorriso, respondendo:

— Bom dia. 

— Eu queria poder tomar um café com você aqui, mas eu prometi pro Al que ia tomar café da manhã com ele e a Rachel, pra depois acompanhar vocês ao aeroporto. — Comunicou-o. 

— Tá tudo bem. — Falou, recebendo outro beijo rápido antes de se levantar com ele. 

Lucas andou pelo quarto, procurando suas roupas, sabendo que tinha deixado a maior parte das coisas no terraço, indo para lá pegá-las. Voltou para o quarto e se trocou com suas roupas, vendo Marcus voltar do banheiro, já tendo penteado os cabelos e escovado os dentes, indo fazer o mesmo. 

O loiro enxugou o rosto e terminou de se arrumar, indo agora colocar suas meias e calçar os sapatos. 

— Você vai passar no seu quarto pra trocar de roupa ou vai descer pro café assim mesmo?

— Acho que vou assim. — Lucas assumiu, sorrindo. — A Rachel vai saber que eu não passei a noite no meu quarto, mas eu já vou ouvir piadinhas maliciosas dela, de qualquer forma. 

— Vai ser a pessoa mais bem vestida de lá. — Aproximou-se para roubar um beijo. — Você tá lindo demais. Eu não me canso de olhar pra você. 

— Você não precisa me xavecar mais, já me conquistou faz tempo. — O loiro informou, vendo-o sorrir, se sentando ao lado dele na cama. 

— Mas eu quero. — Falou, ainda admirando-o. — Porque eu não vou, nunca mais, esconder o que eu sinto por você. Quando eu falo que eu te amo, não é porque eu quero te encurralar e fazer com que você me responda alguma coisa, eu só tô dizendo porque é verdade, porque eu quero falar… Porque eu te amo, eu te amo muito. 

Lucas sorriu, sentindo seu coração pulsar com mais força, se sentia preenchido e abatido com força toda vez que ele dizia aquele tipo de coisa, mas não de uma forma ruim. Amava ouvi-lo se derretendo daquele jeito, era sempre meiga a forma como o rosto dele demonstrava a vergonha que dizia por falar de sentimentos, mas que tinha coragem o suficiente para não se conter. 

— Eu queria te falar uma coisa agora, já que provavelmente a gente não vai ficar a sós de novo… — Marcus voltou a dizer. — Você nem foi e eu não vejo a hora de estar com você de novo. Eu sei que você pode ter se perguntado se o que eu sentia era, de fato, real, mas não duvide, porque tudo, absolutamente tudo o que eu te disse, foi de coração aberto… Até mesmo aquela serenata embaraçosa que eu te fiz.

— Hoje eu já não recusaria. Caso queira tentar cantar pra mim mais uma vez, sua voz é sexy. — Lucas falou sorrindo, vendo-o se atrapalhar todo com aquela declaração.

— Então eu… Eu queria falar que. — Fez uma pausa, parecendo formular o que diria. —  Eu só quero que você seja feliz, eu espero que eu tenha conseguido te fazer feliz nesses seus últimos dias aqui, porque você… Nossa! Eu acho que rejuvenesci alguns anos, de tanta alegria que você me trouxe. Eu não sei o que essa viagem significou pra você, também não sei como você está planejando seguir com sua vida agora, mas se… Se algum dia você quiser ficar comigo de novo, eu vou estar aqui. Quer dizer, eu não quero te prender, então… 

— Mark… — Chamou-o, numa tentativa falha de interromper o rumo daquela conversa triste. 

— Eu já tô contando as horas pro dia que a gente vai poder se ver de novo, porque eu só sei que eu quero estar com você, quero a sua companhia, quero conversar com você, te beijar e repetir o que a gente fez ontem! — Declarou, tentando conter a própria voz. — Porque eu te amo e eu vou esperar o quanto for necessário pra gente ficar junto de novo… Isso se você quiser, é claro… Mas eu só… Desculpa, por estar chorando é que... eu não quero pedir pra você esperar por mim.

— Vem cá. — Lucas puxou os ombros dele, se ajeitando na cama para abraçá-lo. 

— Eu só não queria ter que me despedir... — Falou, manhoso, fungando contra o seu pescoço. 

— Ei… Olha aqui pra mim rapidinho, quero te falar uma coisa. — O loiro pediu, encarando os olhos avermelhados dele. 

— O quê? 

— Eu não vou a lugar nenhum.

 

 

 


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Notas finais do capítulo